segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Em breve encerra-se mais um ano em sua vida...

Em breve encerra-se mais um ano em sua vida...
Quando este ano começou, ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos...
Podia fazer dele o que quisesse...
Era como um Livro em Branco, e nele você podia ter
um poema, um pesadelo uma blasfêmia, uma oração.

Podia...
Hoje não pode mais, já não é seu.
É um livro já escrito...
Concluído...
Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe
será lido, com todos os detalhes, e não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.
Portanto...
Antes que termine este ano, reflita, tome seu velho livro
e folheie com cuidado...
Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela
consciência;
Faça o exercício de ler a você mesmo.
Leia tudo...
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que usou
seu melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter
escrito.
Não...
Não tentes arrancá-las.
Seria inútil...
Já estão escritas.
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que
será entregue.
Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e
evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contará novamente
com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para
preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.
Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir,
coloque-o nas mãos do Criador.
Não importa como esteja...
Ainda que tenha páginas escuras, entregue e diga
apenas duas palavras: Obrigado e Perdão!!!

E, quando o novo ano chegar, lhe será entregue outro
livro, novo, limpo, branco, todo seu, no qual irá escrever
o que desejar...

FELIZ LIVRO NOVO!!!
Que o ano que se aproxima lhe traga muita saúde, paz e prosperidade.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!


   Mineiro nao é bobo, só finge....


O ônibus que seguia em direção ao Rio de Janeiro, para numa cidade do interior de Minas.
O capiau sobe com três leitõezinhos no colo.
Ao perceber a cena, um carioca ( como de costume ), quis logo tirar um sarro com a cara do mineirinho.

- E aí mineiro, levando os porquinhos para passear?
- Pois é sô, os bichins nunca viram o mar, uai!..... Pois carece di vê.
- Estes bichinhos tem nome?


- Teeeem sô!

Este aqui si chama, 'Suatia'. O daquele ali é, 'Suavó ' ...
- Puto da vida, o carioca interrompe o mineiro:
- Deixa que eu advinho o nome deste último. É 'Suamãe' ?!. (rsrs)
Não sô, esse aqui é 'Seupai'.
'Suamãe', eu cumi onti.


sábado, 29 de dezembro de 2012

Queria ter um sótão pra ficar agora, sozinha

Queria ter um sótão pra ficar agora, sozinha
Me sinto viciada
Preciso escrever... e queria escreve-lo num sótão
Me sinto viciada mas é um vicio bom
Queria ter de volta meu melhor brinquedo, meu urso "Peposo"
Era tão difícil eu me aborrecer
Mas quando ficava "chata" eu segurava meu ursinho e logo passava...
Hoje eu sei o que é sentir algo de forma errada
Tanta coisa mudou e isso faz diferença agora
Eu preciso de um sótão
Preciso de um vinil
e de um amor...
Quero dizer, não é o que parece
Eu continuo vivendo de sonhos
E simplesmente vou vivendo de sonhos...
Preciso de um sótão, de papel e caneta
Tenho que escrever e enviar imediatamente
Estou meio fora de controle
Mas lá no fundo em meu silêncio eu sei que você está me ouvindo
São palavras que eu não preciso dizer
Meu amor não pode fluir... não sem você
E eu só queria estar num sótão 
Com você...


Anna Kelly

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Soneto de Natal

Soneto de Natal
A Luís Carta

Perdi-me dos pastores e sozinho
procuro o rastro do caminho certo.
Há luz no escuro mas não há caminho.
Fica tão longe o que parece perto!

Busco o Menino mas não adivinho
como encontrá-lo no meu passo incerto.
O desespero pesa como vinho.
É a dor apenas que me traz desperto.

Minhas mãos adormecem na quebrada
da noite, pelo frio da chapada.
A neblina se deita no horizonte.

Mas de repente esbarro na lembrança
das risadas de quando era criança,
e Deus nasce do chão como uma fonte.

Odylo Costa, filho

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Carta a Noel


Carta a Noel 

(16.12.11)
Charge de Gerson Kauer

Por Rafael Berthold

advogado (OAB-RS nº 62.120)

O advogado, após passar um lindo natal em família, inspirado pelas cartinhas que seus filhos endereçaram a Papai Noel, decide - ele próprio - redigir uma missiva ao bom velhinho. É claro que alguns traços da vocação processual se fazem sentir, no petitório, que assim começa:

"ILUSTRÍSSIMO SENHOR PAPAI NOEL"

E após deixar o tradicional espaço para o despacho, o advogado prossegue:

Por meio da presente, o signatário vem à vossa elevada presença declinar Pedido de Presentes de Natal, o que faz, nos termos das linhas que seguem:

1) “Que a justiça seja célere"... 

Mas após alguns minutos de reflexão, o advogado arrepende-se e reescreve o pedido: "Que a justiça seja célere, quando eu representar o credor, e morosa, quando eu representar o devedor".

2) "Que os juízes deixem de arbitrar honorários aviltantes"... Mas em alguns instantes vem a ressalva:"A não ser que meus clientes sagrem-se sucumbentes".

3) "Que as indenizações deixem de ser fixadas em valores irrisórios... salvo quando eu estiver representando o condenado".

4) "Que os advogados sejam cada vez mais unidos e que se tratem sempre com respeito e urbanidade".(Nenhuma ressalva é feita, quanto a este tópico).

5) "Que os juízes não sejam formalistas e apegados a meras irregularidades irrelevantes"... (E após engolir em seco). "A não ser que estas tenham sido suscitadas por mim".

Cinco pedidos já eram o suficiente. Além disso, já iniciava-se a madrugada do dia 26 de dezembro. Então, o advogado apressou-se em dar fecho à petição:

"Ante o exposto, requer-se que Vossa Senhoria digne-se atender Pedido de Presentes de Natal, nos moldes especificados supra, por ser a expressão dos desejos natalinos do subscritor, que apresentou comportamento exemplar no ano que passou, fazendo jus, portanto, à graça pretendida.

Nestes Termos, pede deferimento".

Após concluir, deixa a carta em uma das meias que enfeitavam a lareira, onde, na noite anterior, os seus filhos deixaram os seus próprios petitórios. Na manhã seguinte, ao cruzar a sala, o advogado olha para sua carta e percebe que havia algo escrito, no espaço deixado para despacho.

Empolgado, ele retira a carta de dentro da meia e depara-se com a seguinte decisão:

"R.H. Não conheço do pedido, por intempestivo. Em 26/12/2011. (ass.) Papai Noel".
FONTE: www.espaçovital.com.br 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O negócio de Jesus!

O negócio de Jesus!

