segunda-feira, 30 de junho de 2025

Fato Consumado


 





 Rodolfo Pamplona Filho




Não posso

me deixar consumir

pelo fato consumado

Não posso

chorar compulsivamente

pelo leite derramado

Não posso

fazer voltar

as águas do rio

Não posso

tirar a roupa 

e reclamar do frio

 


Salvador, 18 de julho de 2024.

domingo, 29 de junho de 2025

Os Pastos da Razão

 

 




Chico Settineri




       Deboche delírio fêmea...


       Piratas especialistas


       de naus


        do Descobrimento.


       Diâmicos, cruéis, polivalentes


       cruzamos juntos, tontos e doentes


       os passos (tentem!)


       da paixão.

sábado, 28 de junho de 2025

Feminismo Negro

 





Rodolfo Pamplona Filho


 


No coração da luta, onde a voz ressoa,

celebra-se a visibilidade da pessoa,

que não pode mais ficar calada,

nem muito menos ser silenciada.


 


Das sombras do passado, ergue-se altivo

um movimento imparável e decisivo.

Contra a opressão, levanta-se em união,

celebrando a força, a coragem e a visão.


 

Mulheres negras, guerreiras de luz,

quebram as correntes, desafiam a cruz.

Nas ruas, palcos e páginas da história,

O feminismo negro escreve sua trajetória,

reivindicando espaço, justiça e igualdade,

empoderando vidas, com amor e dignidade.

 


É a voz que ecoa, em cada canto e esquina,

A luta pelo direito de ser quem se destina.

Feminismo negro, raiz de resistência e poder,

estrela que ilumina o caminho a percorrer.


 


Salvador, 8 de junho de 2024.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Recado

 



Fagundes de Oliveira





Demonstra com doçura o teu amor,

Num gesto apenas, sem falar, só pensa

O quanto o sentimento é uma presença

Que adorna a vida e a encanta em seu valor.



O orvalho da manhã tem um sabor

De vida nova e uma esperança imensa.

O tempo vai passando e a recompensa\

É igual a um beijo dado com calor.



Procura ser feliz - a vida é leve

Não pára e não dá tempo à indecisão;

É um vento que acalenta enquanto é breve.



O sonho vai passando e na verdade

É uma janela aberta à imensidão

Com gosto de esperança e de saudade.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

A Dor que (quase) me fez chorar

 


 




 Rodolfo Pamplona Filho




O gosto amargo da solidão

Do veneno, a ingestão

A tristeza da partida

O masoquismo da despedida

O começo da consciência

O fim da existência

Descobrindo finalmente

e realmente

a dor que (quase) me fez chorar

quando o que sempre

esteve para se concluir

finalmente se completa


 

Salvador, 20 de junho de 2024.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Um brilho tênue





Cristiane França



Um brilho tênue...

Sem desesperos...

Sem atropelos...

Somente se põe em mim.

Ressurge forte ao amanhecer

Porque ternamente se pôs

Permitindo o anoitecer.

Temores das sombras não

calam tão fortemente no

Espírito... Pois,

os olhos já conheceram o sol!


terça-feira, 24 de junho de 2025

Adoção Afetiva

 




Rodolfo Pamplona Filho




A vida me contemplou

com filhos maravilhosos,

tanto no sangue,

quanto no coração!



Isso se dá, com fé,

pois, definitivamente,

a paternidade não é

uma biologia permanente.


É muito mais do que isso:

é uma eleição de paradigma

de quem assume o compromisso

de não ser um enigma.


Apadrinha-se, torna-se companheiro,

confidente, ombro amigo e parceiro.

Comemora-se junto, chora-se também,

da verdade biológica, vai-se além...


A paternidade por adoção afetiva

honrou-me com um carinho

que nem todos têm na vida...

que não se compreende sozinho...


mas que é a prova mais dura

de que pessoas podem se amar

e se entregar de forma pura,

sem qualquer outro interessar,


como deveria ser, aliás,

em qualquer verdadeira relação

de um afeto que não volta atrás...

de uma escolha consciente de devoção.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Exílio e Miopia (para Julia)

 



Claudia Moraes Rego




       "Olha o balão!"

       Não via.

       Não falava nada.



       "Olha o gavião!"

       Não via.

       Calava.



       "Olha o Cristo Redentor!"

       Puxa, não via!

       Mas fingia


       "O bondinho!"

       Nada.

       Era assim.


