terça-feira, 30 de novembro de 2021

Pretos e pretas também sabem

 





(Negra Luz)


Pretos e pretas também sabem…

Sabem de sentimento, de dengo.

Sabem de chamego,

Alforriar-se dos próprios medos,

Entregar-se

E viver o amor.


Pretos e pretas também sabem…

Sabem de alegria e de festa.

Sabem de beijo na testa,

Namorar com delicadezas,

Acarinhar-se

E trazer rosas na mão.


As cicatrizes, ainda espessas, sangram

E, para muitos e muitas, é ferida recente!

Fruto de prática perversa...

Retintam o preto e a preta,

Nutrem a idéia de que preto e preta tem couraça,

De que vida de preto e de preta é ciclo sem fim de dor.


Das tintas impostas retiramos tudo,

Pretos e pretas são pretos e pretas 

E nossa pele não é couro.

O que foi chicoteado e sangrado foi o nosso escudo.

Ele é ancestral… Segue.

Os que não sobreviveram se integraram a ele,

Os sobreviventes foram mais fortalecidos,

 E, assim,

Pretos e pretas seguem….

E sabem

Amar!

Amar suas mulheres 

Seus maridos,

Seus filhos e filhas,

Suas famílias,

Seus amigos e amigas...


Talvez seja este o nosso maior ato de resistência:

Pretos e pretas saberem amar.

Saberem sorrir,

Saberem viver com alegria.

Saberem viver o amor.

E sabe por quê?

Na essência,

A nossa alma é alforriada!

Subjugaram, historicamente, os nossos corpos,

Mas, ainda que tenham investido na total desumanização de pretos e pretas,

Não alcançaram integralmente a liberdade

Do nosso coração,

Do nosso pensar,

Do nosso sentir.

E, assim,

Resistimos!

E, assim, a nossa resistência:

Pretos e pretas sabem

AMAR.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Muzuá, Puçá e Caçuá

 




Muzuá é a armadilha,

que espera sua vítima

ou decora uma casa;

Puçá é a rede

que impede o siri

de se desvencilhar;

Caçuá é o cesto

que transporta a cangalha

no lombo de um jegue:

Muzuá, Puçá e Caçuá,

três formas de entrelaçar

o que o destino proporcionar.

 

Salvador, 02  de novembro de 2020

domingo, 28 de novembro de 2021

Desclassificando as cores

 



(Negra Luz)


Quis ser primária,

E secundária também fui.

Quis estar no topo.

E fui a mais TOP.

Como fui!

O sol vibrante.

O fogo Ardente.

E um mar de amor

Mais ao poente,

Presenteei-me de ametiste

E, ao jequitibá, avistei a luz.

Eram secundárias as cores ali presentes 

E a beleza...

Tão maior!

Tão igual!

E, num instante angelical,

As cores não tinham classe.

Tinham valor igual.

sábado, 27 de novembro de 2021

Lidando com Idiotas

 



Não é fácil lidar com idiotas:

conviver com quem já se sabe

o que vai falar

ou como vai se comportar...

Aquele tipo de gente

que incomoda pela presença,

pelo tom ou pelo assunto,

mas que insiste em estar junto,

apresentando sua opinião

como se fosse uma dúvida legítima

ou um exercício de um ponto de vista,

e não uma mera reprodução

de um chavão ou bordão,

repetido à exaustão,

no grupo de WhatsApp da ocasião.

Para eles, o ódio

está sempre à mostra,

a concordância a si

é sempre imposta

e, para sobreviver,

somente há uma proposta:

para idiotas, o silêncio

é sempre a melhor resposta.

 

Praia do Forte, 29 de dezembro de 2020.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Exército de Jorge

 



(Negra Luz)


Uma moça me avisou

Que da Lua viria um aviso.

Eu, descrente, disse:

Para com isso!

Daqui a pouco dirão:

São Jorge aportará aqui!

Eu sorri.

Desdenhei da moça.

E, quando a Lua enquadrou com força,

Eu supliquei,

Eu orei!

