segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

As palavras



Rodolfo Pamplona Filho

As palavras se gastam
com o uso
e se prostituem
com o abuso.

Brasília, 09 de outubro de 2018.

domingo, 30 de dezembro de 2018

Amor Feinho



Adélia Prado

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero um amor feinho.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Amor sem promessas



Rodolfo Pamplona Filho

Quando se ama,
fazem-se promessas,
como se houvesse necessidade
de verbalizar
que se pode fazer tudo
por amor

Mas prometer gera expectativas
que, quando não realizadas,
causam uma frustração,
como se o amor perdesse força
por uma promessa não cumprida.

É olhar uma parte pelo todo,
o acessório pelo principal,
o detalhe pelo conjunto,
o universo por um lugar
a vida por um dia

Amar não exige promessas
Amar exige amar
Amar sem promessas
Amar, simplesmente amar.

Salvador, 06 de julho de 2018.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Aquarela do Brasil



Ary Barroso

Brasil
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingá
Ô Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Prá mim… prá mim…

Ô, abre a cortina do passado
Tira a Mãe Preta do serrado
Bota o Rei Congo no congado
Brasil! Brasil!
Deixa cantar de novo o trovador
À merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver a “Sá Dona” caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Brasil!
Prá mim… prá mim…

Brasil
terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
Ô Brasil, verde que dá
Para o mundo se admirá
Ô Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Prá mim… prá mim…

Ô, esse coqueiro que dá côco
Oi, onde amarro a minha rêde
Nas noites claras de luar
Brasil! Brasil!
Ah, ouve essas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincá
Ah, este Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Prá mim… prá mim…

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Amor é (quase) tudo



Rodolfo Pamplona Filho

Amor é quase tudo,
mas o quase não é irrelevante
O que falta ao amor
para ser impactante?
Talvez um pouco de cuidado
Talvez um carinho inesperado
Talvez uma torcida explícita
Talvez uma entrega sem retorno

Amor é quase tudo,
mas o quase não é irrelevante
O que falta ao amor
para ser incessante?
Talvez uma dose de mistério
Talvez um suspiro no espelho
Talvez um choro em desabafo
Talvez um frio na barriga no encontro

Amor é quase tudo,
mas o quase não é irrelevante
O que falta ao amor
para ser acachapante?
Talvez um bilhete inesperado
Talvez uma surpresa no acordar
Talvez dormir agarrado
Talvez nunca parar de sonhar

Salvador, 27 de outubro de 2018.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Verdades



Rodolfo Pamplona Filho

Quando estiver triste
e se sentindo só,
lembre que eu existo
só por você

Saber que você existe
é poder ter esperança
de viver um amor
e nunca mais ser triste.

Salvador, 20 de março de 2018.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

domingo, 23 de dezembro de 2018

sábado, 22 de dezembro de 2018

Tempo Perdido



Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo

Todos os dias antes de dormir
Lembro e esqueço como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder

Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério

E selvagem
Selvagem
Selvagem

Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus olhos
Castanhos

Então me abraça forte
Me diz mais uma vez que já estamos
Distantes de tudo

Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora

O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido

Somos tão jovens
Tão jovens
Tão jovens

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Sobre Amar



Rodolfo Pamplona Filho

Brilhante não é a vida.
Brilhante é o amor que brilha em nós
Novidade não é o que acontece:
é o que fazemos acontecer.
Cada dia pode reservar
uma nova chance de viver
ou de amar...
E o amor pode ser
uma cadeira cativa de um estádio,
uma poltrona confortável de um teatro
ou um banco duro de um ônibus.
Tanto faz...
De qualquer forma, vale a pena vivê-lo.

