sexta-feira, 28 de junho de 2024

Desculpa Furada (Viva a Cultura de Vitimização!)



 Rodolfo Pamplona Filho


Nada do que eu faço é culpa minha!

Toda as minhas influências

e paradigmas comportamentais

ensejaram a internalização

de um gestalt disfuncional!

Sem o devido planejamento,

não há como desenvolver!

Meu comportamento viciado

é fruto de um processo doentio

de codependência forçada!

Preciso urgentemente de

um tratamento holístico integral,

sem internamentos compulsórios,

mas, sim, como resultado

de um diálogo habermasiano

de construção comunicativa

de um consenso democrático

que me permita exercitar,

sem condicionamentos,

a autonomia da vontade...

Sem isso, não há

como responder

por qualquer ato,

pois todo resultado

foi contaminado

pelo desrespeito

da minha individualidade...


Viva a Cultura de Vitimização!




Praia do Forte, 03 de agosto de 2013, lendo Calvin...


quinta-feira, 27 de junho de 2024

A água em você

 


 








(Negra Luz)




Me diga que não precisa pensar na vida.


Me diga que não precisa pensar em você.


Se a resposta certa é o que espero,


Então me diga que pensa na água,


Ela está em você.




A água está em em mim


Está em você.


Sem ela, a fonte da vida é rio que seca.


Ressecam-se a fauna e a flora


E todo viver. 




Oxum e Yemanjá tem seus filhos


E abençoam com água


Salgada ou doce,


Abençoam o nosso viver.




Se tens fé nas Águas,


Da água deve cuidar,


Pensar nas nascente, 


Nos mares 


E nas suas vidas.


Em não poluir, revitalizar,


Proteger o que temos


Rever desperdícios e perdas ajudam a resolver.




Se já bebeu água com sede,


Sabe o que é não ter...


Por um segundo e urgimos sem ela.


Imagine o pior dos mundos sem a ter!




Me diga que não precisa pensar na vida.


Me diga que não precisa pensar em você,


Se a resposta certa é o que espero,


Então me diga que pensa na água,


Ela está em você.


quarta-feira, 26 de junho de 2024

Ser Idoso

 


 


Rodolfo Pamplona Filho




Terceira idade

Melhor idade

Qualquer idade


Descobrir-se em um mundo

diferente daquele

que presenciou na infância.


Conhecer aparelhos

que seus descendentes

dominam desde criança.


Frequentar mais funerais que batizados

e ir a casamentos de pessoas,

que poderiam ter sido

seus pajens ou damas de honra...


Falar de remédios e dores

e não ser conversa desagradável...

Ou descrever certos horrores

não ser assunto impublicável...


Chamá-lo de tio, avô ou senhor

e não se incomodar com isso...

Ficar feliz ou envaidecido

quando é chamado de moço

ou quando se lembram

de feitos seus,

realizados há mais de uma década...


Viver o decurso do tempo...

que leva cabelos e traz peso,

mas propicia a sabedoria

e quilometragem da experiência...


Ser idoso não é bom ou ruim,

mas, sim, um estado de fato...

Tornar-se idoso é melhor, enfim,

do que perecer jovem no passado.



Salvador, 05 de maio de 2011.


terça-feira, 25 de junho de 2024

Nunca vi ninguém olhar





Poema de Carlos Nejar (1939-)



com tal ternura um cavalo

e um cavalo navegar

nos seus olhos, desviá-lo

para dentro, onde é mar

e o mar, apenas cavalo.

Nunca vi ninguém olhar

nicanor naqueles olhos

que pareciam findar

onde os espaços se foram.

Nicanor sabia olhar

sem o menor intervalo

como lhe fosse apanhar

a toda brida, os andares.

E se podiam falar

num trote pequeno ou largo,

com rédea de muito amparo,

o corpo estando a montar

a eternidade cavalo.




segunda-feira, 24 de junho de 2024

Eu digo Não!