Acredite. É verdade!

Um exército se mostrou realidade,

Prestou continência para mim.

Aliou-se na minha luta,

Veio para o meu fronte, 

Cuidou de mim!

E, com lágrimas, perguntei:

Quem era o líder?

Todos responderam: 

Salve, Jorge! Salve, Jorge!

E eu, com lágrimas, 

Mandei um bom pensamento para a tal moça,

Desculpei-me

E a São Jorge agradeci!

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Fake News na Pandemia

 




A Internet

deu voz

a quem não tem

o que dizer

e que acaba

dizendo

o que não consegue esconder:

a sua própria raiva,

ódio e ignorância,

misturados com a insegurança

de simplesmente

antipatizar

quem virou alvo

do seu difamar,

como se seu mal querer

pudesse justificar

ou verdade tornar

o fel que escorre

no íntimo do seu ser.

 

Salvador, 25 de julho de 2020

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Ironia ou faceta

 



(Negra Luz)


Não há surpresa!

O homem agoniza o que a sua mãe vem agonizando...

Falta-se oxigênio no Pulmão do Mundo.

O povo amazonense é mais um filho deste Pulmão.

Agoniza o que já é agonia para Amazônia: 

Nas matas, o fogo, a seca, levou fauna, levou flora, secou córrego, obriga indígena a sair do seu lugar.

Há fotografias dessa triste realidade,

Que muitos querem camuflar.

Gasta-se milhões para encomendar novo satélite,

Economiza-se com a fiscalização. 

Paradoxos ou faces da mesma moeda...

Uma alimentada pela outra.

Agora é a vida humana que está a agonizar...

Exaurimento de um crime complexo,

Anunciado por cada metro quadrado de mata que foi...

Vidas seguem arfando pelo Oxigênio 

O povo caboclo importa!

Mas são parte de um ecossistema maior: Amazônia. 

E ela é Brasil! 

E ela é Mundo!

E ela é nosso Pulmão!

E nela o nosso Oxigênio!

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Papéis na vida

 





Cada pessoa precisa entender

o seu papel em sua vida.

Há quem nasça para protagonista

e há quem seja coadjuvante...

Mas quem é apenas figurante

também é a estrela principal

da sua própria história.

Descobrir o papel que lhe é reservado

neste imenso palco sagrado

pode ser a diferença entre ser

consciente e conformado,

resolvido e revoltado,

vitorioso e derrotado.

 

Salvador, 24 de novembro de 2020.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Oásis





(Negra Luz)


Quando a minha sede não encontrava os olhos d’água 

Que sempre saciavam meu coração

Ou tão secas as almas

Sem que houvesse ninguém 

Para a dança da chuva aventurar

Ou se, só, quisesse ouvir A Banda e passar

Sem me olharem como um disco velho que nunca emplacou

Era você que se apresentava

Toda a seca, por um instante, se convertia em ilusão

Havia coqueiros

Rio fluindo

Roupa encharcada

Eu na beira do mar

Acalmava-se meu furacão

Nimbus se dissipavam

Enxergava outras estradas

Em vicinais, achava bicas onde molhava o rosto

Bebia um gole d’agua fazendo de concha a mão 

E muito do que me faltava 

Por você, poesia, me fartava 

Um oásis para minha emoção

domingo, 21 de novembro de 2021

Sobre a Caminhada





Para fazer qualquer caminhada,

é evidente que se precisa

dar o primeiro passo,

mas, depois do passo dado,

a ansiedade pelo resultado

aflige tanto quanto

ainda não ter começado...

 

Salvador, 4 de janeiro de 2021.

sábado, 20 de novembro de 2021

O que me atrai



Olhos... que não me acuam em padrões, 

Que me enxergam inteira,

Que me desnudam vestida.

Viril!


Boca... que não deprecia ninguém,

Que dialoga com paz,

Que beija como vento.

Lindo!


Mãos... que não violentam,

Que trabalham e buscam sonhos,

Que abraçam me acolhendo.

Gostoso!


