terça-feira, 7 de maio de 2013


7 artistas com fãs mais chatos do que os do Restart


5 Votos

Por Fábio Gerônimo
Desde que a pobre Georgia chorou desesperada pelo cancelamento do show de seu amado Restart que a banda dos meninos coloridos tem sido alvo de zoação constante. Mas eles não são os únicos a terem uma trupe de fãs insuportáveis. Na verdade, perto dos fãs de certos artistas, a pobre Georgia e seus amiguinhos tão longe de ser uma “puta falta de sacanagem”. E isso independe se o artista é bom ou ruim. Aliás, por vezes, esse fã é tão, mas tão chato, que o artista acaba ficando mais chato do que realmente é. Por isso, o Puxa Cachorra! listou os 7 artistas com fãs mais chatos que os fãs de Restart. E preparem-se: essa listagem não pretende ser agradável.

Ah, antes que você pergunte: 1. Não há nenhum fã de sertanejos universitários porque é impossível ser fã de algo cujo sucesso dura no máximo um ou dois meses; 2. Teatro Mágico não é banda, o que eles fazem não é música, logo não consideramos os fãs deles.
#7 Heavy metal
O artista: Difícil encaixar apenas uma banda na lista, porque dentro da miríade de estilos e subgêneros do heavy metal, sempre vai haver aquela trupe de gente chata a idolatrar seus deuses do metal. Então ao invés de selecionar um, vamos falar de todo o gênero.
 
O fã: O codinome mais usado para ele é headbanger, mas nós utilizaremos especificamente o termo técnico Tr00.
Porque os fãs são chatos: Existem dois tipos de fãs: aqueles que compram tudo do artista, que colecionam itens relacionados a ele, que vão em todos os shows, mas tem noção de que os seus ídolos são seres humanos como ele; e aqueles que encaram seu ídolo como uma divindade encarnada, que deve ser adorada, defendida e divulgada como se a paz na terra dependesse disso. Os tr00s de heavy metal são do último tipo.
Além de serem fanáticos, os tr00s não aceitam gostar – nem que ninguém goste – de outros estilos. Muitas vezes, esses fãs nem aceitam a existência de outros artistas senão os que eles admiram. Aliás, eles em geral se acham superiores aos outros seres humanos por serem fãs de metal, um estilo musical mais importante pro mundo que qualquer coisa feita por Mozart ou Beethoven. Tr00s acham que mais importante que o sucesso é seu ídolo ser capaz de tocar 378 notas por segundo na guitarra e cantar horas sem parar em notas mais agudas que o choro de um pinscher. Mas, o mais importante: sem perder a chapinha (metaleiro em chapinha não é metaleiro de verdade, né?). Isso vindo de pessoas que gostam de se vestir como um panda sadomasoquista ou como uma fada nórdica com anemia. Acho que não precisa dizer mais, né?
#6 Cantoras de MPB
O artista: Todos nós sabemos quem são: uma série de moças de cabelos curtos e voz grave que querem ser a nova Clara Nunes, Elis Regina ou Cássia Eller.
 
O fã: Pode variar muito, mas geralmente se situa entre o hipster, o universitário cult (ser que vai se repetir muito nessa lista) e o Zeca Camargo.
Porque os fãs são chatos: Essas cantoras genéricas de MPB não são melhores que qualquer amiga sua um pouquinho afinada que canta em churrascaria acompanhada de um tio e seu teclado Casio. Mas, para a massa que as venera, elas são o supra-sumo da mpb indie cult shimbalaiê alternativa (obrigado, Desciclopédia). E como membros dessa trupe, mesmo cantando em novelas, no programa da Xuxa, no Raul Gil e etc. elas ainda são consideradas melhores que, sei lá, o Michel Teló! Por algum motivo ainda não explicável, os fãs dessas cantoras vêem a Mallu Magalhães como algo muito diferente da Paula Fernandes, apenas porque a primeira não tem sex appeal (exceto pra barbudos pedófilos, claro). Esses fãs não aceitam críticas, acham as tais cantoras as salvadoras da música brasileira e são incapazes de enxergar que todas possuem a mesma habilidade na composição de músicas que seu avô com Alzheimer tem com jogo de botão. Por algum motivo (talvez a calça saruel), essas pessoas preferem as onomatopéias compostas pela Maria Gadú às compostas pela Kelly Key, como se houvesse alguma diferença. Conseguem admirar uma música chamada Tchubaruba e execrar o Tchubirabiron! O que nos leva a uma triste conclusão: se há três pessoas que nunca deveriam ter morrido, são Clara Nunes, Elis Regina e Cássia Eller.
#5 Bandinhas indie
O artista: Tem mais do que nós gostaríamos, mas praticamente todos são idênticos aos Strokes.
 