Letra: Rodolfo Pamplona Filho

Música: Rodolfo Pamplona Filho, Cedric Romano e Jorge Pigeard



Eu digo não a quem faz corrupção


Eu digo não a quem aumenta o feijão


Eu digo não a quem faz parte do Centrão


Eu digo não a político ladrão


Eu digo não a quem faz nada no Senado


Eu digo não a seu nobre Deputado


Eu digo não ao governador do Estado


Eu digo não a quem põe povo de lado


Eu digo não à União Ruralista


Eu digo não ao Partido Comunista


Eu digo não ao homem do decreto-lei


Eu digo não ao presidente José Sarney




Eu digo não à perda da inocência


Eu digo não a viver em violência


Eu digo não ao rombo da previdência


Eu digo não a esta falta de decência


Eu digo não a quem só sabe mandar


Eu digo não a quem vive a torturar


Eu digo não a quem mata para calar


Eu digo não à ditadura militar




(1987)



domingo, 23 de junho de 2024

Entre quatro paredes







Negra Luz


Vale tudo, logo cedo aprendi

Enquadrada nas minhas escolhas

Tudo vale ali


Em Lençóis listrados

Margens dos dois lados

30 linhas: início e fim


Liberto-me de todos os pecados

Permito-me em todo invadir

Me desnudo não só para mim


Passiva ou ativa

Direta ou indireta

Auxiliar como o haver no existir


Cubro as vergonhas com metáforas

Flor beijando o colibri

Cálice do orvalho de ti


E conectando os sentidos

Coerente com o sentido

Deixo me inteira fluir


A seguir, abro as portas

A realidade estampada

A mulher ocultada revelou-se bem alí



sábado, 22 de junho de 2024

Resolução de Vida Nova

 





Rodolfo Pamplona Filho


Cansei!

Resolvi lutar!

Daqui em diante,

tudo vai mudar!


Quero me relacionar

com quem me olhe nos olhos

e me identifique pelo nome,

não por um número de RG, CPF,

Cartão de Crédito, CTPS,

Passaporte ou PIS/PASEP.


Eu não quero viver

com quem me pergunta como vou

e não presta atenção na resposta;

com quem arrota uma grandeza

que não é e que não tem

(como se ter algo engrandecesse alguém...)


Eu não vou fazer mais

o que não me dá prazer,

o que não me cause risos ou lágrimas,

o que não me dê vontade de repetir,

o que não me dê frio na barriga,

o que não me faça me sentir vivo...


Eu não vou mais dinheiro guardar,

como se não fosse feito para gastar...

Eu não vou me poupar

de um sabor experimentar,

de ver um filme ou curtir um show,

ou de viajar e conhecer um lugar...


Eu não vou mais tolerar

gente mal-amada e mal-comida,

que desconta seus complexos

em que está à sua volta

como se culpados fossem

da sua esperança nascer morta...


Eu não vou mais ouvir

gente que precisa, dos outros, falar mal,

que destila seu veneno ou afia suas garras

em resenhas que não constroem nada amado:

não andarei segundo seus conselhos,

não me deterei em seu caminho, nem me assentarei ao seu lado...


Jamais esquecerei

que a história é um livro aberto,

cujas páginas, porém, não se pode voltar,

mesmo quando se quer reescrevê-las,

pois palavras proferidas são flechas desferidas,

que não voltam, mesmo quando miram estrelas...


Não deixarei anestesiar

minha capacidade de me indignar...

Não descansarei...

...até você também se empolgar...

Vou viver como sempre quis...

...minha resolução de vida nova é ser feliz!


João Pessoa, 19 de julho de 2010.

sexta-feira, 21 de junho de 2024

As rosas de outubro







Negra Luz



É preciso tocar nas duas rosas.

Tu as tem diante de ti.

Permitir- se adentrar nos meandros.

Profundamente, tocar- se e sentir.


Estas rosas tocadas por ti

Ganham brilho e te tranquilizarão.

Tocar-se garante o benefício

Que de câncer não morrerão.


Não ocultes de ti as tuas rosas.

São só duas!

E tuas são!

Dê lhes amor.


Toque e retoque nas flores segura.

Se algo estranho, procure o doutor.

Suas flores não serão mais só tuas,

A Medicina e todos os istas delas, certo, cuidarão com amor.



quinta-feira, 20 de junho de 2024

Álbum de Figurinhas





Rodolfo Pamplona Filho


Como se diz a alguém

que ela não é mais o seu bem?

