terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Felicidade

 





Felicidade não é meta: 


é a forma como se vive; 


não é objeto, é o caminho; 


não é aquilo que te falta e sim saber aproveitar aquilo que já se tem!




Orlando, 10 de janeiro de 2020.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Códex

 

 







Palavras proibidas


Assuntos censuradas 


Nomes defesos


Ideias que não podem ser discutidas 


A impossibilidade absoluta


de qualquer diálogo.




Morro de São Paulo, 02 de janeiro de 2020.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Amor e Desejo

 


 








amor e desejo


amor é centrífugo 


desejo é centrípeto 


amor quer se entregar 


ao destinatário 


do amar


desejo


quer absorver


o objeto 


a incorporar


Amar e desejar


fazem parte do viver,


mas amar se auto-renova,


enquanto desejar depende do querer.




Salvador, 09 de janeiro de 2020.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Adolescente

 






 


E aí?


Mano


Top


De boa


Se ligue


Man


Véi 


Baratino


Barril


Sipá 


Sepa


Pala


Paia 


Partiu




Morro de São Paulo, 02 de janeiro de 2020.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Funcionamento

 


 




Sua mente é um aparelho


em constante busca


de soluções


para qualquer tipo


de problema:


na ausência


de um desafio,


ela se introverte


e entra em modo avião.




Seu cérebro é um processador


mais rápido do que


qualquer computador,


em que todo questionamento


automaticamente


é respondido,


antes que o interlocutor


termine o raciocínio.




Suas atitudes são reflexos


de anos de condicionamento,


em que a lógica


não excluiu a emoção,


mas a separou


em caixas diferentes


para não haver confusão.




Seu coração é um dínamo


que se alimenta de carinho


e deseja retribuir,


como o óleo e o combustível


que renovam e fazem funcionar


todo o sistema.




Ele parece uma máquina


e há quem ache que seja mesmo,


mas, no final das contas,


ele é apenas


o que Nietzsche vaticinou:


humano, demasiadamente humano,


a ponto de ser tão diferente


que a humanidade não lhe reconhece...




São Paulo, 16 de novembro de 2019.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Saudade de casa

 








Por vezes, tenho vontade de chorar...


Sei o motivo, mas não consigo controlar


Há um vácuo que preenche o que era completo


Uma carência de beijo, dengo e afeto




Não sei o que é pior: a distância ou a despedida;


O romper do contato no momento da partida


Um olhar para trás, um abraço apertado,


um aceno tristonho, um olhar desolado...




Como uma dor machuca tanto sem ferir?


Como dominar o que posso apenas sentir?


A paz é arrancada desde a raiz


Uma marca viva que não vira cicatriz...




Pense duas vezes antes de reclamar


Dos problemas da vida, da rotina do lar...


Há tristeza que ninguém sabe como se mede


Só se valoriza o que se tem quando se perde




A lágrima vem solta e quente


Quem negar isso apenas mente


mas faz bem, porque, como um rio


leva o fel para um outro lado vazio....




A cada alvorecer, há uma nova esperança...


que surge inocente, como sorriso de criança,


mudando planos e rumos, batendo asa,


tudo por causa da saudade de casa...




Ciudad Real, 09 de setembro de 2008

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Natureza

 

 







Quando as cores da aquarela


Se tornarem uma só


Quando a vida, então bela,


Virar fogo, virar pó




Quando o verde virar cinza


E o céu não for anil


Vida não era mais vida,


Homem-bicho será vil




Quando o sangue derramado


Escorrer por minha mão


Lembrarei que, algum dia,


Já vivi em comunhão




E era belo, e era lindo


E era tudo o meu viver:


Homem-planta, homem-flor,


Homem-homem, Homem-ser




Não sabia que havia


Vida pura e sem dor


Bicho e homem, seres iguais,


Já viveram com amor




(1990)


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Mágoas

 


 






Há quem prefira


vender uma amizade


por um cachê artístico;


desprezar um amor puro


por ouvir a opinião de uma prima;


desprestigiar o trabalho alheio


para tentar se auto-afirmar;


esquecer uma fraternidade solidária


para soar de vítima da situação;


humilhar com ar de superioridade


a efetivamente investigar o ocorrido;


tripudiar a imagem de colegas


para posar de voz da maioria;


blefar descaradamente e sem pudor


do que aceitar ajuda desinteressada;


ignorar a presença e o cumprimento


em vez de tentar um diálogo honesto;


fazer troça da desgraça alheia


para se sentir aceito no grupo;


perseguir incansavelmente


por não tolerar o diferente;


jogar fora a chance de fazer o Bem,


para se deleitar com seu veneno...




Isso só gera mágoa,


que vira raiva,


até se converter,


se houver o remédio


do esquecimento,


em profunda indiferença,


mesmo sendo cicatriz,


que não se apaga,


para ensinar


em quem vale confiar...




Pamplona, 03 de outubro de 2012, pensando sobre o passado...

