sábado, 1 de julho de 2017

Equinócio



Rodolfo Pamplona Filho

Março ou setembro:
não importa se me lembro
qual é realmente
o semestre presente
ou a estação do ano!
O fundamental, sem engano,
é aproveitar o momento
em que cessa todo lamento
para apenas presenciar o Sol,
quando ele está mais iminente,
sentindo-se, de novo, gente
e nunca mais se sentir só...


Quito, 03 de outubro de 2013.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Repouso



Adalgisa Nery


Dá-me tua mão
E eu te levarei aos campos musicados pela
canção das colheitas
Cheguemos antes que os pássaros nos disputem
os frutos,
Antes que os insetos se alimentem das folhas
entreabertas.
Dá-me tua mão
E eu te levarei a gozar a alegria do solo
agradecido,
Te darei por leito a terra amiga
E repousarei tua cabeça envelhecida
Na relva silenciosa dos campos.
Nada te perguntarei,
Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes
E as palavras do meu olhar sobre tua face muito
amada.


De As Fronteiras da Quarta Dimensão (1951)

quinta-feira, 29 de junho de 2017

O Ocaso




Rodolfo Pamplona Filho

Dos dias
Do calor
Das vidas
Do amor
De nada
De tudo
Do nada
Do mundo


Bogotá, 05 de outubro de 2013, em conexão para o Brasil, olhando o entardecer...

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Noite de núpcias



Padre Antônio Thomaz



Noite de gozo, noite de delícias,
Aquela em que a noiva carinhosa,
Vai do seu noivo receber carícias
No leito sobre a colcha cor de rosa.

Sonha acordada coisa fictícias,
Volvendo-se sobre o leito voluptuosa,
E o anjo de amor e de carícias
Fecha a cortina tênue e vaporosa.

Ouvem-se beijos tímidos, ardentes,
Por baixo da cortina assim velada,
Em suspiros tristes e dolentes.

Se fitássemos a noiva agora exangue,
Vê-la-íamos bem triste e descorda
E o leito nupcial banhado em sangue.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Ronin




Rodolfo Pamplona Filho

Samurai errante
que não serve
a nenhum mestre,
além de si mesmo...
Será tão diferente
do resto da humanidade?

No Vôo do Equador para o Brasil, em 05 de outubro de 2013, lendo sobre Wolverine e a tradição japonesa dos samurais...


segunda-feira, 26 de junho de 2017

Deus Homo




Padre Antônio Thomaz


Amo-Te, oh Cristo, dessa cruz pendente,
Varado o coração de acerbas dores,
Do teu suplício os bárbaros rigores
Sofrendo humilde e resignadamente.

Porque assim te revelas claramente
Deus dos filhos de Eva sofredores,
Apto ouvir os brados e os clamores
Da miseranda e triste humana gente.

Folgo em saber, nas horas de amargura,
Que um Deus de natureza igual à minha
Sofresse a mesma dor que me tortura.

Não quadra um Deus feliz ao desgraçado;
Por isso mesmo aos homens não convinha
Senão somente um Deus crucificado.

domingo, 25 de junho de 2017

Não tem jeito











Rodolfo Pamplona Filho

Não há como
Não tem jeito
Ainda me assusto
com toda afirmação peremptória
de inevitabilidade de um resultado...

Não há como
Não tem jeito
O que é mera tosca impressão
chega como uma determinação
de uma profecia consumada...

Não há como
Não tem jeito
Como posso lidar
com uma realidade
impossível de se mudar,
só porque não se quer...


Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2013, pensando em certas companhias...