Como se faz para falar

que é o momento de separar?


A vida a dois

é um álbum de figurinhas...

A cola une

para ser eterno,

mas, com força,

dá para retirar...

mas sempre fica um pouco

do álbum na figurinha

e da figurinha no álbum...


Como se comunica

não se querer mais dividir a vida?

Como se rompe

o que era para sempre?


A vida a dois

é um álbum de figurinhas...

O tempo esmaece

o que era vivo e viçoso

e o que já foi muito gostoso

pode continuar assim

ou mudar o tom

para um quadro sem cor

ou um filme sem som...


A vida a dois

é um álbum de figurinhas...



Praia do Forte, 8 de setembro de 2017.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

O mar em súplica

 






Negra Luz


Minha mãe, me protege!

Tô perdendo nessa briga, não sei filtrar.

O óleo entrou em minhas ondas,

Só a você, mãe, posso reclamar.


Eu que fiz parte de belas fotografias,

Nas festas estava que fizeram pra ti saudar,

Dei alimento, fui tema de filme, novela e poesia,

30 dias eu sangro esse betume e ninguém a me cuidar


Eu que pensava ser das leis um protegido,

Sou um desvalido, contagiado, a contaminar.

Restando apenas rogar a ti a beira desse abismo:

- Vem das profundezas, minha rainha, me abraçar!


Tenho certeza de que sua força contagia.

E com você, essa ferida vai passar.

Interceda! Muda as correntes! Seja meu guia! Onda marinha serei fiel no meu caminhar!



terça-feira, 18 de junho de 2024

Exemplo

 






Rodolfo Pamplona Filho


Exemplo é ensinar com gestos,

conduta e comprometimento,

não somente com palavras

que se perdem com o vento...


O que adianta reclamar de ética

quando se frauda o ponto,

mete-se um atestado,

finge-se que não é consigo?


Como se exigir o cumprimento,

se faz tudo incompleto,

não capricha nas próprias tarefas,

orgulha-se das suas pendências?


Moral se compreende teoricamente,

mas não se aprende sem se viver,

não se internaliza sem sofrer

ou se testemunha sem saber.


A lição se aprende finalmente

quando o verbo se faz carne,

o ideal sai do armário

e a promessa vira ação.



São Paulo, 07 de junho de 2013, mas pensando em um péssimo exemplo

visto em Praia do Forte em 30 de maio de 2013.



segunda-feira, 17 de junho de 2024

Perdi a calcinha





Negra Luz



Desesperada estava a procurar a calcinha

Prova irrefutável do que queria ocultar

Orvalhada e com lascivo odor da minha alma

Diria por mim em metáforas aquilo que ele viera me questionar.


Olhei para o teto…

Nada alí!

Em algum momento lembrei:

Ao longe, sem rumo, lancei!


Estiquei a colcha amassada

 E nela nada não há rastro da danada

Restava a gaveta vizinha…

Estaria lá, embolada, entre papéis e versos de amor?


Nenhuma pista me levava

Uma dúvida se aguçara....

Uma calcinha usei?

No meio daquele furor?


E nesse momento tremi,

Quando nos olhos dele

"Meninos eu vi!'

A renda que esqueci


Ao não ter por onde sair

Não mais adiei,

Gritei! Rospondi:

Quero mais!



domingo, 16 de junho de 2024

Momentos Felizes

 



Rodolfo Pamplona Filho


Não dá para ser

feliz o tempo todo,

nem acreditar que

é para sempre

a felicidade que contagia

aquele que está curtindo...

O importante é

saber viver

os momentos felizes

ou, ainda mais,

saber extrair,

tal qual Poliana,

a alegria de cada instante,

como a água de um cactos

ou um suco de uma fruta

que já passou o tempo

de ser comida...

É preciso aproveitar

os momentos felizes...

sábado, 15 de junho de 2024

O apanhador de desperdícios

 




Manoel de Barros



Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não gosto das palavras

fatigadas de informar.

Dou mais respeito

às que vivem de barriga no chão

tipo água pedra sapo.