       Certamente,

       sem dúvida nenhuma,

       fazia parte

       (tinha caído do lado)

       da tribo dos exilados

       do prazer.


domingo, 22 de junho de 2025

Síndrome de Madre Superiora

 




Rodolfo Pamplona Filho




Comandar os passos,

mesmo quando ninguém

pediu por isso

Portar-se como censor,

estabelecendo volume

e assunto que possa ser tratado

Irar-se e fechar-se

quando alguém faz algo

fora do script

Desconhecer que 

o Líder de verdade

tem sua autoridade

na sua credibilidade,

e não na sua vontade.



São Paulo, 16 de novembro de 2019.

sábado, 21 de junho de 2025

Esquiva





Garcia Rosa



     Quando passas altiva e desdenhosa,

     Como uma deusa em mármore esculpida,

     Lembras-me a Grécia antiga e luminosa

     E, adorando a Mulher, bendigo a Vida.




     Toda a força do amor misteriosa

     Trazes soberbamente refletida

     Na perfeição da plástica mimosa

     E na graça do andar, indefinida...




     Mas quando te acompanho na esperança

     De penetrar os íntimos refolhos

     Dessa alma em flor, que a amar não se abalança,




     Volves em torno, distraída, os olhos,

     Na pertinácia vã de uma esquivança

     Que semeia ilusões em vez de abrolhos.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Medicina

 

 




Rodolfo Pamplona Filho



É no Santuário de Sculapio,

em que Hipócrates separou

o Logos da Cega Crença,

que se depositam as esperanças

de quem ainda crê em salvação,

não da alma perdida ou maltratada,

mas, sim, do corpo massacrado,

entregue às intempéries da saudade,

no sofrimento da enfermidade.

Não se sabe quem cura:

se Deus ou a mão do homem...

Isto pouco importa para quem busca

a retomada do vigor,

o reencontro do calor

e a superação do torpor

do sofrimento e da dor.




Atenas/Grécia, 29 de setembro de 2012, pensando no Templo de Sculapio.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Formosa

 

 





Maciel Monteiro






     Formosa, qual pincel em tela fina


     Debuxar jamais pode ou nunca ousara;


     Formosa, qual jamais desabrochara


     Na primavera a rosa purpurina;




     Formosa, qual se a própria mão divina


     Lhe alinhara o contorno e a forma rara;


     Formosa, qual jamais no céu brilhara


     Astro gentil, estrela peregrina;




     Formosa, qual se a natureza e a arte,


     Dando as mãos em seus dons, em seus lavores


     jamais soube imitar no todo ou parte;




     Mulher celeste, oh! anjo de primores!


     Quem pode ver-te, sem querer amar-te?


     Quem pode amar-te, sem morrer de amores?!

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Soneto da Dissonância Cognitiva






Rodolfo Pamplona Filho


Contrastar uma crença básica

em oposição diametral à outra.

Viver uma vida antropofágica,

devorando o que está à solta.


Declarar-se algo

que se sabe que não se é...

pois tudo que conquistou

foi baseado em um temor


que deixou de existir,

passando a viver

somente para repetir


o que nem mais se crê,

em  uma forma de auto-punir,

ao impor a si mesmo um sofrer...




Mikonos, 24 de setembro de 2012.

terça-feira, 17 de junho de 2025

 






Chico Buarque de Holanda

       


O meu pai era paulista

Meu avô, pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô, baiano

Meu maestro soberano

Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro

Quem soprou esta toada

Que cobri de redondilhas

Pra seguir minha jornada

E com a vista enevoada

Ver o inferno e maravilhas


Nessas tortuosas trilhas

A viola me redime

Creia, ilustre cavalheiro

Contra fel, moléstia, crime

Use Dorival Caymmi

Vá de Jackson do Pandeiro


Vi cidades, vi dinheiro

Bandoleiros, vi hospícios

Moças feito passarinho

Avoando de edifícios

Fume Ari, cheire Vinícius

Beba Nelson Cavaquinho


Para um coração mesquinho

Contra a solidão agreste

Luiz Gonzaga é tiro certo

Pixinguinha é inconteste

Tome Noel, Cartola, Orestes

Caetano e João Gilberto


Viva Erasmo, Ben, Roberto

Gil e Hermeto, palmas para

Todos os instrumentistas

Salve Edu, Bituca, Nara

Gal, Bethania, Rita, Clara

Evoé, jovens a vista


O meu pai era paulista

Meu avô pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô baiano

Vou na estrada há muitos anos

Sou um artista brasileiro

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Necessidade de Reclamar

 

 




Rodolfo Pamplona Filho



Há indivíduos que

mal comem feijão com arroz

e querem questionar

a qualidade do champagne...

