sábado, 13 de junho de 2020

Amor sem promessas








Rodolfo Pamplona Filho

Quando se ama,
fazem-se promessas,
como se houvesse necessidade
de verbalizar
que se pode fazer tudo
por amor

Mas prometer gera expectativas
que, quando não realizadas,
causam uma frustração,
como se o amor perdesse força
por uma promessa não cumprida.

É olhar uma parte pelo todo,
o acessório pelo principal,
o detalhe pelo conjunto,
o universo por um lugar
a vida por um dia

Amar não exige promessas
Amar exige amar
Amar sem promessas
Amar, simplesmente amar.

Salvador, 06 de julho de 2018.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Chatices




Que chatice a minha!

Ficar revolvendo o passado

Que chatice do mar?

Revolver- se no oceano?


Que chatice o outro!

Envolvendo- se em minha vida

Que chatice do sol!

A Aquecer toda a vida?


Que chatice de nós!

Perdendo tempo com partidas

Que chatice do tempo!

A nos curar as feridas?


Que chatice!

Faltam repostas a tornar forte a rima

Que chatice! Desisto!

De ser livre? Imagina?



Negra Luz

quinta-feira, 11 de junho de 2020

O Segredo da Felicidade





Rodolfo Pamplona Filho



O segredo da felicidade é
não esperar nada com vida...
não esperar nada pela vida...
não esperar nada na vida...
não esperar nada da vida...


Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2013, antes do show do Black Sabbath, refletindo sobre expectativas e frustrações....

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Sempre voos





Quando nasces, começas a voar 
Amanhece o dia, hora de voar
Ao dormires, sonhe e deixe-se voar
Muito cansada? Descanse, para voar
Se te põem amarras, penses em como voar
Se as asas estão desgastadas, renove-se, e passe a voar
Se a distância é longa, vai voando até chegar
E se são muito caminhos, escolha a rota e asas ao ar
Se estiver sozinha, busque seu bando e siga a voar 
Se é hora de voltar pro ninho,
Voe, passarinho
No amanhã, novo voar 
Quando a vida seguir o derradeiro caminho
Calma! 
Fé!
É só mais um voo, carinho:
O espírito vai voar!

Negra Luz 


terça-feira, 9 de junho de 2020

Saudade







Rodolfo Pamplona Filho

A cada minuto que passa,
convenço-me ainda mais
de que a vida é esparsa
e que esse amor não é fugaz

O convívio a que estamos acostumados
tem se modificado naturalmente:
os abraços não são os mesmos
nem os beijos, naturalmente

As horas penam em passar...
quem teve essa maldita ideia
de o tempo contar?
Com certeza não padeceu de amar.

Definitivamente,
minha vida não é mais normal
desde que você, em minha mente,
surgiu como alguém especial.

Não consigo sequer imaginar
como seria viver sem você...
não posso sequer cogitar
a possibilidade de perder...

Como eu gostaria de ter tido você
antes de tanta coisa acontecer...
Talvez eu fosse alguém diferente
e teria vivido mais contente (e caliente...)

pois você trouxe significado
ao que era apenas rotina...
Como é bom estar apaixonado
por alguém que ninguém imagina

por ser tão diversa de mim
para quem só vê casca e nuvem,
mas que, no íntimo, não há fim
para as semelhanças que nos unem.

Hoje, eu quero me sentir rejeitado...
não quero ser tocado ou beijado...
quero apenas um copo de vinho
que me faça esquecer o passado...

Por que?
porque, me sentir bem hoje, ninguém mais faria...
...só a saudade me mataria...
...só seu abraço me curaria...
Praia do Forte, 17 de outubro de 2010.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Cartografando o meu prazer








Replicando o meu eu, estou a postos
Aqui o script: Meu prazer.
Aula magna da lição que deveria ser sua
Cartografia da minha lascívia

Beijei-me inteira! 
Canto por canto!
Quina por quina!
Senti meu rubor: signo do sentido

Não há espaço  para lençóis ou penumbra
Luzes acesas!
Vejo minha face trair-me o desejo
O amor, chama que aquece o coração
Recolhido ao seu lugar 

Aqui é pele
Fogueira, querendo ser brasa
Dedilhar de cifras
Escalo as cordilheiras que existem em mim
Entendendo a paisagem desnuda em meu corpo,
Desvendo as fontes para as corredeiras
 O calor me ferve

No ar, o perfume que resvala dos meus acessos
Agrado à inconsciência do seu desejo
Deixa a trilha sinalizada
Mas seu querer é perder-se 
Até que possa voltar outro dia

Por mesmas rotas ou diversas
Chegar ao X na carta marcado
Deixando me por um flash trôpega
Por um lapso, uma incapaz

Logo
Fundo-me outra vez
Disponível!
Sou o próprio mapa do pirata
Que convidei um dia a ser você.

Negra Luz

domingo, 7 de junho de 2020

Escorregões do Carnaval (um poema para Alisson)


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Rodolfo Pamplona Filho

Há momentos para tudo na vida:
rir, chorar e até se emocionar...
mas o que eu não sabia
é que tinha hora para se acabar...

Uma figura muito importante,
que saiu de Gandhi no carnaval,
comeu alguma coisa impactante
e se sentiu um pouco mal...

E, por isso, teve de se aliviar
em uma arvore agradável e frondosa,
mas que acabou por escorregar
de forma estabanada e gostosa...

A primeira queda de verdade,
a gente nunca esquece,
pois cair na vista de toda a cidade
é algo merece uma prece,

pois o que era branco virou marrom
e os colares viraram história,
em um quedaço em alto e bom som,
arrebentando-se na escória...

E quem diria finalmente
que aquela figura impoluta
sairia catando coquinho pela frente
como um bom filho da puta...

Salvador, no auditório do Tribunal de Justiça,
11 de março de 2011.