Entendo bem o sotaque das águas

Dou respeito às coisas desimportantes

e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas mais que a dos mísseis.

Tenho em mim um atraso de nascença.

Eu fui aparelhado

para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal é maior do que o mundo.

Sou um apanhador de desperdícios:

Amo os restos

como as boas moscas.

Queria que a minha voz tivesse um formato

de canto.

Porque eu não sou da informática:

eu sou da invencionática.

Só uso a palavra para compor meus silêncios.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Adaptação

 


 




Reformar o lustre

para caber na sala

Aceitar que promessas

não passem de palavras...

Fazer amor sem som ou ardor

para não acordar as crianças

Não clamar por calor

para não criar expectativa

Anestesiar a sede de vida

para evitar a despedida

Levar o dia-a-dia sem vibração

só para não se sentir frustração...




Salvador, 31 de julho de 2012.


quinta-feira, 13 de junho de 2024

O tema é poeta




Negra Luz


Hoje vou me poetizar.

Sou poeta:

Uma aprendiz do rimar.

Minha metáfora

Termina em AR


É verbo forte:

Amar a sintonia que há

Entre o poema e o que estou a desejar.

Versos estou a tramar.


Rimar o côncavo e o convexo.

Tentar escrever amor,

Mas só querendo pensar em sexo.

Ferir e deixar tudo pretérito.


Aplaudir a Deus, perpetuar mistérios,

Sem sair das linhas do meu hemisfério.

E depois voltar-me ao papel

Sem sair do sério


O tempo que passou, passou.

Seguir é destino certo.

A poesia me libertou

E eu, alada, viajo pelos meus versos.


Aqui não há temor

Rimou. Somou. Eu verso

Se sílabas formou?

Não sei contar, confesso.


Poesia vem no peito

Eu no papel expresso

Há tempo para amor

E para o que desprezo


Sincronizada, a antena

Revela o que de mim quero

Singrar pela poesia

Vibrar em ondas pelos versos.


Quem sabe!

Talvez!

Um dia!

Lembrança no Universo!


 



quarta-feira, 12 de junho de 2024

Desculpa qualquer coisa

 



Rodolfo Pamplona Filho

 



Desculpa qualquer coisa

como se houvesse o que desculpar

Desculpa qualquer coisa

para eu não ter que perguntar

Desculpa qualquer coisa

pois não sei o que fiz de errado

Desculpa qualquer coisa

para não me deixar de lado

Desculpa qualquer coisa

(talvez você não tenha visto)

Desculpa qualquer coisa

se ocorreu foi imprevisto

Desculpa qualquer coisa

ou alguma determinada

Desculpa qualquer coisa

não tenho culpa de nada

Desculpa qualquer coisa

não consigo assumir que errei

Desculpa qualquer coisa

seguirei meu caminho sem lei...


Desculpa qualquer coisa...



Salvador, 28 de maio de 2020.

terça-feira, 11 de junho de 2024

ARTIGO 227 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988





Jorge da Rosa


É dever da família, do Estado 

E da sociedade 

Assegurar à criança, ao adolescente 

E ao jovem, com absoluta prioridade:


O direito à vida, 

À saúde, à alimentação, 

À educação, ao lazer, 

À cultura, à profissionalização 


À dignidade 

Sendo proibida qualquer falha 

Ao respeito, à liberdade 

E à convivência familiar e comunitária 


Além de colocá-los a salvo 

De toda forma de negligência,

Discriminação, crueldade e opressão, 

Exploração e violência. 





segunda-feira, 10 de junho de 2024

Alegria

 


 

Rodolfo Pamplona Filho


Alegria nunca é demais:

Não há limites para sorrir!

Quem poupa alegria

despreza a energia

e a esperança de ser feliz.



Salvador, 11 de fevereiro de 2020

domingo, 9 de junho de 2024

Sim, tudo.






Negra Luz



Tudo estalo.

Tudo audiência.

Tudo click.

Tudo emoji.

Tudo Bauman.

Tudo calefação.

Tudo João!

Tudo George!

Tudo Miguel!

Tudo triste.

Tudo “migué”.