Por Téta Barbosa(jornalista, pernambucana  e blogueira)
-Maria, vem aqui pra fora. Tá fazendo o que aí dentro?
- Tô montando o negócio de Jesus.
Curiosa que só, fui lá ver o que danado era o negócio de Jesus e achei Maria (5 anos) que, apesar de usar palavras como constrangedor e literalmente, não decora, nem a pau, a palavra presépio.
Ok, era o presépio que ela estava montando. Quando me viu, pegou os bonecos (leia-se, figuras bíblicas) e perguntou:
- Qual desses é Jesus, mesmo?
- O bebê.
- Oxe, o bebê? Nunca vi um bebê ser tão importante.
Mas, sem querer ouvir a explicação da importância do recém-nascido em questão, continuou montando o presépio (vou ter que ficar repetindo a palavra presépio porque não achei nenhum sinônimo para esse grupinho de pessoas, anjos e magos reunidos em volta de um bebê super importante, cercado de bois e vaquinhas simpáticas).
- Porque os Reis Magos são, na verdade, gordos?
Maria pergunta muito, mas, para minha sorte, não tem paciência para ouvir as respostas.
Digo sorte porque, tem um monte de coisa nesse “negócio de Jesus” que eu sinceramente não entendo.
Vamos começar pela morte/ressurreição do moço.
Reza a lenda (bíblia) que ele morreu na sexta da paixão e ressuscitou no terceiro dia, que, pelas contas dos cristãos é no domingo de páscoa. Ok, sou jornalista e minha expertise em matemática é bem fraca mas, se o pessoal da Galileia tivesse uma calculadora na época, iria perceber que, se fosse mesmo no terceiro dia, a ressurreição teria acontecido na segunda-feira. Não?
Mas, o domingo deve ser um dia mais comercial, principalmente considerando a intromissão capitalista do coelho, que mesmo sendo mamífero, choca os ovos da páscoa.
E, eu me pergunto, se Jesus era super legal, transformava água em vinho (que, na minha opinião, faz dele, automaticamente, uma pessoa super legal), curava os cegos e ainda andava sobre as águas, por que danado o povo mandou soltar Barrabás e crucificar o rapaz?
Será que o pessoal preferia uísque?
Outra parte da bíblia que me deixa assim, bastante confusa, é o pedido de Deus para Abraão. Porra, pedir para sacrificar o filho único?
Se fosse comigo e Deus mandasse sacrificar Victor eu iria dizer, com todo respeito:
- Vai se fuder Deus.
Assim, é muito difícil esclarecer esse negócio todo de Deus, Jesus e a Virgem que ficou grávida.
Se eu explicar do jeito que me ensinaram é capaz de Maria perguntar:
- Tia, você fumou maconha?
Eu acredito na coisa toda. Mas, sei lá, se rolassem umas provas científicas com estudos da Universidade de Oxford ou explicações mais lógicas, ia ser bem mais fácil responder as perguntas da menina.
Por enquanto, deixa ela montando o negócio de Jesus mesmo.
No mais, vou rezar para que, quando ela começar a fazer as pergunta difíceis, eu não esteja por perto.
*Maria é minha sobrinha e acha muito constrangedor Jesus nascer num berço de palha. Assim, literalmente falando.
Porque agora em toda frase, ela arruma um jeito de usar constrangedor e literalmente

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

AO ABSOLUTO

AO ABSOLUTO

I
Aprender
com a linha reta
e silenciosa
que atravessa
o cair da tarde

Sim
ali onde os pássaros
devolvem voo à noite
e folhas são gratas
até pelo ocaso da seiva

Este
o santuário
a branca essência:

vem a voz do vento
e revela segredo nenhum
a plenitude das ervas
a crença plana
delicadezas banais

II
Assim ungidos

e com domínio do tempo

teremos um deus
deitado nos olhos
no peito, no ventre

Estaremos prontos
afinal
para voltar.

Alberto Bresciani

 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

GRITAREI AO MUNDO

GRITAREI AO MUNDO
Quando a lágrima rasgou a minha alma
Quando minha pequenez se fez clara
E meu coração revelou minha pobreza
Olhei tua face na cruz e vi
Vi que tudo era nada
Vi tua grandeza na dor
Tuas chagas de amor
E só os Teus olhos olharam nos meus
Então percebi
Que na busca de mim
Eu só me perdi
Por caminhos doídos
E desertos de Ti
Resolvi voltar
E esquecer de mim
E então vi
Minha alma desnuda
Repleta de Ti
Gritarei ao mundo
Ah sim
Gritarei ao mundo
Já não sou eu quem vive
É Cristo vivendo em mim.

Amém, meu amigo, assim seja para todos nós!!! Abração, Andréia.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Festa de Natal em uma empresa contemporânea...

Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos

COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.

Data: 01 de dezembro

Assunto: Festa de Natal

Tenho o prazer de informar que a festa de Natal da empresa será no dia 23 de dezembro, com início ao meio-dia, no salão de festas privativo da Churrascaria Grill House. O bar estará aberto com várias opções de bebidas. Teremos uma pequena banda tocando canções tradicionais de natal...sinta- se à vontade para se juntar ao grupo e cantar! A árvore de Natal terá suas   luzes acesas às 13:00. A troca de presentes de amigo secreto pode ser feita a qualquer momento, entretanto, nenhum presente deverá exceder R$20,00, a fim de facilitar as escolhas e adequar os gastos a todos os bolsos.

Boas festas para vocês e suas famílias,

Cordialmente; Patrícia

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Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos

COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.

Data: 02 de dezembro

Assunto: Festa de Natal

De maneira alguma nosso memorando de 01 de dezembro pretendeu excluir nossos funcionários judeus! Reconhecemos que o Chanukah é um feriado
importante e que costumam coincidir com o Natal, mas isso não aconteceu este ano. De qualquer forma, passaremos a chamá-la de 'Festa de Final de Ano'. A   mesma política se aplica a todos os outros funcionários que não sejam  cristãos e àqueles que ainda celebram o Dia da Reconciliação.
Não haverá árvore de Natal. Nada de canções de natal nem coral.
Teremos outros tipos de música para seu entretenimento.

Felizes agora?

Boas festas para vocês e suas famílias,

Atenciosamente; Patrícia

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Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos

COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.

Data: 03 de dezembro

Assunto: Festa de Natal

Com relação ao bilhete que recebi de um membro do Alcoólicos Anônimos solicitando uma mesa para pessoas que não bebem álcool... você não
assinou seu nome! Fico feliz em atender o pedido, mas se eu puser uma placa na   mesa'Exclusivo para AA', vocês não serão mais anônimos...
Como faço então?
Nenhuma troca de presentes será permitida, uma vez que os membros do sindicato acham que R$20,00 é muito dinheiro e os executivos acham que
$20,00 é muito pouco para um presente.

