Paulo Leminski
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha
Blog para ler e pensar... Um texto por dia... é a promessa... Ficarei muito feliz em ler e saber o que cada palavra despertou... Se você quiser compartilhar um texto, não hesite em mandar para rpf@rodolfopamplonafilho.com.br. Aqui, não compartilho apenas os meus textos, mas de poetas que eu já admiro e de todas as pessoas que queiram viajar comigo na poesia... Se quiser conhecer somente a minha poesia, acesse o blog rpf-poesia.blogspot.com.br. Espero que goste... Ficarei feliz com isso...
Paulo Leminski
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha
Rodolfo Pamplona Filho
Há quem
tenha medo
da escuridão!
Eu, não!
A escuridão não me assusta,
pois você é meu farol
em toda bruma
que me encontro...
pois eu te amo...
nenhuma escuridao
vai minar
o meu amor por você,
pois, mesmo nela,
eu enxergo sua alma...
nem a escuridao que,
por vezes, maltrata
e assola nossos pensamentos
vai vencer o que sinto...
pois eu te amo muito...
Nenhuma escuridão
é forte o bastante
para sufocar
o grito da alma...
o clamor do amor...
a intensidade da canção
que vem do coração....
pois eu te amo para sempre....
Salvador, 08 de janeiro de 2011.
Paulo Leminski
isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além
(in "Distraído Venceremos" Ed. Brasiliense, 1987)
Rodolfo Pamplona Filho
Seu cheiro em minha roupa
é a prova mais louca
de um amor real
mas, para muitos, imoral...
Guardo seu cheiro na memória
na esperança que o inesperado
possa mudar a nossa história
e nos dar a esperada vitória
....de um amor pleno,
que, sempre a contento,
cresce e se fortalece....
...de um sentimento sincero,
que, um dia, espero,
possa ser tão público quanto seu perfume.
Praia do Forte, 23 de janeiro de 2011.
Paulo Leminski
um texto morcego
se guia por ecos
um texto texto cego
um eco anti anti anti antigo
um grito na parede rede rede
volta verde verde verde
com mim com com consigo
ouvir é ver se se se se se
Rodolfo Pamplona Filho
Todo mundo não quer enganar, sim,
Nem todo táxi cobrará mais caro!
Há comidas que não têm gosto ruim
E, na verdade, é a maioria do prato.
E as crianças não ficarão doentes,
pelo menos não necessariamente,
se não comerem toda a comida,
ainda que não imediatamente!
Um sorriso não é uma coisa bem
tão difícil assim de esboçar,
mesmo quando não se tem
tanta prática assim a contar...
Caminhar não é idéia a desprezar,
ainda mais se desperta o apetite,
O planeta é imperfeito para morar,
mas não é assim tão triste...
Sei que parece impossível tentar,
mas consiga um dia sem reclamar
do tempo, da vida, das dores,
que só se sente porque há amores...
Pense que para não enjoar,
basta, por exemplo, variar,
pois não fazer o mesmo sempre
é o inicio de um caminho diferente.
Sei que não é assim para você...
são os outros que vêem equivocado,
mas faça um esforço para perceber
não é lógico todos estarem errados
quando simplesmente têm esperança
que você ache o prazer na dança
de curtir o prazer desta vida breve
pois é preciso viver mais leve...
Buenos Aires, 21 de junho de 2011
Paulo Leminski
a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão
cortinas de seda
o vento entra
sem pedir licença
Rodolfo Pamplona Filho
É preciso valorizar
a tentativa,
pois o resultado
nem sempre depende de nós.
É preciso valorizar
a iniciativa,
pois nem todos conseguem
superar a letargia.
É preciso valorizar
o esforço,
pois o suor derramado
nunca voltará ao corpo.
É preciso valorizar
a boa vontade,
pois nem que tudo que se consegue
foi feito de coração.
É preciso valorizar
o cuidado,
pois simplesmente realizar uma tarefa
não é sinônimo de dedicação.
É preciso valorizar
o desprendimento,
pois ninguém é obrigado
a dar um pedaço de si.
Boston, 01 de julho de 2016.
Paulo Leminski
quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
Rodolfo Pamplona Filho
Sonhos Mudam
de verdade
Sonhos Mudam
com a idade
Sonhos Mudam
na realidade
Sonhos Mudam
para a eternidade
Rhodes, 26 de setembro de 2012.
Rodolfo Pamplona Filho
Há pacificadores
e
Há os que passam
e ficam as dores...
Salvador, 04 de novembro de 2012.
Mihai Eminescu
Tão delicada, és semelhante
À alva flor da cerejeira.
E como um anjo entre os mortais
Surges da minha vida à beira.
Nem bem tu tocas o tapete,
A seda soa ao teu pisar
E da cabeça até os pés
Pairas num sonho, a flutuar.
Das dobras longas do vestido,
Como do mármore, ressais,
Presa a minh’alma aos olhos teus
Cheios de lágrimas e ais.
Ó sonho meu feliz de amor,
Noiva suave, de outras lendas,
Não me sorrias! Se sorrires
Tua doçura me desvendas.