Salvador, 08 de fevereiro de 2018.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Viagem Passageira


Gal Costa

O sonho é ter tudo resolvido
Com o passar do tempo pela vida
A casca da ferida se formando
A cicatriz na pele do futuro
A pele do futuro finalmente
Imune ao corte, à lâmina do tempo
O tempo finalmente estilhaçado
E a poeira sumindo no horizonte

O sonho é ter tudo dissolvido
O corpo, a mente, a fonte da lembrança
Enfim, ponto final na esperança
Somente as ondas soltas no oceano
Não mais o esperma e o óvulo da morte
Não mais a incerteza do binário
Um tempo liso sem o fuso horário

Não mais um sim, um não, um sul, um norte
O sonho dessa canção passageira
Mochila da viagem passageira
Passagem nessa vida passageira
Para uma vida ainda passageira

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Suyolak



Rodolfo Pamplona Filho

Lenda cigana
Mestre Imortal
das Artes Médicas
Esperança
da cura
de todo mal.
Sonho eterno
de uma vida imortal.

Praia do Forte, 03 de junho de 2018.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Meu destino


Cora Coralina

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018



Rodolfo Pamplona Filho

Quero uma palavra
Quero um carinho
Quero um estímulo
Quero um beijinho
Quero um conselho
Quero uma advertência
Quero paciência
Quero sapiência
Quero um afago
Quero uma esperança
Quero nunca mais ficar sozinho...

Mas só recebo uma resposta:
Tá!

Salvador, 01 de abril de 2018.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Pra você guardei o amor



Nando Reis

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Guardei
Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

sábado, 15 de dezembro de 2018

Sobre Rompimentos



Rodolfo Pamplona Filho

É triste saber que
só se valoriza
o que se tem
na hora em que
está perdendo...
Quando esteve
sempre ali ao lado,
nunca pediu nada
(ou, se pediu,
nunca foi atendido)
e fez tudo por todos,
mas, mesmo assim,
somente foi deixado
na sua solidão.
A impressão que fica
era que o protagonismo
era apenas um disfarce
inconsciente, mas real,
para a incapacidade
de efetiva vibração.

Salvador, 25 de junho de 2018.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Quem vai dizer tchau?



Nando Reis

Quando aconteceu? Não sei
Quando foi que eu deixei de te amar?
Quando a luz do poste não acendeu
Quando a sorte não mais soube ganhar
Não foi ontem que eu disse não
Mas quem vai dizer tchau?

Onde aconteceu? Não sei
Onde foi que eu deixei de te amar?
Dentro do quarto só estava eu
Dormindo antes de você chegar
Mas não foi ontem que eu disse não
Mas quem vai dizer tchau?

A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos sem virar carinho
Guardar lá dentro amor não impede
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito
Tornar o amor real é expulsá-lo de você
Pra que ele possa ser de alguém

Somos se pudermos ser ainda
Fomos donos do que hoje não há mais
Houve o que houve é o que escondem em vão
Os pensamentos que preferem calar
Se não, irá nos ferir um não
Mas que não quer dizer tchau

A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos sem virar carinho
Guardar lá dentro amor não impede
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito
Tornar o amor real é expulsá-lo de você
Pra que ele possa ser de alguém

Possa ser de alguém
Possa ser de alguém
Ser de alguém!
Oh! Não!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A Alma Doente




Rodolfo Pamplona Filho

O corpo dói
e pede ajuda
a quem sequer sentiu
a força da dor na alma.

A cabeça lateja
e reclama
de quem não viveu
a intensidade da alma.

O espírito fraqueja
e rasteja
por não conhecer
a cura da doença da alma.


Praia do Forte, 24 de junho de 2018.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Trem Bala



Rodolfo Pamplona Filho

Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós

É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito, é saber sonhar
Então fazer valer a pena
Cada verso daquele poema sobre acreditar

Não é sobre chegar
No topo do mundo e saber que venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo
E também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo em todas as situações

A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim

Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar
E sim sobre cada momento, sorriso a se compartilhar
Também não é sobre
Correr contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera a vida já ficou pra trás

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir

Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Ninho Mofado



Rodolfo Pamplona Filho

Por mais que amemos
viver o nosso canto,
ninhos também mofam
e nunca voltam ao que eram...
Resta saber
se o costume do espaço
superará o cansaço
de nunca mais respirar livremente...