NENHUMA TROCA DE PRESENTES SERÁ PERMITIDA, certo?

Cordialmente; Patrícia

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Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos

COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.

Data: 07 de dezembro

Assunto: Festa de Natal

Eu não sabia que no dia 20 de dezembro começa o mês sagrado do Ramadã para os muçulmanos, que proíbe comer e beber durante as horas do dia.
Talvez a Churrascaria Grill House possa segurar o serviço de bufê até o fim do dia ou então, embalar tudo para que vocês levem para casa nas
marmitas. O que vocês acham disso?

Novidades: neste meio tempo, consegui que os membros do Vigilantes do Peso sentem o mais longe possível do bufê de sobremesas; as mulheres
grávidas sentem-se o mais perto possível dos banheiros; teremos assentos mais altos para pessoas baixas e comida com baixa-caloria estará disponível para os que estão de dieta.

Nós não podemos controlar a quantidade de sal utilizada na comida.
Desta forma, sugerimos para estas pessoas com pressão alta provar o gosto primeiro. Haverá frutas frescas de sobremesa para os diabéticos.
O restaurante não dispõe de sobremesas sem açúcar.

Nossas profundas desculpas.

Esqueci de alguma coisa?

Atenciosamente; Patrícia

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Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos

COMUNICADO PARA TODOS FILHOS DA PUTA QUE TRABALHAM NESTA EMPRESA.

Data: 08 de dezembro

Assunto: Festa de Natal DO CARALHO

Vegetarianos! ?!?!??! Sim, vocês também tinham que dar sua opinião de merda ou reclamar de alguma coisa!!! Nós manteremos o local da festa
na Churrascaria Grill House; quem não gostar, foda-se! Então, como alternativa, seus putos, vocês podem sentar-se quietinhos na mesa mais
distante possível da tal 'churrasqueira da morte' - como vocês se referiram de forma   bastante depreciativa ao utensílio. E vocês terão
também sua mesa de saladas de merda, incluindo tomates hidropônicos da casa do caralho & arrozinho grudento pra comer de pauzinho. Aqueles
que, naturalmente, ainda não gostaram, podem enfiar tudo no cu.
Ah, espero que vocês todos tenham uma bosta de festa de final de ano!
E que dirijam muito, muito bêbados e morram todos, todinhos esturricados por aí.

Escutaram?

Embucetadamente; A Vaca, diretamente da puta que os pariu.

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Dr. Pacheco - Diretor de Recursos Humanos INTERINO

COMUNICADO PARA TODOS OS funcionários

Data: 10 de dezembro

Assunto: Patrícia Gomes e Festa de Final de Ano

Tenho certeza que falo por todos desejando para a Patrícia um rápido restabelecimento para sua crise de stress.

Por conta deste fato, a diretoria decidiu cancelar a Festa de Final de Ano e dar folga remunerada para todos na tarde do dia 23 de dezembro.

Cordialmente; A direção.

sábado, 22 de dezembro de 2012

EM ARANJUEZ COM MI AMOR


EM ARANJUEZ COM MI AMOR

                                                                             por J.L. Rocha do Nascimento
Ao som dos primeiros movimentos, lembro-me da fatídica viagem, de como e de quando lá chegamos. Um pequeno povoado. Deserto, poeirento e debaixo de um sol de cozinhar. Entramos. A taberna era rústica e suja. Mariachis dedilhavam suas guitarras ao fundo. Ao longe, um lamento forjado ao sopro de um trompete. Violinos orquestrados compunham, por fim, o cenário. O taberneiro suarento, sempre esfregando as mãos numa toalha encardida, nos serviu, em tigelas de barro, algo muito travoso para ser vinho. Ela não gostou. Nada que lembrasse as sessões homéricas de vinho tinto, uvas Itália e morangos silvestres. Ao lado, uma linha, uma velha estação, o vaivém barulhento de uma porta. A civilização já passou por aqui. É. Brincando, ela fez um longo enquadramento com as mãos. Tarantino ou Sérgio Leone? O original, eu disse.

Enquanto o trompete agoniza, entrecortado pelo dedilhar suave sobre a harpa, lembro também de como, aproveitando uma pequena trégua, tentei penetrar aqueles olhos, mas os cabelos, desalinhados pelo vento, debatiam-se por sobre o rosto, tirando-me a visão das amêndoas negras. Se os visse, se os penetrasse fundo, imaginei, talvez a demovesse da idéia, como naquele final de tarde em que, ao fim, embeberam-se uns nos outros, brilharam-se uns pros outros e juraram-se uns aos outros.

Queria uma última chance. Julgava que tinha me esforçado. Tanto que, no prelúdio, os dedos ainda se tocaram, embora sem a harmonia de antes. Mas logo percebi que seria impossível reproduzir o monólogo das mãos.

E nada foi mais doloroso do que o movimento final, anunciado pelas notas graves e marcadas do violoncelo. Quando, de repente, se ergueu e selou-me o rosto com um beijo. Meus olhos cerraram-se, repeliram qualquer movimento na tentativa de reabri-los. O receio era o de perceber o óbvio. E sumiu lentamente na poeira arrastada pelo vento - que também abria e fechava portas -, nas ondas tremulantes de calor. Ficou a sensação de uma miragem, nada além.

Nunca mais a vi. A não ser quando ouço concierto de aranjuez, como agora, na voz de Nana Mouskouri. Milles Davis que me perdoe com o seu adágio.

É noite de natal. Mais alguns instantes e os ponteiros estarão sobrepostos. O vizinho do lado ouve Noite Feliz. Que vinho ele bebe, não sei. A mulher corre pra cozinha. As crianças, em torno da árvore, aguardam com ansiedade a chegada do bom velhinho.

Pobres coitados. Pobre de mim.
Não sei qual dos mundos merece mais compaixão.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Dezoito ou Cinco Meses

Dezoito ou Cinco Meses

Rodolfo Pamplona Filho
Quando dezoito vezes
são cinco meses
Quando quatorze
pode ser uma seqüência
ou uma única oportunidade
pode tomar todo o tempo...
Quando a lógica
perde o foco
ou o tato
é melhor in loco.
Tudo pode ser (ou não)
um pouco surreal
ou colorido tropical
ou Chico-Caetano-legal...
Quando mesmo a gramática
supera a matemática
é a certeza de que a razão
foi vencida pela paixão.


