sábado, 31 de maio de 2014

Cultura



Cultura

Arnaldo Antunes

O girino é o peixinho do sapo
O silêncio é o começo do papo
O bigode é a antena do gato
O cavalo é pasto do carrapato
O cabrito é o cordeiro da cabra
O pecoço é a barriga da cobra
O leitão é um porquinho mais novo
A galinha é um pouquinho do ovo
O desejo é o começo do corpo
Engordar é a tarefa do porco
A cegonha é a girafa do ganso
O cachorro é um lobo mais manso
O escuro é a metade da zebra
As raízes são as veias da seiva
O camelo é um cavalo sem sede
Tartaruga por dentro é parede
O potrinho é o bezerro da égua
A batalha é o começo da trégua
Papagaio é um dragão miniatura
Bactérias num meio é cultura

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O Som e a Dor (A Canção)


O Som e a Dor (A Canção)


Eu ouço o mar cantando
nas ondas que quebram na praia
e sinto a melodia
em ferida que não sara...

Uma forte dor de perda
é esperar quem não virá:
o pai que nega o filho,
pescador perdido no mar...

a mãe que nunca dorme
na espera de quem não irá
receber seu doce beijo...

É a cicatriz eterna
do som que é lembrança
e confunde o desejo...

O Som...

O choque de água nas pedras
marca o compasso da canção,
na força do choro de eras
que provoca a emoção

no lamento impossível
de somente esquecer
a nota quase inaudível

no momento de anoitecer,
somente perceptível
por quem conhece o sofrer...

A Dor...

Viver é uma aventura
sem perder a ternura
de não deixar de recordar...

O Som, O Mar, A  Dor
O Tom e O Sonhador
Eu sou O Som e a Dor

O Som e a Dor que deságuam
no oceano do amor...
O Sonhador e a lágrima
no oceano do amor...

lá-ri-ri-lá-lá-lá-lá-lá-lá...

Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Luciano Calazans 

Brasília, 11 de março de 2013.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O PÃO DO POVO


O PÃO DO POVO
Bertold Brecht

A justiça é o pão do povo.
Às vezes bastante, às vezes pouca.
Às vezes de gosto bom, às vezes de gosto ruim.
Quando o pão é pouco, há fome.
Quando o pão é ruim, há descontentamento.

Fora com a justiça ruim!
Cozida sem amor, amassada sem saber!
A justiça sem amor, cuja casca é cinzenta!
A justiça de ontem, que chega tarde demais!
Quando o pão é bom e bastante
O resto da refeição pode ser perdoado.
Não pode haver logo tudo em abundância.
Alimentado do pão da justiça
Pode ser feito o trabalho
De que resulta a abundância.

Como é necessário o pão diário
É necessária a justiça diária.

Sim, mesmo várias vezes ao dia.
De manhã, à noite, no trabalho, no prazer.
No trabalho que é prazer.
Nos tempos duros e nos felizes
O povo necessita de pão diário
Da justiça, bastante e saudável.

Sendo o pão da justiça tão importante
Quem, amigos, deve prepará-lo?

Quem prepara o outro pão?

Assim como o outro pão
Deve o pão da justiça
Ser preparado pelo povo.

Bastante, saudável, diário.

(Poemas -1913-1956 Editora 34 -Seleção e tradução de Paulo César
deSouza - página 322)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Com a cabeça quente...


Com a cabeça quente...

Rodolfo Pamplona Filho
Quando a cabeça esquenta
e o sangue ferve...
Quando o ar falta
e a raiva assume...
Quando a tristeza domina
e a frustração comanda...
Quando se sente traído
ou emocionalmente usado...
Deixemos Cronos resolver isso...


09/04, em Salvador/Bahia, e 01/05, em MannHein/Alemanha, em um papo virtual pelo what's up com um amigo incrivelmente talentoso e complexo...

terça-feira, 27 de maio de 2014

Sensações

Esses dias intermináveis, as horas não passam, consigo perceber cada minuto, segundo no relógio que até parece uma eternidade.Tenho a dor e o medo dentro de mim, que caminham lado-a-lado.Na espera incansável por algo que não tem cor, nem cheiro e nem forma. Tenho em mim a angustia de estar presa entre quatro paredes, olho pela janela e vejo um mundo enorme lá fora, uma noite sem lua, uma rua nua. Sinto-me com um nó na garganta com gosto de sangue que corre entre minhas veias, todos dormem, dormem, só ouço o ruído do vento.
Preciso da liberdade dos passáros, eles sim, são livres e tem o privilégio de não pensar. Carrego dentro de mim algo inconstante, que vai e volta, que é livre.
E a noite continua silenciosa, e, como toda noite é uma boa conselheira, ouço apenas o silêncio.A vida é o embalar de uma música, você só precisa pegar o ritmo dela.Quantas noites precisarão passar para que eu encontre o meu caminho?