Ombros... que não me oprimem,

Que estejam ao lado,

Que estejam disponíveis pertinho de mim.

Safado!


Peitos... que não inflem, subjugando-me,

Que compartilhem suas vitórias,

Que construam comigo as trilhas de si.

Muralha!


Barriga... que não se esqueça o que é vida,

Que não conte as minhas estrias,

Que entenda as entrelinhas em mim.

Sedutor!


Falo... que não ande por aí desprotegido,

Que quando esteja comigo,

Que seja entrega de dois.

Voraz!


Bumbum... que não sente e espere,

Que não me pare, nem me acelere,

Que deixe no meu ritmo seguir.

Sagaz!


Pernas... que não chutem-se o balde, me esquecendo,

Que sejam fortes e parceiras,

Que ergam corpo e sonhos.

Perspicaz!


Pés... que não se percam em qualquer vento,

Que sigam suas próprias rotas,

Que também confluam para mim,

Próspero.


Esse é o homem que eu desejo inteiro,

Que, inteira, miro os seus beijos,

Que quero na vida, na cama,

Ao lado de mim!


 (Negra Luz)

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Amor em Você






Eu descobri amor em você

e isso transformou a minha tristeza

em profunda esperança

 

Eu descobri amor em você

e isso converteu a minha descrença

em um retorno para a fé

 

Eu descobri amor em você

e isso me mostrou

que há sempre outro caminho

 

Eu descobri amor em você

e isso renovou o desejo

de, um dia, ser feliz

 

Salvador, 08 de janeiro de 2021.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Seja e esteja Feliz!





Hoje, quero mais é ser,

Ser humano,

Ser pessoa.

Importar menos com coisa.


Cansado que querer

Ter e continuar a manter

Mesmo que só na aparência,

Tranquilidade na sobrevivência.


Ser e estar.

Não tem melhor solução.

Ser feliz e estar contente.


Ter isto na mente

E no nosso coração.

Sempre seja e esteja.


Paulo Basílio - 01/08/2020

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Psicóloga de Botequim




Muitas vezes, precisamos ouvir

o que parece óbvio

aos olhos dos outros,

mas ainda não foi

internalizado no coração...

Aprender a escutar

e a baixar a sua bola

pode ser um bom caminho

para se redescobrir

e um novo caminho seguir...

Por isso, agradeça a quem

ousa dar a sua visão

sobre problemas que

não parecem ter fim

e nunca despreze

a sua psicóloga de botequim...

 

Salvador, 06 de janeiro de 2021.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Sim, tudo








Tudo estalo.
Tudo audiência.
Tudo click.
Tudo emoji.
Tudo Bauman.
Tudo calefação.
Tudo João!
Tudo George!
Tudo Miguel!
Tudo triste.
Tudo “migué”.
Tudo RACISMO.



(Negra Luz)

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Desilusão





A gente pensa  

que o emprego sempre estará lá, 

que conseguirá se desdobrar, 

que a saúde sempre estará boa 

que a vida será longa... 

 

A gente pensa  

que tudo vai dar certo 

que sempre estará perto 

que será sempre esperto 

que nunca ficará descoberto  

 

A gente pensa  

que vai viver eternamente, 

que a dor não é permanente, 

que nossos pais nunca faltarão 

até o dia da desilusão... 

 

Salvador, 05 de fevereiro de 2021. 

domingo, 14 de novembro de 2021

Desnuda






 (Negra Luz)


A poesia não me permite conter me em segredos.

Ela sussurra, através dos meus versos, o que não escrevi:

Traduz em onomatopeias meus sentimentos,

Cochicha pelas entrelinhas, expõe me nos acentos,

Quando findo uma estrofe, ela ainda fala por mim.

Um delatora camuflada por metáforas e rimas,

Revela a métrica do que escrevo e, quando menos espero,

Me vejo desnuda diante de ti:

Meu leitor, minha leitora.

sábado, 13 de novembro de 2021

Sabe...