Salvador, 12 de janeiro de 2012.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Teu Perfume

Teu Perfume - Tayane de Aguiar

por Tayane de Aguiar, quarta, 4 de maio de 2011 às 21:06
Acordei... A primeira sensação que me recordo é a do teu perfume.
Talvez não tenha como explicar de que maneira senti o seu cheiro, já que estava tão distante, mas... o senti! E ele era maravilhoso.
A verdade é que, naquele momento, os meus sentidos deveriam transmitir o que o meu pensamento lutava, a todo o momento, para conter: pensara em ti! Aliás, como tem ocorrido sempre ao despertar.
As coisas poderiam ser exatamente como esperamos não é?? Como se tivéssemos arbítrio sobre a funcionabilidade da vida... Tudo seria tão fácil...
Mas, qual a graça das coisas fáceis? Digo: não quero facilidade! Não quero ter de viver em completo outono. Quero viver loucuras, cometer erros, me entregar sem pensar no que acontecerá depois... Escolherei arriscar, ainda que pelo caminho da dor, a me curvar diante do medo, a me privar diante do amor. Como tudo que é simples na vida, há de ser definitivo, pois em algum momento perecerá.
Talvez Drummond, ao escrever sobre as coisas findas da vida, não conhecesse o teu perfume que, ainda agora, insiste em não me deixar...
Enfim, volto a dormir... com a certeza que, ao acordar, buscar-lhe-ei, não mais em olfato, mas sim em olhar.


Esse texto foi escrito há alguns anos por uma mulher que viria a adoecer.
No começo, os sinais de sua diença eram esporádicos e ninguém ousou se importar. A autora, que sempre fora muito saudável, em um dado momento passou a sentir palpitações e tremores nas mãos. Sua boca, que estava sempre úmida, passou a secar constantemente e embranquecer. Até então,  contudo, não havia nada com que se preocupar. Não havia de ser nada.
O problema é que não parou por aí. Os sintomas se tornaram mais constantes e a doença tomou conta do seu coração. O pequeno órgão passou a bater em um ritmo próprio, fora do normal, contrariando todas as possibilidades cardíacas e determinando todas as condutas da sua portadora. E enquanto todos ao redor começavam a se preocupar, ela... Bom, ela tinha inúmeros motivos para ignorar os sinais. Ou acreditava que tinha.
Quando finalmente se deu conta da gravidade do seu problema, já era tarde demais. A doença já tinha se espalhado pelo seu corpo e ela já não conseguia suportar. As dores que sofria eram quase sempre sufocantes e as cicatrizes deixadas em seu corpo teimavam em incomodar. As noites de choro e soluços se tornaram uma rotina e ninguém conseguia ajudá-la.
Com o tempo, resistir se tornou uma tarefa por demais penosa e a única solução era se entregar. Talvez desistir de lutar contra aquilo que sequer era capaz de dimensionar fosse a única forma de ter paz. Foi então que, desejando sossego, desistiu. E, por desistir, ela deixou de existir.

Aquela mulher era eu e ela morreu de amor.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Não estou mais guardando lembranças dentro de mim

Não estou mais guardando lembranças dentro de mim
Não de um tempo ferido
Eu preciso de mim mesma distante do inferno

Anna Kelly 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Soneto do Problema Sério

Soneto do Problema Sério
(inspirado em Wilson Simonal)

Rodolfo Pamplona Filho
Há um problema sério
quando há presunção de culpa
e todo e qualquer mistério
vira motivo ou desculpa

para colocar para fora
todos os complexos e traumas,
realizando, nos outros, a desforra
clamada por suas almas...

Assim, a suspeita vira indício,
o indício vira fato, de início,
o fato vira processo, então,

o processo vira julgamento,
o julgamento vira condenação
e a condenação vira linchamento.

Salvador, 09 de janeiro de 2012.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Doce Certeza

Doce Certeza
Florbela Espanca

Por essa vida fora hás-de adorar
Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca,
Em infinito anseio hás de beijar
Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca!
Hás de guardar em cofre perfumado
Cabelos d´ouro e risos de mulher,
Muito beijo d´amor apaixonado;
E não te lembrarás de mim sequer…
Hás de tecer uns sonhos delicados…
Hão de por muitos olhos magoados,
Os teus olhos de luz andar imersos!…
Mas nunca encontrarás p´la vida fora,
Amor assim como este amor que chora
Neste beijo d´amor que são meus versos!…

sábado, 15 de dezembro de 2012

As Regras de Ouro do Cafajeste

As Regras de Ouro do Cafajeste

Darci HF
1) Nunca vacile: sempre se preserve;

2) Nunca se apaixone;

3) Nunca admita;

4) Nunca coloque o nome de seu confidente na discussão;

5) Nunca tome decisões definitivas de cabeça quente;

Salvador, 03 de abril de 2011.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Duas pessoas tentando por muito tempo

Duas pessoas tentando por muito tempo
Dizer o que não conseguem mais dizer
Buscam um sentimento que antes vinha fácil.

O que podia ser expressado de forma fácil
E que agora se perde e se prende num passado.

Duas pessoas sentindo medo de dizer
Não quero mais seus braços...

Duas pessoas se privando de romper
São duas pessoas deixando de viver...

Anna Kelly Bastos

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Soneto para a Princesa

Soneto para a Princesa

Rodolfo Pamplona Filho

Como explicar tal beleza,
que emana com tanta clareza,
do meu ideal de nobreza,
que é minha amada princesa?

É ela a minha mais perfeita lindeza,
a quem dedico, com certeza,
toda a minha inocente pureza
e meus sonhos de grandeza...

Se tenho um momento de tristeza,
que é minha forma de defesa,
é quando encontro a frieza

de um mundo que prestigia a riqueza,
em vez de conhecer a surpresa
de só amar você, minha alteza!

Salvador, 02 de novembro de 2011.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Qual a sua definição de poesia? Ousando complementar Leminsky, para cumprir uma promessa...

Qual a sua definição de poesia?
(ousando complementar Leminsky...)