Carla Luiza de Almeida Cerqueira

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A Despedida do Psicopata

A Despedida do Psicopata

Rodolfo Pamplona Filho
É muito íntimo tirar
a vida de alguém...
É muito fácil matar
a esperança também...
Ser o último rosto
que vão ver...
É a ligação mais forte
que duas pessoas podem ter...


No vôo de Lisboa para Frankfurt, 28 de abril de 2013.

domingo, 25 de maio de 2014

TEMPO DE QUARESMA



                                                      TEMPO DE QUARESMA

            Quaresma. Tempo de recolhimento. Tempo de silenciar. Tempo de espera. Tempo de encontro e reencontro. Tempo de lançarmo-nos no mais profundo de nossa alma e lá, com olhar microscópico, tentar encontrar em nós o que há de bom e o que há de ser repensado, reparado. É especialmente tempo de faxina. Não daquela que só retira a poeira da superfície do móvel, mas daquela que, com a espátula, arranca as crostas que nos corroem a alma, e nos fazem endurecer diante da beleza da vida! Faxina com “F” maiúsculo! É dessa faxina que preciso. Eu preciso. E exatamente assim! Para retirar as crostas que deixei que se sedimentassem em mim, tomando o lugar da leveza e deixando tudo brutalizado, endurecido, ríspido! Não é fácil! É tempo em que se precisa estar preparado porque, se for de verdade esta jornada a que nos propomos ela vai doer! Vai revelar o que insistimos não enxergar. Vai desnudar o que fazemos questão de cobrir! Vai mexer no que se estagnou em nós, e nos acostumou a pensarmos e sentirmos pequeno! Coragem! Será preciso coragem! Não sei se a terei, mas o primeiro passo é o querer, e ela surge em mim com uma urgência urgentíssima. Estou no limite de minha humanidade! Pequenina e frágil humanidade. De uma coisa tenho certeza, há Aquele que me acompanhará incondicionalmente nessa aventura de Ressurreição. Sim, de Ressurreição. Presença presente, ausente aos olhos, mas concreta na jornada. O próprio CRISTO! Guia para a verdadeira travessia. Aquele que nos mostrará a outra margem! O outro lado! O lado bom de todos nós. A luz na escuridão e a calmaria na tempestade. Enfim, o que realmente pretendemos neste tempo especial é atravessaremos o deserto quaresmal para estarmos Nele mesmo. Fim maior, Supremo Bem. Onde sempre estaremos adequados, ajustados, equilibrados, leves, felizes, em paz. Nele, Ágape! Salvação, plenitude, vitória certa! Ele, o Cristo que nos limpará da lepra a que nos acostumamos. A lepra do egoísmo, da falta de perdão, do julgamento, da intolerância, da falta de valores, da prostituição do corpo e da alma, das guerras desmedidas e injustificáveis, de tudo, tudo que se opõe ao puro amor! A Ele, em quem devemos estar mergulhados como nossa eterna Quaresma! Que o próprio Espírito Santo nos fortaleça na busca quaresmal de nosso lugar em Jesus Cristo. Nosso Senhor! Meu Senhor! Meu amor! Vamos todos viver essa “aventura” salvífica que é o próprio Cristo! CORAGEM!!!  Ele mesmo, que nos amam desesperadamente, nos ajudará!!! Amém
                                                                                                                                 Andréia

            

sábado, 24 de maio de 2014

O Canto da Chuva

O Canto da Chuva

Rodolfo Pamplona Filho
Escutar
o canto da chuva
é um bom tema
para um poema

Conhecer
a melodia
dos pingos que surgem
em poças de nuvens

Descobrir
a harmonia
da lágrima e da água
que limpa toda mágoa

Solfejar
uma linda linha
que será a trilha sonora
da mudança de uma hora.

