quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Eu

 




 Paulo Leminski



eu

quando olho nos olhos

sei quando uma pessoa

está por dentro

ou está por fora


quem está por fora

não segura

um olhar que demora


de dentro de meu centro

este poema me olha


terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Escuridão

 


 


Rodolfo Pamplona Filho



Há quem

tenha medo

da escuridão!


Eu, não!

A escuridão não me assusta,

pois você é meu farol

em toda bruma

que me encontro...

pois eu te amo...



nenhuma escuridao

vai minar

o meu amor por você,

pois, mesmo nela,

eu enxergo sua alma...

nem a escuridao que,

por vezes, maltrata

e assola nossos pensamentos

vai vencer o que sinto...

pois eu te amo muito...



Nenhuma escuridão

é forte o bastante

para sufocar

o grito da alma...

o clamor do amor...

a intensidade da canção

que vem do coração....

pois eu te amo para sempre....



Salvador, 08 de janeiro de 2011.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Incenso Fosse Música

 


 






Paulo Leminski




isso de querer


ser exatamente aquilo


que a gente é


ainda vai


nos levar além






(in "Distraído Venceremos" Ed. Brasiliense, 1987)


domingo, 1 de dezembro de 2024

Cheiro

 

 





Rodolfo Pamplona Filho


Seu cheiro em minha roupa

é a prova mais louca

de um amor real

mas, para muitos, imoral...



Guardo seu cheiro na memória

na esperança que o inesperado

possa mudar a nossa história

e nos dar a esperada vitória



....de um amor pleno,

que, sempre a contento,

cresce e se fortalece....



...de um sentimento sincero,

que, um dia, espero,

possa ser tão público quanto seu perfume.



Praia do Forte, 23 de janeiro de 2011.


sábado, 30 de novembro de 2024

Distâncias Mínimas

 


 






Paulo Leminski




um texto morcego


se guia por ecos


um texto texto cego


um eco anti anti anti antigo


um grito na parede rede rede


volta verde verde verde


com mim com com consigo


ouvir é ver se se se se se


 


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

É Preciso Viver Mais Leve

 


 


 Rodolfo Pamplona Filho



Todo mundo não quer enganar, sim,

Nem todo táxi cobrará mais caro!

Há comidas que não têm gosto ruim

E, na verdade, é a maioria do prato.



E as crianças não ficarão doentes,

pelo menos não necessariamente,

se não comerem toda a comida,

ainda que não imediatamente!


Um sorriso não é uma coisa bem

tão difícil assim de esboçar,

mesmo quando não se tem

tanta prática assim a contar...



Caminhar não é idéia a desprezar,

ainda mais se desperta o apetite,

O planeta é imperfeito para morar,

mas não é assim tão triste...



Sei que parece impossível tentar,

mas consiga um dia sem reclamar

do tempo, da vida, das dores,

que só se sente porque há amores...



Pense que para não enjoar,

basta, por exemplo, variar,

pois não fazer o mesmo sempre

é o inicio de um caminho diferente.



Sei que não é assim para você...

são os outros que vêem equivocado,

mas faça um esforço para perceber

não é lógico todos estarem errados



quando simplesmente têm esperança

que você ache o prazer na dança

de curtir o prazer desta vida breve

pois é preciso viver mais leve...




Buenos Aires, 21 de junho de 2011


quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Haicai

 


 






Paulo Leminski






a estrela cadente


me caiu ainda quente


na palma da mão




cortinas de seda


o vento entra


sem pedir licença


quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Sobre Sensações de Frustração

 



Rodolfo Pamplona Filho



 É preciso valorizar

a tentativa,

pois o resultado

nem sempre depende de nós.



É preciso valorizar

a iniciativa,

pois nem todos conseguem

superar a letargia.



É preciso valorizar

o esforço,

pois o suor derramado

nunca voltará ao corpo.


É preciso valorizar

a boa vontade,

pois nem que tudo que se consegue

foi feito de coração.



É preciso valorizar

o cuidado,

pois simplesmente realizar uma tarefa

não é sinônimo de dedicação.



É preciso valorizar

o desprendimento,

pois ninguém é obrigado

a dar um pedaço de si.