POESIA:
“words set to music”(Dante via Pound),
“uma viagem ao desconhecido” (Maiakóvski),
“cernes e medulas” (Ezra Pound),
“a fala do infalável” (Goethe),
“linguagem voltada para a sua própria materialidade” (Jakobson),
“permanente hesitação entre som e sentido” (Paul Valery),
“fundação do ser mediante a palavra” (Heidegger),
“a religião original da humanidade” (Novalis),
“as melhores palavras na melhor ordem” (Coleridge),
“emoção relembrada na tranqüilidade” (Wordsworth),
“ciência e paixão” (Alfred de Vigny),
“se faz com palavras, não com idéias” (Mallarmé),
“música que se faz com idéias” (Ricardo Reis/Fernando Pessoa),
“um fingimento deveras” (Fernando Pessoa),
“criticismo of life” (Mathew Arnold),
“palavra-coisa” (Sartre),
“linguagem em estado de pureza selvagem” (Octavio Paz),
“poetry is to inspire” (Bob Dylan),
“design de linguagem” (Décio Pignatari),
“lo impossible hecho possible” (Garcia Lorca),
“aquilo que se perde na tradução (Robert Frost),
“a liberdade da minha linguagem” (Paulo Leminski)...
"Meu coração fora do peito" (Fernanda Carvalho Leão Barretto)
"Porque tu sabes que é de poesia minha vida secreta" (Hilda Hilst)
"minha vida predileta, como um baile (espetáculo de música [melodia] somado à dança [marcações]) das palavras, em linhas, a encenar os mais íntimos sentimentos do poeta ou dos que ele capta da sua infinita platéia!" (Amanda de Almeida Santos)
"A essência da alma em palavras" (Rodolfo Pamplona Filho)
"Verdade indo a um baile de carnaval..." (Yumi Kanzaki)
"A chave-mestra que abre caminho para o despertar dos mais diversos sentimentos e sensações... " (Leiliane Aguiar)

Fique à vontade para mandar a sua...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

MINHA CIDADE SÃO AS PESSOAS

MINHA CIDADE SÃO AS PESSOAS

F. Carpinejar
O que faz gostar de uma cidade são as pessoas. A amizade é o ponto turístico que resiste ao tempo.

Minha vontade de conhecer mais as praças, os bares e restaurantes depende de alguém emocionado com sua rotina.

Lugarejos ficam atraentes com o entusiasmo de seus moradores. Nem requer grandes monumentos de Antonio Caringi, façanhas arquitetônicas de Álvaro Siza, desenhos de Oscar Niemeyer, paisagens de Burle Marx, mas o cuidado com as singelezas maravilhosas de seu bairro.

O que me seduz é como o morador desenrola o mapa discreto do seu dia a dia. É quando valoriza as quadras de seu mundo, e tem interesse em mostrar onde é o minimercado em que compra suas urgências, a cafeteria que cura sua ressaca, a floricultura que devolve sua esperança no amor.

O arrebatamento surge mais pela ternura do embrulho do que pelo presente. Papel dobrado com fita reflete o dobro de confiança.

A generosidade torna qualquer local agradável, e repõe a gana de voltar. Carisma de garçons salva restaurantes. Simpatia de manicures salva salões. Paciência de atendentes salva lojas.

Não há maior educação do que a alegria.
 
Sou influenciável pelos personagens comuns que não se esgotam em acordar cedo e falar bem de seus percursos. Fogem do elogio da lamúria. Retiram milagres das repetições.

Os amigos formam minha cidade. As ruas que passo mereceriam nomes das pessoas que amo. Deveria mudar as placas dos logradouros: nada de políticos e celebridades, mas quem é famoso secretamente em meu silêncio.

Moraria na Rua Cínthya Verri, médica e terapeuta, paralela às ruas Mariana Carpinejar e Vicente Carpinejar, que eu não sei ainda o que eles serão, mas já são tudo como filhos. Os pais, Maria Carpi e Carlos Nejar, teriam direito a duas avenidas do tamanho da Assis Brasil e Ipiranga.

Batizaria o viaduto que me leva ao centro de Mário e Diana Corso, casal de confidentes. Seria Diana para quem chega e Mário para quem parte ao interior do Estado.

O mercado público ganharia a graça de Luiz Ruffato, irmão de prosa que cataloga frases de efeito. Chamaria o teatro de Cíntia Moscovich, a casa noturna de Renato Godá, o shopping de Eduardo Nasi, a Biblioteca Pública de Rosemary Alves, a orquestra de Francesca Romani, a Agência de Correios de Fernanda Seelig. Honraria o Jardim Botânico com um professor fundamental, Luís Augusto Fischer, que me alcançou uma lição preciosa: somos mais inteligentes criando novas dúvidas do que repetindo certezas. Convocaria um colorado, Paulo Scott, para assumir a posteridade do estádio.

Desejaria indicar o crítico Daniel Piza para ser minha rodoviária, espaço em que ocorrem as mais pungentes despedidas. Mas ele morreu na última sexta, aos 41 anos, de AVC. Não dá mais.

Amigo vivo é rua, amigo morto é estrela.

Daniel Piza vai piscar conselhos para mim toda noite.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Soneto do Saco Cheio

Soneto do Saco Cheio

Rodolfo Pamplona Filho
Há dias em que
tudo o que se vê
é o mundo a ferver
e um pescoço a torcer...

Uma vontade de desaparecer,
aliada a uma sensação de vazio,
que dá desejo de morrer
só, com fome e com frio.

Estar de saco cheio
é o mais evidente meio
de revelar o sentimento interno

do desejo de mandar
todos para pastar
e o mundo para o inferno

Salvador, 22 de dezembro de 2011.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O espaço entre as mentiras perversas que contamos a nós mesmos

O espaço entre as mentiras perversas que contamos a nós mesmos
para que nos mantenhamos salvos da dor (que falsa dor) por medo de viver o que realmente queremos viver... 
Esse espaço me leva até você
Nesse jogo somos aliados com os corações em guerra!
Tocamos no fundo eu e você, com os dedos molhados
Eu não quero que você vá, mas você deve
Seria tão bom se pudesse ser...
Seria tão bom, quanto bom pode ser!
Acordar nú e beber do meu café
Fazendo planos para mudar o mundo, o nosso mundo...
Enquanto o mundo está mudando para nós.
Seria tão bom se bom pudesse ser
Rir com você debaixo das cobertas
Então o que fazer com o resto do meu dia?
É estranho, como mudamos, como as coisas vivem mudando
O que você quis ontem e o que eu quero hoje, não eram esses nossos sonhos... nossos planos, mudamos!
Eu hoje quero dançar com você, sem mentiras perversas contadas a nós mesmos para não magoarmos aos outros 
Eu quero ser você e eu
Mas que dia é hoje? Além de ser o dia em que nos veremos?
Então o que fazer com o resto da tarde deste dia?

