sábado, 17 de setembro de 2011

Um pouco de Clarice Lispector

"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."
 
Clarice Lispector.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Caixinha de Música

Quem é que pode te desvendar, menina?
Será que tu és uma caixinha de segredos?
Ou será de música?
Tu realmente deixas os teus sentimentos em versos de tuas canções?
Ou nas contradições de tua prosas?
Se assim o for, ponha para tocar.
Ou deixe que leiam.

Luíse M. de Santana <luise-ms@hotmail.com>

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Destino não tem rédeas

O Destino não tem rédeas

Rodolfo Pamplona Filho

Uma oportunidade desperdiçada
Uma bala perdida
Um acidente de trânsito
Uma palavra proferida

Um olhar atravessado
Uma doença na família
Uma carta inesperada
Uma flecha desferida

A morte de um conhecido
Um lance de azar
Um flerte inesperado
Uma viagem no mar

Sabe-se o que motiva o ocorrido,
mas não o que o deixou assim...
Sabe-se o que dispara o gatilho,
mas não quando se tem fim...
O destino continua pregando peças
em quem não sabe lidar com ele,
como um cavalo selvagem,
sem freios, rédeas ou conselhos...
como um olhar perdido no horizonte,
sem noção do que é distante...
como uma guinada de 180 graus, rente,
sem medo do que vir agora pela frente!


Praia do Forte, 05 de fevereiro de 2011.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pedido

Pedido

Rodolfo Pamplona Filho

Deixa eu ser seu professor
e ensinar tudo de valor
que a vida pode proporcionar
para quem não teme tentar...

Deixa eu ser seu companheiro
e construir uma história por inteiro,
vivendo de Janeiro a Janeiro,
sem medo de fugir do cativeiro.

Deixa eu ser seu parceiro
e buscar seu sucesso primeiro,
na certeza do seu imenso talento
que alcançará qualquer intento!

Deixa eu ser seu homem
e ver que os medos somem,
quando se descobre alguém
que vai cuidar de você também...

Deixa eu ser seu amor
para viver eternamente seu calor
e nunca mais chorar sozinho
ou perder o meu caminho...

Praia do Forte, 18 de agosto de 2011.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS
 

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...


Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade... Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial.
 
"Nós não precisamos de muita coisa, só precisamos uns dos outros."

Mario de Andrade

domingo, 11 de setembro de 2011

Soneto da Frustração Sexual

Soneto da Frustração Sexual

Rodolfo Pamplona Filho

> Não tire o doce da mão da criança!
> Se não quer, não dê esperança!
> Não queira que eu aceite a frustração
> de uma vida sem calor e tesão.
>
> Poucas coisas são tão decepcionantes
> quanto interromper o gozo
> em uma iniciativa irritante
> de frear o que parecia gostoso
>
> Não tire o membro do lugar,
> nem o coloque lá se não quer,
> pois parar é pior que negar...
>
> Não me peça para perdoar
> tudo que você não fizer
> daquilo que seria parte de amar.
Salvador, 30 de janeiro de 2011.