segunda-feira, 30 de outubro de 2017

domingo, 29 de outubro de 2017

O Poema que Aconteceu



Carlos Drummond de Andrade

Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

sábado, 28 de outubro de 2017

Momentos Felizes


Rodolfo Pamplona Filho

Não dá para ser
feliz o tempo todo,
nem acreditar que
é para sempre
a felicidade que contagia
aquele que está curtindo...
O importante é
saber viver
os momentos felizes
ou, ainda mais,
saber extrair,
tal qual Poliana,
a alegria de cada instante,
como a água de um cactos
ou um suco de uma fruta
que já passou o tempo
de ser comida...
É preciso aproveitar
os momentos felizes...

Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Na tua pele




Manuel Alegre

Na tua pele toda a terra treme
alguém fala com Deus, alguém flutua
há um corpo a navegar e um anjo ao leme.

Das tuas coxas pode ver-se a Lua
contigo o mar ondula e o vento geme
e há um espírito a nascer de seres tão nua...

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Amor e Dor

 

Rodolfo Pamplona 

Falar de amor
muitas vezes
invoca um bordão 
ou uma rima pobre...
como se não houvesse
outra parelha para amar 
que não seja sofrer...
A saudade faz parte 
da vida de quem ama,
como o sono para a cama,
o teto para a casa
e o vento para a asa...
Amar é muito bom, 
mas também dói
Antes de amar,
preferia viver 
sem sentir dor...
Hoje acho melhor 
sentir dor 
do que não 
conhecer o amor...
As vezes acho que 
poderia simplificar tudo...
Bastava não amar...
Por que precisar 
tanto de alguém?
Não sei porque,
mas sei que 
preciso e muito...
Achava que não precisava
de nada, mas descobri 
que não sei ficar sem você...
Amar não é voluntário...
Se fosse, seria mais fácil...
E nunca se tem 
por inteiro:
sempre uma parte!
Para qualquer outra coisa,
seria muito pouco,
mas, para o amor,
cada segundo é 
uma eternidade,
seja na distância,
seja na intensidade...
Como saber o que fazer?
Não precisa saber... 
Basta sentir, amar e viver...

Boston, 29 de junho de 2016.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Certos amores



Martha Medeiros

Aquele amor poderia ter me matado
Como mata centenas de mulheres por aí
Certos amores não passam
De uma bomba a ser desativada a tempo...

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Ele sabe que nunca serei ela


Rodolfo Pamplona Filho 
Eu o perdoo
por ter medo
Eu não perdoo
por ser covarde
Eu não resisto
a me entregar ao prazer
do seu corpo
só para me divertir
e me perco
na armadilha do amor

Se eu fosse ele,
eu nunca me deixaria ir...
Mas não sou...
Eu deveria parar
de lembrar que
nunca serei ela

Odeio amar você
Não consigo colocar
mais ninguém
acima de você...
Completamente sozinha,
As vezes você me mata lentamente...
Talvez o erro seja meu
Eu só queria ser feliz...

Salvador, 17 de abril de 2017.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

As faces do eu na temporalidade.



Antonio Lafayette.

As faces do eu na temporalidade.

A solidão nos atormenta silenciosamente

Na presença encontramos solidão

E a tormenta silenciosa se revela aos olhos dos (des)amparados

Revele-se e descubra a sua identidade

Ou esconda-se da sua timidez

Busca-se verdade(s) no desamparo dos desesperados ou na certeza dos letrados

Encontre-se com o alter no seu ego

O ego não suporta o super-ego

Encontre-se na perdição, pois a certeza te condenou a solidão

Mas solidão silencia sua tormenta e a tormenta alimenta sua ilusão.

Ilusão do que seremos, do que somos ou do que fomos, num jogo de superposição de tempo

Passado, presente, futuro se entrelaçam na minha visão, esclarecida ou obscurecida na minha ilusão

Aprendi que excesso de luz pode gerar escuridão

Assim como a verdade do-ente pode atormentar a sua mente.

Viver na racionalidade é um devaneio da loucura, pois nada menos humano que a falta de loucura.


domingo, 22 de outubro de 2017

Trabalho denso, tenso e intenso


Rodolfo Pamplona


Densidade
como algo cada dia
mais profundo,
em que se cai
sem saber se e quando
se alcança o fundo.

Tensão
como algo que não desliga,
pois, a cada momento,
tudo pode mudar
com um acidente, uma chamada
ou um novo elemento.

Intensidade
como algo que nunca cessa,
pois a opressão
castra a iniciativa,
limita a perspectiva
e cala a opinião.

É preciso aprender
a finalmente sobreviver
à benção convertida em maldição,
ao prêmio que virou castigo
do trabalho denso,
tenso e intenso

São Paulo, 21 de junho de 2016.

sábado, 21 de outubro de 2017

SANGRANDO



Antonio Lafayette.