Anna Kelly Bastos

sábado, 8 de dezembro de 2012

Resistência

Resistência

Rodolfo Pamplona Filho
Existe um limite
para alguém seguir
sem o seu veneno.
Existe um teto
do qual ninguém
se arrisca a ultrapassar.
É a negação do prazer
que leva ao câncer.
É a repressão do desejo
que leva ao crime.
É a opressão do ser
que leva à morte.
É preciso resistência
para ter a paciência
de realmente aproveitar
o que cada momento pode dar.
Nem sempre o arranjo agrada,
nem sempre a estrutura suporta,
por isso, não chore por nada,
nem rasgue sua aorta,
pois sobreviver não é
escapar da luta,
já que, ao final,
"A riqueza não é
de quem tem,
mas de quem desfruta"
(Benjamim Franklin)

Salvador, 20 de dezembro de 2011.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

*O Homem; As Viagens** ( **Carlos Drumond de Andrade)*

*O Homem; As Viagens** ( **Carlos Drumond de Andrade)*

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto - é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Minha Companhia Preferida

Minha Companhia Preferida

Abro os braços, deixo vir sobre o peito,
se for uma brisa de liberdade, eu me derreto,
mas se for de desamor, eu me fecho.
Não serei refém dos meus, dos teus, dos seus, "dos nossos" medos.
Quero ser gerida somente pelas minhas crenças e minha obstinação...
Quero estar sempre nua em pêlo: coração molhado, sorriso largo,
manter o meu ser inteiro, refrigerado - em formato de cruz.
Sobre mim está a sua luz...
Ela ilumina o sotão da minha alma, de onde ecoam as minhas mais silenciosas orações!
Lá vem..., sobre mim, Jesus!


Amanda Santos. 02.03.12

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Irá florescer em mim

Irá florescer em mim
Só não sei quando
Minhas emoções estão confusas ainda
Em mim ainda é inverno...

As vezes eu quero saber onde estive
Quem eu sou, se eu me encaixo
Simulando que é dificil ficar sózinha
Em minha própria saída

Anna Kelly Bastos

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Soneto do Sono

Soneto do Sono

Rodolfo Pamplona Filho
Há dias em que o olho pesa,
o cansaço se manifesta,
a boca insiste no bocejo
e todo o meu sincero desejo

é que o mundo pare totalmente
para que descansem corpo e mente,
renovando o ânimo e a vontade
de viver tudo de verdade...

Pois, de fato, persiste
e da forma mais triste
um único e doloroso sentir,

consistente no lamento,
resumido em um só pensamento:
"por favor, me deixem dormir!"

Salvador, 19 de dezembro de 2011.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

LOUCOS DE MERCADO


LOUCOS DE MERCADO

Todo mercado

de toda pequena cidade,

de vilas e arraiais,

tem homens vadios,

Tem homens vazios

que matam o tempo

na rodada de causos

e mais causos

Que coscuvilham

A vida do vizinho

e dão combate na vida alheia...

Há loucos para ir

e loucos para ficar

Há loucos de paixão

pelas putas do lugar...

Há um louco no mercado,

há um louco revoltado

há um louco aloparado

escondido nos seus andrajos...

O freguês pede o troco:

todo mercado tem um louco

O feirante não tem trocado:

só tem louco no mercado...

Todo mercado tem um louco,

barbudo, sujo e sério

Pródigo em mistérios

que inspiram profecia:

todo louco tem sua mania...

O tempo se esvai

feito fumaça

de fedorentos

cigarros de palha

Suas línguas

são uma navalha,

ferina e boa de corte,

Pois coscuvilham

a roupa do homem lorde

que passa,

Bisbilhotam as compras dos fregueses,

cobiçam o lucro dos feirantes

Para eles, está tudo como antes

no quartel de Vila de Abrantes...

Todo louco é um santo,

todo santo é um louco,

de costas vergadas,

coberto num manto

de farrapos,

que arqueja, que peleja,

pelos corredores do mercado...

Todo mercado

tem um figura folclórica,

legendária e pitoresca,

coberta de farrapos,

vestida em seus andrajos...

Os loucos de mercados

são seres sagrados,

Pois foi um insano

que pressagiou

a morte de Deus:

- “Deus está morto;

Vocês o assassinaram!..."

Há um louco ariano,

há um louco azeviche,

qual o louco de Nietcshe

a pressagiar a morte de Deus...

Salvador,
20.11.1997

MARIVALDO PEREIRA DA SILVA

domingo, 2 de dezembro de 2012

Soneto do Sacerdócio

Soneto do Sacerdócio

Rodolfo Pamplona Filho
Missão é real vocação,
não é fruto ou herança.
Aprender, de verdade, a lição
é realizar a esperança

não de fazer o que planejaram,
mas, sim, de realizar
o que suas aptidões mostraram
como única forma de enfrentar

não comodismo, diletantismo
ou entretenimento
no cumprir seu real intento,

mas, sim, compromisso, sacrifício
e dedicação extrema ao labor
para ser quem é, sem medo da dor.

Salvador, 18 de dezembro de 2011.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Você vai lembrar de mim...

Você vai lembrar de mim quando o vento tocar seu rosto
Entre os campos de girassóis
Fale com o sol
Não deixe ele levar seu amor
Me observe um pouco
Me deixe cair em seus braços enquanto meus cabelos caem
Fique comigo, seja o meu amor entre os campos de girassóis
Eu não te farei promessas levianas, mas lutarei para sobreviver
Apenas me deixe cair em seus braços enquanto meus cabelos caem
Mas me segure, eu não posso cair em outro lugar, senão em seus braços
Mas juro que nos dias que nos restam nós caminharemos em campos de girassóis
Vendo as crianças correrem enquanto o sol se põe
Você lembrará de mim quando o vento se mover e tocar seu rosto
Apenas me deixe cair em seus braços ...


Anna Kelly Bastos

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Eu e Pini

Eu e Pini

Rodolfo Pamplona Filho
Eu te amo!
- Para, pai!
Eu quero atenção!
- Peraí, rapidão!
Fale a verdade para mim!
- É sério!
Você me ama?
- Pshiii!!!!
Um dia, você vai entender
e será importante para você
descobrir qual é a razão
de amar quem só lhe diz não,
como ser tão adorada,
mesmo quando só dá patada
em quem percebeu
que não vive sem o beijo seu..

New York, 29 de dezembro de 2011.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

HÉDUCASSÃO....

