sábado, 2 de fevereiro de 2019

Justiça



Jorge da Rosa

Brilhas como aurora que víamos outrora
Que encanto esse teu, insuflação divina
És como o mar, de admirar
És sol, és chuvas, inundas os corações
Estouras represas, és fortaleza
Mínima é minha força
Escravo dessa moça
Máxima é minha paixão que só
Não tem capacidade de
Perturbar o juízo e a conduta
Pelo código da paixão estás
Cometendo um crime:
Ler meu coração.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Nem tudo tem preço



Rodolfo Pamplona Filho

Nem tudo tem preço
Dignidade não tem
Amor não tem
Felicidade de verdade
também não

Nem tudo tem preço
e o que você me pede
não tem como ser aceito
sem tirar um pedaço de mim.

Nem tudo tem preço
e, se você fizer
o que me violenta
vai finalmente aprender:
Nem tudo tem preço,
mas tudo tem troco

Salvador, 08 de dezembro de 2018.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Tudo Bem



Drica Serra

moça,

tudo bem ser indecisa

quanto ao sabor do sorvete,

a camiseta, a pizza, a faculdade.

mas jamais aceite viver com a dúvida

sobre o amor de alguém por você. não dá pra

amar escondido, o amor salta, se mostra,

derrama pra todos os lados. se você não

o vê, acredito, ele não existe.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Mudando para você



Rodolfo Pamplona Filho

Vou mudar
minha cara,
minha casa,
minha fala

Vou mudar
meu endereço,
meu adereço
minha composição

Vou mudar
a minha postura.
a minha estrutura,
o meu caminhar

Vou mudar
tudo em mim
para poder
ser o mesmo para você.

Salvador, 14 de outubro de 2018.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Simultaneidade




Mário Quintana

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Ego e Alma



Rodolfo Pamplona Filho

Ser importante é do Ego
Ser feliz é da alma
Ser valorizado é do Ego
Realizar-se é da alma
Ter títulos é do Ego
Saber é da alma
Ser lembrado é do Ego
Fazer é da alma
Ser reconhecido é do Ego
Ter amigos é da alma
Ser casca é do Ego
Ser essência é da alma

Salvador, 21 de julho de 2018.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Uma certa arte




Elizabeth Bishop

(tradução de Nelson Ascher)

A arte da perda é fácil de estudar:
a perda, a tantas coisas, é latente
que perdê-las nem chega a ser azar.

Perde algo a cada dia. Deixa estar:
percam-se a chave, o tempo inutilmente.
A arte da perda é fácil de abarcar.

Perde-se mais e melhor. Nome ou lugar,
destino que talvez tinhas em mente
para a viagem. Nem isto é mesmo azar.

Perdi o relógio de mamãe. E um lar
dos três que tive, o (quase) mais recente.
A arte da perda é fácil de apurar.

Duas cidades lindas. Mais: um par
de rios, uns reinos meus, um continente.
Perdi-os, mas não foi um grande azar.

Mesmo perder-te (a voz jocosa, um ar
que eu amo), isso tampouco me desmente.
A arte da perda é fácil, apesar
de parecer (Anota!) um grande azar.