sábado, 7 de agosto de 2021

Com os quatro elementos






Eu preciso mergulhar nos meus abissais
Deixar-me confrontar com os recifes
Ir à crista
Me quebrar
E me render


Eu preciso alcançar a rocha oculta
Fragmentar, em seixos, a culpa
Reagir
Confiar
E transcender


Eu preciso do furacão de vida
A redesenhar meus sentimentos
Entender o meu momento
Tornar-me brisa
E amanhecer


Eu preciso da larva quente do desejo
Que se acende com um beijo
Se é chama, que queime o meu peito
Gerar fumaça e fogo
E, só assim, dizer amar você.


Negra Luz

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Fiat justicia pereat mundus

 



A vespa não pondera  

sobre a dor da ferroada;  

a serpente não hesita 

no sofrimento do camundongo;  

o carrasco não titubeia 

com a pena do condenado; 

apenas o julgador deve refletir  

sobre o destino do mundo... 

 

Salvador, 18 de janeiro de 2021. 

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Como Nossos Pais





Elis Regina

Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa

Por isso cuidado, meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado pra nós
Que somos jovens

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço
O seu lábio e a sua voz

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração

Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém

Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando o vil metal

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Sobre o Medo da Morte

 



Rodolfo Pamplona Filho


O único jeito de aceitar a realidade
é parando de lutar.
Em vez de espantar o medo,
a solução é convidá-lo a andar ao lado... como parceiro, não inimigo.
A flor de lótus não cresce longe da lama
e não se vive sem dor.
Por isso, o jeito é aceitar o todo,
com seus lados bons e ruins,
amor e compaixão.
Não é possível se livrar do medo da morte, mas se pode aprender a conviver com ele.

Salvador, 29 de julho de 2018.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

O Turbilhão em um bilhão de reações

 




A falta de quem  não tem alta, por um amor verdadeiro, sincero, companheiro na jornada da vida, nem que se for para uma ida sem partida.

Incógnita que Incomoda, quase coca, roça a aguça por resposta. 

O meu eu tosta, queima, chamusca a sina da mina  da ocitocina com a dopamina. 

Não hesita, nessa usina de toxina a saber. 

Mas, quem me  dera saber a resposta para essa incógnita que me habita que não hesita. 

Quem me dera  as respostas, se nem sei quais são as perguntas, que me perfazem. 

É nessa usina, que ser zem não me fazem ir além do óbvio. 

Mas que me dera saber o que meu corpo quer beber? Se é nessa usina de ocitocina com dopamina que eu vivo até ir ao além, nem se for sem ou com a resposta. 

A incógnita nitra o que sei lá eu sou, só sei que zem eu não sou, nem com serotonina eu sou. 

Sou eu, um bilhão de reações sem lições de moralidade e eticidade.  

Sou eu quem caminha nessa mina de toxina e paixão em uma mansão sem uma lição a te dar.

Nem mandar a onde andar, porem a quem lhe vem apenas excitar o meu eu até onde for, nem que se for sem alem a algo que nem existe.

Sou eu turbilhão em um bilhão de reações com ações, sem lições, mas com desejos e medos.



Vitor Henrique

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Muzuá, Puçá e Caçuá

 




Muzuá é a armadilha,

que espera sua vítima

ou decora uma casa;

Puçá é a rede

que impede o siri

de se desvencilhar;

Caçuá é o cesto

que transporta a cangalha

no lombo de um jegue:

Muzuá, Puçá e Caçuá,

três formas de entrelaçar

o que o destino proporcionar.

 

Salvador, 02  de novembro de 2020

domingo, 1 de agosto de 2021

Como é a nossa escrita





Como é a nossa escrita

vista por outros leitores?

Causa dor?

Causa amor?

Causa raiva?

Causa tristeza?

Causa inspiração?

Que causemos um pouco de tudo

menos a solidão de não ser lido!

Justa causa amar a poesia!