sábado, 13 de janeiro de 2018

Tédio




Hermes

A vida sem poesia é um tédio,

que entristece a alma

por não haver na melodia,

o reluzir enluarado

o encanto da natureza,

com o brilho das estrelas

e o calor do sol

cantado em versos

a alegria de viver

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Entre a Prevenção e a Poesia



Rodolfo Pamplona Filho

Retiraram todas as plantas
e terra das nossas jardineiras.
Decisão do condomínio

Finho me ligou com a pergunta:
Por que acabaram
com o meu quintal?

Lá nasceram
vários passarinhos,
parecia uma maternidade

Lá as flores já estavam
entrando pela janela do banheiro
e ele olhava enquanto tomava banho

De lá tiramos folhas
para fazer pinturas e decalques
na prova de que a natureza se renova.

Lá ele aprendeu que
as plantas precisavam de água
e nós usávamos um pequeno regador

Lá se podia perceber
que, para fazer poesia,
basta olhar ao seu redor.

Salvador, 20 de setembro de 2017.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

E LA NAVE VA.



Genesio Vivanco


E la nave va.

Nevoeiro.

Ao fundo nada se enxerga.

Não sei qual será o futuro

Ou o que vem primeiro.

Sem passado seguro

O presente é incerto.

Como chegar ao destino

Sem um timoneiro?

Deus me ajude,

Estou inseguro.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O Medo Normal do Futuro



Rodolfo Pamplona Filho

Tenho medo
De nunca me libertar...
De nunca conseguir ser eu mesmo...
De nunca viver publicamente
o amor mais linda de todas as vidas...

O medo é normal...
Mas penso no amanhã...
No futuro que espera...
Não choro mais...
agradeço a Deus, ou ao mundo,
porque houve o encontro

Era uma probabilidade tão pequena,
com Mundos tão distantes,
mas o destino sorriu...
E o que era improvável
se tornou possível
e virou realidade.
E assim será...

Salvador, 28 de novembro de 2017.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

MINEIRIDADE VS. MINEIRICE


Pepe Chaves

"Rapadura é doce, mas não é mole, não" não é um provérbio mineiro, é a diferença topológica entre "mineiridade" e "mineirice".   Minas são tantas, pelo menos duas, adjacentes, numa distância justaposta e infinita, mas é bem ali pertim. 

Mineiridade só espia, mineirice espiona.  Mineiridade é culto à simplicidade, mineirice cultiva mediocridade. Mineiridade conjura, a outra conspira. Mineiridade é prudência, mineirice omissão, reserva mental; mineiridade é silêncio eloquente.

Uma é cuidado com as palavras e as suscetibilidades, a outra é fofoca, pé do ouvido. A mineiridade proseia, mineirice entra num ouvido e sai noutro. Mineiro não joga conversa fora, mineirice ridica ideias.

Minas ora et labora, a beata só faz hora na missa. Mineiro finge que não sabe, mineirice só desconfia.

Com a alma, o mineiro pontifica a política do consenso; na mineirice, não desce do muro. Numa conserva direitos, noutra, é pura inércia social.

Mineiro cavuca palavras, minera sentimentos, escava desejos. Mineirice socava e solapa. Mineiridade não exibe, o outro enterra. Um guarda segredo, outro queima arquivo.

Mineiridade é introvertida, mineirice é enrustida. Mineiridade custa muito a empenhar palavra, é a última a assumir compromisso; mineirice só é solidária no câncer, na hora morte, amém.

Vem da alma a mineiridade, serena e espiritual; mineirice é só espírito de porco. Mineiro é oculto, mineirice é o culto secreto. Enfim, Minas é montanha, mineirice amontoa.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Sabor Inusitado



Rodolfo Pamplona Filho

Qual é o seu sabor?
Talvez um corte de tannat
com pinot noir...
Inusitado

Qual é o seu sabor?
Talvez a emoção
do suor e do tesão...
Inusitado

Quando o universo conspira,
não vale a pena resistir...
o melhor é sentir
a energia da onda
que renova a sinergia entre
e o gosto de viver...

Inusitado.
E Surpreendente.



Recife, 14 de novembro de 2017