MannHein, 29 de abril de 2013,

pensando em um papo via What's up em 20/04/2013.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Um texto de Adrian Rogers, (1931)

Um professor de economia, numa universidade do Texas, disse que ele nunca havia reprovado um só aluno antes mas, uma vez, tinha reprovado uma classe inteira.

Essa classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo.

O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."

Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam justas. Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...

Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".

Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".

As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe.

A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma.

No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala.

Portanto, todos os alunos repetiram o ano... para sua total surpresa.

O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.

Preguiça e mágoas foi seu resultado.

Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.

"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós.

Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.

Para cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.

O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.

Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Adrian Rogers, 1931


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Morangos Mofados

Morangos Mofados

Rodolfo Pamplona Filho
De que adianta ter
e não desfrutar?
Vinhos viram vinagre
Morangos mofam
Amores morrem


MannHein, 01 de maio de 2013.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Enquanto Os Ventos Sopram

Enquanto Os Ventos Sopram
                                                                                                                                         

          Alguns anos atrás um fazendeiro possuía terras ao longo do litoral do Atlântico. Ele constantemente anunciava estar precisando de empregados. A maioria das pessoas estavam pouco dispostas a trabalhar em fazendas ao longo do Atlântico. Temiam as horrorosas tempestades que varriam aquela região, fazendo estragos nas construções e nas plantações.

          Procurando por novos empregados, ele recebeu muitas recusas. Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se aproximou do fazendeiro.

- Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.

- Bem, eu posso dormir enquanto os ventos sopram, respondeu o pequeno homem.

          Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou. O pequeno homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer até o anoitecer e o fazendeiro estava satisfeito com o trabalho do homem.

          Então, uma noite, o vento uivou ruidosamente. O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados. Sacudiu o pequeno homem e gritou,

- Levanta! Uma tempestade está chegando! Amarre as coisas antes que sejam arrastadas!

O pequeno homem virou-se na cama e disse firmemente,

- Não senhor. Eu lhe falei: eu posso dormir enquanto os ventos sopram.

          Enfurecido pela resposta, o fazendeiro estava tentado a despedi-lo imediatamente. Em vez disso, ele se apressou a sair e preparar o terreno para a tempestade. Do empregado, trataria depois. Mas, para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo. As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos nos viveiros, e todas as portas muito bem travadas. As janelas bem fechadas e seguras. Tudo foi amarrado. Nada poderia ser arrastado.

          O fazendeiro então entendeu o que seu empregado quis dizer. Então retornou para sua cama para também dormir enquanto o vento soprava.

          O que se quer dizer com esta história, é que quando se está preparado - espiritualmente, mentalmente e fisicamente - não se tem nada a temer.

          Você pode dormir enquanto os ventos sopram em sua vida?

Autoria do texto desconhecida


terça-feira, 20 de maio de 2014

Entre Notas

Entre Notas

Rodolfo Pamplona Filho
Hã muito mais Lá
entre um Si e um Dó,
do que possam imaginar
nossas vãs filosofias!
Ou entre o Si e a Dó!
Ou entre o Lá e o Dó maior!
Ou entre o Lá distante do Sol!
Entre Si e Mi, de Ré,
sem Dó, no Sol-Fá!
Lá, distante do Sol,
existe em Mi,
um profundo Dó!
No Ré pensar
do que Fá zer,
penso em Si,
penso em Mi,
penso em nunca mais ser Sol.


Mainz, 02 de maio de 2013.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Fim do trema, sucesso da @, por Zuenir Ventura

Fim do trema, sucesso da @, por Zuenir Ventura

Zuenir Ventura, O Globo
Achei engraçadinhas as histórias antagônicas desses dois sinais gráficos. Um, o trema, está desaparecendo; aliás, oficialmente já desapareceu. O outro, a arroba, está no auge de sua popularidade. Do primeiro recebi, enviado por um amigo, uma sentida despedida. “Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças, por mais de 450 anos. Fui expulso pra sempre do dicionário.”
Suas queixas não poupam o cedilha, que teria sido a favor de sua expulsão — “aquele Ç cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra”. E um conformado desabafo: “A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, ‘kkk’ pra cá, ‘www’ pra lá.”
O estranho é não haver referência à arroba, muito mais em voga do que as letras citadas. Calcula-se que a @ — esse a com uma perna esticada fazendo um quase círculo — anda hoje em três bilhões de endereços eletrônicos, o que ainda é pouco, considerando que não é possível passar um e-mail sem ela.
Antes, apenas como medida, ainda tinha alguma utilidade, pelo menos para comerciantes e estivadores dos armazéns dos cais do porto, já que servia para indicar a unidade de peso equivalente a 15 quilos.