Intensidade morta
Mortificação da sobrevivência
A voz que não nos revela
Mas que sangra o olhar
A moral que reprime (des)amparados
Lança-nos no viver ausente
Encontramo-nos na origem imaginária
O utópico real, o lugar do desejo não permitido
Pertence-se ao inexistente
Inexistência do viver, do desejo
Os olhos sangram, a voz mente
Manifestação inautêntica
Tempo e representação
 Intensidade sangrando


sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Carinho



Rodolfo Pamplona Filho

Preciso demais
Preciso de mais
Preciso de monte
Preciso para ontem...
Preciso para frente...
Preciso para sempre...
Preciso loucamente
Preciso serenamente
Preciso não ser mais sozinho
Preciso imensamente de carinho.

Salvador, 31 de julho de 2012.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Um... [Indefinido]



Anna Clara Andrade de Oliveira

Um... [Indefinido]

(...) Um rio negro e profundo,

Que corre sem parar,

Sem reparar as margens,

A grandeza do mar é o seu destino.

Este rio é uma vida!

Negro, difícil de olhar por sua superfície;

Profundo, que esconde sua essência como se temesse que algo a roubasse ou entendesse.

Um rio de carne e osso;

É um livro de sangue escrito em uma língua que já não existe.

Queria poder ser capaz de achar todas as respostas,

Mas me limito.

Queria poder ler no mínimo sua sinopse,

Mas não consigo nem mesmo ler a minha!

E dentro de tudo isso o tempo passa

E acaba que quem deságua no mar sou eu.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Provar a Dor


Rodolfo Pamplona Filho 

Ver-te no provador
é provar a dor
de não ter-te,
mas entreter-te
para provar que a dor
verte a cada ver-te
sem ter-te,
na vertente
de ter uma prova
de que serei só teu.



Salvador, 06 de abril de 2017.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Reforma Trabalhista


Cyntia Possídio

Deram-me vinte minutos para falar do meu tema,
Mas a verdade é que nele enxergo outro problema
De amplitude maior do que ousei supor,
E a partir destes versos tentarei lhes expor.
Se nos dedicamos a analisar pormenorizadamente a questão,
Veremos que a disputa dá-se entre os poderes da Nação.
Judiciário e Legislativo, como se isso fosse possível,
Travam uma batalha em torno do Direito, invocando seus super poderes para prevalecer o que pensam de qualquer jeito.
Aos que têm jurisdição opõem-se aqueloutros com a legislação,
Trocando em miúdos o que querem dizer talvez façam os homens de toga a lei obedecer.
À provocação que lhes é feita, de modo reativo,
Respondem os homens de preto com ativismo,
E nesse cabo de guerra flagrantemente instituído,
Destina-se à sociedade o maior prejuízo.
Haveríamos, em pleno século XXI, de estarmos discutindo o feixe de poderes que lhes é atribuído?
Ou deveríamos estar aprimorando os direitos que já foram concebidos?
No assunto em questão não há novidade: a matéria foi posta sem discussão dar margem.
O papel dos sindicatos foi constitucionalmente reconhecido e Convenções da OIT isso reverberaram no mesmo sentido.
Mas no vazio normativo ou inação dos atores sociais investidos da função,
Não foram poucas as vezes que a jurisdição deu lugar à inovação.
A proliferação de normas apartadas do processo legislativo
Resultou num sistema de segurança jurídica desprovido,
Deixando sem rumo, no caso do Direito do Trabalho, sindicato, empregador e empregado.
E para corrigir essa distorção que se revela mais ampla, é preciso dizer o que já está dito,
Chegando ao extremo de se criar até princípio,
Como forma de criar uma barreira de contenção, limitando o Judiciário em sua atuação.
E nessa incessante peleja, há quem na reforma nada de bom veja!
Blocos antagônicos se formam, dos que não gostam e dos que com ela concordam,
Turvando, asim, a nossa visão, tirando-nos o foco do que está em questão:
Não é a prevalência do negociado sobre o legislado em matéria trabalhista,
Mas aonde chegaremos com essa postura beligerante e maniqueísta!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Ele sabe que nunca serei ela


Rodolfo Pamplona Filho 
Eu o perdoo
por ter medo
Eu não perdoo
por ser covarde
Eu não resisto
a me entregar ao prazer
do seu corpo
só para me divertir
e me perco
na armadilha do amor

Se eu fosse ele,
eu nunca me deixaria ir...
Mas não sou...
Eu deveria parar
de lembrar que
nunca serei ela

Odeio amar você
Não consigo colocar
mais ninguém
acima de você...
Completamente sozinha,
As vezes você me mata lentamente...
Talvez o erro seja meu
Eu só queria ser feliz...

Salvador, 17 de abril de 2017.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A Minha Felicidade



Friedrich Nietzsche

Depois de estar cansado de procurar
Aprendi a encontrar.
Depois de um vento me ter feito frente
Navego com todos os ventos.