sábado, 12 de agosto de 2017

O Som do Silêncio



Danielle Santos Gaspar Dórea

Atente-se para o silêncio a sua volta.
Costuma falar mais que imagina.
Descreve, na ausência ,sua revolta.
Cala a dor que dentro desatina.
Já as palavras, frágeis , nada são.
E olhe a importância que recebem!
Tentam conter o incabível , em vão.
Omitem tudo o que não descrevem.
Emudeça-se como o sábio poeta
Cujo texto ao leitor se faz bonito.
Mais que escritor, tem como meta
Fazer ouvir também o não-dito.
Pois no silêncio tudo e nada cabem,
É uma lacuna a ser preenchida.
É aquilo que as palavras não sabem,

E que pelo silêncio, cria vida.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Conquista em Ciudad Real





Rodolfo Pamplona Filho


Vini, vidi et vici.
O sabor da conquista
é maravilhoso e inesquecível.
Realizar em tempo recorde
aquilo que outros
não conseguem fazer
em toda uma vida
é uma satisfação
que não se quer abrir mão...
Sentir-me como meu amado
Esquadrão de Aço,
buscando mais um...
mais um título de glória
é uma felicidade comparável
a escrever um livro,
plantar uma árvore
ou ter um filho:
é preciso viver para sentir!
E tudo que fica
é a sensação
e a vontade de dizer:
Para o alto e avante!


Ciudad Real, 04 de outubro de 2012

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Ser/Estar Amor



Danielle Santos Gaspar Dórea

O amor virou o meu estado.
Hoje, mais tua que minha.
Sou transbordante, ao seu lado.
Sou incompleta, sozinha.

É estranho me perceber
Quando não mais me basto.
És pedacinho do meu ser
Da minha bandeira, o mastro.

Desejo um reciproco amor
Duas partes de uma mesma estrada.
Quero , no frio, seu calor.
Quero meu coração sua morada.

Que queira Deus,
Que queira você
Eu quis.

Ser meu e seu,
Tornar meu o seu,
E ser um só, feliz.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Aprisionado



Rodolfo Pamplona Filho


A vida além das grades
não passa de uma lembrança
de um sonho longínquo
e a esperança da liberdade
é um sussuro em meio
a um violento tornado...
E, neste fio quase invisível,
busca-se um poder sobrenatural
de adentrar o coração das trevas
sem medo e sem ser incomodado,
para salvar sua vida
das ignonímias infernais
sofridas neste purgatório...
O que será esta força?
A certeza de que é melhor
morrer em pé do que de joelhos...

No trem de Pamplona para Madrid, 03 de outubro de 2012.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

SANGRANDO


António Lafayette

Intensidade morta
Mortificação da sobrevivência
A voz que não nos revela
Mas que sangra o olhar
A moral que reprime (des)amparados
Lança-nos no viver ausente
Encontramo-nos na origem imaginária
O utópico real, o lugar do desejo não permitido
Pertence-se ao inexistente
Inexistência do viver, do desejo
Os olhos sangram, a voz mente
Manifestação inautêntica
Tempo e representação
Intensidade sangrando

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Voltar a Viver




Rodolfo Pamplona Filho


Meu Deus...
Quanto tempo desperdiçado...
podendo estar ao seu lado...
meus olhos se perdem
e se confundem
com o verde do mar...
e trazem a lembrança
que me faz sonhar...
que você é real
e que quero te abraçar...

Mas este mesmo Deus
permitiu-nos o reencontro...
para o qual finalmente
estávamos prontos...
o que talvez, na verdade,
não fosse possível no passado...
pela intensidade e maturidade
do puro amor revelado...

E a cada momento vivido,
que, para muitos, seria incompreensível
é cada dia mais bonito...
é cada dia mais incrível...
e me concede a certeza
de ser um presente da natureza
com uma indescritível beleza...

E não tenha dúvida de que algo nasceu
com animus de definitividade,
o que prova que serei sempre seu
e que voltar a viver não tem idade...

Salvador, 05 de outubro de 2010.

domingo, 6 de agosto de 2017

Sabedoria, Idade e Vida







Israel Correia






Precoce cansaço do assédio dos fracos

E dos agudos latidos em torno da caravana

Cometo crime sensato buscando o nirvana

Abandonando de vez a loucura dos palcos



Nada a ser provado.  Pois na solidão existo.

Sabedoria chega quando o calvário ferra

Necessária é a dor da coroa de espinhos

Ao judeu despercebido do que ela revela



Assim, idade perfeita estes trinta e três

Tenho anos nesta vida pela última vez

Nunca fui o fruto duma só semente



Nunca a mesma terra, nunca a mesma gente

Povo que doravante não vê, não ouve, não fala

Massa inanimada, só consente e cala!