Sabe ...  

por vezes, esperei  

uma reposta sua,  

mas não entendi  

que já respondera 

da forma mais pura... 

 

Sabe... 

Talvez não tenha  

tido ouvidos para  

ouvir o silêncio... 

sei que ele é música, 

por vezes ensurdecedora 

por vezes detentora 

de todos os sentidos... 

 

Sabe... 

Você me respondeu  

tantas vezes  

e eu não escutei... 

O vazio é uma reposta  

que também nos é imposta... 

 

Será a pandemia? 

Será o dia a dia? 

Será falta de razão? 

Ou foi o grande coração? 

Não sei,  

só sei  

é só você  

sabe... 

que você respondeu  

e eu não ouvia.  

 

Salvador, 5 de fevereiro de 2021. 


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

AMARGO PRESENTE-PASSADO



                                      
       

A caravela ancorava em outras terras

O bramido da revolta ecoava pelo verde intocado
Os sonidos das correntes esmorecia o belicoso
Os irados resvalavam sobre os traidores
Os olhares fixos teciam uma despedida
Suas almas saudosistas, mortas sobre o azul pairavam
O mar se quebrava em dois
Gritam os porões para a imensidão
Bramidos de guerra que se enfraqueciam
- Vermelho de dor, toma de trevas este azul atlântico!
"Mãe gentil", verde de resquícios amarelos
Tu que recepciona os acorrentados
Por que traístes aqueles que por ti foram adotados?
Sangue escorre pelos que lutam
Fazem fronte os revoltados
"Liberdade, liberdade!" Onde ficas para que ti alcancem?
A dança e cantos guardam a saudade do passado
A força esbraveja dentro dos que tem esperança
Até que eis os enlaces estraçalhados
Livres estão os que foram escravizados
Mas contemporaneidade que os abarca, onde estão teus direitos?
És tu uma farça moralista?
Sociedade, por que encarcera os livres?
Por que matas os que lutam por ti?
Por que negas carinho para os que querem amor?
Respeito para os que do alto exigem
Prisão para aqueles que embaixo vivem
Por que essa regra de tamanha estranheza?
Persistentes estigmas perversos aprisionam os iguais.
Tristes desses que lançam para longe benéficos ideais.
"Igualdade, igualdade" onde ficas para que ti alcancem?



PAULO HENRIQUE NOVAIS SANTOS

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Normalidade na Pandemia

 




O que é normal?

Era o que se vivia

até então?

Era somente

a nossa percepção?

Era algo que

não existe

ou, se existiu,

nunca mais existirá...

Se o normal não voltará,

talvez nunca terá mesmo existido,

pois o normal será construído

no caminho que será vivido...

 

Salvador, 28 de junho de 2020.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Judiciário e Desencanto




"A vida é um soco no estômago”, 

declara Clarice Lispector em A Hora da Estrela

Na verdade em quase toda sua obra

É carnaval que a doença da mãe estraga

E o fato de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só

Escreve pra se entender e não morrer 

De tanto mal-estar

Todo mundo esconde a falta de habilidade de ser bom

Mesmo quem sonha alto e consegue lá chegar

Tem sempre um buraco com que lidar

Freud também se ocupou do assunto

Escreveu um texto sobre o tal mal-estar

Religião, ciência, arte e mesmo intoxicação

A força no mundo testar

Entre causas e cargos, ou sair por aí a amar sem parar

Mas quem entra na Justiça não quer saber

Nem mesmo de esperar

Acha que pode tudo e quer o que é seu pra ontem

Muitas vezes quer mesmo é se vingar

O juiz e a juíza, uns mais, outros menos

Experimentam a varinha mágica

Ora pesa, ora é puro encanto

Mas a cada encanto um desencanto

A varinha também é martelo 

Direito se tem, mas não tanto

É o que diz todos os dias

Esse o seu lugar


Luciane Buriasco Isquerdo

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Homens Feministas?