É curiosa a vertiginosa carreira de sucesso da @, que nem existia nas primeiras máquinas de escrever. Conta-se que foi em 1971, graças ao engenheiro americano Ray Tomlinson, que ela começou a ganhar destaque, e por acaso. Encarregado do projeto que seria o precursor da internet, Ray precisava de um símbolo que ligasse o usuário do correio eletrônico ao domínio. Aí, olhando para um teclado, caiu de amores pela @, depois que seu coração balançou entre o ponto de exclamação e a vírgula.
A partir dos anos 90, com a massificação da internet, a arroba passou a ser provavelmente o símbolo gráfico mais popular do universo. Os e-mails podem viver sem tremas, sem pontos de exclamação, de interrogação, til, cedilha, reticências, mas nunca sem aquele sinalzinho que aparece em cima do 2 e precisa ser acionado apertando-se a tecla Shift. E mais: além de popularidade, ganhou prestígio.
Em 2010, o Museu de Arte Moderna de Nova York adquiriu o símbolo @ para a sua coleção de design. “Uma aquisição que nos deixa orgulhosos”, anunciou o MoMA em seu site. Agora mesmo é que a @ está se achando.


Zuenir Ventura é jornalista.

domingo, 18 de maio de 2014

Soneto da Especulação Imobiliária

Soneto da Especulação Imobiliária

Rodolfo Pamplona Filho
Qual é o preço a se pagar
para conseguir um teto
não somente para morar,
mas para estar perto

de quem se ama de verdade
e quer proteger da realidade
de um clima cruel e violento
digno de um carcará sanguinolento?

Valor algum é suficiente
para significar o espaço da gente,
onde se pode realmente descansar!

Por isso, não há como não desejar
que sofra uma morte vicária
quem vive de especulação imobiliária!


Mainz, 03 de maio de 2013.

sábado, 17 de maio de 2014

O JUIZ DEMOCRÁTICO


O JUIZ DEMOCRÁTICO
Bertold Brecht

Em Los Angeles, diante do juiz que submete a exame
Os que buscam tornar-se cidadãos dos Estados Unidos
Apresentou-se um taverneiro italiano. Após séria preparação
Prejudicado no entanto por seu desconhecimento da nova língua
Respondeu no exame à pergunta:
O que significa a Emenda nº 8? com hesitação:
1492. Desde que a lei exige que os candidatos conheçam a língua
Ele não foi aceito. Retornando
Após mais três meses gastos em estudos,
Mas ainda prejudicado pelo desconhecimento da língua
Foi-lhe colocada a seguinte pergunta: Quem foi
O general vencedor da Guerra Civil? Sua resposta foi:
1492. (Dita algremente, em voz alta). Novamente, foi mandado embora
E, retornando uma terceira vez, respondeu ele
A uma terceira pergunta: De quantos anos é o mandato
do Presidente?
Novamente com: 1492. Então
O juiz, que simpatizara com o homem, percebendo que ele não poderia
Aprender a nova língua, perguntou-lhe
Como ganhava a vida, e soube: trabalhando duro. Assim
No seu quarto comparecimento fez o juiz a seguinte pergunta:
Quando foi o descobrimento da América? E baseado em sua resposta correta
1492, concedeu-lhe a cidadania.

(Poemas -1913-1956 Editora 34 -Seleção e tradução de Paulo César
deSouza - página 297)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Sobre o Bem e o Mal

Sobre o Bem e o Mal

Rodolfo Pamplona Filho
A ironia peculiar
da existência do Mal
é inspirar o Ser Humano
a fazer o Bem...
e ir além...


Mainz, 04 de maio de 2013, lendo X-Men...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

"Nos seus olhos"

"Nos seus olhos"


Hoje acordei com o coração partido, sem rumo, sem prumo, andei triste e chorando pelos cantos da cidade, procurando abrigo no teu umbigo.
Essa vida que insiste em passar, o tempo que insiste em lembrar do teu semblante.
Nos teus olhos eu vi reluzir o branco das nuvens e o azul do céu.
E o gosto da tua boca ainda me faz suspirar, me faz suspirar.