Podes, no encanto da tua noite,
Deixar-me os olhos sempre baços
E com o murmúrio de tua boca
No frio enredo dos teus braços.
Súbito, passa um pensamento
No véu do teu ardente olhar:
É a renúncia penumbrosa,
Sombra de doce suspirar.
Te vais e eu bem compreendi
Não mais deter o passo teu;
Perdida, sempre, para mim,
Noiva imortal no peito meu!
Pois ter-te visto é culpa minha,
Da qual jamais terei perdão;
Expiarei sonho de luz
A mão direita erguendo, em vão.
Ressurgirás como uma aura
Da eterna virgem, de Maria,
Em tua fronte uma coroa...
Aonde tu vais? Voltas um dia?
Tradução: Luciano Maia
Rodolfo Pamplona Filho
Não ir
não é
necessariamente
perder
Não ir
pode ser
esperar
para ganhar,
refletir
para entender,
aguardar
para vencer
Salvador, 23 de setembro de 2020.
Vitor Henrique
A vida criva o agrado da falsa esperança em um fardo pesado, que nem alça de uma calça que não laça.
A impostora, a mentirosa, a farsante ou hipócrita falsa esperança.
A ânsia do ancorar no Lar que leva a um destoar.
Um aborrecimento, uma mentira ou tirania. Eis o crivo do livro vivo que construímos em uma falsa esperança do não saber.
Que guiado e liderado pelo o sonhar que nos criva.
Da incógnita cotidiana do sonhar ou não sonhar?
Acreditar ou não acreditar, para o medo de nós arranhar e nos ferir no ir.
Não vamos ancorar se não sonharmos.
Não vamos acompanhar o marchar da maré.
Não vamos nem ao menos ter lido o livro do não saber
Mas se for um houver do muro sem lucro.
Das as alegrias…
das alegorias das falácias que não devem ser cogitadas, digitadas, lidas e escritas.
Das idas às ideias inobsoletas das Borboletas das letras da falsa esperança.
Mas, se não sonhar não teremos vivido o livro.
Do amada do nada.
Do rechear do cheirar do lar
Do avistar até aterrar em uma terra do além mar
Para que o amarrar do amar, se torne lar. Eis, o livro do não saber do escrito, digitado ou cogitado.
O que fizeram, o que eu fiz e para onde fui.
É foda, a cabeça lota em quotas de devaneio.
Sujeira que me jogaram, amarraram e me deixaram em uma mar uivante de Abrantes.
Não se iluda com a forma lúdica da localidade airosa, porque não existe rosas sem espinhos, nem que se for no pinho do seu ninho.
Não importa a forma, a sonata está perdida em uma ida sem partida, mas com chegada aonada mais me consola.
As solas nem estão gastas em lascas. Mas já sei que não há nada mais.
Porque não há?
Porque eu já disse, me sujaram, amarraram e me jogaram no meio do nada e eu não sei nadar, nem ao menos andar no desconhecido.
Não sei que lugar é esse,
Não sei se tenhas o nobre e o pobre, e se eles se importam em ouvir os meus pensamentos confusos tontos pela… a maré.
A porta parece torta, cheias de discursos de nenhures. Porque, donde eu veio pelos devaneios, não conheci achar meios a abrir.
A cabeça tida madura, já sabe que a vida é assim, dura igual uma pedra, que que esmurra em uma algazarra de sentimentos.
Uma verdadeira surra de momentos e tormentos em só lamentos.
Não se engane ou encane, dizem que é apenas uma pane no sistema.
Urge então a necessidade de saber, para não beber na fonte da ignorância, porque a ânsia em uma direção de uma ação, que nasce naquela idade.
Naquela idade, em que você não vê as coisas do jeito que antes via.
Você de per si, sabe que a vida é assim, no sim ou no não, sempre serei o anão da pirâmide.
Ahhh, se eu pudesse ja ter descobre está chave mestra para concertar ou atar os nós do que já se foi.
Aos amigos que você tem que não ligam,
o sinal de pane aparece e você não amanhece
É, no verso da canção, no abrir da chave, que a ave ligeira já sabe antes que você, que é só ela e mais nada.
Não existe amor no clamor da dor de um sociedade doente.
Quem fala que sim mente, pela simples mediocridade que transforma a terra em letra de funeral.
Não existe compaixão, nem paixão.
Não existe nada além dessa vida, porque na ida, você sabe que somos meros passageiros prestes a partir.
Desligue os castelos do tetris, que moldam quem está certo ou errado na peça de encaixe, desligue a máquina, desligue a cina.
Porque nada importa, nem a forma, nem o como e o porque.
O Turbilhão em um bilhão de reações.
A falta de quem não tem alta, por um amor verdadeiro, sincero, companheiro na jornada da vida, nem que se for para uma ida sem partida.
Incógnita que Incomoda, quase coca, roça a aguça por resposta.
O meu eu tosta, queima, chamusca a sina da mina da ocitocina com a dopamina.
Não hesita, nessa usina de toxina a saber.
