sábado, 5 de junho de 2021

Gratidão

 




Veio tomar água no rio

Uma formiga sedenta.

Subiu numa folha e disse:

“Será que ela me aguenta?”


Porém, a verde folhinha 

Era frágil, com certeza.

A formiga escorregou

E caiu na correnteza.


Uma pomba ali pousada

Num galho de uma ingazeira,

Vendo a formiga em perigo,

Acudiu a companheira.


Uma folha bem maior

A pombinha arrancou

E ali perto da formiga

Com seu bico a lançou.


A formiguinha subiu

Naquela folha comprida.

Agradeceu à pombinha

Por ter lhe salvado a vida.


E conseguiu alcançar

A margem do outro lado.

E matou a sua sede

Naquele rio gelado.


Um caçador bem malvado

Ela avistou, de repente.

Apontava uma espingarda

Para a pombinha inocente.


A formiga aproximou-se

Do homem, bem devagar.

Deu-lhe uma ferroada

No seu grande calcanhar.


O caçador deu um grito,

E deixou a arma cair.

A pombinha, mais esperta,

Conseguiu escapulir.


E voou ali pertinho

Da corajosa formiga.

E, agradecida, arrulhou:

“Obrigada, minha amiga!”


Geraldo de Castro Pereira

(Historinha infantil, que eu versifiquei)

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Normalidade na Pandemia


O que é normal?

Era o que se vivia

até então?

Era somente

a nossa percepção?

Era algo que

não existe

ou, se existiu,

nunca mais existirá...

Se o normal não voltará,

talvez nunca terá mesmo existido,

pois o normal será construído

no caminho que será vivido...

 

Salvador, 28 de junho de 2020.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Como é a nossa escrita




Como é a nossa escrita

vista por outros leitores?

Causa dor?

Causa amor?

Causa raiva?

Causa tristeza?

Causa inspiração?

Que causemos um pouco de tudo

menos a solidão de não ser lido!

Justa causa amar a poesia!



Ludmila Costa

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Servir na Pandemia





Há muitas formas de servir,

inclusive na pandemia!

Talvez, no fundo, se permitir

amenizar a agonia

de simplesmente desconhecer

o que reserva o futuro

e, por isso, aprender

a superar o tempo duro

sem esperar nada em troca,

mesmo sem sair de sua toca,

é possível exercitar

a missão de se entregar

em lives ou campanhas,

realizar grandes façanhas

de profunda solidariedade,

descobrindo a alteridade

e o prazer do voluntariado

em servir quem está ao lado

somente pela sensação

de dividir seu próprio pão

e fazer a coisa certa

por manter a mente aberta

para aprender a lição

que Gandhi ensinou com o coração:

“Quem não vive para servir

não serve para viver”

 

Salvador, 28 de junho de 2020.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Período sabãotico

 



Tirei um período para lavar tudo.

Guardados... empoeirados,

Pó...  do que que já me esqueci.

Tirar a limpo emoções retidas,

Checar as cicatrizes de antigas feridas.

Fazer um cortejo à Colina,

Jarras de banho de cheiro

Passeando por dentro de mim.

Um cheiro de alfazema!

Fé no que está por vir.

Tudo novo! 

Tudo zerado.

Banho de mãe:

Com bucha do lado,

Limpei os ouvidos, 

Cortei os cabelos distraídos.

As sobrancelhas em dias!

Tudo renovado!

Cheirando a alho!

Um rio segue o seu curso ...

Pronta.

Recriam-se cenários...

Novos scripts!

E eu, no palco,

Alternância:

Entre monólogos e “casa cheia”

Vou no curso do viver.


 Negra Luz 



segunda-feira, 31 de maio de 2021

Lidando com Idiotas

 





Não é fácil lidar com idiotas:

conviver com quem já se sabe

o que vai falar

ou como vai se comportar...

Aquele tipo de gente

que incomoda pela presença,

pelo tom ou pelo assunto,

mas que insiste em estar junto,

apresentando sua opinião

como se fosse uma dúvida legítima

ou um exercício de um ponto de vista,

e não uma mera reprodução

de um chavão ou bordão,

repetido à exaustão,

no grupo de WhatsApp da ocasião.

Para eles, o ódio

está sempre à mostra,

a concordância a si

é sempre imposta

e, para sobreviver,

somente há uma proposta:

para idiotas, o silêncio

é sempre a melhor resposta.

 

Praia do Forte, 29 de dezembro de 2020.

domingo, 30 de maio de 2021

Sim, tudo.

                                 



Tudo estalo.
Tudo audiência.
Tudo click.
Tudo emoji.
Tudo Bauman.
Tudo calefação.
Tudo João!
Tudo George!
Tudo Miguel!
Tudo triste.
Tudo “migué”.
Tudo RACISMO.