O fã: Há dois tipos básicos de fãs indie: aqueles hipsters cujo vestuário (cabelo despenteado, cachecol, óculos de aro grosso e all-star) é a melhor maneira de identificá-los… e o Zeca Camargo.
Porque os fãs são chatos: Um dia, inventaram que o rock precisava ser salvo. O mais estranho, é que o Bruce Springsteen e o Bob Dylan continuam vivos, que eu saiba, o Paul McCartney continua lançando álbuns e, mesmo morto, o Elvis vende mais que nunca. Mas, alguém decidiu que o rock precisava ser salvo – sei lá, da Britney Spears, talvez – e elegeram como salvadores uma bandinha inglesa que só lançou um álbum bom. Quem dera os Strokes tivessem parado nesse álbum, ou que ninguém decidisse que aquela era a única maneira de salvar o rock e decidissem copiar infinitamente o Is this it.
As bandinhas indies então surgem e morrem mais rápido que axé de sucesso do carnaval baiano (Na verdade, contabilizando, a Claudia Leitte já tem muito mais tempo de sucesso que o Cachorro Grande – se é que eles tiveram algum). E de Artic Monkeys a Vanguart, o que vc ouve são só várias maneiras diferentes de copiar os Strokes: uma pior que a outra.
Mas, o que mais irrita, é que esse é um dos únicos tipos de fã que não quer o sucesso do seu artista! Ele quer continuar frequentando o circuito Sesc e só dá atenção aquelas bandinhas que a “grande mídia” ignora. Por algum motivo, a sua banda ser boa não é mais importante que ela ser restrita àquela meia dúzia de estudantes da FAAP que você chama de amigos.
E desculpe, mas por mais que aquele bando de hipsters que você chama de banda pareçam ser a banda mais bonita da cidade, sem dúvida, ela não é mais bonita que o Axé Blond… nem melhor.
#4 Legião Urbana
O artista: Nome fundamental da cena rock dos anos 80 (talvez uma das únicas bandas que realmente tinha talento dentre as que fizeram sucesso), ficou marcada pela morte precoce de seu vocalista, mentor, compositor e único músico competente, Renato Russo. A bem da verdade, o Legião Urbana era a plataforma musical para a inegável habilidade do Renato na composição de letras. E, no fim, o Legião Urbana se resume a isso, ao Renato Russo (ou você já viu alguém com uma camiseta só do Dado Villa Lobos por aí?).
 