Salvador, 21 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O Leãozinho



Caetano Veloso

Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho

Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar no mar

Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar no mar

domingo, 9 de dezembro de 2018

Resumo da Vida



Rodolfo Pamplona Filho

Meu caminho foi repleto
de presentes nunca abertos
que só foram descobertos
no momento da separação

Minha vida é uma sequência
de perdas da inocência,
pois não há inteligência
que impeça a frustração

Minha tristeza é uma constante,
que está presente a todo instante,
não por medo do que está adiante,
mas pela opressão da solidão.

Salvador, 02 de setembro de 2018.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Oração ao Tempo



Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, tempo, tempo, tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo, tempo, tempo, tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo, tempo, tempo, tempo
Quando o tempo for propício
Tempo, tempo, tempo, tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo, tempo, tempo, tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo, tempo, tempo, tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo, tempo, tempo, tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Não serei nem terás sido
Tempo, tempo, tempo, tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Portanto, peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo, tempo, tempo, tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Desilusão



Rodolfo Pamplona Filho

Eu já devia estar acostumado
com as pancadas da vida...
mas ainda doi.

Eu já devia estar preparado
para nunca ser satisfeito...
mas ainda sinto falta.

Eu já devia estar calejado
pela frustração de não ser feliz...
mas ainda cultivo a esperança.

A desilusão me derruba
principalmente quando acho
que tudo poderia mudar.

Salvador, 28 de fevereiro de 2018.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Deusa do amor



Caetano Veloso e Moreno Veloso

Tudo fica mais bonito quando você está por perto
Você me levou ao delírio por isso eu confesso
Os seus beijos são ardentes
Quando você se aproxima o meu corpo sente
Os seus beijos são ardentes
Quando você se aproxima o meu corpo sente
Vem pra cá deusa do amor
Vejam o bloco Olodum ao passar na avenida
Todos cantando felizes de bem com a vida
Caminhando lado a lado
Formamos um belo casal somos dois namorados
No suingue dessa banda
Balança o mais forte alicerce que tem neste mundo
O cupido me flechou
Foi no bloco Olodum que encontrei meu amor
Vem pra cá deusa do amor
Vem me embalar, neném

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Nem sempre



Rodolfo Pamplona Filho

Nem sempre os melhores
tomam as melhores atitudes

Nem sempre os competentes
Agem com racionalidade

Nem sempre os belos
praticam boas ações

Nem sempre a banda
toca nossas canções

Nem sempre se pode
ter tudo da vitrine

Nem sempre se explode
com quem só te oprime

Nem sempre a resposta
é o que se espera

Nem sempre que se pode
reprimir a sua fera.

Salvador, 03 de setembro de 2018.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Todo Homem




Caetano Veloso (Part. Zeca Veloso e Moreno Veloso)

O sol, manhã de flor e sal
E areia no batom

Farol, saudades no varal
Vermelho, azul, marrom

Eu sou cordão umbilical
Pra mim nunca tá bom

E o sol queimando o meu jornal
Minha voz, minha luz, meu som

Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe

O céu, espuma de maçã
Barriga, dois irmãos

O meu cabelo negra lã
Nariz, e rosto, e mãos

O mel, a prata, o ouro e a rã
Cabeça e coração

E o céu se abre de manhã
Me abrigo em colo, em chão

Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O que se quer de um amor



Rodolfo Pamplona Filho

O que se quer de um amor?
Sonho na infância
Parceria na juventude
Compreensão na maturidade
Solidariedade na solidão da velhice...

Salvador, 25 de março de 2018.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Futuros Amantes



Chico Buarque

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

sábado, 1 de dezembro de 2018

O Prego no Caixão




Rodolfo Pamplona Filho

A última nota na canção.
O arremate da costura
O ponto final na redação
O encerramento da semeadura
O beijo de despedida
O suspiro final
A lágrima vertida
O pecado original
O Adeus na partida
O final da festa
A palavra definitiva
O que mais nos resta

Praia do Forte, 03 de junho de 2018.