sábado, 23 de novembro de 2019

Escravas Sagradas de Korinthio




Rodolfo Pamplona Filho

No encontro entre o Egeu e o Jônico
e de dois portos importantes,
encontra-se a cidade
que não conhecia o amor

No culto à Afrodite,
entregam-se mais do que primícias,
pois é o próprio corpo o objeto
do contato, do negócio e do prazer,

proporcionando conforto e alento
a quem vem de muito longe
e não sente há muito mais

o contato com a pele aveludada
em que o sentimento é nada,
mas a entrega e satisfação totais.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

A Minha Cruz



Bento Prado





Esta cruz que me coube por herança,

sofrê-la-ei, Senhor, como ela veio:

não vos peço afasteis vossa vingança

que mereço,-bem sei,- sofrê-la em cheio.



Mas não me abandoneis, porque receio

não ser capaz da dor que já me cansa:

acudi-me, Senhor, vós, força e meio,

com que a vitória sôbre o mal se alcança!



Que eu, refeito de forças, assim possa,

com a oferta tão só das minhas dores,

oferecer-vos coisa de valia!



Sinta eu viva a impressão que é força vossa

minha vitória sobre os dissabores,

e que sois toda a minha valentia!

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Saudade








Rodolfo Pamplona Filho

A cada minuto que passa,
convenço-me ainda mais
de que a vida é esparsa
e que esse amor não é fugaz

O convívio a que estamos acostumados
tem se modificado naturalmente:
os abraços não são os mesmos
nem os beijos, naturalmente

As horas penam em passar...
quem teve essa maldita idéia
de o tempo contar?
Com certeza não padeceu de amar.

Definitivamente,
minha vida não é mais normal
desde que você, em minha mente,
surgiu como alguém especial.

Não consigo sequer imaginar
como seria viver sem você...
não posso sequer cogitar
a possibilidade de perder...

Como eu gostaria de ter tido você
antes de tanta coisa acontecer...
Talvez eu fosse alguém diferente
e teria vivido mais contente (e caliente...)

pois você trouxe significado
ao que era apenas rotina...
Como é bom estar apaixonado
por alguém que ninguém imagina

por ser tão diversa de mim
para quem só vê casca e nuvem,
mas que, no íntimo, não há fim
para as semelhanças que nos unem.

Hoje, eu quero me sentir rejeitado...
não quero ser tocado ou beijado...
quero apenas um copo de vinho
que me faça esquecer o passado...

Por que?
porque, me sentir bem hoje, ninguém mais faria...
...só a saudade me mataria...
...só seu abraço me curaria...
Praia do Forte, 17 de outubro de 2010.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A Lua-Cheia




Bento Prado Júnior





Minha mãe, doce velhinha,

que vontade de chorar!

Saudade que me espezinha,

lembrança do nosso Lar...



Nosso sítio...a moradia...

o arvoredo do quintal,

que a lua-cheia cobria

com seu delgado sendal...



A lua-cheia de outrora

tinha muito mais poesia!

São Jorge de bota e espora,

-que soberba montaria!-

Lá, lança em riste, feria

o feio e feroz dragão,

que o duro ferro mordia,

nas ânsias da convulsão!



A lua-cheia, hoje em dia,

é simples bola vazia

que rola pela amplidão...

Despojo de terra, fria,

alma vivente não cria,

nem sequer vegetação!

A lua-cheia, hoje em dia,

não tem significação!



Minha mãe, doce velhinha,

que vontade de chorar!

Saudade que me espezinha,

Lembraça do nosso lar...



Nosso sítio...a moradia...

o arvoredo do quintal,

que a lua-cheia cobria

com seu delgado sendal...

terça-feira, 19 de novembro de 2019

O Segredo da Felicidade





Rodolfo Pamplona Filho



O segredo da felicidade é
não esperar nada com vida...
não esperar nada pela vida...
não esperar nada na vida...
não esperar nada da vida...


Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2013, antes do show do Black Sabbath, refletindo sobre expectativas e frustrações....

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Quis escrever





Alberto da Cruz





Quis que escrevesse um poema
Sem importar-me aos traços imberbes
Da alma minha, o destino.


O papel, trêmulas as mãos
Lancei de esperanças falsas
Tomado, a escrever.


O tempo em vão gastei;
O papel manchei
Sem nada entender.


Erradas as mãos
À empresa falida
Não soube fazer.

domingo, 17 de novembro de 2019

Do Riso ao Pranto







Rodolfo Pamplona Filho

Do riso ao pranto,
procuro o meu canto,
onde possa viver,
onde possa chorar,
onde possa ser eu mesmo...
buscando algum lugar aonde eu possa fugir, me sentindo em casa..
buscando algum lugar onde eu possa estar em casa, fugindo do mundo...

Salvador, 05 de outubro de 2010.