sábado, 16 de dezembro de 2017

Soneto a quatro mãos




Vinícius de Moraes e Paulo Mendes Campos


Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado. 

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado. 

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse. 

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Sobre a imagem no espelho



Rodolfo Pamplona Filho

Na imagem no espelho,
vejo as roupas combinando
Na imagem no espelho,
percebo os corpos se encaixando
Na imagem no espelho,
há um momento que se eterniza
Na imagem no espelho,
a tormenta vira brisa
Na imagem no espelho,
aprendo sobre a beleza
Na imagem no espelho,
percebo a sutileza
Na imagem no espelho,
descubro com atenção
que, na imagem no espelho,
encontro a perfeição.

Salvador, 20 de agosto de 2017.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Terra e Mar ou Mar e Terra?



Paulo Basílio

Um oceano a lhes separar.

O mesmo sol, o mesmo mar.

A mesma terra. O mesmo luar,

Só não o mesmo lugar.



Tão perto,

No pensamento,

Mas tão distante,

No firmamento



Como naufrago numa ilha,

Com um mar à frente,

Vê-se como indigente.



A distância é de milhas,

Apesar de chamar Terra,

É o Mar que tudo encerra?



quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Minha Marina


Rodolfo Pamplona Filho

Minha Marina
não é morena,
nem sequer se pintou...

Minha Marina
faz de tudo,
inclusive um favor...

Pode pintar o rosto
e o sete, com gosto,
como tudo que é seu..

Marina, você já é linda
e será sempre linda
com o que Deus deu...

Com você, nunca me aborreci,
nem me zanguei...
Isso, eu posso falar...

pois quando eu chamo Marina,
só sei me alegrar...

Eu já passei por tanta coisa...
Você nem sabe o que é chorar...
Desculpe, Marina minha,
mas nunca deixarei de amar...

Praia do Forte, 04 de julho de 2011.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Marina, morena



Dorival Caymmi

Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu
Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar
Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outra igual
Desculpe, marina, morena
Mas eu tô de mal

Marina, morena
Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu
Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar
Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outra igual
Desculpe, marina, morena
Mas eu tô de mal
De mal com você
De mal com você

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Momentos de Solidão



Rodolfo Pamplona Filho

Preciso de momentos
de pura solidão,
em que todo sentimento
escapa do coração
para virar poema, lamento
ou mesmo uma canção.

Preciso de instantes
para a respiração
e saber que não é o bastante
para recuperar a inspiração,
quando seguir adiante
é a única solução

Preciso de um tempo
para organização
de todos os pensamentos
que turvam a visão
de quem não perde a esperança
de acalmar seu coração.


São Paulo, 23 de setembro de 2017.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Quadrilha



Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.