segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

LOUCOS DE MERCADO


LOUCOS DE MERCADO

Todo mercado

de toda pequena cidade,

de vilas e arraiais,

tem homens vadios,

Tem homens vazios

que matam o tempo

na rodada de causos

e mais causos

Que coscuvilham

A vida do vizinho

e dão combate na vida alheia...

Há loucos para ir

e loucos para ficar

Há loucos de paixão

pelas putas do lugar...

Há um louco no mercado,

há um louco revoltado

há um louco aloparado

escondido nos seus andrajos...

O freguês pede o troco:

todo mercado tem um louco

O feirante não tem trocado:

só tem louco no mercado...

Todo mercado tem um louco,

barbudo, sujo e sério

Pródigo em mistérios

que inspiram profecia:

todo louco tem sua mania...

O tempo se esvai

feito fumaça

de fedorentos

cigarros de palha

Suas línguas

são uma navalha,

ferina e boa de corte,

Pois coscuvilham

a roupa do homem lorde

que passa,

Bisbilhotam as compras dos fregueses,

cobiçam o lucro dos feirantes

Para eles, está tudo como antes

no quartel de Vila de Abrantes...

Todo louco é um santo,

todo santo é um louco,

de costas vergadas,

coberto num manto

de farrapos,

que arqueja, que peleja,

pelos corredores do mercado...

Todo mercado

tem um figura folclórica,

legendária e pitoresca,

coberta de farrapos,

vestida em seus andrajos...

Os loucos de mercados

são seres sagrados,

Pois foi um insano

que pressagiou

a morte de Deus:

- “Deus está morto;

Vocês o assassinaram!..."

Há um louco ariano,

há um louco azeviche,

qual o louco de Nietcshe

a pressagiar a morte de Deus...

Salvador,
20.11.1997

MARIVALDO PEREIRA DA SILVA

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