Boston, 01 de julho de 2016.


terça-feira, 26 de novembro de 2024

Amor Bastante

 







 Paulo Leminski


quando eu vi você

tive uma idéia brilhante

foi como se eu olhasse

de dentro de um diamante

e meu olho ganhasse

mil faces num só instante


basta um instante

e você tem amor bastante


um bom poema


leva anos

cinco jogando bola,

mais cinco estudando sânscrito,

seis carregando pedra,

nove namorando a vizinha,

sete levando porrada,

quatro andando sozinho,

três mudando de cidade,

dez trocando de assunto,

uma eternidade, eu e você,

caminhando junto

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Sonhos Mudam



 

Rodolfo Pamplona Filho



Sonhos Mudam

de verdade

Sonhos Mudam

com a idade

Sonhos Mudam

na realidade

Sonhos Mudam

para a eternidade 


Rhodes, 26 de setembro de 2012.


sábado, 23 de novembro de 2024

Pacificadores

 



Rodolfo Pamplona Filho


Há pacificadores

e

Há os que passam

e ficam as dores...


Salvador, 04 de novembro de 2012.


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Tão delicada...

 


 


Mihai Eminescu



Tão delicada, és semelhante

À alva flor da cerejeira.

E como um anjo entre os mortais

Surges da minha vida à beira.


Nem bem tu tocas o tapete,

A seda soa ao teu pisar

E da cabeça até os pés

Pairas num sonho, a flutuar.


Das dobras longas do vestido,

Como do mármore, ressais,

Presa a minh’alma aos olhos teus

Cheios de lágrimas e ais.


Ó sonho meu feliz de amor,

Noiva suave, de outras lendas,

Não me sorrias! Se sorrires

Tua doçura me desvendas.


Podes, no encanto da tua noite,

Deixar-me os olhos sempre baços

E com o murmúrio de tua boca

No frio enredo dos teus braços.


Súbito, passa um pensamento

No véu do teu ardente olhar:

É a renúncia penumbrosa,

Sombra de doce suspirar.


Te vais e eu bem compreendi

Não mais deter o passo teu;

Perdida, sempre, para mim,

Noiva imortal no peito meu!


Pois ter-te visto é culpa minha,

Da qual jamais terei perdão;

Expiarei sonho de luz

A mão direita erguendo, em vão.


Ressurgirás como uma aura

Da eterna virgem, de Maria,

Em tua fronte uma coroa...

Aonde tu vais? Voltas um dia?




Tradução: Luciano Maia


quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Não ir

 




Rodolfo Pamplona Filho

 


Não ir

não é

necessariamente

perder

Não ir

pode ser

esperar

para ganhar,

refletir

para entender,

aguardar

para vencer


 


Salvador, 23 de setembro de 2020.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O crivo do não saber da falsa esperança

 




Vitor Henrique


A vida  criva o agrado da falsa esperança em um fardo pesado, que nem  alça de uma calça que não laça. 


A impostora, a  mentirosa,  a farsante ou hipócrita falsa esperança.  


A ânsia do ancorar no Lar que leva a um destoar. 


Um aborrecimento, uma mentira ou tirania. Eis o crivo do livro vivo que construímos em uma falsa esperança do não saber.






Que guiado e liderado  pelo o sonhar que nos criva. 


Da incógnita cotidiana  do sonhar ou não sonhar? 


Acreditar ou não acreditar, para o  medo de nós arranhar e nos ferir no ir. 




Não vamos ancorar se não sonharmos. 


Não vamos acompanhar o marchar da maré. 


Não vamos nem ao menos ter lido o livro do não saber


Mas se for um houver do muro sem lucro. 


Das  as alegrias… 


das  alegorias das falácias que não devem ser cogitadas, digitadas, lidas e escritas. 


Das idas às ideias inobsoletas das Borboletas das letras da falsa esperança.


 




Mas, se não sonhar não teremos vivido o livro.  


Do amada do nada. 


Do rechear do cheirar do lar 


Do avistar até aterrar em uma terra do além mar


Para que o amarrar do amar, se torne lar. Eis, o livro do não saber do escrito, digitado ou cogitado.