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Sede, Fome e Desejo


 






 


Sinto sede, fome e desejo


 


Sede dos seus seios,


da sua boca


e do gosto doce do seu beijo


 


Fome de seu corpo,


do seu abraço


e da maciez de sua pele


 


Desejo da sua essência,


da sua alma


e do gozo que extravasa cada poro.


 


Sede, fome e desejo


É o nosso trio elétrico,


que energiza minha existência


e me mostra


o verdadeiro carnaval do amor.


 


Salvador, 14 de fevereiro de 2024.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Pessoas como Música


 






 


Pessoas são como músicas.

Algumas, nós gostamos desde o início.

É a paixão à primeira vista!

É a energia que bate imediatamente!


Outras, gostamos somente

depois de um tempo.

São feitas para serem ouvidas

e compreendidas.


Algumas tocam a nossa vida

e sempre que a encontramos,

uma boa lembrança vem à mente

e/oi um sorriso vem ao rosto…


 mas sempre há uma,

que é a mais mais especial:

essa é a nossa trina sonora.

 


Salvador, 18 de fevereiro de 2024.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Fraude contra credores

 





Jorge da Rosa



Ensinam os doutrinadores

De forma bem amável

Que na fraude contra credores

O negócio é anulável


Para a anulação

Do negócio fraudulento

Pauliana é a ação

Este é o entendimento


Situação de insolvência

Patrimônio e sua alienação

Devedor sem inocência

Fraude na atuação


Conluio fraudulento

Tem ciência o devedor

Que causará nesse momento

Prejuízo ao credor.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Viagem no Tempo






Rodolfo Pamplona Filho


O sol já foi embora,

mas ainda dá para ver...

Olhamos para o horizonte,

vendo o passado,

em um instante levado

além dos seus limites


Viajar no tempo

não é ir ao futuro

ou voltar ao passado,

mas, sim, ter mais tempo

para estar no presente

e apreciar a beleza

que fatalmente desaparecerá.


Salvador, 14 de outubro de 2018.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Agora, ó José

 





Adélia Prado


É teu destino, ó José,


a esta hora da tarde,

se encostar na parede,

as mãos para trás.

Teu paletó abotoado

de outro frio te guarda,

enfeita com três botões

tua paciência dura.

A mulher que tens, tão histérica,

tão histórica, desanima.

Mas, ó José, o que fazes?

Passeias no quarteirão

o teu passeio maneiro

e olhas assim e pensas,

o modo de olhar tão pálido.

Por improvável não conta

O que tu sentes, José?

O que te salva da vida

é a vida mesma, ó José,

e o que sobre ela está escrito

a rogo de tua fé:

“No meio do caminho tinha uma pedra”

“Tu és pedra e sobre esta pedra”.

A pedra, ó José, a pedra.

Resiste, ó José. Deita, José,

Dorme com tua mulher,

gira a aldraba de ferro pesadíssima.

O reino do céu é semelhante a um homem

como você, José.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Intolerância

 





Rodolfo Pamplona Filho


Nenhuma intolerância é tolerável

Nenhuma discriminação é aceitável

É preciso dar espaço de fala

para quem se discorda,

para que nossa própria voz

não seja calada.

Como respeitar a palavra de ódio

de quem não te respeita?

Sendo maior que ele

e torcendo para que

a fé no respeito

seja maior do que

o desrespeito da fé.


Salvador, 30 de outubro de 2018.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Da Felicidade






Mario Quintana


Quantas vezes a gente, em busca da ventura,

Procede tal e qual o avozinho infeliz:

Em vão, por toda parte, os óculos procura

Tendo-os na ponta do nariz!

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Sobre a Cultura

 





Rodolfo Pamplona Filho


Há momentos

em que se decide

embrutecer voluntariamente,

como se a violência

fosse a única resposta

eficiente para qualquer problema.


Há momentos

em que se decide

emburrecer voluntariamente,

como se o conhecimento

fosse um obstáculo

para uma tomada de decisão.


Há momentos

em que se decide

desaparecer voluntariamente,

como se a auto-anulação

fosse a solução

para o convívio como nação.


Eu digo não!

Não abra mão

do que te faz diferente:

a cultura é uma segunda pele,

uma tatuagem na alma da gente.


Salvador, 25 de agosto de 2017.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Marcas de um egoísmo

 





Tiago Figueiredo


Querem que eu repita minhas ações,

assim como os belos traços no desenho das mansões.

Querem que eu confirme aquilo que eu não vi,

assim como sempre fazem julgando a ti.


E neste mundo onde a vantagem conta mais valor,

fico pensando nas vezes em que falta o amor.

E neste mundo onde a incerteza vale como argumento,

fico pensando nas vezes em que falta o sentimento.


Os homens perderam a razão do negociar e do fazer da paz.

A vida se tornou um marasmo, um cadeado sem a sua chave.

E ainda perguntam como serão as marcas das gerações.

As mulheres agora lutam com prazer e força.

Que marasmo irritante se tornou esta rotina.

E ainda perguntam sobre minhas visões.

Bebês segurando bebês, amamentando o que o futuro viu.

Realidade que se torna bem efetiva neste lugar.

E ainda perguntam sobre nossas emoções.


Se foi, se foi, se foi... Eu não sei.