Pararia o tempo naquela tarde e viveria aquele momento pela eternidade.
A tua presença em mim é constante!

Carla Luiza de Almeida Cerqueira

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sobre Encontro de Almas

Sobre Encontro de Almas

Rodolfo Pamplona Filho
O que é um
Encontro de Almas?
É a mais perfeita
convergência
de profundos
e confusos
sentimentos
que tocam todo
o nosso corpo,
coração e mente,
nos tomam por inteiro
e somente aquela
única e exclusiva
pessoa amada
sente o mesmo...
E só se sabe
que se está diante de um,
quando se vive...


MannHein, 30 de abril de 2013

terça-feira, 13 de maio de 2014

SHOW DA LÍNGUA PORTUGUESA

SHOW DA LÍNGUA PORTUGUESA



'UM HOMEM RICO ESTAVA MUITO MAL, AGONIZANDO. PEDIU PAPEL E CANETA.

ESCREVEU ASSIM:

'DEIXO MEUS BENS A MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO PADEIRO NADA DOU AOS POBRES.'

MORREU ANTES DE FAZER A PONTUAÇÃO. A QUEM DEIXAVA A FORTUNA? ERAM QUATRO CONCORRENTES.



1) A IRMÃ FEZ A SEGUINTE PONTUAÇÃO:

DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ. NÃO A MEU SOBRINHO. JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO PADEIRO. NADA DOU AOS POBRES.



2) O SOBRINHO CHEGOU EM SEGUIDA. PONTUOU ASSIM O ESCRITO:

DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ? NÃO! A MEU SOBRINHO. JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO PADEIRO. NADA DOU AOS POBRES



3) O PADEIRO PEDIU CÓPIA DO ORIGINAL E ESCLARECEU:

DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ? NÃO! A MEU SOBRINHO? JAMAIS! SERÁ PAGA A CONTA DO PADEIRO. NADA DOU AOS POBRES.



4) AÍ, UM DESCAMISADO DA CIDADE QUE ANDAVA POR ALI FEZ ESTA
INTERPRETAÇÃO:

DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ? NÃO! A MEU SOBRINHO? JAMAIS! SERÁ PAGA A CONTA DO PADEIRO? NADA! DOU AOS POBRES.



MORAL DA HISTÓRIA:

'A VIDA VEM COMO UM TEXTO CORRIDO. SOMOS NÓS QUE FAZEMOS SUA PONTUAÇÃO'.

E ISSO FAZ TODA A DIFERENÇA.








segunda-feira, 12 de maio de 2014

Caricatura de Si Mesmo

Caricatura de Si Mesmo

Rodolfo Pamplona Filho
Eu não quero virar
uma caricatura de mim mesmo...
Fazendo o que
as pessoas já esperam
que eu farei,
por já ter feito antes
e por parecer
que sempre irei fazer...
Eu não quero
contar as mesmas historias,
rir das mesmas piadas,
chorar as mesmas lagrimas
e viver as mesmas emoções...
Eu quero surpreender
e nem sempre saber
o que farei, comerei
ou mesmo sentirei...
Eu só quero ser
uma única coisa...
Eu só quero ser eu mesmo


Porto Alegre, 13 de abril de 2013

domingo, 11 de maio de 2014

Mãe, um presente de Deus

Mãe, um presente de Deus


Para completar o homem
Deus a fez mulher
Mas para participar do milagre da vida
Deus a fez mãe
Para liderar uma casa
Deus a fez mulher
Mas para edificar um lar
Deus a fez mãe
Para estudar, trabalhar e competir
Deus a fez mulher
Mas para guiar a criança insegura
Deus a fez mãe
Para os desafios da sociedade
Deus a fez mulher
Mas para o amor, a ternura e o carinho
Deus a fez mãe
Para fazer qualquer trabalho
Deus a fez mulher
Mas para embalar um berço e construir um caráter
Deus a fez mãe
Para ser princesa
Deus a fez mulher
Para ser rainha
Deus a fez mãe



FELIZ DIA DAS MÃES!!  

