sábado, 14 de julho de 2018

Ninho Mofado



Rodolfo Pamplona Filho

Por mais que amemos
viver o nosso canto,
ninhos também mofam
e nunca voltam ao que eram...
Resta saber
se o costume do espaço
superará o cansaço
de nunca mais respirar livremente...

Salvador, 21 de fevereiro de 2017

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Reencontro


Denise Lefrançois


Eu preciso descobri-lo

E quanto mais afundo

Vou me perdendo em

Mim mesma...

De camada em camada

Vou desnudando sua essência

sempre em busca de algo

Que vai me doer

Não por ser ele

Mas por seu eu

Algo que não foi dito

Me deixou perdida assim

Mergulho fundo agora em mim

Preciso descobrir-me...

Naquele espelho que escolhi

Para ver o que está a frente

Algo que não me foi mostrado

Procuro

Mas tudo é opaco

E sofro

Porquê é nele que

Estão minhas próprias respostas

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Desejo morrer



Rodolfo Pamplona Filho

Desejo morrer
por não poder
fazer mais do que
fiz para você,
na ilusão de que controlaria
onde o Sol um dia se poria.

Desejo morrer
por não conseguir
fazer você afinal sorrir
depois de uma vida
de luta, dor e lamento
como se sua sina fosse o sofrimento.

Desejo morrer
por não consumar o
tudo que sonhei realizar,
sentindo-me preso
a uma vida sem sabor
onde nunca terei o fogo do amor.

Salvador, 16 de junho de 2018

quarta-feira, 11 de julho de 2018

ARTIGO 59-A DA CLT



Na primeira impressão

Parece favorável

Para o art.7º, XIII, da Constituição

É inaceitável



Ao legislador ordinário

Não cabe abrir exceção

Sem comentários

Ir contra a Constituição



Atividades braçais

12 horas de jornada

Atividades intelectuais

Uma pressão instalada



Fadiga excessiva

Irritabilidade

Lei abusiva

Inconstitucionalidade.



Jorge da Rosa

terça-feira, 10 de julho de 2018

Elite




Rodolfo Pamplona Filho

Os Privilegiados
Os Herdeiros dos Reality Shows
Os Políticos do Um por Cento
Os Playboys Bilionários
Os Adoradores do Pato
Os Batedores de Panela
Os Cultuadores do Ódio
Os Bem-Nascidos
Os que se acham
Os de sempre,
mesmo que mudem as caras.

Praia do Forte, 03 de junho de 2018.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Minha querida, minha amada



Bruno Terras


Minha querida, minha amada,

agora que tanto se passou,

que mesmo a última esperança despedaçou,

é mais fácil admitir minha culpa

por seu agastamento, por não saber dizer,

no momento mais importante,

em que nada mais era significante,

uma palavra de amor.



Agora, quando nada resta,

quando não há nenhum motivo para aresta,

nem mesmo é relevante estar próximo ou distante,

desabafar é tonificante,

ainda que o alívio do espírito

não seja lenitivo para a dor

que cada parte do corpo sente

por ausência de seu calor.

Respiro profundamente e sem temor.



Quem não é de Deus que não repare

a confusão de um crente

no instante da separação.

Quem é do terreno infundado,

dos suspiros sem retorno,

do piso sem chão e que desequilibra,

que me aguarde,

estou descendo do campanário

que enganei merecer

e não me pertence nele viver.



Sorriem por me calar,

deprimem o sentimento de tocar.

Tudo que direi no oportuno.

Pagarei pelo deslate e nada reclamarei,

pregado por pés e punhos

de frente ao recôncavo de abominável destino.

Que significa agora dizer,

se o que disser já nada puder prover?



Torno os olhos para o poente

e apenas sei que se nada fizer

nem perdão dos meus netos merecerei.

Os sinos de que antes zombei,

agora tocam pelo meu silêncio

e eu nem sabia que era possível

sofrer depois do espírito liberto

de um corpo sem álibi sequer para morrer.

domingo, 8 de julho de 2018

Síndrome do Pequeno Poder - SPP

Rodolfo Pamplona Filho

Há poucas coisas tão irritantes
quanto a arrogância
do pequeno conhecimento:
o indivíduo não abriu ainda seus horizontes
- e talvez nunca os abra –
mas acha que sabe o suficiente
para ensinar tudo à humanidade

Talvez seja como meu pai,
tão convicto de suas tolices,
que achava relevante transmiti-las...
Talvez seja como minha mãe,
tão convicta de suas mentiras,
que achava normal reproduzi-las...

E quando criaturas assim
assumem posições de relativo destaque
dão ensejo a um fenômeno particular:
é a SPP – Síndrome do Pequeno Poder,
em que qualquer coisa é motivo
para manifestar a sua prepotência.

Nada está certo para eles!
Nada presta para eles!
O que seria um pequeno erro,
com eles, transforma-se em um drama,
comparável a uma tragédia urbana
ou a um novo ataque de Osama...

Só existe um jeito certo
de fazer as suas coisas:
o seu jeito!
Só há graça em suas próprias piadas...
Só há inteligência em seus comentários...
Só há lógica em seus métodos...
Só ele... E nada mais...

Tentar dialogar é inútil,
sua opinião será ignorada!
Tentar reagir é contraproducente,
você será tratado como um inimigo,
que deve ser esmagado
como um inseto
na sola dos seus sapatos.

Por isso, desista!
Não há salvação para este tipo de monstro,
pois a burrice tem limites,
mas a estupidez é infinita...