sábado, 19 de outubro de 2019

Respeito




Negra Luz

Ao começar o labor do silêncio
Escuto a força do meu tambor
Ouço o vento sussurrar
Sinto as asas dos pardais
Eles ao longe cantam
Ignoram que o silêncio está no ar
Entendo ao fundo
O eco eles deixam
Não é deles o silêncio
Se eu o quero,
Que em mim vá buscar
Se às horas vagas do som
À elas tenho apreço
São meu momento
E os passarinhos?
Que continuem a cantar!
O meu som descansa
No silêncio me refugio
Voo profundo
Para ao longe me encontrar.


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O mar em súplica





Minha mãe, me protege!
Tô perdendo nessa briga, não sei filtrar.
O óleo entrou em minhas ondas,
Só a você, mãe, posso reclamar.

Eu que fiz parte de belas fotografias,
Nas festas estava que fizeram pra ti saudar,
Dei alimento, fui tema de filme, novela e poesia,
30 dias eu sangro esse betume e ninguém a me cuidar

Eu que pensava ser das leis um protegido,
Sou um desvalido, contagiado, a contaminar.
Restando apenas rogar a ti a beira desse abismo:
- Vem das profundezas, minha rainha, me abraçar!

Tenho certeza de que sua força contagia.
E com você, essa ferida vai passar.
Interceda! Muda as correntes! Seja meu guia! Onda marinha serei fiel no meu caminhar!

Negra Luz

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Renascendo das Cinzas (soneto)




Rodolfo Pamplona Filho

Como é bom experimentar
a paz e o imenso prazer
de, depois de muito chorar,
no meio das cinzas, renascer...

Se é certo que, após a tempestade,
o sol resplandece mais claro
e que, chegada a maturidade,
o tempo se torna mais caro,

não há melhor sensação
do que se descobrir vivo,
forte, disposto e ativo,

para cantar nova canção
e, tal qual Fênix pulsante,
gozar, da vida, cada instante.

Praia do Forte-Iberostar, 10 de março de 2012.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Diálogo franciscano

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Negra Luz

Nem todas as palavras entendo
Fui seguindo como compreendi
Dei amor, até de mim havia esquecido
Uni elos que faiscavam, fi-los unir

Ao não curado alimentei,
Sem ao medo sucumbir.
As doenças manifestas a outros afasta,
A mim não logram intimidar.
Cuido, está em mim

As enfermidades ocultas na alma
É que em mim tem poder de me amedrontar
Estas me fazem sucumbir
Exercício tão difícil exercitar o pleno amar

As suas faces pintadas descobri
Amar ao que dita destinos?
Perdoar o que zomba de mim?
Entender aquela que pra me proteger
Nem percebe o que fez: me ignorar?

Em sua oração é tão simples
Mas não alcanço a dimensão
Busco a luz do entendimento
Ampliar minha visão.

Ter um pouco de alento, mereço?
Um dia entender de ti, Francisco
O teor íntimo da sua oração.
E poder orar com verdade
Ser fiel a sua intenção.

Por ora, desolada
Distribuo o silêncio
Não importa ouvir nada
Entrego me a Deus em oração.


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Resolução de Vida Nova




Rodolfo Pamplona Filho

Cansei!
Resolvi lutar!
Daqui em diante,
tudo vai mudar!

Quero me relacionar
com quem me olhe nos olhos
e me identifique pelo nome,
não por um número de RG, CPF,
Cartão de Crédito, CTPS,
Passaporte ou PIS/PASEP.

Eu não quero viver
com quem me pergunta como vou
e não presta atenção na resposta;
com quem arrota uma grandeza
que não é e que não tem
(como se ter algo engrandecesse alguém...)

Eu não vou fazer mais
o que não me dá prazer,
o que não me cause risos ou lágrimas,
o que não me dê vontade de repetir,
o que não me dê frio na barriga,
o que não me faça me sentir vivo...

Eu não vou mais dinheiro guardar,
como se não fosse feito para gastar...
Eu não vou me poupar
de um sabor experimentar,
de ver um filme ou curtir um show,
ou de viajar e conhecer um lugar...

Eu não vou mais tolerar
gente mal-amada e mal-comida,
que desconta seus complexos
em que está à sua volta
como se culpados fossem
da sua esperança nascer morta...

Eu não vou mais ouvir
gente que precisa, dos outros, falar mal,
que destila seu veneno ou afia suas garras
em resenhas que não constroem nada amado:
não andarei segundo seus conselhos,
não me deterei em seu caminho, nem me assentarei ao seu lado...

Jamais esquecerei
que a história é um livro aberto,
cujas páginas, porém, não se pode voltar,
mesmo quando se quer reescrevê-las,
pois palavras proferidas são flechas desferidas,
que não voltam, mesmo quando miram estrelas...

Não deixarei anestesiar
minha capacidade de me indignar...
Não descansarei...
...até você também se empolgar...
Vou viver como sempre quis...
...minha resolução de vida nova é ser feliz!

João Pessoa, 19 de julho de 2010.

domingo, 13 de outubro de 2019

Entre quatro paredes







Vale tudo, logo cedo aprendi
Enquadrada nas minhas escolhas
Tudo vale ali

Em Lençóis listrados
Margens dos dois lados
30 linhas: início e fim

Liberto-me de todos os pecados
Permito-me em todo invadir
Me desnudo não só para mim

Passiva ou ativa
Direta ou indireta
Auxiliar como o haver no existir

Cubro as vergonhas com metáforas
Flor beijando o colibri
Cálice do orvalho de ti

E conectando os sentidos
Coerente com o sentido
Deixo me inteira fluir

A seguir, abro as portas
A realidade estampada
A mulher ocultada revelou-se bem alí

Negra Luz