Seu medo é diferente do meu.
Seu sexo pode ser
instrumento de terror.
Não me venha com
suas boas intenções,
pois, com elas,
pavimenta-se
a estrada para o inferno.
Sua posição soa mais
como indevida apropriação
do que compartilhamento.
Sua gentileza vira violência
Seu abraço não conforta,
mas, sim, agride.
O seu beijo machuca
e seu carinho quer me subjugar.
Não preciso de um defensor,
mas, sim, de um aliado,
quando chamado,
pois mesmo aliados
podem ser encarados
como inimigos infiltrados,
se não for delimitado
qual seja seu lugar de fala.
Suas brincadeiras não têm graça.
Sua cortesia me ofende.
Suas palavras,
em vez de inspirar,
apenas despertam minha ira.
Melhor permanecer calado...
E simplesmente ficar ao lado,
esperando a manifestação
de quem se ofendeu,
aguardando a reação,
em vez de tomar,
para si, a sua defesa,
pois, até para lutar,
é preciso legitimidade,
para não desvalorizar o movimento...


Salvador, 16 de agosto de 2016, compreendendo-se como parte do opressor na busca por não oprimir...

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Romance

 





(Negra Luz)


No dia que o beija flor encontrou o colibri,

Algo dentro deles mudou,

Todos os sinais foram compreendidos, enfim.

Foi uma grande cartada da vida: 

O beija-flor seguia na lida,

Quando bebia um pouco de orvalho, 

Na partida, encontrou o seu amor.


O colibri com suas asas agitadas, 

Também havia ali parado,

Para matar a sede e recostara

Na pétala de rosa, em que, ao acaso, o beija flor bebeu.

Quando olhou para o céu e viu: 

Era o vento do seu amor que chegou

Foi quando o beija flor a olhou,

Seu mundo todo estremeceu,

Sem entender como, em um instante, o amor aconteceu,

Olhou para o beijador e falou:

Loucura esse nosso amor!

Eu um colibri, você um beija flor!

Há tanta diferença entre nós,

Viver é para além dos lençóis!

Foi nesse instante que minha razão se perdeu,

Um beijo de amor ele me deu,

Aí, com surpresa, percebi:

Ele era muito semelhante à mim,

Um lampejo de razão me lembrou 

Colibri é sinônimo de beija-flor.

E, sem pensar, meu coração falou:

Bati asas mais rápido que consegui,

Mostrei que estava pronta para partir.

Sorrindo, um buquê de flores ele me ofereceu...

Com água fresca e para perto mim voou,

Versando a mágica daquele momento 

E que selaríamos com um juramento:

Voar sempre juntos,

Fazendo do nosso encontro de asas

Diariamente, mais feliz!

domingo, 7 de novembro de 2021

Lidando com Idiotas




Não é fácil lidar com idiotas:

conviver com quem já se sabe

o que vai falar

ou como vai se comportar...

Aquele tipo de gente

que incomoda pela presença,

pelo tom ou pelo assunto,

mas que insiste em estar junto,

apresentando sua opinião

como se fosse uma dúvida legítima

ou um exercício de um ponto de vista,

e não uma mera reprodução

de um chavão ou bordão,

repetido à exaustão,

no grupo de WhatsApp da ocasião.

Para eles, o ódio

está sempre à mostra,

a concordância a si

é sempre imposta

e, para sobreviver,

somente há uma proposta:

para idiotas, o silêncio

é sempre a melhor resposta.

 

Praia do Forte, 29 de dezembro de 2020.

sábado, 6 de novembro de 2021

Período sabãotico






Tirei um período para lavar tudo.

Guardados... empoeirados,

Pó...  do que que já me esqueci.

Tirar a limpo emoções retidas,

Checar as cicatrizes de antigas feridas.

Fazer um cortejo à Colina,

Jarras de banho de cheiro

Passeando por dentro de mim.

Um cheiro de alfazema!

Fé no que está por vir.

Tudo novo! 

Tudo zerado.

Banho de mãe:

Com bucha do lado,

Limpei os ouvidos, 

Cortei os cabelos distraídos.

As sobrancelhas em dias!

Tudo renovado!

