sábado, 16 de agosto de 2025

Azulejos Quebrados (Soneto Desconectado)

 



Rodolfo Pamplona Filho


Do lixo à arte

Restos de parte

do que já serviu

e que servirá novamente


para adornar lindamente

o que outrora era feio

e, hoje, tornou-se belo,

como jamais se pensou ser...


na lógica do reciclar

azulejos quebrados

em novos formatos


de rostos, bichos e ditados,

surgindo de todos os lados,

sempre a nos encantar.



Guayaquil, 01 de outubro de 2013.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

ARTIGOS 439, 440 E 441 DA CLT

 



Caros empregadores ou empresários

É lícito ao menor

Segundo nos diz o legislador

Firmar recibo pelo pagamento dos salários


Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho minha querida

É vedado ao menor de 18 anos dar

Sem assistência dos seus responsáveis legais, é bom frisar

Quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe for devida


Dispõe a Consolidação

Que contra os menores de 18 anos

Incapazes seres humanos

Não corre nenhum prazo de prescrição


O quadro a que se refere o item I do então

Artigo 405 será revisto bienalmente

É o que está explicitamente

Disposto na nossa Consolidação.


JORGE DA ROSA


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Pequenas Verdades Acadêmicas (em 3 linhas)

 


Rodolfo Pamplona Filho


Desconfie de quem

não consegue tratar

um garçom com educação.


O que é combinado

verdadeiramente

não é caro ou barato.


Títulos só podem

ser menosprezados

por quem os detém.


Destacar-se em certas atividades

não significa ter cultura para

discutir outros assuntos.


Sisudez não é sinônimo de seriedade,

mas respeito e educação ajudam

a demonstrar compromisso.


Formalidade não garante resultado,

mas permite a sensação de que

foi feito o que se podia fazer.


Displicência com a liturgia

transparece mais indolência

do que domínio da matéria.


Conteúdo e forma são dialéticos:

um decorre e necessita do outro

para alcançar a verdadeira síntese.



Salvador, 06 de outubro de 2013.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

IF

 




Poema "If", de Rudyard Kipling, em tradução de Guilherme de Almeida.


Se


Se és capaz de manter a tua calma quando

Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;

De crer em ti quando estão todos duvidando,

E para esses no entanto achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,

Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,

E não parecer bom demais, nem pretensioso;


Se és capaz de pensar --sem que a isso só te atires,

De sonhar --sem fazer dos sonhos teus senhores.

Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires

Tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas

Em armadilhas as verdades que disseste,

E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,

E refazê-las com o bem pouco que te reste;


Se és capaz de arriscar numa única parada

Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,

E perder e, ao perder , sem nunca dizer nada,

Resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo

A dar seja o que for que neles ainda existe,

E a persistir assim quando, exaustos, contudo

Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";


Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes

E, entre reis, não perder a naturalidade,

E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,

Se a todos podes ser de alguma utilidade,

E se és capaz de dar, segundo por segundo,

Ao minuto fatal todo o valor e brilho,

Tua é a terra com tudo o que existe no mundo

E o que mais --tu serás um homem, ó meu filho!


If


If you can keep your head when all about you

Are losing theirs and blaming it on you,

If you can trust yourself when all men doubt you

But make allowance for their doubting too,

If you can wait and not be tired by waiting,

Or being lied about, don't deal in lies,

Or being hated, don't give way to hating,

And yet don't look too good, nor talk too wise;


If you can dream--and not make dreams your master,

If you can think--and not make thoughts your aim;

If you can meet with Triumph and Disaster

And treat those two impostors just the same;

If you can bear to hear the truth you've spoken

Twisted by knaves to make a trap for fools,

Or watch the things you gave your life to, broken,

And stoop and build 'em up with worn-out tools;


If you can make one heap of all your winnings

And risk it all on one turn of pitch-and-toss,

And lose, and start again at your beginnings

And never breath a word about your loss;

If you can force your heart and nerve and sinew

To serve your turn long after they are gone,

And so hold on when there is nothing in you

Except the Will which says to them: "Hold on!"


If you can talk with crowds and keep your virtue,

Or walk with kings --nor lose the common touch,

If neither foes nor loving friends can hurt you;

If all men count with you, but none too much,

If you can fill the unforgiving minute

With sixty seconds' worth of distance run,

Yours is the Earth and everything that's in it,

And --which is more-- you'll be a Man, my son!

