sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Trabalhador Brasileiro


Helio Gustavo Alves 

Por anos cedo acordei para trabalhar
sempre fiz hora extra para o patrão ajudar
mas um dia ao emprego chegar
tinha outro em meu lugar.

Perdi o trabalho,
fiquei por anos o emprego a buscar,
me achavam velho para o labor,
foi então que percebi
que era um homem sem valor!

O jeito foi fazer bico,
não fiquei um mês sem labutar,
para a vida inteira lutar
a fim do carne do INSS pagar
e um dia me aposentar.

Trabalhei no pesado,
de criança até cansar,
quando na hora da aposentadoria buscar
o Governo resolver a lei mudar.


Ao invés de aos 49 anos me aposentar,
mesmo sem emprego encontrar
sou obrigado continuar a trabalhar
para aos 65 anos tentar
a minha aposentadoria pegar.

Como no Governo não posso confiar
vou rezar para até lá
a norma não mais alterar.




Por Helio Gustavo Alves
Em 10/12/2016
Poema escrito por um Jurista após viver o maior Golpe da história do Brasil em que o Governo deu nos trabalhadores, roubando-lhes o Direito da Aposentadoria, bem como, inúmeros Direitos Sociais previstos no capítulo Dos Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal.
Vivemos a mais nova modalidade de Ditadura, que é aquela disfarçada em Democracia Governamental, onde a vontade do Governo vale mais do que todos os Pactos Sociais em vigor, sejam Nacionais ou Internacionais.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Cachorro Vira-Lata


Rodolfo Pamplona Filho
Sou um cachorro vira-lata,
solto nas ruas,
em busca de comida
e de carinho...
Procurando um refúgio,
onde possa ser amado
e não ter mais subterfúgio
para me sentir abandonado...

Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Soneto do Último Romance...


Rodolfo Pamplona Filho
Você é meu último romance...
Você é, na realidade,
o meu primeiro e único lance,
a quem me entrego de verdade...

Quero amar como se não houvesse
qualquer impedimento ou estrutura,
pois minha alma envelhece,
se não me entrego à doce loucura

de apenas em você pensar...
de nunca me arrepender de tentar
aproveitar cada sensação vivida,

após alguém finalmente encontrar
com quem possa compartilhar
a cama, a palavra e a vida.

Salvador, 09 de junho de 2012.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A gente era feliz e não sabia


Rodolfo Pamplona Filho

quando o máximo da produção 
era uma novela de época;
quando demorava no trânsito 
há mais de uma década;
quando reclamava do calor
antes do aquecimento global;
quando sonhar com um amor 
era o caminho natural;
quando fazia refeição 
em viagem de avião;
quando era a inflação 
nossa maior preocupação;
quando tínhamos de decorar 
toda a taboada;
quando o carburador 
era a peça mais complicada;
quando tínhamos de nos preparar 
para uma sabatina;
quando podíamos caminhar
da casa até a esquina;
quando éramos inocentes 
do que está ao nosso redor;
quando éramos só sementes
e não estávamos sós...

No voo para Brasilia, na madrugada de 29 de novembro de 2016.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Pedaço de mim




Chico Buarque

Notas
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Canção da Partida sem Despedida

Canção da Partida sem Despedida
Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho

Você não pensa em sua vida,
mas sabe que o tempo
corre como um louco
e está contra você!...


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Hipocrisia Útil


Rodolfo Pamplona Filho

Na porta do elevador,
ela me diz: - Bom dia!
Eu abaixo os olhos
e digo: - Bom dia!
E a vida continua...

Subimos silenciosos,
cada um para seu andar,
como se momentos embaraçosos
não interferissem no andar
E a vida continua...

E a vida continua...
E a vida...
E...
?

Salvador, 08 de março de 2013.

domingo, 11 de dezembro de 2016

DIALÉTICA


Vinicius de Moraes
É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

sábado, 10 de dezembro de 2016

Morrer é Doce!


Rodolfo Pamplona Filho

Quando em meu peito, romper-se a corrente
Que a alma me prende à dor de viver
Não quero por mim, nem uma lágrima,
Nem um suspiro, nem um sofrer...



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Bilhete


Mario Quintana

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Sobre Ser


Rodolfo Pamplona Filho

Você não é
o que você acha que é
Você não é
o que as pessoas acham que você é.
Nem eu, nem você somos
o que a vida fez de nós dois
O que nós somos
não pode ser sabotado
por aquilo que nos tornamos



Salvador, domingo, 27 de novembro de 2016.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Dezembro


Carlos Drummond de Andrade

Quem me acode
à cabeça e ao coração
neste fim de ano,
entre alegria e dor?

Que sonho,
que mistério,
que oração?

Amor.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O Coro de Chorus



Rodolfo Pamplona Filho
Em um universo próprio,
há espaço para a obsessão,
em que a busca do som perfeito
acaba em fascinação...

Duas ondas senoidais
com a fase invertida.
Dois áudios exatamente iguais,
com defasagem escolhida.

Divertir-se com o rate e o depth,
ou mexer com a afinação,
e não é flanger, nem vibrato,

mas, sim, um perfeito substrato
de um coro de Chorus das galáxias,
a sonoridade para levar ao túmulo.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

TABACARIA



Fernando Pessoa

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Frutos e Louros


Rodolfo Pamplona Filho
Somos extensão
das nossas raízes
Somos resultados
de nossas diretrizes
Imaginar que somos autônomos
em relação ao passado
é cultivar uma ingenuidade
de quem se acha isolado,
e não parte de uma história,
como se qualquer glória
pudesse ser atribuída
a um ato único de valor,
e não a toda uma vida
de luta, dedicação e dor.


Lucas 6, 43 Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto.



No voo para Brasilia, na madrugada de 29 de novembro de 2016, pensando na noite de 27 de novembro de 2016.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Não há vagas


Ferreira Gullar

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Frio em São Paulo




Fernanda Soares


Noite fria em São Paulo 
Calor humano 
Passos harmônicos na calçada 
Juízo de valor: intenso 
Coragem sem juízo 
Denso. 
Ah! Poesia 
Corre, flui, emana pelos poros 
Invade a terra 
Vai corajosa e sem pudor, sem medo 
Ecoa nos quatro cantos do mundo 
Para dizer que o mundo tem jeito 
Nós temos cura 
Vai, poesia! 
Invade e desenquadra os quatro cantos do mundo.