Cheirando a alho!

Um rio segue o seu curso ...

Pronta.

Recriam-se cenários...

Novos scripts!

E eu, no palco,

Alternância:

Entre monólogos e “casa cheia”

Vou no curso do viver.


 Negra Luz 

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Não ir






Não ir

não é

necessariamente

perder

Não ir

pode ser

esperar

para ganhar,

refletir

para entender,

aguardar

para vencer

 

Salvador, 23 de setembro de 2020.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O parto da poeta

 





Sempre olhei a poesia com encanto.

Os parnasianos e os românticos me faziam vibrar.

Achava um desafio a contagem da métrica.

Maior, ainda, articular o rimar.


Quando fazia qualquer tentativa,

Na minha mente só emergia,

A pobre rima, que “declamava” na infância,

Da batatinha, pelo chão, a se esparramar.


Até que um dia, a mística da Poesia

Abriu as portas do meu coração.

Remexeu os armários da minha emoção,

Estabeleceu uma infinita conexão,

Que me levou ao papel e à tinta na mão.


Como fugitivas, as palavras foram partindo 

De espaços até então desconhecidos 

Da minha visão.

Foi esse o momento do nascer da poeta,

Para o Mundo uma revelação.


Como bálsamo, deu-me a cura,

Como chave, fez-me ave,

Como Luz, tornou-me sol,

Como onda, lançou-me ao mar...

E, agora, vivo imersa em palavras,

Articulando versos para viver e amar.


(Negra Luz)

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Fake News na Pandemia

 




A Internet

deu voz

a quem não tem

o que dizer

e que acaba

dizendo

o que não consegue esconder:

a sua própria raiva,

ódio e ignorância,

misturados com a insegurança

de simplesmente

antipatizar

quem virou alvo

do seu difamar,

como se seu mal querer

pudesse justificar

ou verdade tornar

o fel que escorre

no íntimo do seu ser.

 

Salvador, 25 de julho de 2020

terça-feira, 2 de novembro de 2021

O crivo do não saber da falsa esperança




 A vida  criva o agrado da falsa esperança em um fardo pesado, que nem  alça de uma calça que não laça. 

A impostora, a  mentirosa,  a farsante ou hipócrita falsa esperança.  

A ânsia do ancorar no Lar que leva a um destoar. 

Um aborrecimento, uma mentira ou tirania. Eis o crivo do livro vivo que construímos em uma falsa esperança do não saber.


Que guiado e liderado  pelo o sonhar que nos criva. 

Da incógnita cotidiana  do sonhar ou não sonhar? 

Acreditar ou não acreditar, para o  medo de nós arranhar e nos ferir no ir. 


Não vamos ancorar se não sonharmos. 

Não vamos acompanhar o marchar da maré. 

Não vamos nem ao menos ter lido o livro do não saber

Mas se for um houver do muro sem lucro. 

Das  as alegrias… 

das  alegorias das falácias que não devem ser cogitadas, digitadas, lidas e escritas. 

Das idas às ideias inobsoletas das Borboletas das letras da falsa esperança.

 

Mas, se não sonhar não teremos vivido o livro.  

Do amada do nada. 

Do rechear do cheirar do lar 

Do avistar até aterrar em uma terra do além mar

Para que o amarrar do amar, se torne lar. Eis, o livro do não saber do escrito, digitado ou cogitado.


O que fizeram, o que eu fiz e para onde fui. 

É foda, a cabeça lota em quotas de devaneio. 

Sujeira que me jogaram, amarraram e me deixaram em uma mar uivante de Abrantes.  

Não se iluda com a forma lúdica da localidade airosa, porque não existe rosas sem espinhos, nem que se for no pinho do seu ninho. 

Não importa a forma, a sonata está perdida em uma ida sem partida, mas com chegada aonada mais me consola.  


As solas nem estão gastas em lascas. Mas já sei que não há nada mais. 

Porque não há? 

Porque eu já disse, me sujaram, amarraram e me jogaram no meio do nada e eu não sei nadar, nem ao menos andar no desconhecido. 