Mas, quem me dera saber a resposta para essa incógnita que me habita que não hesita.
Quem me dera as respostas, se nem sei quais são as perguntas, que me perfazem.
É nessa usina, que ser zem não me fazem ir além do óbvio.
Mas que me dera saber o que meu corpo quer beber? Se é nessa usina de ocitocina com dopamina que eu vivo até ir ao além, nem se for sem ou com a resposta.
A incógnita nitra o que sei lá eu sou, só sei que zem eu não sou, nem com serotonina eu sou.
Sou eu, um bilhão de reações sem lições de moralidade e eticidade.
Sou eu quem caminha nessa mina de toxina e paixão em uma mansão sem uma lição a te dar.
Nem mandar a onde andar, porem a quem lhe vem apenas excitar o meu eu até onde for, nem que se for sem alem a algo que nem existe.
Sou eu turbilhão em um bilhão de reações com ações, sem lições, mas com desejos e medos.
Rodolfo Pamplona Filho
Edson Saldanha
“Tá de boas, excelência!”
Excelente é sua postura;
sem grilos e sem problema
ajustou-se sem frescura!
Formalismos tem limites
(com respeito, porque não?)
Faz o seu e eu faço o meu
com presteza e educação
Neste mundo virtual,
de permanente exposição
Excelência, use a toga,
mas mantenha o coração!
Todos juntos pelo justo,
fazer justiça é prioritário!
Não precisa ser sisudo
ou mais formal que o necessário:
basta ter sempre em mente
que estar “de boa”
é estar presente e contente
com sua condição de pessoa!
Salvador, 06 de novembro de 2020
Negra Luz
Sempre olhei a poesia com encanto.
Os parnasianos e os românticos me faziam vibrar.
Achava um desafio a contagem da métrica.
Maior, ainda, articular o rimar.
Quando fazia qualquer tentativa,
Na minha mente só emergia,
A pobre rima, que “declamava” na infância,
Da batatinha, pelo chão, a se esparramar.
Até que um dia, a mística da Poesia
Abriu as portas do meu coração.
Remexeu os armários da minha emoção,
Estabeleceu uma infinita conexão,
Que me levou ao papel e à tinta na mão.
Como fugitivas, as palavras foram partindo
De espaços até então desconhecidos
Da minha visão.
Foi esse o momento do nascer da poeta,
Para o Mundo uma revelação.
Como bálsamo, deu-me a cura,
Como chave, fez-me ave,
Como Luz, tornou-me sol,
Como onda, lançou-me ao mar...
E, agora, vivo imersa em palavras,
Articulando versos para viver e amar.
Rodolfo Pamplona Filho
Na vida, tudo tem
seu lado bom e seu lado mal
e o mais importante, afinal,
é saber com que olhar
se vai tudo enfrentar.
Eu não vou lamentar
se não nos deixam ver
o segundo tempo do jogo:
eu agradeço por ter
visto o primeiro com você...
Também não choro
por termos perdido o vôo
e chegado atrasado no show,
mas, sim, fico feliz por ter ido
e visto seu esforço incontido...
Eu não reclamo, nem no íntimo,
por você não agüentar meu ritmo,
mas, sim, acho sensacional
a sua vontade descomunal
de tentar me acompanhar...
Não se trata de acomodação,
nem de vil subserviência,
mas, na verdade, é dar razão
à mais clara consciência
de que a paz é a melhor solução.
Eu não tenho tudo
que realmente gostaria
e, nem de longe,
o que eu poderia,
mas encontro felicidade
em compartilhar, de verdade,
uma relação de parceria,
que, longe de ser fria,
é um porto tranqüilo e seguro,
onde encontro um amor puro,
pois o lado bom das coisas
é não ter qualquer medo
de, sem perder o próprio zelo,
entregar-se totalmente,
vivendo apenas o presente.
Salvador, 30 de setembro de 2011.
Negra Luz
Se é um dom, obrigada Deus Pai.
Se é uma técnica, serei fiel aprendiz.
Se é uma arte, um dia me tornarei um Picasso.
Se é uma válvula, é com ela que quero escapar todos os dias,
Se é cura, tomei essa terapia para mim,
Se é diversão, eu quero essa brincadeira,
Se é vício, dizem que todo mundo tem um,
Se é chamado, quero poder atende-la.
Se é amor, amo-a com paixão,
Se poesia precisa de vida, é dela o meu coração!
Rodolfo Pamplona Filho
O que fazer com minha tristeza,
se não há opção de não vivê-la?
O que fazer com minha tristeza,
se não tenho como esquecê-la?
O que fazer com minha tristeza,
se não sei abandoná-la?
O que fazer com minha tristeza,
se não consigo superá-la?
Quem disse que tenho de fazer algo?
Quem disse que tenho de deixar
o que se tornou parte de mim mesmo
e é a definição do meu próprio eu?
Quem disse que tenho de desprezar
os sentimentos que me tomam
em vez de vivê-los para chegar
até o seu (ou o meu) fim?
Salvador, 05 de agosto de 2020.