sábado, 10 de maio de 2014

Para minha mãe

Para minha mãe

Rodolfo Pamplona Filho
Hoje, fui ver minha mãe...
Há alguns dias, não a via...
Impedimentos não me faltavam
para justificar minha ausência:
viagens, trabalho, estudo,
projetos e compromissos mil...
Mas não podia deixar de ir
no dia que elegeram para
homenagear especificamente
aquelas que nos trazem à luz
(como se todos os dias em que
respiramos já não fossem
uma celebração da maternidade...).
Lá chegando, ela estava deitada,
como há tanto tempo está,
como se permanecer parada
fizesse recuperar o tempo
e a saúde que já se foram...
Encontro-a, beijo-a e a abraço,
como se eu não fizesse isso
sempre que a vejo...
Ela sorri... E me olha...
Mas não pode mais falar
com sua própria voz...
Mas seu olhar me diz tudo
que eu preciso saber,
sem necessidade
do menor balbuciar...
E no encontro dos olhares,
todos os sentimentos
são manifestados
como um turbilhão
que explode no silêncio...
Não resisto...
Sinto vontade de chorar...
Dou uma desculpa
de que vou cuidar da casa
e sigo para a cozinha,
ver o que estava faltando,
e para a sala,
ver e disparar mensagens
para ver se todos estão bem
e tudo está em ordem...
De repente, ela surge,
em pé, apoiada nas cuidadoras,
e vem em minha direção...
Abraçamo-nos,
finalmente na vertical,
e, de repente,
aquele abraço
vira uma dança...
uma valsa tocada
em uma harmonia sem notas,
uma melodia sem som
e um ritmo ditado
pelo bater dos nossos corações...
Giramos juntos,
lentamente,
como não houvesse dor,
tristeza ou doença,
como se o relógio parasse
e o mundo esperasse
o que fossemos fazer...
As cuidadoras parecem estranhar
aquela coreografia muda
e tentam discretamente
colocar uma musica
para acompanhar...
Pouco importa...
O que interessa é o momento,
o hoje e o sentimento...
E nossa dança termina
com ela sentando em meu colo
e, como fazia quando eu era criança,
cocando meu cabelo
e fazendo cafuné...
Não há roteiro,
não há script,
não há mais o que fazer...
senão amar incondicionavelmente...
Verdade...
Enquanto há vida,
há esperança, alegria
e sorrisos inexplicáveis...
Depois, a gente vê depois...
pois o depois é só saudade...


Salvador, 12 de maio de 2013, no dia das mães...

sexta-feira, 9 de maio de 2014

OLHANDO SEU ROSTO

De todos os integrantes do Projeto Luz no Cárcere ("Direito no Cárcere"), Presídio Central de Porto Alegre.
Quando vejo seu rosto sorrindo, mesmo sabendo que seu coração está chorando
Quando vejo seu rosto com tanta ternura, mesmo sabendo que seu coração foi agredido
Quando vejo seu rosto com tanta esperança, mesmo sabendo que seu coração foi desiludido
Quando vejo seu rosto com tanta paz, mesmo sabendo que seu coração padece a violência
Quando vejo seu rosto com tanta luz, mesmo sabendo que seu coração está na escuridão
Quando vejo seu rosto com tanta verdade, mesmo sabendo que seu coração foi traído
Quando vejo seu rosto com tanta perseverança, mesmo sabendo que seu coração está cansado
Quando vejo seu rosto com tanta justiça, mesmo sabendo que seu coração foi injustiçado
Quando vejo seu rosto com tamanha solidariedade, mesmo sabendo que seu coração foi explorado
Quando vejo seu rosto com tanta coragem, mesmo sabendo que seu coração se sente cansado
Quando vejo seu rosto com tanta paciência, mesmo sabendo que seu coração sofre tanta aflição
Quando vejo seu rosto com tanta certeza, mesmo sabendo que seu coração enfrenta dúvidas
Quando vejo seu rosto transmitindo Deus, mesmo sabendo que seu coração sofre em silêncio
Quando vejo seu rosto transmitindo tanta vida, mesmo sabendo que seu coração passa por tantas mortes
Quando vejo e contemplo esse rosto, fico me perguntando, como pode a mãe transmitir tudo isso?
- Não sei. Não encontro respostas, mas chego a uma conclusão:
Mãe e Deus têm algo em comum.
Deus é amor. Mãe vive e transmite amor. Deus é vida. Mãe é geradora de vida.
Deus é misericórdia! Mãe tem um coração que sempre perdoa.
A você querida mãe, nosso abraço de gratidão.
Abraço também que pede perdão!
Dos filhos e filhas, que mesmo no meio de tantas falhas, amam você mãe, de todo coração.

