Gratuidades
Eu vivo de gratuidades
Sim, gratuidades.
Elas estão para você e pra mim
Amanheço.
E logo o sol a iluminar meu dia
Logo mais, de graça, entardeceria.
Respiro.
Profundo. E me pergunto:
Pelo ar a quem pagaria para ver?
Sigo.
Há saúde no meu caminhar!
Alguma anistia? Franquia a cobrar?
Adianto.
No café recebo sorrisos e beijos
Amealhando- os todos os dias, enriqueço.
Penso.
A liberdade interna me fortalecia
Valor haveria pela minha evolução?
Saio.
Vários caminhos se alinham
A escolha: só minha, e se paga é por opção.
No Mundo,
Ainda me arrepio
Vejo a linha do horizonte: fronteira entre céu e mar
As dores
Se vem ou se percebo
Permitem entender que viver também é superar.
Justiça.
Gratidão haverei de espalhar.
É "free", "all inclusive", "de grátis" o essencial para viver e sonhar.
O preço.
Nada a quitar.
E se cobrassem, seguro, iria pagar.
Gratuidades
Que só valoraremos a falta
Se alguma delas passarem a limitar.
Negra Luz
"A gratidão é a moeda mais generosa, para retribuirmos o dom da vida." Negra Luz
Blog para ler e pensar... Um texto por dia... é a promessa... Ficarei muito feliz em ler e saber o que cada palavra despertou... Se você quiser compartilhar um texto, não hesite em mandar para rpf@rodolfopamplonafilho.com.br. Aqui, não compartilho apenas os meus textos, mas de poetas que eu já admiro e de todas as pessoas que queiram viajar comigo na poesia... Se quiser conhecer somente a minha poesia, acesse o blog rpf-poesia.blogspot.com.br. Espero que goste... Ficarei feliz com isso...
sábado, 28 de setembro de 2019
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
Todo mundo é vítima
Rodolfo Pamplona Filho
Todo mundo é vítima
e ninguém assume a culpa
Todo mundo é vítima
e se pode fugir da luta
Todo mundo é vítima
e se empurra a responsabilidade
Todo mundo é vítima
e não se muda nada de verdade
Todo mundo é vítima
e há argumento para tudo
Todo mundo é vítima
e punir é um absurdo
Todo mundo é vítima
No Trem de Madrid para Pamplona, 02 de outubro de 2012.
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Miliciana da poesia
Sem receio anuncio:
Uma miliciana me tornei!
O crime para mim permitido
É extorquir do meu Português
Amplificadores da minha alma
Para as emoções dar voz e vez
Associada a outras
Que muito antes de mim
Se aperfeiçoaram no iter
Sobre rimas de festim
Festejo a minha escolha
Quando a este delito aderi
Mais fácil seria o Mundo
Se todos pudessem desferir
As rimas certeiras e cortantes
Que passei a redigir
Encriminando minh'alma
Certeza, nada errado cometi.
Se há dor, a palavra consola
Quando, raiva, na estrofe deságua
O temor a poesia apreende
E, no outro dia,
O máximo que o jornal anuncia
A notícia arrepia: Ela sorri!'
Pacificada no meu sentir
Tributos ti imponho, quando leres a mim
Sentir-se leve... Quiçá! Feliz.
Guardando provas: indícios do que cometi
Crimes que compensam
Assim eu os assumi.
Negra Luz
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Mágoas
Rodolfo Pamplona Filho
Há quem prefira
vender uma amizade
por um cachê artístico;
desprezar um amor puro
por ouvir a opinião de uma prima;
desprestigiar o trabalho alheio
para tentar se auto-afirmar;
esquecer uma fraternidade solidária
para soar de vítima da situação;
humilhar com ar de superioridade
a efetivamente investigar o ocorrido;
tripudiar a imagem de colegas
para posar de voz da maioria;
blefar descaradamente e sem pudor
do que aceitar ajuda desinteressada;
ignorar a presença e o cumprimento
em vez de tentar um diálogo honesto;
fazer troça da desgraça alheia
para se sentir aceito no grupo;
perseguir incansavelmente
por não tolerar o diferente;
jogar fora a chance de fazer o Bem,
para se deleitar com seu veneno...
Isso só gera mágoa,
que vira raiva,
até se converter,
se houver o remédio
do esquecimento,
em profunda indiferença,
mesmo sendo cicatriz,
que não se apaga,
para ensinar
em quem vale confiar...
Pamplona, 03 de outubro de 2012, pensando sobre o passado...
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terça-feira, 24 de setembro de 2019
CONTO DE FADAS
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras de uma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é d'oiro, a onda que palpita.
Dou-te comigo o mundo que Deus fez!
- Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A Princesa do conto: “Era uma vez...”
Florbela Espanca, em "Charneca em Flor"
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
Foco
Rodolfo Pamplona Filho
É preciso ter foco!
Mas como ter
se amar me faz perder?
Se Amar tira o meu foco,
não precisa tirar o seu
e nem precisa tirar de ninguém,
pois não é o amor que tira o foco,
mas, sim, o foco que se dá
ao amor e à vida!
Onde está o seu amor?
Ali estará o seu foco...
Salvador, 09 de junho de 2012.
domingo, 22 de setembro de 2019
ANGÚSTIA
Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar! ... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós ...
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! ...
E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando: “O que te resta? ...”
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!
Florbela Espanca, em "Livro de Mágoas"
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