O que fizeram, o que eu fiz e para onde fui. 


É foda, a cabeça lota em quotas de devaneio. 


Sujeira que me jogaram, amarraram e me deixaram em uma mar uivante de Abrantes.  


Não se iluda com a forma lúdica da localidade airosa, porque não existe rosas sem espinhos, nem que se for no pinho do seu ninho. 


Não importa a forma, a sonata está perdida em uma ida sem partida, mas com chegada aonada mais me consola.  




As solas nem estão gastas em lascas. Mas já sei que não há nada mais. 


Porque não há? 


Porque eu já disse, me sujaram, amarraram e me jogaram no meio do nada e eu não sei nadar, nem ao menos andar no desconhecido. 


Não sei que lugar é esse, 


Não sei se tenhas o nobre e o pobre, e se eles se importam em ouvir os meus pensamentos confusos tontos pela… a maré.   


A porta parece  torta,  cheias de discursos  de nenhures. Porque, donde eu veio pelos devaneios, não conheci achar meios a abrir. 




A cabeça tida madura, já sabe que a vida  é assim, dura igual uma pedra, que  que  esmurra em uma algazarra de sentimentos. 


Uma verdadeira surra de  momentos e tormentos em só lamentos. 


Não se engane ou encane, dizem que é apenas uma pane no sistema. 


Urge então a necessidade de saber, para não beber na fonte da ignorância, porque a ânsia em uma direção de uma ação, que nasce naquela  idade.


Naquela idade, em que você não vê as coisas do jeito que antes via. 


Você de per si, sabe que  a vida é assim, no sim ou no não, sempre serei o anão da pirâmide. 




Ahhh, se eu pudesse ja ter descobre está chave mestra para concertar ou atar os nós do que já se foi. 


Aos  amigos que você tem que não ligam, 


o  sinal de pane aparece e você não amanhece 


É, no verso da canção, no abrir da chave, que a ave ligeira já sabe antes  que você, que é só ela e mais nada. 


Não existe amor no clamor da dor de um sociedade doente. 


Quem fala que sim mente, pela  simples mediocridade que transforma a terra em letra de funeral. 


Não existe compaixão, nem paixão. 


Não existe nada além dessa vida, porque na ida, você sabe que  somos meros passageiros prestes a partir. 


Desligue os castelos do tetris, que moldam quem está certo ou errado na peça de encaixe, desligue a máquina, desligue a cina.  


Porque nada importa, nem a forma, nem o como e o porque.




O Turbilhão em um bilhão de reações. 


A falta de quem  não tem alta, por um amor verdadeiro, sincero, companheiro na jornada da vida, nem que se for para uma ida sem partida.


Incógnita que Incomoda, quase coca, roça a aguça por resposta. 


O meu eu tosta, queima, chamusca a sina da mina  da ocitocina com a dopamina. 


Não hesita, nessa usina de toxina a saber. 


Mas, quem me  dera saber a resposta para essa incógnita que me habita que não hesita. 




Quem me dera  as respostas, se nem sei quais são as perguntas, que me perfazem. 


É nessa usina, que ser zem não me fazem ir além do óbvio. 


Mas que me dera saber o que meu corpo quer beber? Se é nessa usina de ocitocina com dopamina que eu vivo até ir ao além, nem se for sem ou com a resposta. 


A incógnita nitra o que sei lá eu sou, só sei que zem eu não sou, nem com serotonina eu sou. 


Sou eu, um bilhão de reações sem lições de moralidade e eticidade.  


Sou eu quem caminha nessa mina de toxina e paixão em uma mansão sem uma lição a te dar.


Nem mandar a onde andar, porem a quem lhe vem apenas excitar o meu eu até onde for, nem que se for sem alem a algo que nem existe.


Sou eu turbilhão em um bilhão de reações com ações, sem lições, mas com desejos e medos.






terça-feira, 19 de novembro de 2024

Excelência “De Boas”

 






Rodolfo Pamplona Filho 

Edson Saldanha




“Tá de boas, excelência!”

Excelente é sua postura;

sem grilos e sem problema

ajustou-se sem frescura!

Formalismos tem limites 

(com respeito, porque não?)