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Equinócio

 




Rodolfo Pamplona Filho


Março ou setembro:

não importa se me lembro

qual é realmente

o semestre presente

ou a estação do ano!

O fundamental, sem engano,

é aproveitar o momento

em que cessa todo lamento

para apenas presenciar o Sol,

quando ele está mais iminente,

sentindo-se, de novo, gente

e nunca mais se sentir só...



Quito, 03 de outubro de 2013.

domingo, 10 de agosto de 2025

Emoção sem perder a noção




>> (Vanessa Bacilieri)


>> Emoção sem perder a noção

>>

>> A poesia é muito linda

>> Sempre muito bem vinda

>> Mas em mim serviu de guarida

>> A um amor que não tem mais vida

>>

>> E por assim dizer que virou ferida

>> Não me arrependo da minha vida

>> A ela devo tudo que me fez sentida

>> Porque na vida só nos resta poder sentir a vida

>>

>> Ter o que lembrar

>> E até mesmo porque chorar

>> O sorriso não seria tão sincero

>> Se tudo que fiz não foi porque quero

>>

>> Quero nessa vida ter o que recordar

>> Daqueles beijos que me fez sonhar

>> E com muitos mais planos poder receber 

>> O sentimento belo que me faz florescer

>>

>> Virar um jardim

>> Flor que perfuma além de mim

>> Foi Ele quem mandou

>> E meu filho em mim originou

>>

>> Tenho hoje o amor mais sincero

>> E por isso se fez mais belo

>> Não que se merce o amor

>> Só que esse não veio com dor

>>

>> Expectativas além da vida

>> Deixo assim aquilo que pensei além da partida 

>> Hoje cansei de acompanhar 

>> Quero minha família agora desfrutar

>>

>> E todo suor que até então derramei

>> Coloco nos versos que sempre chorei

>> Nas mãos do Senhor deixo o destino

>> E nas minhas carrego todas as chances em desatino

>>

>> Fazer da vida uma roda gigante

>> Torna da mulher um ser inconstante

>> Mas se inconstante também é a vida

>> Constante será a dor da ferida

>>

>> Voltar ao passado

>> Ainda que revelado

>> Não trará a nenhum ser acordado

>> Nada além de um culpado

>>

>> Mas se culpado não há

>> O tempo perdido estará

>> Então tem razão

>> Aquele que segue em frente com seu alazão

>>

>> Com folha e papel na mão

>> Viverei qualquer emoção

>> Em qualquer verso farei sentido

>> Àquilo que não foi esquecido

>>

>>



sábado, 9 de agosto de 2025

O Ocaso





Rodolfo Pamplona Filho



Dos dias

Do calor

Das vidas

Do amor

De nada

De tudo

Do nada

Do mundo



Bogotá, 05 de outubro de 2013, em conexão para o Brasil, olhando o entardecer...

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Ronin

 




Rodolfo Pamplona Filho



Samurai errante

que não serve

a nenhum mestre,

além de si mesmo...

Será tão diferente

do resto da humanidade?


No Vôo do Equador para o Brasil, em 05 de outubro de 2013,


lendo sobre Wolverine e a tradição japonesa dos samurais...

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

ETERNA






Juraci Alves



Não imaginava e nem esperava

Que a aurora trouxesse todo este brilho

Sua graça, carinho e harmonia

Que reflete o seu coração


Seus lábios também brilham

Seu olhar firme me faz sonhar

Sempre vivendo verá

A aurora e o brilhar


Você não é estrela

Porque não tem luz própria

É brilho que reflete nela

Ousada, bela e preciosa, princesa do meu olhar


Na claridade que irradia do fundo do seu coração

Quem sabe um dia

Contemplar seu bilhar olhando nos seus olhos

E sentir a glória que um homem pode sonhar.


