segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A ÚLTIMA MANHÃ DE CARNAVAL


A ÚLTIMA MANHÃ DE CARNAVAL
(Cairo Brunno, Teresina(PI) em 04.08.2011)

Meu bem, estou indo à praia
Eu preciso ver o sol nessa manhã de carnaval
Amanhã será a quarta-feira cinza
Em que nossas frontes serão marcadas
Por cinzas de sabe-se lá o quê
Como bois sinalizados esperando o golpe de misericórdia
Que de piedoso leva apenas o nome
Mas o que interessa é que hoje ainda é folia
Venha cá! Olhe através da janela
E veja a multidão que se movimenta lá fora
Seus ouvidos não conseguem escutar os impactos
Dos pés que impulsionam os corpos?
Não, não diga que eu estou ficando louco
Aquilo lá embaixo na avenida não são carros
São pessoas coloridas com suas bandeiras hasteadas
Não, eu não aceito essa sua reserva
Eu não aceito esse seu olhar de quem comeu e gostou
Não se conforme, meu bem, com aquilo que é
Sim, eu prometo que não enlouquecerei por enquanto
Mas se você fosse como eu, viveria todos os dias
Como se fosse a véspera de uma quarta-feira de cinzas
Sempre esperando o retorno de uma semana estafante
Meu bem, ouviu o que eu disse? Estou indo à praia
Venha cá! Venha comigo!
Dispense o elevador e desçamos juntos desse décimo andar
Pela escadaria, fazendo barulho, fazendo soar nossas buzinas
Vamos soltar nos corredores os nossos fogos
E eu te imploro para que quando finalmente chegarmos ao nosso destino
O teu corpo te lance ao mar como uma oferenda
Entenda meu pedido nessa manhã, amor
Meu bem, estou indo à praia

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