Pessoas que não sabem distinguir

um idioma de um dialeto,

um prato de um lanche

ou uma casa de um lar

e querem posar para a sociedade

como sacerdotes do culto,

vestais do templo

ou oráculos da verdade...

Pobres diabos,

eles não sabem

o que fazem, pois

sua vontade de viver

se confunde com

sua necessidade de reclamar...




Pamplona/Espanha, 03 de outubro de 2012.


domingo, 15 de junho de 2025

A Vida

 


 



Adão José Pereira



     A vida é um poema mui lindo


     Que o Pai Celeste assinou,


     E com habilidade infinda


     Afeto e ternura expressou.




     Porém ela é veloz e passageira,


     Corre tão rapidamente!


     E qual uma águia ligeira,


     Passa e nos leva de repente.




     Ma enquanto existe há esperança


     De que melhores dias virão!


     Trazendo paz, amor e bonança,


     Fartura, prosperidade e realização.

sábado, 14 de junho de 2025

Soneto da Sintonia Infalível









Rodolfo Pamplona Filho




Ainda que divididos pelo Atlântico


e por fusos horários incompatíveis,


o que um sente de um lado,


o outro automaticamente responde.




Se um levanta assustado,


encontrará o outro conectado,


como se a energia gerada


fosse automaticamente repassada.




É realmente impressionante,


como tudo surge em um instante,


permitindo a imediata compreensão




pois o que, para muitos, é acaso,


para mim, é o mais evidente traço


de uma sintonia infalível de paixão.




Pamplona/Espanha, 03 de outubro de 2012.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Dia

 


 

Adélia Prado


As galinhas com susto abrem o bico

e param daquele jeito imóvel

- ia dizer imoral -

as barbelas e as cristas envermelhadas,

só as artérias palpitando no pescoço.

Uma mulher espantada com sexo:

mas gostando muito.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Todo mundo é vítima

 




Rodolfo Pamplona Filho



Todo mundo é vítima

e ninguém assume a culpa

Todo mundo é vítima

e se pode fugir da luta

Todo mundo é vítima

e se empurra a responsabilidade

Todo mundo é vítima

e não se muda nada de verdade

Todo mundo é vítima

e há argumento para tudo

Todo mundo é vítima

e punir é um absurdo

Todo mundo é vítima




No Trem de Madrid para Pamplona, 02 de outubro de 2012.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

A vida


 



Camilo Martins Neto


Mergulho no rio 


Correnteza à baixo


Nadando de frente


Ora de lado


Outras de costas


Enfrentando tudo


Basculhos, pedras


Cortantes folhas,


Águas turvas,


Peixes vorazes,


Cobras venenosas,


Peçonhentos tantos


A desanimar a lida.


Mas, nado, e, nada


Me impede a ida


Quero chegar ao


Outro lado da vida.


Canso, descanso


E no remanso fico


A boiar na água


Mansa do meu rio.


Rio que vai e nunca


Mais volta, tal como


Eu que nado, nado...


E vou, pra nunca


Mais voltar à mesma


Água que se foi.


É assim, braços


Cansados, pernas


Cansadas, corpo


Cansado, o tempo


Que também se foi...


Estou quase chegando


Ao outro lado do rio


Nado e nada me


Impede de pisar


Em solo firme


E vem lembranças


Da travessia 


Quanta luta e o


Suor se misturando


Com a água do rio,


As lágrimas a


Aumentarem-lhe


O volume e juntar-se


À água salgada


Do velho mar.


Falta pouco e


Nesse pouco


Vejo o quanto


Foi importante


Nadar e não


Deixar que nada


Impedissem as


Sagradas braçadas


Que além das


Forças, minhas e


Do rio, foram


Vencendo cada


Obstáculo quase


Intransponíveis


Da travessia do rio.


E continuo nadando


E dando tudo de


Mim para vencer


A correnteza final


E chegar e sorrir


E chorar de alegria


E descansar afinal


Merecidamente


Eternamente, pois


Assim é a vida.


terça-feira, 10 de junho de 2025

A Palavra

 




Rodolfo Pamplona Filho



A palavra encanta


e provoca a reflexão


Se a imagem diz muito,


a palavra diz tudo,


para sábios e incultos,


na medida do seu alcance...




