sábado, 25 de abril de 2020

O mar em súplica






Minha mãe, me protege!
Tô perdendo nessa briga, não sei filtrar.
O óleo entrou em minhas ondas,
Só a você, mãe, posso reclamar.

Eu que fiz parte de belas fotografias,
Nas festas estava que fizeram pra ti saudar,
Dei alimento, fui tema de filme, novela e poesia,
30 dias eu sangro esse betume e ninguém a me cuidar

Eu que pensava ser das leis um protegido,
Sou um desvalido, contagiado, a contaminar.
Restando apenas rogar a ti a beira desse abismo:
- Vem das profundezas, minha rainha, me abraçar!

Tenho certeza de que sua força contagia.
E com você, essa ferida vai passar.
Interceda! Muda as correntes! Seja meu guia! Onda marinha serei fiel no meu caminhar!

Negra Luz

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Álbum de Figurinhas








Rodolfo Pamplona Filho

Como se diz a alguém
que ela não é mais o seu bem?
Como se faz para falar
que é o momento de separar?

A vida a dois
é um álbum de figurinhas...
A cola une
para ser eterno,
mas, com força,
dá para retirar...
mas sempre fica um pouco
do álbum na figurinha
e da figurinha no álbum...

Como se comunica
não se querer mais dividir a vida?
Como se rompe
o que era para sempre?

A vida a dois
é um álbum de figurinhas...
O tempo esmaece
o que era vivo e viçoso
e o que já foi muito gostoso
pode continuar assim
ou mudar o tom
para um quadro sem cor
ou um filme sem som...

A vida a dois
é um álbum de figurinhas...


Praia do Forte, 8 de setembro de 2017.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

As rosas de outubro







É preciso tocar nas duas rosas.
Tu as tem diante de ti.
Permitir- se adentrar nos meandros.
Profundamente, tocar- se e sentir.

Estas rosas tocadas por ti
Ganham brilho e te tranquilizarão.
Tocar-se garante o benefício
Que de câncer não morrerão.

Não ocultes de ti as tuas rosas.
São só duas!
E tuas são!
Dê lhes amor.

Toque e retoque nas flores segura.
Se algo estranho, procure o doutor.
Suas flores não serão mais só tuas,
A Medicina e todos os istas delas, certo, cuidarão com amor.

Negra Luz

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Resolução de Vida Nova







Rodolfo Pamplona Filho

Cansei!
Resolvi lutar!
Daqui em diante,
tudo vai mudar!

Quero me relacionar
com quem me olhe nos olhos
e me identifique pelo nome,
não por um número de RG, CPF,
Cartão de Crédito, CTPS,
Passaporte ou PIS/PASEP.

Eu não quero viver
com quem me pergunta como vou
e não presta atenção na resposta;
com quem arrota uma grandeza
que não é e que não tem
(como se ter algo engrandecesse alguém...)

Eu não vou fazer mais
o que não me dá prazer,
o que não me cause risos ou lágrimas,
o que não me dê vontade de repetir,
o que não me dê frio na barriga,
o que não me faça me sentir vivo...

Eu não vou mais dinheiro guardar,
como se não fosse feito para gastar...
Eu não vou me poupar
de um sabor experimentar,
de ver um filme ou curtir um show,
ou de viajar e conhecer um lugar...

Eu não vou mais tolerar
gente mal-amada e mal-comida,
que desconta seus complexos
em que está à sua volta
como se culpados fossem
da sua esperança nascer morta...

Eu não vou mais ouvir
gente que precisa, dos outros, falar mal,
que destila seu veneno ou afia suas garras
em resenhas que não constroem nada amado:
não andarei segundo seus conselhos,
não me deterei em seu caminho, nem me assentarei ao seu lado...

Jamais esquecerei
que a história é um livro aberto,
cujas páginas, porém, não se pode voltar,
mesmo quando se quer reescrevê-las,
pois palavras proferidas são flechas desferidas,
que não voltam, mesmo quando miram estrelas...

Não deixarei anestesiar
minha capacidade de me indignar...
Não descansarei...
...até você também se empolgar...
Vou viver como sempre quis...
...minha resolução de vida nova é ser feliz!

João Pessoa, 19 de julho de 2010.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Entre quatro paredes






Vale tudo, logo cedo aprendi
Enquadrada nas minhas escolhas
Tudo vale ali

Em Lençóis listrados
Margens dos dois lados
30 linhas: início e fim

Liberto-me de todos os pecados
Permito-me em todo invadir
Me desnudo não só para mim

Passiva ou ativa
Direta ou indireta
Auxiliar como o haver no existir

Cubro as vergonhas com metáforas
Flor beijando o colibri
Cálice do orvalho de ti

E conectando os sentidos
Coerente com o sentido
Deixo me inteira fluir

A seguir, abro as portas
A realidade estampada
A mulher ocultada revelou-se bem alí

Negra Luz

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Escravas Sagradas de Korinthio








Rodolfo Pamplona Filho


No encontro entre o Egeu e o Jônico
e de dois portos importantes,
encontra-se a cidade
que não conhecia o amor

No culto à Afrodite,
entregam-se mais do que primícias,
pois é o próprio corpo o objeto
do contato, do negócio e do prazer,

proporcionando conforto e alento
a quem vem de muito longe
e não sente há muito mais

o contato com a pele aveludada
em que o sentimento é nada,
mas a entrega e satisfação totais.

Na estrada de Korinthio para Atenas, 29 de setembro de 2012.

domingo, 19 de abril de 2020

Que amor é esse?




Lea Oliveira

Que amor é esse?
Que enche o peito
Que falta o ar
Que vira música no seu olhar

Que vira noite
Que vira dia
Que passam as horas
E é alegria

Que amor é esse que hipnotiza?
Que faz de mim poeta
É você, minha princesa, Luísa
Que é mais que brincar de boneca

E não bastasse esse sonho, meu Deus,
Você transbordou os meus dias e me deu meu pequeno Mateus!