O fã: No início, era o adolescente playboy que viveu os anos 80 intensamente e se identificava com as letras de Renato. Depois, qualquer adolescente que soubesse de cor Eduardo e Mônica.
Porque os fãs são chatos: De qualquer forma, como vários artistas, o Legião cresceu absurdamente em popularidade depois da morte de seu líder, que foi alçado ao posto de líder de uma geração, ainda mais que a banda acabou depois de sua morte (viu como se faz, Frejat?). E, dessa forma, as pessoas que eram adolescentes ou crianças na época do sucesso da banda se tornaram apenas fãs órfãos. Já as gerações seguintes viraram fanáticas, a ponto de Legião Urbana tocar ainda mais em rádio depois que o Renato morreu que antes. E tocou até encher o saco!
Eu tenho certeza que, como bem disse a companheira Silvana Schnauzer, o povo que usava camisetas da banda e bandana na cabeça hoje se envergonha e entende o quão importante o Legião foi na sua ADOLESCÊNCIA. Porque, sinceramente, achar que Pais e Filhos foi composta pra você quando você já tem mais de 20 anos é atestado de síndrome de Peter Pan, né? A única geração que o Legião realmente retrata são os adolescentes, especificamente os adolescentes dos anos 80 que eram playboys e moravam na cidade grande.
Agora, vai falar mal do Legião Urbana pra você ver o que acontece! Até um moleque que nasceu depois da morte do Renato e usa sandália croc e boné de crochê vai dizer que você é incapaz de entender a poesia do Renato. Sério mesmo? Se até moleques de 13 anos entendem, o que há pra se entender ali além de “sou um playboy desajustado e emo”?
Por favor adolescentes e adultos com síndrome de Peter Pan: deixem o Renato descansar em paz.
#3 Engenheiros do Hawaii
O artista: Humberto Gessinger e uns três a quatro surfistas que souberem tocar três acordes.
O fã: Uma série de pessoas enganadas pela retórica do Betinho, que fez gerações acreditarem que um surfista genérico pode ser um poeta só porque compõe letras sem sentido algum.
Porque os fãs são chatos: A antropologia, a psicologia, a física quântica… todos os pesquisadores deveriam se juntar e tentar compreender o que leva pessoas inteligentes a acreditarem que o Betinho é um poeta. Não estou falando de gente que não sabe a diferença entre NXZero e Ramones, mas de pessoas com nível universitário, com mais de 30 anos e leitoras, sei lá, de Baudelaire e Fernando Pessoa. Não dá pra saber se é pela ausência de bons poetas na nossa contemporaneidade (por que você acha que os estudos de poesia no colegial param no Drummond?) ou se as pessoas realmente não sabem a diferença entre um bom poeta e um bom criador de jograis.
De qualquer forma, institui-se que para se entender o Betinho, você tem que ser inteligente, e quem não gosta de Engenheiros, logo, é uma porta que não entende poesia. E como uma porta que não entende poesia, pra você a letra de Infinita Highway é um enigma tão grande quanto o inglês do Ozzy para um nativo. E por isso você, ignóbil, não merece respeito. O fã de Engenheiros não apenas te despreza porque você é burro, mas ele acha que o Betinho é o melhor poeta que o mundo já produziu. Mesmo ele não sendo ninguém mais habilidoso que um cara que faz a piada do pavê. Aliás, nem sei como ele nunca usou a piada do pavê numa música.
E lembrem-se sempre: em qualquer situação, qualquer pessoa que aceita dividir o palco por vontade própria com o Paulo Ricardo é alguém de quem se deve suspeitar.
#2 Los Hermanos
O artista: Uma boa banda de universitários barbudos cariocas que fizeram um sucesso estrondoso com uma música chamada Anna Júlia e, desde então, fogem dessa canção como o diabo foge da cruz. Por fim, como qualquer espertalhão da MPB, passaram a copiar Caetano e Chico Buarque.
O fã: É universitário, usa barba e cabelos compridos e despenteados, gosta de circo, sombra de árvore, usa chinelo em balada, veste-se sempre com roupas feitas de saco ou remendos de pano velho, e, apesar disso tudo, tem mais dinheiro que os playboys que compram abadá por R$200,00. E é chato, muito chato.
Porque os fãs são chatos: O Los Hermanos não é uma banda, assim, muito ruim. Na verdade, eles entrariam no item 5 dessa lista, principalmente depois que desistiram de fazer sucesso, mas são bem melhores que quase qualquer integrante do seleto grupo indie. E, além disso, nunca nenhuma banda indie fez tanto sucesso quanto eles fizeram com Anna Júlia. E, no fim das contas, quando a brincadeira já tinha enchido o saco, eles tiveram uma atitude nobre e acabaram com a banda. Até aí, não haveria motivo para eles estarem nessa lista.
Mas eles tem fãs. E não são quaisquer fãs: são fãs tão chatos, mas tão chatos, que conseguiram cometer um dos crimes mais hediondos da história recente da humanidade: trouxeram o Los Hermanos de volta! E nisso eles superam todos os anteriores da lista, porque nem com reza braba os fãs de Legião vão ressuscitar o Renato (e se conseguissem, seria na verdade uma bênção). Os fãs de Los Hermanos são os únicos que, com o declínio do sucesso da banda e sua iminente crise se tornaram mais fãs, a ponto de querer que uma banda morta e enterrada volte à vida. E quando se pensa que essa galera em geral faz parte de universidades de renome, entende-se porque nossa educação tá indo pro buraco.
Aprendam pessoas: se tudo que tem relação com o ambiente ‘universitário’ é bom, Fernando e Sorocaba também são. Sem mais.
#1 Chico Buarque
O artista: Baluarte da MPB é pouco pra falar do Chico Buarque: um cara bonito, que sabe falar o que as mulheres querem ouvir e há uns 40 anos vende qualquer coisa que tiver seu nome junto. Ou seja, tudo que nenhum de nós vai conseguir ser na vida.
 