Madrid, 01 de outubro de 2012.


segunda-feira, 9 de junho de 2025

domingo, 8 de junho de 2025

Amor é (quase) tudo





Rodolfo Pamplona Filho



Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser impactante?

Talvez um pouco de cuidado

Talvez um carinho inesperado

Talvez uma torcida explícita

Talvez uma entrega sem retorno


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser incessante?

Talvez uma dose de mistério

Talvez um suspiro no espelho

Talvez um choro em desabafo

Talvez um frio na barriga no encontro


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser acachapante?

Talvez um bilhete inesperado

Talvez uma surpresa no acordar

Talvez dormir agarrado

Talvez nunca parar de sonhar




Salvador, 27 de outubro de 2018.

sábado, 7 de junho de 2025

Fui eu esse menino que me espia





Poema de Fernando Py (1935-2020)


 – melancólico olhar, sereno rosto,


postura fixa e o todo bem composto –

no retrato que o tempo desafia.


Fui eu na minha infância fugidia

de prazeres ingênuos, e o desgosto

de sentir tão efêmera a alegria

bem depressa mudada em seu oposto.


Fui eu, sim; mas o tempo que perpassa

e tudo altera nem sequer deixou

um grão de infância feito esmola escassa.


Fui eu; e da figura só ficou

o olhar desenganado na fumaça

em que a criança inteira se mudou.


abril 1998


(De Sentimento da Morte – 2003)



sexta-feira, 6 de junho de 2025

De Supetão




Rodolfo Pamplona Filho


De supetão,

joga-se tudo para cima,

muda-se a programação,

arrisca-se fazer o inédito


De supetão,

muda-se o clima,

o humor

e a disposição


De supetão,

sai-se de casa,

abandona-se um lar,

busca-se uma saída


De supetão,

toma-de coragem

para fazer o que

nunca se fez na vida.


 


Salvador, 09 de janeiro de 2021.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Videiras

 


 



Celso Cruz





Aprendi o Nome das Uvas.


Cada lenda, cada história,


Guardei na memória,


Pra conversar bonito,


Pra passar por erudito,


Por um bom entendedor.


Eu sou um bom bebedor.


Gosto de uma boa bebida,


Com uma boa comida,


Harmonizando o sabor :




🍇🍇🍇


Cabernet Sauvignon


Presente em toda taverna,


Cabernet vem de caverna


Sauvignon, de selvagem


Vai do calor à friagem


Se adaptando a cada clima


Um cruzamento “obra-prima”


É do século dezesseis


E vou dizer pra vocês


É uva de minha estima.




🍇🍇🍇🍇


A francesa Merlot


O seu significado


Diz-se ter se originado


Do pássaro “merle”, pequeno,


Abundante em terreno,


Onde a uva era plantada.


Sua cor preto azulada


Seu gosto por ela, madura


Era a praga da cultura,


Em outra época passada.




🍇🍇🍇🍇


E veio lá da Borgonha,


A uva Pinot Noir,


Depende do terroir


De onde é extraída,


O buquê, sua bebida


A sua coloração


É a uva camaleão,


Muda de aroma, de cor 


Uva de fino sabor,


Requer harmonização.




🍇🍇🍇🍇


Sucesso do Uruguai,


Tannat, a uva francesa,


Vai bem com a sobremesa


Com um assado de vitela,


Um churrasco de costela


Pois, seus taninos marcantes,


Tem poderes antioxidantes.


Eu mesmo acho adorável,


Final longo, memorável,


Vinhos Intensos e elegantes.




🍇🍇🍇🍇


De nome Petit Verdot,


Uva de cacho pequeno,


Própria de clima ameno,


Demora amadurecer


Entre o plantar e o colher.


Ela mostra-se resistente,


Brota precocemente


Me garantiu meu vizinho


Que é expert em vinho


E de Bordeaux, é procedente.




🍇🍇🍇🍇🍇


Chianti, Rosso, Brunello,


Favorece a minha tese


Que a uva Sangiovese,


Essa cepa italiana


Da região da Toscana,


É história engarrafada.


Na Itália ela é amada,


Desde a Roma antiga.


Existe quem contradiga


A história aqui contada.




🍇🍇🍇🍇


A uva perdida de Bordeaux,


Carmenère, me encanta


Seu sabor se agiganta


Com um harmonizar propício.