Lauro de Freitas/BA, 16/08/2013

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

São João na Pandemia

 







Rodolfo Pamplona Filho



Festa junina na pandemia

é diferente do São João

quando os dias da gente

eram apenas “normais”


Os amigos e as famílias,

como antes, não estão

presencialmente

ao lado e juntos mais


Se não dá mais para abraçar,

isso não quer dizer

que a vontade de cantar

tenha que desaparecer


Se não dá mais para beijar,

isso não quer dizer

que a ausência do tocar

anule o desejo de viver


Hoje, pode não ter dança

ou mesmo um brinde com quentão,

mas sempre terá a esperança

que aquece o coração


de que, se não abraçados

fisicamente,

continuaremos ligados

espiritualmente,


e isso renova a alegria

e o desejo por dias melhores,

que é o combustível da folia

e a ordem para que não chores


pois, na nossa folia,

pode até faltar licor,

mas, nunca na vida,

faltará o amor.


Salvador, 24 de junho de 2020.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Not a dreamer anymore





(Negra Luz)


Não mais uma sonhadora.

Só uma sobrevivente,seguindo adiante.

Como Moisés, vou atravessando meus mares.

Haveria uma outra terra prometida?

Receberia o maná da Igualdade?

Um mundo cujos sobreviventes sejam para além dos humanos?


A humanidade, que aí está, falhou.

Se sangra, sangra e ver sangrar.

Tudo com o mesmo sentir.

Ligamos o módulo: Não tem jeito! Melhor nem ver! Que posso fazer? Eu sei o que é isso!

Tudo igual! 

Um mesma frequência!

Uma mesma sintonia! 

Agonia.

Dor.

Tudo conforme!


Inconformo, não depositando moedas nas fontes dos desejos.

Sigo apenas

Silente,

Tento não sintonizar as rádios que mitigam um Mundo de dor.


Minha frequência está aí 

Nas feridas da Mulher,

Na dor dos Pretos,

Na fome,

Nos hospitais ,

Nos esquecimentos.

Ondas longas, em curtas memórias,

Encapsularam os sonhos dessa vida aqui.



segunda-feira, 4 de agosto de 2025

A raiva é a minha kryptonita

 




Rodolfo Pamplona Filho



Sou calmo e manso

como Bruce Banner

Sou gentil e educado

como Clark Kent

Mas não há super poder

que não tenha

a sua fatal antípoda

e, de todos os sentimentos,

a raiva é minha kryptonita.


Salvador, 28 de abril de 2020.

domingo, 3 de agosto de 2025

Sim, tudo.







(Negra Luz)



Tudo estalo.

Tudo audiência.

Tudo click.

Tudo emoji.

Tudo Bauman.

Tudo calefação.

Tudo João!

Tudo George!

Tudo Miguel!

Tudo triste.

Tudo “migué”.

Tudo RACISMO.




sábado, 2 de agosto de 2025

Alegria




Rodolfo Pamplona Filho


Alegria nunca é demais:

Não há limites para sorrir!

Quem poupa alegria

despreza a energia

e a esperança de ser feliz.


Salvador, 11 de fevereiro de 2020

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

AMARGO PRESENTE-PASSADO

 






A caravela ancorova em outras terras

O bramido da revolta ecoava pelo verde intocado

Os sonidos das correntes esmorecia o belicoso  

Os irados resvalavam sobre os traidores

Os olhares fixos teciam uma despedida

Suas almas saudosistas, mortas sobre o azul pairavam

O mar se quebrava em dois

Gritam os porões para a imensidão

Bramidos de guerra que se enfraqueciam 

- Vermelho de dor, toma de  trevas este azul atlântico!

"Mãe gentil", verde de resquícios amarelos

Tu que recepciona os acorrentados

Por que traístes aqueles que por ti foram adotados?

Sangue escorre pelos que lutam

Fazem fronte os revoltados

"Liberdade, liberdade!" Onde ficas para que ti alcancem?

A dança e cantos guardam a saudade do passado

A força esbraveja dentro dos que tem esperança

Até que eis os enlaces estraçalhados

Livres estão os que foram escravizados

Mas contemporaneidade  que os abarca, onde estão teus direitos?

És tu uma farça moralista? 

Sociedade, por que encarcera os livres?

Por que matas os que lutam por ti?

Por que negas carinho para os que querem amor?

Respeito para os que do alto exigem

Prisão para aqueles que embaixo vivem

Por que essa regra de tamanha estranheza?

Persistentes estigmas perversos aprisionam os iguais.

Tristes desses que lançam para longe benéficos ideais. 

"Igualdade, igualdade" onde ficas para que ti alcancem?



PAULO HENRIQUE NOVAIS SANTOS