sábado, 18 de abril de 2020

O Ocaso





Rodolfo Pamplona Filho

Dos dias
Do calor
Das vidas
Do amor
De nada
De tudo
Do nada
Do mundo




Bogotá, 05 de outubro de 2013, em conexão para o Brasil, olhando o entardecer...

sexta-feira, 17 de abril de 2020

O Velho E A Flor







Vinicius de Moraes

Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta
em pétalas de amor.


quinta-feira, 16 de abril de 2020

Cadáver Vivo








Rodolfo Pamplona Filho

Acordar, comer
Banhar-se, vestir
Trabalhar, beber
Deslocar-se, dormir
Não saber o que mais fazer?
Quem sabe, talvez, viver?
Ver que um dia passa
sem, de nada, achar graça
é finalmente perguntar:
será que morri e
me esqueceram de enterrar?


Salvador, 13 de junho de 2013, após uma sessão de analise junguiana.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Olha lá






Paula Yurie Abiko


Olha lá

Aquele indivíduo apontando dedo

Como se soubesse todo o enredo

Do que está por vir nesse mundo

Acha que o conhecimento do mundo

Cabe na sua cabeça apenas

Como a sua única verdade deveras

De acreditar ser o dono da verdade

Que vaidade!

Mal sabia que não conhecia

Metade do que dizia

Ou achava que conhecia

Contudo julgava os outros

Apontando-lhe os dedos frouxos

Como se todos estivessem sempre

Com seus ouvidos moucos

É absurdo

Querer sempre estar certo

Num mundo cada vez mais incompleto

Cheio de fissuras e agruras

E estes não percebiam

Que assim cada vez mais permaneciam

Fechados para explorar o entorno de mundo

Com tudo o que é mais visado

Que sarro

Até parece que quando sair desse mundo

Levará estampado em sua lápide

Todo o conhecimento e toda sua vaidade

O que vale mesmo está sendo jogado

Ao lado de tudo que nos é pautado

Para sermos na vida e almejar

De que vale suas certezas se irá agonizar

Na busca incessante do ego acreditar

Que era o único certo e sem pestanejar

O dono do mundo irá perceber

Que nessa vida só vale mesmo o que fizemos


Por merecer…


terça-feira, 14 de abril de 2020

O Prego no Caixão



Rodolfo Pamplona Filho

A última nota na canção.
O arremate da costura
O ponto final na redação
O encerramento da semeadura
O beijo de despedida
O suspiro final
A lágrima vertida
O pecado original
O Adeus na partida
O final da festa
A palavra definitiva
O que mais nos resta

Praia do Forte, 03 de junho de 2018.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

A MULHER





Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

Florbela Espanca

domingo, 12 de abril de 2020

Verdades





Rodolfo Pamplona Filho

Quando estiver triste
e se sentindo só,
lembre que eu existo
só por você

Saber que você existe
é poder ter esperança
de viver um amor
e nunca mais ser triste.

Salvador, 20 de março de 2018.