sábado, 26 de abril de 2014

Terceirizando a Memória

Terceirizando a Memória

Rodolfo Pamplona Filho
Para telefones, celular
Para enciclopédia, Google
Para caminhos, GPS
Para compromissos, agenda
Para texto, tablet
Para exposição, data-show
Para voz, gravador
Para marcha, câmbio automático
Para canais, zapear
Para canções, mostrador
Para pagamentos, home banking
Para contas, calculadora
Para poucos, a velha memória...

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,
em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM,
mas pensando em um (excelente) papo

com os amigos Molly, Nelson Cerqueira e Sérgio Novais Dias.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

SONHO SEM FIM


images (1).jpgSONHO SEM FIM
Caminhei, caminhei, caminhei

Que de casa me afastei

E mais a frente, no meio da mata,

Eu avistei meu belo balão

Que de minha mão se soltara.

De tão bela paisagem,

Quis seguir passagem.

Caminhei, caminhei, caminhei

E no meio de tudo que era lindo

(árvores, pássaros, macaquinhos, o verde e o riacho)

Me deparei.

Entre dois caminhos teria que escolher,

Se quisesse prosseguir.

Mas de tão belos e atraentes que eram

Me confundi.

Então, do meu balão me desprendi.

E o segui por onde ele resolveu me guiar.

Dele não poderia me desgrudar.

E por fim, um lindo lugar conheci e muitas aventuras vivi.

Tropecei em gravetos,

Tive medo de uns lagartos,

Mas me diverti e um pouco aprendi;

Não pude resistir.

E assim, faça você:

Siga seus sonhos e desejos

Sem deles, nunca desistir.


Ana Barrameda                                                                                                              

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Desamadurecendo

Desamadurecendo

Rodolfo Pamplona Filho
Que o tempo passe...
Que os anos cheguem...
Que os pêlos embranqueçam...
Que as rugas surjam...
Mas que eu não permita
envelhecer a mente,
esclerosar o senso,
anestesiar a sensibilidade
ou senilizar o desejo...

Que eu consiga desamadurecer...

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,

em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Ainda Hoje

Ainda Hoje

Permita que uma Borboleta Azul,
caminhe para dentro de tu'alma,
e descubra, no âmago do teu ser,
esse luminoso universo de ternura,
que - eu sei - mora em teu espírito.
E, entre suaves brisas perfumadas,
em meio as borbulhantes espumas,
dos afagos e carícias que as ondas,
imprimem na dourada areia da praia,
encontrará em ti, a preciosa pérola.
Revela-te inteiro à vida, desnuda-te,
mostra a todos o quanto tens de Luz,
a tua capacidade de dar e receber,
a tua legítima devoção à Ternura, 
a tua gratidão ao Criador e à Vida.
Ainda hoje,
após o espetáculo do pôr-do-sol,
à hora do florescer das estrelas,
eu chamarei essa amada borboleta,
cá para meu cantinho mais secreto,
e pedirei à ela que possa me revelar
todas as surpreendentes maravilhas,
que enxergou...dentro do teu coração!


Carmen Cardin

terça-feira, 22 de abril de 2014

Sentindo-se em Casa

Sentindo-se em Casa

Rodolfo Pamplona Filho
Quem faz o lugar são as pessoas
Quem transforma uma casa
em um lar
é quem decide habitar
e nele viver...
e conviver...
e, para sempre ser,
somente o que se é...

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,

em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A ESPERANÇA DO MUNDO

A ESPERANÇA DO MUNDO
Bertold Brecht

Seria a opressão tão antiga quanto o musgo dos lagos?
Não se pode evitar o musgo dos lagos.
Seria tudo o que vejo natural, e estaria eu doente, ao desejar remover o
irremovível?
Li canções dos egípcios, dos homens que construíram as pirâmides.
Queixavam-se do seu fardo e perguntavam quando terminaria a opressão. Isto
há quatro mil anos.
A opressão é talvez como o musgo, inevitável.

Se uma criança surge diante de um carro, puxam-na para uma calçada. Não
o homem bom, a quem erguem monumentos, faz isso. Qualquer um retira
a criança da frente do carro.
Mas aqui muitos estão sob o carro, e muitos passam e nada fazem.
Seria porque são tantos os que sofrem? Não se deve mais ajudá-los, por
serem tantos? Ajudam-nos menos.
Também os bons passam, e continuam sendo tão bons como eram antes
de passarem.

Quanto mais numerosos os que sofrem, mais naturais parecem seus
sofrimentos, portanto. Quem deseja impedir que se molhem os peixes do
mar?
E os sofredores mesmos partilham dessa dureza contra si e deixam que
lhes falte bondade entre si.
É terrível que o homem se resigne tão facilmente com o existente, não só
com as dores alheias, mas também com as suas próprias.
Todos os que meditaram sobre o mau estado das coisas recusam-se a apelar
à compaixão de uns por outros. Mas a compaixão dos oprimidos pelos
oprimidos é indispensável.
Ela é a esperança do mundo.

( Poemas -1913-1956 Editora 34 -Seleção e tradução de Paulo César
deSouza - páginas 222-223))

domingo, 20 de abril de 2014

Soneto do Engarrafamento

Soneto do Engarrafamento

Rodolfo Pamplona Filho
O tempo já foi mais útil
A via já fluiu mais ágil
O motivo nunca foi tão fútil
A paciência nunca foi tão frágil

O que demorava minutos
virou horas a fio
O que era para muitos
caiu no lotado vazio...

E valer tudo para uma vaga buscar,
como um território conquistar,
mesmo fechando um cruzamento...

Na barbeiragem ou contramão
ou disputando o pior palavrão,
tudo por causa do engarrafamento.

Salvador, 27 de maio de 2013, segunda-feira,

em um engarrafamento monstruoso na Av. ACM.