sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O VENTO

O VENTO
Jacyra Ferraz Laranjeira

Uma cena...
Tragédia em vermelho...
A morte querida?
Alguém abriu a porta,
mas quase não havia vida.
Carmen estava ferida,
entre fotografias, velas e lâminas
no “Chão de giz”.
Um ato, acting out,
mesmo com os miligramas
dos psiquiatras.
Como pode ser tão louca?
Morrer para existir?
O horror em casa,
Amityville estava ali.
Então, o vento soprou,
levantando o corpo despedaçado.
Bateu os pés na sala
com a voz firme e
fez aparecer a raiva...
Mensagem de ódio
na secretária eletrônica
somente fez surgir
um sorriso maroto
naquele que tentava fazer vazar
a menina mimada
Quebrou mais ainda a casca,
foi juntando os pedaços dos
espelhos quebrados, espalhados e nublados.
O vento soprava, fazia mágica
Vestia uma boneca,
Recolava os cacos.
A morte apaixonada olhava de soslaio
o trabalho do escultor.
O impulso, com a morte chegando perto,
sopra o vento novamente,
antes de ela encostar.
De repente, a forma respira...
- Como pode um objeto falar? -
O vento diz:
“Agora, em troca, quero a verdade”
A coisa ali parada sussurra:
“Ensina-me a viver?”

2 comentários:

  1. Amigo, eu acompanho o seu blog e já li outros poemas de Jacira... São melancolicos, não acha?

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  2. Sim, Malu, são poemas pesados, mas reveladores de uma alma muito linda também...
    Bjs,
    RPF

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