sábado, 29 de agosto de 2020

O Novo Normal e a Pandemia


 


A Pandemia

destruiu

o que se entendia

e reconstruiu

o que se avizinha

como “normal”.

Seja no meio social

ou em qualquer ambiente,

a gente sente

que não se sabe mais

se o que ficou para trás

algum dia voltará

ou, de fato, como será

o que um dia

foi ou ia

ser a realidade

da sociedade.

Comunicações virtuais,

isolamentos presenciais,

audiências on line,

aulas em live,

banhos em álcool gel,

processos sem papel...

Tudo realmente mudou...

Só não muda a dor

de se sentir oprimido

ou profundamente atingido

pela exclusão digital

ou desigualdade abissal

de um mundo cruel

como um quadro sem pincel,

na construção do “novo normal”,

em que não existe bem ou mal,

pois não há passo forte ou brando

já que o caminho se faz caminhando...

 

Salvador, 02 de agosto de 2020.

 

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Como é a nossa escrita





 Como é a nossa escrita


vista por outros leitores?


Causa dor?


Causa amor?


Causa raiva?


Causa tristeza?


Causa inspiração?


Que causemos um pouco de tudo


menos a solidão de não ser lido!


Justa causa amar a poesia!


 


Ludmila Costa

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Normalidade na Pandemia

 


 

O que é normal?

Era o que se vivia

até então?

Era somente

a nossa percepção?

Era algo que

não existe

ou, se existiu,

nunca mais existirá...

Se o normal não voltará,

talvez nunca terá mesmo existido,

pois o normal será construído

no caminho que será vivido...

 

Salvador, 28 de junho de 2020.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Verbo julgar



Eu quero eliminar, para mim, 

a 1ª pessoa do singular do verbo julgar.

Será factível?

Será possível?


Vivo me policiando

Me esquivando!

Deixa o juiz fazer isso!

É difícil, mas não impossível!


Será que eu julgo quando penso

que alguém está julgando?

Já estou conjecturando?

Daqui a pouco, estão me observando.


A vida: o imponderável!

E se eu falho?

Lá vem julgamento 

de todos os lados!


Sério! Tenho preocupado-me muito 

em não julgar. Exercício diário benéfico! Estou me esforçando, com afinco,

para não fazer mais isto.


É tarefa árdua,

todavia tenho evitado essa prática,

por vezes, nefasta

por vezes, ingrata!


Ao perceber a sociedade julgando, 

e, a todo instante, pessoas, 

fora da atuação típica, analisando, sobretudo crimes, pego-me em pânico!


Ando deixando que o magistrado

faça esse trabalho, afinal,

ele sim 

foi para isso talhado!


Difícil libertar-me do Direito,

que me ensinou

a decidir, mas que bom chegou

a Psicologia que me ensinou a refletir!


O Direito, pragmático,

mostrou-me como agir! Conduziu-me

na busca por solucões imediatas.

A Psicologia me fala que tenho que sentir!


Soltei

a minha alma,

começando

a estudá-la!


O Direito nos faz, por vezes,

ter posições firmes demais!

A Psicologia acolhe, nem sempre resolve,

porém envolve!


Estas duas profissões 

deveriam andar lado a lado!

Travariam um excelente diálogo!

O nosso Direito é deveras orgulhoso!


O Direito fala!

A Psicologia escuta!

Ele procura justiça.

Ela corre atrás da paz.


Evidentemente, justiça traz paz,

mas e para parte que não se satisfaz?

Tem muita gente aguerrida,

que gosta de mexer na ferida!


Aí, a Psicologia pode acalmar!

Pode trazer vida 

para a pessoa

que desanima!


Em muitos casos, é melhor fechar a porta do passado.

Depois de estudado o nosso caso,

é bom seguir avante! Confiante!


Para mim funcionou assim:

Deixei o radicalismo de lado!

A Psicologia virou minha rainha;

O Direito, meu amigo do peito! 


Perfeito encontro! 

Excelente contraponto!

Estudar sempre!  Aprender!

Crescer!


Agora, só me debruço

em algum assunto

se tenho algo a decidir

Já é demais para mim!


O Direito jamais ficará esquecido!

Ele é fundamental!

Essencial!

Na verdade, a ciência jurídica é linda!


Não gosto é deste nosso ordenamento jurídico! Frio!

Não se curva à filosofia! 

Não se aproxima da sociologia!


Não conversa com outras ciências!

Não troca ideia com a Psicologia

Isso eu reparo!

É falho!


Tenho que reconhecer um movimento tímido, caminhando nesse sentido.

Deus, já estou eu julgando?

Vou me calando!


Vou me penitenciando!

Tenho esperança que o homem, 

que opera o Direito,

fique cada vez mais humano!


Lu Jorge

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Maratonar na Pandemia

 


 

Séries, filmes

Sexo, vinhos

Tudo pode ser maratonado

Quando se está isolado

É viver um novo mundo

A dois

ou buscando companhia

no zapear

do controle

até alcançar a satisfação

do canal do seu coração.

 

Salvador, 28 de junho de 2020.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Poucas luzes

 



São poucas as luzes nessa madrugada, trazendo para minha vida iluminação!

 

Depois que fui arrebatada da sua presença...

De estar com você ao alcance das mãos,

É muita penumbra, sombras de ilusão.

Não há, no horizonte, estrela d’alva a guiar-me rumo a sua direção.

 

Não sei o caminho.

Há pregadas em labirintos no nosso destino

E isto aumenta a espera saudosa em meu coração.

 

São poucas as luzes nessa madrugada, trazendo para minha vida iluminação!

 

O Mundo dá voltas

E eu avalio:

Quem sabe um dia as nossas coordenadas

Se cruzem certeiras ao alvedrio?

E nos permitam videntes amantes de um lindo caminho

Em que o sol seja luz de nova trajetória

Agora, escrevendo-se história sem desalinhos,

Apagando-se a memória da profunda tristeza

Que foi na vida estar sozinha.


(Negra Luz)

domingo, 23 de agosto de 2020

Literatura Brasileira na Pandemia

 


 

Ficar confinado na pandemia

pode trazer uma alegria:

ser a oportunidade

de saciar a vontade

de refazer a leitura

de tudo que a cultura

um dia nos proporcionou.

 

Deleitar-se com Machado,

aprofundar-se em Jorge Amado,

desvendar as aventuras

de Guimarães Rosa,

saborear a gostosura

do verso e da prosa

de quem tudo iniciou...

 

E, de repente, descobrir

novos deslumbres no porvir

do enfrentar uma vida dura

com a beleza da literatura,

pois não há, na quarentena,

melhor companhia que um poema

ou uma história sincera de amor.

 

Salvador, 02 de julho de 2020.