Não sei que lugar é esse, 

Não sei se tenhas o nobre e o pobre, e se eles se importam em ouvir os meus pensamentos confusos tontos pela… a maré.   

A porta parece  torta,  cheias de discursos  de nenhures. Porque, donde eu veio pelos devaneios, não conheci achar meios a abrir. 


A cabeça tida madura, já sabe que a vida  é assim, dura igual uma pedra, que  que  esmurra em uma algazarra de sentimentos. 

Uma verdadeira surra de  momentos e tormentos em só lamentos. 

Não se engane ou encane, dizem que é apenas uma pane no sistema. 

Urge então a necessidade de saber, para não beber na fonte da ignorância, porque a ânsia em uma direção de uma ação, que nasce naquela  idade.

Naquela idade, em que você não vê as coisas do jeito que antes via. 

Você de per si, sabe que  a vida é assim, no sim ou no não, sempre serei o anão da pirâmide. 


Ahhh, se eu pudesse ja ter descobre está chave mestra para concertar ou atar os nós do que já se foi. 

Aos  amigos que você tem que não ligam, 

o  sinal de pane aparece e você não amanhece 

É, no verso da canção, no abrir da chave, que a ave ligeira já sabe antes  que você, que é só ela e mais nada. 

Não existe amor no clamor da dor de um sociedade doente. 

Quem fala que sim mente, pela  simples mediocridade que transforma a terra em letra de funeral. 

Não existe compaixão, nem paixão. 

Não existe nada além dessa vida, porque na ida, você sabe que  somos meros passageiros prestes a partir. 

Desligue os castelos do tetris, que moldam quem está certo ou errado na peça de encaixe, desligue a máquina, desligue a cina.  

Porque nada importa, nem a forma, nem o como e o porque.


O Turbilhão em um bilhão de reações. 

A falta de quem  não tem alta, por um amor verdadeiro, sincero, companheiro na jornada da vida, nem que se for para uma ida sem partida.

Incógnita que Incomoda, quase coca, roça a aguça por resposta. 

O meu eu tosta, queima, chamusca a sina da mina  da ocitocina com a dopamina. 

Não hesita, nessa usina de toxina a saber. 

Mas, quem me  dera saber a resposta para essa incógnita que me habita que não hesita. 


Quem me dera  as respostas, se nem sei quais são as perguntas, que me perfazem. 

É nessa usina, que ser zem não me fazem ir além do óbvio. 

Mas que me dera saber o que meu corpo quer beber? Se é nessa usina de ocitocina com dopamina que eu vivo até ir ao além, nem se for sem ou com a resposta. 

A incógnita nitra o que sei lá eu sou, só sei que zem eu não sou, nem com serotonina eu sou. 

Sou eu, um bilhão de reações sem lições de moralidade e eticidade.  

Sou eu quem caminha nessa mina de toxina e paixão em uma mansão sem uma lição a te dar.

Nem mandar a onde andar, porem a quem lhe vem apenas excitar o meu eu até onde for, nem que se for sem alem a algo que nem existe.

Sou eu turbilhão em um bilhão de reações com ações, sem lições, mas com desejos e medos.




Vitor Henrique

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

A vaquinha e a Risada






Há momentos na trajetória

em que, mais do que uma história,

o que se anseia

é compartilhar uma ceia,

formar a sua aldeia

e brincar sem qualquer correia.

 

O segredo da felicidade

muitos vezes está, em verdade,

em saber aproveitar cada momento,

realizando finalmente o intento

de simplesmente viver o momento.

 

Viver uma família na pluralidade

no exercicio irrestrito da liberdade

é muito mais do que curtir:

é não ter vergonha de ser alegre

e muito menos de sorrir!

 

Vestir-se de “vaquinha”

ou soltar uma gostosa risada

podem ser mais do um gesto:

são uma prova inequívoca

de que não se precisa muito

para ser pleno e feliz.

 

Praia do Forte, 27 de dezembro de 2020.