A união do mundo que rasgou seus traços.

São marcas de um egoísmo vivente em nós,

são só gente perdeu os seus abraços.


Se foi, se foi, se foi... Eu já vi.

A união de um mundo que não dá sua mão.

São marcar de um egoísmo vivente em nós,

são só gente que perdeu amor no coração.


Querem que eu repita minhas ações.

Neste mundo onde a vantagem conta mais valor.

Onde foi a união e seu heroísmo.

São as marcas que compõe este egoísmo.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Por que Poesia?






Rodolfo Pamplona Filho


Não se vive sem ar,

água e comida.

Mas andar sem poesia

é manter o corpo aquecido

de forma artificial.


A poesia é o que nos difere

de um animal irracional,

embora ele também possa

inspirar poesia,

ainda que sem saber.


A poesia transforma

o efêmero em eterno,

o instante em contínuo

e o fugaz em imortal.


Não me deseje o mal,

nem queira me tolher:

privar-me da poesia

é assassinar silenciosamente

meu desejo de viver.


No vôo para Orlando, 01 de janeiro de 2019.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Certeza

 






Octavio Paz


Se é real a luz branca

desta lâmpada, real

a mão que escreve, são reais

os olhos que olham o escrito?


Duma palavra à outra

o que digo desvanece-se.

Sei que estou vivo

entre dois parênteses.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Egoísta ou Altruísta






Rodolfo Pamplona Filho


Ser altruísta é bom,

pois pensar no outro ajuda

a resolver os problemas do coletivo


Ser altruísta é importante,

pois tratar somente em si

pode destruir a humanidade


Ser altruísta é valoroso,

pois achar quem cuida de outrem

traz exemplos que edificam


Mas não dá para ser só altruísta,

pois esquecer de sua felicidade

é condenar-se ao sofrimento.


Mas não dá para ser só altruísta,

pois não realizar seus desejos

é chafurdar na frustração.


Mas não dá para ser só altruísta,

pois não se preocupar também consigo

é o início de sua própria anulação.


Salvador, 20 de julho de 2018.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

A Flor e a Náusea

 





Carlos Drummond de Andrade


Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.

Melancolias, mercadorias, espreitam-me.

Devo seguir até o enjoo?

Posso, sem armas, revoltar-me?


Olhos sujos no relógio da torre:

Não, o tempo não chegou de completa justiça.

O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre

fundem-se no mesmo impasse.


Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.

As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.


Vomitar este tédio sobre a cidade.

Quarenta anos e nenhum problema

resolvido, sequer colocado.

Nenhuma carta escrita nem recebida.

Todos os homens voltam para casa.

Estão menos livres mas levam jornais

e soletram o mundo, sabendo que o perdem.


Crimes da terra, como perdoá-los?

Tomei parte em muitos, outros escondi.

Alguns achei belos, foram publicados.

Crimes suaves, que ajudam a viver.

Ração diária de erro, distribuída em casa.

Os ferozes padeiros do mal.

Os ferozes leiteiros do mal.


Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.

Ao menino de 1918 chamavam anarquista.

Porém meu ódio é o melhor de mim.

Com ele me salvo

e dou a poucos uma esperança mínima.


Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada

ilude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,

garanto que uma flor nasceu.


Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia. Mas é realmente uma flor.


Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Tudo de mim

 





Rodolfo Pamplona Filho


Quero viver com você!

Se já vivo,

quero viver mais:

Mais perto

Mais tempo

Mais quente

Mais vivo


Você merece o que há de bom!

Se já tem,

Quero dar tudo:

Tudo de vivo

Tudo de delicado

Tudo de romântico

Tudo de intenso

Tudo de mim!


Salvador, 10 de março de 2018.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Uma certa arte

 






Elizabeth Bishop


(tradução de Nelson Ascher)


A arte da perda é fácil de estudar:

a perda, a tantas coisas, é latente

que perdê-las nem chega a ser azar.


Perde algo a cada dia. Deixa estar:

percam-se a chave, o tempo inutilmente.

A arte da perda é fácil de abarcar.


Perde-se mais e melhor. Nome ou lugar,

destino que talvez tinhas em mente

para a viagem. Nem isto é mesmo azar.


Perdi o relógio de mamãe. E um lar

dos três que tive, o (quase) mais recente.

A arte da perda é fácil de apurar.


Duas cidades lindas. Mais: um par

de rios, uns reinos meus, um continente.

Perdi-os, mas não foi um grande azar.


Mesmo perder-te (a voz jocosa, um ar

que eu amo), isso tampouco me desmente.

A arte da perda é fácil, apesar

de parecer (Anota!) um grande azar.

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Ego e Alma

 





Rodolfo Pamplona Filho


Ser importante é do Ego

Ser feliz é da alma

Ser valorizado é do Ego

Realizar-se é da alma

Ter títulos é do Ego

Saber é da alma

Ser lembrado é do Ego

Fazer é da alma

Ser reconhecido é do Ego

Ter amigos é da alma

Ser casca é do Ego

Ser essência é da alma


Salvador, 21 de julho de 2018.