Faz o seu e eu faço o meu 

com presteza e educação

Neste mundo virtual, 

de permanente exposição

Excelência, use a toga,

mas mantenha o coração!

Todos juntos pelo justo, 

fazer justiça é prioritário!

Não precisa ser sisudo 

ou mais formal que o necessário:

basta ter sempre em mente

que estar “de boa”

é estar presente e contente 

com sua condição de pessoa!




Salvador, 06 de novembro de 2020

O parto da poeta





Negra Luz



Sempre olhei a poesia com encanto.

Os parnasianos e os românticos me faziam vibrar.

Achava um desafio a contagem da métrica.

Maior, ainda, articular o rimar.



Quando fazia qualquer tentativa,

Na minha mente só emergia,

A pobre rima, que “declamava” na infância,

Da batatinha, pelo chão, a se esparramar.



Até que um dia, a mística da Poesia

Abriu as portas do meu coração.

Remexeu os armários da minha emoção,

Estabeleceu uma infinita conexão,

Que me levou ao papel e à tinta na mão.



Como fugitivas, as palavras foram partindo 

De espaços até então desconhecidos 

Da minha visão.

Foi esse o momento do nascer da poeta,

Para o Mundo uma revelação.



Como bálsamo, deu-me a cura,

Como chave, fez-me ave,

Como Luz, tornou-me sol,

Como onda, lançou-me ao mar...

E, agora, vivo imersa em palavras,

Articulando versos para viver e amar.






segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O Lado Bom das Coisas

 



Rodolfo Pamplona Filho


 Na vida, tudo tem

seu lado bom e seu lado mal

e o mais importante, afinal,

é saber com que olhar

se vai tudo enfrentar.



Eu não vou lamentar

se não nos deixam ver

o segundo tempo do jogo:

eu agradeço por ter

visto o primeiro com você...



Também não choro

por termos perdido o vôo

e chegado atrasado no show,

mas, sim, fico feliz por ter ido

e visto seu esforço incontido...



Eu não reclamo, nem no íntimo,

por você não agüentar meu ritmo,

mas, sim, acho sensacional

a sua vontade descomunal

de tentar me acompanhar...



Não se trata de acomodação,

nem de vil subserviência,

mas, na verdade, é dar razão

à mais clara consciência

de que a paz é a melhor solução.



Eu não tenho tudo

que realmente gostaria

e, nem de longe,

o que eu poderia,

mas encontro felicidade



em compartilhar, de verdade,

uma relação de parceria,

que, longe de ser fria,

é um porto tranqüilo e seguro,

onde encontro um amor puro,



pois o lado bom das coisas

é não ter qualquer medo

de, sem perder o próprio zelo,

entregar-se totalmente,

vivendo apenas o presente.




Salvador, 30 de setembro de 2011.

domingo, 17 de novembro de 2024

Meus votos com a Poesia

 




Negra Luz



Se é um dom, obrigada Deus Pai.

Se é uma técnica, serei fiel aprendiz.

Se é uma arte, um dia me tornarei um Picasso.

Se é uma válvula, é com ela que quero escapar todos os dias,

Se é cura, tomei essa terapia para mim,

Se é diversão, eu quero essa brincadeira,

Se é vício, dizem que todo mundo tem um,

Se é chamado, quero poder atende-la.

Se é amor, amo-a com paixão,

Se poesia precisa de vida, é dela o meu coração!





sábado, 16 de novembro de 2024

O que fazer com minha tristeza?

 



 Rodolfo Pamplona Filho



O que fazer com minha tristeza,

se não há opção de não vivê-la?



O que fazer com minha tristeza,

se não tenho como esquecê-la?

 


O que fazer com minha tristeza,

se não sei abandoná-la?

 


O que fazer com minha tristeza,

se não consigo superá-la?

 


Quem disse que tenho de fazer algo?

Quem disse que tenho de deixar

o que se tornou parte de mim mesmo

e é a definição do meu próprio eu?

Quem disse que tenho de desprezar

os sentimentos que me tomam

em vez de vivê-los para chegar

até o seu (ou o meu) fim?


 



Salvador, 05 de agosto de 2020.