Assista o vídeo: http://youtu.be/tyrXWl8-TOI

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Coisas sem Sentido


Coisas sem Sentido

Rodolfo Pamplona Filho
O que são
coisas sem sentido?
Será que o sentido
está nas coisas
ou na capacidade
das pessoas
de compreendê-las?
Será que
o que não faz sentido
para alguém
não faz sentido
para ninguém?
É preciso sentir
para ter sentido
quando todo sentido
é ser sentido?
Sei lá, não faz sentido...

Santiago-Chile, 03 de julho de 2012.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Cenas do mundo - Mort pour la France

 Cenas do mundo  -    Mort pour la France

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Foto : Cláudia Reina-  Chatillon –Sur-Name _Priuré de Binson –Necropole Nationale

Dilermando  Beaumont
Soldado de Infantaria.
 Morto pela França.
*03-03-1899
+18-07-1918

Não quero esta lápide tumular.

Ontem eu estava lá
Devorando
O corpo vivo
Dela.
Desejo
Iluminado pela luz   da estação fugaz .

Hoje esta carcaça
Minha
Apodrecida
Tombada nesta
Ordenada
Alinhada necrópole.
Desta cova vaza o frio
Que atravessa os montes


Pincelados  de amarelo vibrante
Flores indiferentes às ossaturas. 

Dilermando está morto.
Em fosso aprisionado
Ouve a vida emudecer.

Da tumba por tu
Imperialista
Cavada,
Pudesse eu bradar
Bradaria
Não  quero a  tua  glória.   Gás  letal a  perfurar olhos e vísceras .

Teus pássaros metálicos
A explodir homens   
Bombas no ar.
Não aspiro   a tua  guerra
Humana perversão
Laureada bestialidade.

Ouro  pérfido.
Medalhas   de sangue talhado.

Dilermando está morto.
Sem corpo.
Sem voz.
Qual o som de um ataúde? 
Rangido de esqueleto   corroído. 

Cláudia Reina.
  


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Helena Sacadura Cabral


NOVA LÍNGUA PORTUGUESA...IMPERDÍVEL,

> Por Helena Sacadura Cabral.utilizada frequentemente em "ciências de
> educação" ...
>
>
> Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos
> 'afro-americanos',com vista a acabar com as raças por via gramatical,
> isto tem sido um fartote pegado! As criadas dos anos 70 passaram a
> 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de
> 'auxiliares de apoio doméstico' .
> De igual modo, extinguiram-se nas escolas os 'contínuos' que passaram
> todos a 'auxiliares da acção educativa' e agora são 'assistentes
> operacionais'.
> Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por
> 'delegados de informação médica'.
> E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em
> 'técnicos de vendas'.
> O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez'; Os
> gangs étnicos são 'grupos de jovens'
> Os operários fizeram-se de repente 'colaboradores'; As fábricas,
> essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas' e vistas da estranja
> são 'centros de decisão nacionais'.
> O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à
> 'iliteracia' galopante. Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª
> classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas
> hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria
> continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e
> 'Turística'.
> A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...» ;
> agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da
> pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo
> verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.
> Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças
> irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um
> 'comportamento disfuncional hiperactivo' Do mesmo modo, e para
> felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas
> escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando
> muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.
> Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada
> desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O
> termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar
> inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se
> para as regras gramaticais...) As p.... passaram a ser 'senhoras de
> alterne'.
> Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça
> desbocam-se em 'implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas
> fracturantes' e outros barbarismos da linguagem. E assim linguajamos o
> Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o
> novo-riquismo linguístico.
> Estamos "tramados" com este 'novo português'; não admira que o pessoal
> tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se
> pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.
>
>

> Helena Sacadura Cabral

domingo, 4 de maio de 2014

Sonhe


Sonhe,

Sonhe alto
Não tenha medo de cair
Ou de acordar

Feliz é quem sonha
Quem se liberta

Viva sonhando
Ou sonhe vivendo
Pois sonhar não custa nada

Mas sonhe
Porque quem não sonha
Não vive 

Então viva
E sonhe 

Sonhe com um mundo melhor
Com aquela pessoa com quem você gostaria de estar
Um objetivo a alcançar 

E quando você realizar 
Verás como é bom sonhar

André Luis Augusto Martins 27/09/2013