Ótimo custo benefício


E se bem harmonizado,


Mesmo americanizado,


É uma de cepa divina,


Em toda América Latina


Esse vinho é encontrado




🍇🍇🍇🍇


Syrah, Shiraz “Darou-é-shah”


Ou, o remédio do Rei,


Pelo que pesquisei


E ouvi do meu amigo,


Se discordarem, não ligo


Bom de harmonização


Ótimo pro coração


Sabor intenso e profundo


No novo e no velho mundo


Sempre desperta paixão




🍇🍇🍇


Malbec, uva francesa


Sucesso na Argentina,


Sempre uma bebida fina,


De Mendonza à Patagônia


Eu digo, sem parcimônia,


O Patagão prefiro eu


Estando no apogeu


Com o seu sabor marcante


É um vinho mais elegante


Bem ao estilo europeu




🍇🍇🍇🍇


Nebbiolo vem de “nebbia”,


Que traduz-se em nevoeiro,


Foi o meu amor primeiro.


Um vinho piemontês


Eu vou dizer pra vocês


Se bebo sinto saudade


Sem nenhuma vaidade


Se junto à pessoa amada


Com uma boa macarronada 


Meu nome é felicidade




🍇🍇🍇🍇


Que dizer da Tempranillo


Uva ilustre da Espanha


Com uma enorme façanha


De três mil anos de história,


Se não me falha a memória,


É a que primeiro amadurece.


E, pelo que me parece,


“Temprano” é precocidade


O vinho é a felicidade


Que em garrafa se oferece.





quarta-feira, 4 de junho de 2025

São João na Pandemia

 

 


                                    

      



Rodolfo Pamplona Filho


Festa junina na pandemia

é diferente do São João

quando os dias da gente

eram apenas “normais”


Os amigos e as famílias,

como antes, não estão

presencialmente

ao lado e juntos mais


Se não dá mais para abraçar,

isso não quer dizer

que a vontade de cantar

tenha que desaparecer


Se não dá mais para beijar,

isso não quer dizer

que a ausência do tocar

anule o desejo de viver


Hoje, pode não ter dança

ou mesmo um brinde com quentão,

mas sempre terá a esperança

que aquece o coração


de que, se não abraçados

fisicamente,

continuaremos ligados

espiritualmente,


e isso renova a alegria

e o desejo por dias melhores,

que é o combustível da folia

e a ordem para que não chores


pois, na nossa folia,

pode até faltar licor,

mas, nunca na vida,

faltará o amor.



Salvador, 24 de junho de 2020.


terça-feira, 3 de junho de 2025

A quem mais amo

 



Negra Luz



Para ficar,

Me dê motivos...

Está bem mais fácil eu me perder.

Para apostar,

Me dê razões...

A aposta é alta. E se eu perder?

A quem cobrar?

Não há garantias...

A conta é alta, para não te perder.

Você está Rei,

Eu nasci Rainha...

O meu reinado vai além de você.

Amar...

Eu amo.

Afirmo isso.

A quem mais amo?

Meu próprio ser.







segunda-feira, 2 de junho de 2025

Uma Vida sem Filhos

 


 

Rodolfo Pamplona Filho


Uma vida sem filhos  

é como uma árvore sem frutos:  

beleza ornamental,  

que cumpre sua jornada 

e realiza sua missão, 

não se machucando ao final  

pela dor da sua ausência.  

Mas como saber  

se há a dor  

sem provar o sabor  

do primeiro amor? 

Como disse o poeta; 

“Filhos, melhor não tê-los, 

mas, se não tê-los, 

como sabê-los?”... 


 


Praia do Forte, 02 de janeiro de 2021. 

domingo, 1 de junho de 2025

Mais uma vida negra

 






(Negra Luz)




A mulher 

A negra

A mãe 

A trabalhadora 


A beleza

A resistência 

O amor

A luta


A angústia 

O diploma

O filho

O pão 


A barra

O barraco

O tráfico 

A repulsa 


O pulso 

A quebrada

A abolição 

A frustração 


Um estampido!

Muitas direções!

Pelo rastro de sangue, mais uma vida.

Vidas!


Um coração!

Muitas esperas!

Pela cor da pele, mais um negro...negra.

Negras! Negros!


Morreu.

E ela morreu.

Um negro...

Uma negra...


Importam?

Portam?

Vidas importam!

Mais uma vez, 

Foi-se uma vida negra.