O fã: Segundo a Constituição, qualquer ser humano nascido no Brasil é obrigatoriamente fã de Chico Buarque.
Porque os fãs são chatos: Você está numa excursão com a galera da faculdade pra praia e não vê a hora do luau e consequente suruba na praia. De repente, no ônibus, a rádio perde o sinal por causa do trecho de serra anterior à praia e alguém decide por uma música pra animar a galera. Daí aquela linda moça que você está louco pra pegar desde a viagem anterior, quando você teve diarreia e não pode participar do luau/suruba, decide por algo pra “animar” a galera. Ela põe Chico Buarque e começa a tocar Atrás da porta. Todos se deprimem. Ela olha pra você e, para fazê-lo perder de vez o encanto, diz a frase clássica: o Chico é mesmo um gênio, né?
Virou consenso que o Chico Buarque é o cara mais foda do universo e que todo mundo que nasce no Brasil é obrigado a gostar dele. Aliás, não apenas gostar da música, mas do teatro, dos romances, dos filmes baseados nos romances… e saber cantar de cor Construção, Luiza, Ópera do Malandro. E, aliás, saber como o poeta (ele não é apenas músico, ele é POETA) compôs cada uma de suas músicas… e não se contesta: Chico Buarque é um gênio.
Eu tenho certeza que há dois motivos pelo qual o Chico Buarque não lança discos todo ano: um é que ele não é o Caetano Veloso, ele só o tolera. O segundo é que ele sabe o que acontece quando se lançam discos dele: vão atrapalhar seu futebolzinho na praia, pedindo autógrafos; vão fazer reportagens sobre sua carreira todos os dias; todos os artistas mais dispensáveis do Brasil vão estar na primeira fila do show; todos os “ícones” da MPB vão querer tocar com ele (como aquele amigo chato que você não suporta, que faz questão de te abraçar bêbado e dizer que te ama só pra você pagar a conta)… enfim: o Chico Buarque deve ser o cara que mais sofre com seus próprios fãs!
Eu tenho certeza que o Chico Buarque não gosta de ser acordado às 8 da manhã pelo pessoal do sindicato tocando Roda Viva ou Deus lhe pague no carro de som. Tenho certeza que ele não se importa em saber que o nível de umidade relativa do ar aumenta quando ele aparece num ambiente lotado de mulheres. Na verdade, se não fossem seus fãs, o Chico ia ser só um cara legal que joga um futebolzinho na praia de vez em quando, vai pra casa, toma uma breja enquanto vê o Fluminense jogar.
A conclusão: fã é sempre chato, mas o fã do Chico nem o Chico aguenta.
Fábio Gerônimo curte games, grego e música (e odeia abelhas), não necessariamente nessa ordem. É Ateu cético, fanático por fórmula 1 e São-Paulino. Nasceu na capital São Paulo, mas se considera um Itapetiningano de coração. É dono do blog Muralhas de Tróia.

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