HÉDUCASSÃO....
>
>
> A Evolução da Educação: ****
> Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação,
> datilografia...
> Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas,
> Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira
> Nacional antes de iniciar as aulas... *
>
> Leiam o relato de uma Professora de Matemática: *
>
> Semana passada, comprei um produto que custou R$ 15,80. Dei à balconista R$
> 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber ainda mais
> moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina
> registradora, aparentemente sem saber o que fazer.
> Tentei explicar que ela tinha que me dar 5,00 reais de troco, mas ela não
> se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la.
> Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela
> aparentemente continuava sem entender. *
> Por que estou contando isso?
> Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi
> assim: *
> *
> 1. Ensino de matemática em 1950:*
> Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
> O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda.
> Qual é o lucro?
> *
> 2. Ensino de matemática em 1970: *
> Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
> O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o
> lucro?
> *
> 3. Ensino de matemática em 1980: *
> Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
> O custo de produção é R$ 80,00.
> Qual é o lucro?
> *
> 4. Ensino de matemática em 1990:*
> Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
> O custo de produção é R$ 80,00.
> Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
> ( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00 *
>
> 5. Ensino de matemática em 2000: *
> Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
> O custo de produção é R$ 80,00.
> O lucro é de R$ 20,00.
> Está certo?
> ( )SIM ( ) NÃO
> *
> 6. Ensino de matemática em 2009: *
> Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
> O custo de produção é R$ 80,00. *
> Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00. *
> ( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00
> *
> 7. Em 2010 ...: *
> Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
> O custo de produção é R$ 80,00.
> Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
> (*Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra
> minoria social não precisa responder pois é proibido reprová-los)*.
> ( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00
>
>
> E se um moleque resolver pichar a sala de aula e a professora fizer com que
> ele pinte a sala novamente, os pais ficam enfurecidos pois a professora
> provocou traumas na criança.
> Também jamais levante a voz com um aluno, pois isso representa voltar ao
> passado repressor (Ou pior: O aprendiz de meliante pode estar armado)
> *
> - Essa pergunta foi vencedora em um congresso sobre vida sustentável:*****
> *Todo mundo está 'pensando'
> em deixar um planeta melhor para nossos filhos...
> Quando é que se 'pensará'
> em deixar filhos melhores para o nosso planeta?" *****
>
> *
> Passe adiante!
> Precisamos começar JÁ! *
> Ou corremos o sério risco de largarmos o mundo para um bando de
> analfabetos, egocêntricos, alienados e sem a menor noção de vida em
> sociedade e respeito a qualquer regra que seja!!!****

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Gosto de você

Gosto de você
Camila Martins


Gosto de você aqui ou lá,
como Neruda, sem ter como, nem por que,
somente por saber que o sentimento reside sempre
dentro das aulas, dos abracos e companheirismo.

Gosto de você sem obsessões
Gosto de  você  por seu interior calado e exterior brincalhão
Gosto de  você, meu mestre, porque a criança que  você desperta é aquela que me abraça

Gosto de você por sentir saudades,
pelas broncas e mensagens,
por acreditar que sua presenca já mudou minha vida
e que o medo de sua ausência já assusta...


terça-feira, 27 de novembro de 2012

S.W.

