sábado, 6 de fevereiro de 2021

O que me atrai



(Negra Luz)


Olhos... que não me acuam em padrões, 

Que me enxergam inteira,

Que me desnudam vestida.

Viril!


Boca... que não deprecia ninguém,

Que dialoga com paz,

Que beija como vento.

Lindo!


Mãos... que não violentam,

Que trabalham e buscam sonhos,

Que abraçam me acolhendo.

Gostoso!


Ombros... que não me oprimem,

Que estejam ao lado,

Que estejam disponíveis pertinho de mim.

Safado!


Peitos... que não inflem, subjugando-me,

Que compartilhem suas vitórias,

Que construam comigo as trilhas de si.

Muralha!


Barriga... que não se esqueça o que é vida,

Que não conte as minhas estrias,

Que entenda as entrelinhas em mim.

Sedutor!


Falo... que não ande por aí desprotegido,

Que quando esteja comigo,

Que seja entrega de dois.

Voraz!


Bumbum... que não sente e espere,

Que não me pare, nem me acelere,

Que deixe no meu ritmo seguir.

Sagaz!


Pernas... que não chutem-se o balde, me esquecendo,

Que sejam fortes e parceiras,

Que ergam corpo e sonhos.

Perspicaz!


Pés... que não se percam em qualquer vento,

Que sigam suas próprias rotas,

Que também confluam para mim,

Próspero.


Esse é o homem que eu desejo inteiro,

Que, inteira, miro os seus beijos,

Que quero na vida, na cama,

Ao lado de mim!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Recomeçando




A cada volta da Terra em torno do sol, 

a cada giro completo do farol, 

a cada virada da página no calendário, 

a cada registro na última página do diário, 

a cada preenchimento completo do formulário, 

a cada novo limite do imaginário  

a cada rito de passagem transposto, 

a cada nova marca no rosto, 

a cada dente exposto, 

a cada amargo desgosto, 

é hora de recomeçar... 

 

Praia do Forte, 01 de janeiro de 2021. 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Oásis



(Negra Luz)


Quando a minha sede não encontrava os olhos d’água 

Que sempre saciavam meu coração

Ou tão secas as almas

Sem que houvesse ninguém 

Para a dança da chuva aventurar

Ou se, só, quisesse ouvir A Banda e passar

Sem me olharem como um disco velho que nunca emplacou

Era você que se apresentava

Toda a seca, por um instante, se convertia em ilusão

Havia coqueiros

Rio fluindo

Roupa encharcada

Eu na beira do mar

Acalmava-se meu furacão

Nimbus se dissipavam

Enxergava outras estradas

Em vicinais, achava bicas onde molhava o rosto

Bebia um gole d’agua fazendo de concha a mão 

E muito do que me faltava 

Por você, poesia, me fartava 

Um oásis para minha emoção

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Quando a fome é maior que o medo



Quando a fome  

é maior que o medo, 

o desespero  

faz com que  

todo risco seja assumido 

para tentar sobreviver  

 

Quando a fome  

é maior que o medo, 

não há obstáculo  

que impeça  

a realização  

de seu objetivo 

 

Quando a fome  

é maior que o medo, 

inexiste pavor  

na dor, 

se a morte é 

a única alternativa. 

 

Salvador, 04 de janeiro de 2021. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Desnuda




(Negra Luz)


A poesia não me permite conter me em segredos.

Ela sussurra, através dos meus versos, o que não escrevi:

Traduz em onomatopeias meus sentimentos,

Cochicha pelas entrelinhas, expõe me nos acentos,

Quando findo uma estrofe, ela ainda fala por mim.

Um delatora camuflada por metáforas e rimas,

Revela a métrica do que escrevo e, quando menos espero,

Me vejo desnuda diante de ti:

Meu leitor, minha leitora.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Papéis na vida


 


 

Cada pessoa precisa entender

o seu papel em sua vida.

Há quem nasça para protagonista

e há quem seja coadjuvante...

Mas quem é apenas figurante

também é a estrela principal

da sua própria história.

Descobrir o papel que lhe é reservado

neste imenso palco sagrado

pode ser a diferença entre ser

consciente e conformado,

resolvido e revoltado,

vitorioso e derrotado.

 

Salvador, 24 de novembro de 2020.

domingo, 31 de janeiro de 2021

Romance








(Negra Luz)


No dia que o beija flor encontrou o colibri,

Algo dentro deles mudou,

Todos os sinais foram compreendidos, enfim.

Foi uma grande cartada da vida: 

O beija-flor seguia na lida,

Quando bebia um pouco de orvalho, 

Na partida, encontrou o seu amor.


O colibri com suas asas agitadas, 

Também havia ali parado,

Para matar a sede e recostara

Na pétala de rosa, em que, ao acaso, o beija flor bebeu.

Quando olhou para o céu e viu: 

Era o vento do seu amor que chegou

Foi quando o beija flor a olhou,

Seu mundo todo estremeceu,

Sem entender como, em um instante, o amor aconteceu,

Olhou para o beijador e falou:

Loucura esse nosso amor!

Eu um colibri, você um beija flor!

Há tanta diferença entre nós,

Viver é para além dos lençóis!

Foi nesse instante que minha razão se perdeu,

Um beijo de amor ele me deu,

Aí, com surpresa, percebi:

Ele era muito semelhante à mim,

Um lampejo de razão me lembrou 

Colibri é sinônimo de beija-flor.

E, sem pensar, meu coração falou:

Bati asas mais rápido que consegui,

Mostrei que estava pronta para partir.

Sorrindo, um buquê de flores ele me ofereceu...

Com água fresca e para perto mim voou,

Versando a mágica daquele momento 

E que selaríamos com um juramento:

Voar sempre juntos,

Fazendo do nosso encontro de asas

Diariamente, mais feliz!