sábado, 10 de abril de 2021

Quem ama tem que entender



Quem ama 

tem que entender  

que, por vezes, não dá  

para acontecer, 

mas isso não quer dizer  

que nunca dará: 

só não dá agora, 

mas ainda pode dar... 

 

Quem ama 

tem que entender  

que, muitas vezes,  

vai doer, 

mas isso não quer dizer 

que não passará: 

apenas a dor de agora 

é difícil de aguentar  

 

Quem ama 

tem que entender  

que, quase sempre, 

amar é sofrer, 

 

 

​ 

mas isso não quer dizer  

que não vale lutar: 

o poeta disse que tudo vale a pena, 

se a alma não é pequena... 

 

Salvador, 30 de novembro de 2020. 


sexta-feira, 9 de abril de 2021

Com os quatro elementos



Eu preciso mergulhar nos meus abissais

Deixar-me confrontar com os recifes
Ir à crista
Me quebrar 
E me render

Eu preciso alcançar a rocha oculta
Fragmentar, em seixos, a culpa
Reagir
Confiar 
E transcender

Eu preciso do furacão de vida
A redesenhar meus sentimentos
Entender o meu momento 
Tornar-me brisa
E amanhecer 

Eu preciso da larva quente do desejo
Que se acende com um beijo
Se é chama, que queime o meu peito
Gerar fumaça e fogo
E, só assim, dizer amar você.

Negra Luz

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Pagar o Pato



 

Pagar o pato  

é uma expressão popular  

na língua portuguesa,  

utilizada no sentido de 

 "levar a culpa por algo"  

ou arcar com as consequências  

de determinada situação  

provocada por outra pessoa. 

 

Ser o pato  

é outra expressão  

utilizada para dizer  

que uma pessoa é boba,  

ingênua ou sem coragem.  

Outro uso de "pato"  

é pra falar de alguém  

que seja muito fraca em algo,  

alguém que sempre perde. 

 

Coitado do pato... 

É preciso resgatar  

o pato do ostracismo 

 

 

​ 

e promover a sua redenção... 

Em épocas de negacionismos 

ou de históricos revisionismos, 

fica a singela sugestão... 

 

Salvador, 07 de dezembro de 2020.  

quarta-feira, 7 de abril de 2021

O que fizeram, o que eu fiz e para onde fui



 É foda, a cabeça lota em quotas de devaneio. 

Sujeira que me jogaram, amarraram e me deixaram em uma mar uivante de Abrantes.  

Não se iluda com a forma lúdica da localidade airosa, porque não existe rosas sem espinhos, nem que se for no pinho do seu ninho. 

Não importa a forma, a sonata está perdida em uma ida sem partida, mas com chegada aonada mais me consola.  


As solas nem estão gastas em lascas. Mas já sei que não há nada mais. 

Porque não há? 

Porque eu já disse, me sujaram, amarraram e me jogaram no meio do nada e eu não sei nadar, nem ao menos andar no desconhecido. 

Não sei que lugar é esse, 

Não sei se tenhas o nobre e o pobre, e se eles se importam em ouvir os meus pensamentos confusos tontos pela… a maré.   

A porta parece  torta,  cheias de discursos  de nenhures. Porque, donde eu veio pelos devaneios, não conheci achar meios a abrir. 


A cabeça tida madura, já sabe que a vida  é assim, dura igual uma pedra, que  que  esmurra em uma algazarra de sentimentos. 

Uma verdadeira surra de  momentos e tormentos em só lamentos. 

Não se engane ou encane, dizem que é apenas uma pane no sistema. 

Urge então a necessidade de saber, para não beber na fonte da ignorância, porque a ânsia em uma direção de uma ação, que nasce naquela  idade.

Naquela idade, em que você não vê as coisas do jeito que antes via. 

Você de per si, sabe que  a vida é assim, no sim ou no não, sempre serei o anão da pirâmide. 


Ahhh, se eu pudesse ja ter descobre está chave mestra para concertar ou atar os nós do que já se foi. 

Aos  amigos que você tem que não ligam, 

o  sinal de pane aparece e você não amanhece 

É, no verso da canção, no abrir da chave, que a ave ligeira já sabe antes  que você, que é só ela e mais nada. 

Não existe amor no clamor da dor de um sociedade doente. 

Quem fala que sim mente, pela  simples mediocridade que transforma a terra em letra de funeral. 

Não existe compaixão, nem paixão. 

Não existe nada além dessa vida, porque na ida, você sabe que  somos meros passageiros prestes a partir. 

Desligue os castelos do tetris, que moldam quem está certo ou errado na peça de encaixe, desligue a máquina, desligue a cina.  

Porque nada importa, nem a forma, nem o como e o porque.


Vitor Henrique

terça-feira, 6 de abril de 2021

Extremos



Ser antagonicamente  

frágil e forte 

Livre e preso 

maduro e bebê 

Animado e melancólico 

Calmo e raivoso 

doce e bravo 

aventura e segurança 

Inovação e tradição 

Coragem e medo 

maturidade e inocência 

Ser heterodoxo,  

mas também ortodoxo 

folia e passividade  

Barulho e harmonia  

Paciência e explosão  

Tempestuosidade  

e mansidão  

sexo selvagem  

e amor delicado 

Letras e números...  

uma sinfonia de silêncio 

em meio a uma canção. 

 

 

 

​ 

Salvador, 26 de janeiro de 2021. 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Retrato

 




Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?




Cecília Meireles

domingo, 4 de abril de 2021

Páscoa na Pandemia


 


 

A Páscoa na Pandemia

é uma Páscoa sem alegria...

Comemorando o renascimento

no momento do isolamento

 

Uma Páscoa diferente

Uma Páscoa sem gente

Sem família e sem festa

Sem contato e sem seresta

 

Chocolate e Coelhos

trocados por Medos e Anseios

No persistir da esperança

de tempos de bonança

 

E, no final das contas,

Talvez seja o clima ideal

Para refletir sobre o que somos,

o que fizemos e o que fomos

No caminho para o final...

 

Salvador, 12 de abril de 2020, domingo de Páscoa...