Tudo RACISMO.




sábado, 8 de junho de 2024

A Maior Prova de Amor

 

 







Rodolfo Pamplona Filho


A maior prova de amor

não se compra com dinheiro,

nem se espera como recompensa.

A maior prova de amor

não se entrega em um embrulho,

nem se acha em qualquer loja.

A maior prova de amor

não se exige de ninguém,

mas se entrega voluntariamente

como a única atitude possível

diante de um mal indizível.

A maior prova de amor

é dar de si sem pensar em si,

ou, mesmo que se pense,

entregar-se em sacrifício

sem esperar nada em troca,

somente pela esperança

de encontrar este amor na volta.


Salvador, 28 de maio de 2020.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Pétalas secas

 

 





Negra Luz




Na última prateleira,


Morada da porta dos esquecimentos.

Alí!

Um livro que me alimentou de romance.

Dentro dele...

Lembranças de uma primavera de amor.

Vencida a beleza pelo tempo,

Aderidas ao meu preferido volume, então pretérito,

Elas jaziam.

Outros que ali passassem  ignorariam o valor.

À mim não era dado esse malefício.

Aquelas pétalas desidratadas de um ramalhete ardente de rosas cor amarelo-sol

Eram, sim, um novo regalo.

Um “recuerdo ” de mim,

Guardado na estante oculta.

Viajante no espaço da minha memória.

Lembrança de verdades vividas por meu coração.

Atiçando o desejo de marcar novos livros.

Ilustra-los com estórias paralelas ao que li.

Ré memórias da essência da minha emoção,

Que julguei nem ser minha

E estava ocultada dentro de mim.



quinta-feira, 6 de junho de 2024

Nossa Sina

 




Rodolfo Pamplona Filho


Nossa sina

em um mundo

que nos estranha

é somente sofrer

com a nossa carência

e a insensibilidade alheia:

assim, temos que viver

e aprender a lidar

com nossas catástrofes

e paraísos diários.


Brasília, 09 de outubro de 2018.





quarta-feira, 5 de junho de 2024

Com os quatro elementos

 





Negra Luz





 Eu preciso mergulhar nos meus abissais


Deixar-me confrontar com os recifes

Ir à crista

Me quebrar 

E me render


Eu preciso alcançar a rocha oculta

Fragmentar, em seixos, a culpa

Reagir

Confiar 

E transcender


Eu preciso do furacão de vida

A redesenhar meus sentimentos

Entender o meu momento 

Tornar-me brisa

E amanhecer 


Eu preciso da larva quente do desejo

Que se acende com um beijo

Se é chama, que queime o meu peito

Gerar fumaça e fogo

E, só assim, dizer amar você.



terça-feira, 4 de junho de 2024

Sentir-se Menor

 



 Rodolfo Pamplona Filho



“Você me diminui

com esse discurso!

Você impossibilita

que eu siga o curso…”

Palavras não diminuem ninguém

Atitudes é que fazem bem

(ou não…)

Em vez de se vitimar,

é hora de acordar

para o velho bordão:

“Cresça e apareça!”

Assuma a postura

e seja maior

para nunca mais

se sentir menor

 

Salvador, 11 de abril de 2024.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

O utopista









Murilo Mendes




Ele acredita que o chão é duro

Que todos os homens estão presos

Que há limites para a poesia

Que não há sorrisos nas crianças

Nem amor nas mulheres

Que só de pão vive o homem

Que não há um outro mundo.



domingo, 2 de junho de 2024

Nunca Mais Outra Vez

 


Rodolfo Pamplona Filho

 

Há atos e vivências,

sensações e experiências,

em que a razão

impõe dizer não,

mas o coração

demanda repetição

 

Quando se vive de verdade,

todos compartilham a realidade

de aproveitar cada momento,

não parando a todo lamento

e finalmente sabendo

o que se quer, mesmo “não querendo”…

 

A vida vale a pena

para quem não se apequena

e não tem pressa,

pois sempre se interessa

mais em ser amoroso

do que estar certo e rigoroso

 

E é por isso que a gente

precisa tanto da vida presente!

É por isso que todo mundo precisa

de música, paz e brisa,

amizades, filhos e amores,

poesia, jardins e flores.