S.W.
                                                                                                          By  Arnaldo Machado
            His fingertips were sweaty when he pressed the number 4 on the elevator keypad. Not out of anticipation, but of dread, instead. The door of the elevator closed leaving him engulfed in a mixture of the invigorating smell of the Dunkin' Donuts’ coffee nearby and the smell of "people." The smell of "people," as he called it, was in itself a mix of other smells: cheap cologne, sweat, food, urine, and other things you would not be able to discern but you just knew - or guessed - were there. He made sure not to touch the walls or anything else inside the elevator. Any extra touch would mean an extra area of his body he would have to wash carefully in the restroom. Thankfully, the elevator in this building was very quick and he did not have to endure it for too long. It was with something resembling relief that he walked out of the elevator. And then, the dread.
            In the hall way, comprised by a not large rectangular space of 10 by 35 feet, there were the eyes. Always the people with the eyes. He never understood why people insisted on arriving early. The sign at the door clearly stated that the hours of operation were from 8:45AM to 5:00PM. But there they were: 8:15AM. That, however, did not stop them from eyeing him in the brief moment it took him to cross the 10 steps from the elevator to a door marked "Employees Only." Once again, a brief second of relief overcame him as he input the code on the door lock and entered into the safety of his office. As close to safety as that could be, in any case. He still had to deal with the crazies within.
            Not that all of the people he worked with were nuts, some were very nice people. Those few were usually the ones who partook of the conversations about the others. Those in this latter group were each unique, seeming to have forsaken any trace of normal behavior in the many years they had worked at that place. Maybe it was a defense mechanism, maybe a genetic predisposition. That was not that relevant. The point was they were not what they should be. Very few traces in personality or appearance still made them fall into the category of humans. In some cases, even their appearance changed so much that they resembled that creature that dwelt in a cave in "The Lord of the Rings." Scary, indeed. You would expect them to jump at you and say: “Precious” at any moment. Yet, those of funny appearance were amiable. He was more scared about those who looked normal, but were not.
            There was the lady in the cubicle next to his. Nice. Until you made a joke she did not like. Then the sexual insinuations would come: she would start talking about how you wanted her, and that she would come into your bedroom at night and abduct you. Well, that last comment was partially his fault, for making an unfortunate comparison of her constant coughing with sounds that only aliens can produce. Plus, if you overheard her conversations with her family you would think she was bipolar. "Hi, hunny" with the granddaughter in one second, "You, !#$%#^@&^#!!!!" in the next. Very confusing.
            But let us return to the young man filled with dread coming to work that morning. It was not because he did not like what he did – though he insisted on saying so – but rather because he was tired of it. He knew, as soon he walked in, that he would have to stand another day of lies, screams, and excuses, not necessarily on that order. There had been a time when he longed to go to work, where he would produce above anyone else and strive to earn compliments from his clients and bosses. Such time had long passed. Now, as we already mentioned, there was only the dread holding onto his spine and twisting his heart, causing him to hyperventilate at times just from thinking about work.
            It was short of breath that he walked to his cubicle, placed his precious lunch on his desk, and half-sat down to look at his daily schedule. People like him could be assigned different tasks during the day, such as processing work, telephone shifts, or assisting members in person. Seating fully in his chair would mean that he planned to remain seated, but lately, he had been outside helping the public live more often than not. Half-seating reflected his acceptance for the unchanging rules of schedule sent out by supervisors in the morning – shifts were unavoidable, untradeable, and unreturnable. Having confirmed his initial suspicions, he stood up, grabbed a couple of blank sheets of paper, pen and bottle of water, and walked outside, where the eyes awaited for him again.
            He went into his room – one out of three pink walled offices used to assist the walk-in clients – and opened the blinds, as he normally did. He was of the opinion that if you had to suffer, you should at least make sure it was in a well-lit environment. He then set up his desk, turned the computer on and off a couple of times until the right screen came up, and grasped for air he had not even realized he was holding inside of him. It was almost time to face the mouths attached to the eyes… He shivered.
            After processing a couple of tasks that had been assigned to him, he looked at the clock: 8:45AM. Let the madness begin!
*****
            The first few cases he had worked in that initial hour had not been too bad, easy fixes, business as usual. He had learned over time, however, not to be fooled by the appearance of things, as if they were sign of an uneventful day – there just weren’t uneventful days at that place.
            “I am ready for the next,” said he to the receptionist. She was quite the character, apparently loving the job as much as he did. “Are you sure?” replied her. “If you want I can make them wait a little longer…” she winked at him. The disturbing thing about her is that she always made those comments loud enough for the ears attached to the mouths and to the eyes to hear. “Nah, it’s alright. You know me, Fennie.” “I surely do!” she cackled, winking at him and calling the next name on the list – business as usual.
            A little Hispanic lady came into the room with a 4 year-old boy. Her case had “mysteriously” closed, all of a sudden. By that she meant that she did “mysteriously” not receive the notices sent to her house reminding her to submit the paperwork on time, and stating, in detail, the deadlines for each item needed. She also meant that she did not receive the termination notice letting her know two weeks in advance that her benefits would be stopped, also another “mysterious” occurrence. Then, she got to the part when she had an “emergency” appointment with her doctor and they told her that her benefits had ended. Finally, she would got into how humiliating an experience that had been, and that she wishes no one else had to go through that in their lives. Once she stopped to grasp for air, our guy finally had a chance to interject:
            “Sure, let me look at your case and find out what we need in order to continue your benefits."
            Okay, the identity verification was supposedly a very simple process. For some Hispanic individuals, however, the question “What is your name?” apparently had a different meaning. It would not matter how many times you would ask that question, you would only get the first name. Our guy here spoke Spanish, so it was not like there was a language barrier. As he had found out over the course of the last year, one really had to say “May I please have your full name” before one would get the right answer.
            After ensuring she was the person she claimed to be, he noticed that her case had been closed for failure to report information regarding the father of her child, who did not reside with her. “Great!” he though. This is another “trend” – if you could call it that –, popular not only among Hispanic mothers, but mothers in general. Since eligibility for public assistance is based on household income, mothers tend to omit the presence of their husbands and “baby daddies” in their household, hoping to omit their earnings along with them. This way, daddy only applied when he got sick, and the desperate “single” mothers got coverage all year long. Regardless of the tugging here and there, the application of multiple interrogation techniques, and relentless insistence from the social worker in question, some applicants would not budge: “I do know who the father is, I am doing a paternity test with the four possible candidates,” or “He got deported,” or even, “It was a one night stand.” All plausible, but very unlikely to happen at the rate they were claimed to happen. If those were the answers he would get, there would not be anything he could do about it. All statements were made in writing and the so called “single” mothers signed forms stating that they would suffer the penalties if found guilty of perjury. He would simply wash his hands, like Pontius Pilate in a distant past, hoping they would be crucified some day. It became an issue when he got the other answer – the terrible, most detested of all the answers: “Well, you know, it is very hard for me to say. I don’t know how to answer that question.”
            He looked at the lady in front of him awaiting her answer: “It’s difficult for me to say. Look it, his father is in and out of the house. So he is in, but he is not. You understand?” He knew what he had ahead of him.
*****
            Fifteen minutes later, apparently they had come to a consensus. She had to decide whether to claim the father as present or absent from her household. She finally stated that her husband had not been with her for the last two months. “Case closed,” he said, “He IS an absent parent!” He went on about how to fill out the form and other technicalities.
            As he walked her to the exit, once everything had finally been resolved, the little boy turned to his mother and with a mischievous smile said “Mommy! You lied a lot today!”
            At this point, our guy just washed his hands. Literally.
*****
            By now you must have guessed without any shadow of doubt his profession: social worker – the scarlet letter of all titles. Despised by all, powerless creatures considered to hold all of the power in the world but in reality owning none of it. Ziltch. Nada.
            As he entered the waiting area and saw the clients he had ahead of him, he started to hyperventilate. He looked at the reception desk: Fennie was arguing with a customer about his right to use a cell phone in the waiting area. A baby was crying. A boy was playing with the dividers – which never divided anything, just got on the way for the people passing through them. Three men in a corner were talking lively about their cases, and sharing their disagreement on the sudden cancellation of their benefits. Upon his entrance, they threw a glazed look at him – the empty look of those in substance abuse treatments who are simply replacing the substances they are abusing for those of a more legal nature. “Addicts,” he thought, and reminisced about the people that asked for coffees with extra extra extra extra sugar in his distant past, when he used to work at a coffee shop. One, two seconds had passed, and yet, our guy was able to absorb and think all of this. It was simply overwhelming. He wondered how would he get through another day of this. And then, he saw it.
            In the other corner, oblivious to the chaos around her, a woman of many and many years looked straight into his eyes. Her look was not simply it, a glance or an eye looking at him: it spoke. He could see the pain, the years of abuse, of constant strife to overcome whatever struggles she had gone through. He saw that she never had been able to rise above the tides, that a life saver had not been thrown to her at the right time, or was too far for her to reach it. He saw that she also had dreams, like him, but did not see any of them to fruition. And yet, though her life had been much harder than his, he saw hope. Nope in him, as if he had all the answers. And then he realized the purpose of it all.
            He was not there only to think dryly of the misfortunes of those surrounding him, as a detached observer, incapable of changing any of it. He was not there only to fulfill his hours, get his pay every other week – which was never high enough by his standards, anyway -, nor tell people what he could not do. After all he could do something. He could be the change factor, that which would trigger the sparkle – not the whole reaction – but its beginning. Indeed, he had no power to solve people's problems, but he could show them the way. Though it was an ungrateful crowd he had to serve, what would be his reward otherwise? To help a crowd of smiling folks who were agreeable and who never lied would not be as rewarding as overcoming the challenge he had ahead of him. He had to overcome what they had not been able to overcome. He had to be the example of the life they had not had a chance to experience. He had to be the personification of their “what ifs.” The vice they had not been able to overcome. The husbands they had not been able to say “no” to while they still could. He had to bear his burden with pride, with a smile, with a gentle word, even. That was his role in the big picture.
            He returned the look. As he stared into her eyes he realized they were no longer the eyes.  The trembling was gone. The hyperventilation had disappeared. The pain in his chest, vanished. There was no trace of the dread that once filled him. Calmly, he walked up to the reception desk. He pointed to the sign indicating that cell phone usage was not allowed in the waiting area, helped Fennie defuse the angry customer, and looked at her. She also needed his help, just as he needed hers. All of a sudden the word coworker gained a new meaning to him. He would share with her at a later time what he had just found out. For now, what he said was simply:
            “I am ready for the next, Fennie.”