Perder o que me define
Desprezar a minha essência
Chorar sozinho na dor
de não ter mais a chance
de, um dia, ser feliz
Salvador, 22 de julho de 2018.
Blog para ler e pensar... Um texto por dia... é a promessa... Ficarei muito feliz em ler e saber o que cada palavra despertou... Se você quiser compartilhar um texto, não hesite em mandar para rpf@rodolfopamplonafilho.com.br. Aqui, não compartilho apenas os meus textos, mas de poetas que eu já admiro e de todas as pessoas que queiram viajar comigo na poesia... Se quiser conhecer somente a minha poesia, acesse o blog rpf-poesia.blogspot.com.br. Espero que goste... Ficarei feliz com isso...
Amor é fato.
Amar é ato.
Se falta afeto neste fado
ou se, de fato, há fogo febril
-que nos consome num afago
que nos mata em chamas mil-
quero deixar clara a intenção
de consumir-me, não em palavras
-que estas torpes sílabas vãs
revestem justo
o que pretendo desnudar-
mas consumir-me
em consumir-te. Em
“ser”, tendo-te.
Amor volátil,
Fugaz
Que, amanhã, pode não ser.
Mas que hoje, tudo apraz.
velhos armários,
guardando nas suas gavetas
o cheiro aveludado de tantos invernos,
esculpidos em retratos sonâmbulos,
carpidos no ranger de redes
e no murmúrio oblongo de potes de barro.
Nada há de velho que não enterneça.
nem o mofo,
nem o lodo,
nem os anos embotados no imaginário humano.
Nada passa que não nos faça avançar para antes,
para uma anterioridade lírica,
sob a luz das lamparinas
talhadas em ausências e muita solidão.
Nada há de novo que não nos mostre o velho,
o passado,
o que fomos nós,
nos passos tênues dos nossos avós,
no lastimoso grito memorial
dos nossos corpos na dança secular;
dos nossos corações empedernidos
pelas inúmeras cicatrizes
que clamam refeição.
O que há em nós
é um imenso desejo de reconstituição
de refazimento.
Um desejo
de saciar a nossa fome ancestral,
agora, no presente futuro.
Francisco Perna Filho
Para Jádson Barros Neves