 

Fortaleza, 17 de maio de 2024.

sábado, 1 de junho de 2024

O Direito Brasileiro das Famílias em versos

 



 

No Brasil, o Direito das Famílias floresce,

em trilhas que o tempo reconhece:

do casamento tradicional ao diverso,

do velho desquite à busca do universo.

 

De fato, muitos temas são abordados

em um painel multifacetado,

que permite uma visão global da história

em que a luta é sempre emancipatória

 

No divórcio, uma porta se abriu

e a liberdade afetiva ressurgiu.

No movimento feminista, a dignidade se conquista,

para que a igualdade de gênero realmente exista.

 

Crianças e idosos, proteção merecida

em uma vida resguardada e querida.

Na homoafetividade, o amor é o leme

e o Direito é a justiça que se preme.

 

Poliamor, um novo olhar se lança,

pois, na diversidade, o amor se alcança.

Preconceito combatido, barreira a transpor,

na busca por um mundo mais acolhedor.

 

Nas tramas da vida, um enredo se tece,

união estável, laços que o coração aquece.

Paternidade socioafetiva, amor que transcende,

em empatia, a verdade se estende.

 

Alienação parental, sombra a repelir,

Violência doméstica, um mal a impedir

Abusos sexuais, traumas terríveis

Assédios morais, feridas sensíveis

 

Adoção, gesto de amor sem fronteiras,

Laços do coração que quebram barreiras.

Família monoparental, força que ergue,

Amor incondicional daquele que segue.

 

Direitos do ou da amante, voz que clama,

na sociedade, por uma nova chama.

Guarda de filho, decisão a ponderar,

o bem-estar da criança é o interesse a guiar.

 

Filiação, vínculo que o tempo desvela,

Laços que o destino eternamente sela.

Parentesco, fio invisível que nos une,

Alimentos, sustento que a vida resume.

 

Tutela e curatela, cuidado e proteção,

Na tomada de decisão, apoio e direção.

No palco das Famílias, o afeto é o pano de fundo,

E a assistência é a guardiã desse laço profundo.

 

Em um mundo onde o amor deve ser a lei suprema,

em que a liberdade sexual é uma premissa extrema,

também o direito ao planejamento familiar é uma meta realizada

e a identidade de gênero é valorizada e celebrada.

 

Pessoas com deficiência, membros de valor inestimável,

ensinam lições de coragem, tornando o mundo mais amável.

Nas trilhas da vida, famílias migrantes seguem caminhando,

cruzando fronteiras, com culturas se entrelaçando…

 

No legado digital, uma herança se perpetua,

com memórias virtuais, onde a história flutua.

E, no arremate, até o respeito à última vontade

é prova inequívoca da convivência com alteridade.

 

Esse é o grande desafio, nesse poema de inclusão,

no respeito a todos e todas, sem qualquer discriminação…

porque, no mosaico da humanidade, cada peça é vital,

pois só na diversidade encontramos a verdadeira felicidade, afinal.

 

Salvador, 26 de abril de 2024.

Gilda

 








Murilo Mendes




Não ponha o nome de Gilda

na sua filha, coitada,

Se tem filha pra nascer

Ou filha pra batisar.

Minha mãe se chama Gilda,

Não se casou com meu pai.

Sempre lhe sobra desgraça,

Não tem tempo de escolher.

Também eu me chamo Gilda,

E, pra dizer a verdade

Sou pouco mais infeliz.

Sou menos do que mulher,

Sou uma mulher qualquer.

Ando à-toa pelo mundo.

Sem força pra me matar.

Minha filha é também Gilda,

Pro costume não perder

É casada com o espelho

E amigada com o José.

Qualquer dia Gilda foge

Ou se mata em Paquetá

Com José ou sem José.

Já comprei lenço de renda

Pra chorar com mais apuro

E aos jornais telefonei.

Se Gilda enfim não morrer,

Se Gilda tiver uma filha

Não põe o nome de Gilda,

Na menina, que não deixo.

Quem ganha o nome de Gilda

Vira Gilda sem querer.

Não ponha o nome de Gilda

No corpo de uma mulher.