sábado, 1 de fevereiro de 2014

Soneto do Filho que ficou em casa...


Soneto do Filho que ficou em casa...

Rodolfo Pamplona Filho
Olhe para seu próprio umbigo,
sujeito que se acha o bom filho,
perdendo a capacidade de sentir
a empatia que permite e faz sorrir...

Ser o primeiro não é maturidade,
esquecendo o dom da generosidade,
sentindo-se um escravo ao fazer
aquilo que é apenas seu dever...

contabilizando-se os perdões
 e os favores dos corações,
quando a mesquinhez não mais sai,

não se permitindo celebrar
o que só existe para comemorar,
que é o retorno à casa do pai.

Salvador, 27 de janeiro de 2013.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

SENSAÇÕES

SENSAÇÕES

Esses dias intermináveis, as horas não passam,  consigo perceber cada minuto, segundo no relógio que até parece uma eternidade. Tenho a dor e o medo dentro de mim, que caminham lado-a-lado.
Na espera incansável por algo que não tem cor, cheiro e nem forma. Tenho em mim a angustia de estar preso entre quatro paredes, olho pela janela e vejo um mundo enorme lá fora, uma noite sem lua, uma rua nua.
 Sinto-me com um nó na garganta com gosto de sangue que corre entre minhas veias, todos dormem, dormem,  e apenas  ouço o ruído do vento.
Preciso da liberdade dos passáros, eles sim, são livres e tem o privilégio de não pensar. Carrego dentro de mim algo inconstante, que vai e volta,  que é livre.
E a noite continua silenciosa, e, como toda noite é uma boa conselheira, ouço apenas o silêncio.
A vida é o embalar de uma música, você só precisa pegar o ritmo dela. Quantas noites precisarão passar para que eu encontre o meu caminho?


Carla Luiza de Almeida Cerqueira

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Soneto para os 70 anos de Pinho


Soneto para os 70 anos de Pinho

Rodolfo Pamplona Filho
Hoje é dia de comemorar
a vida de quem ama o mar,
a fazenda e a família
(e mais ainda Dona Virgínia)!

Hoje é dia de festa,
pois nada mais nos resta,
senão vibrar mais um ano
do lutador de sangue italiano,

que é louco por macarronada
e que não tem medo de nada,
mas que também se comove

nos braços carinhosos de seu love,
quando, da batalha, descansa sereno
chamando-o lindamente de Lekeno...

Salvador, 30 de janeiro de 2013.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

As duas caras


As duas caras
À Nietzsche
     sd.jpgapolo.jpg

Ele é feio.  Pensei comigo. Muito feio.
Não acho! Considerou a Verdade.
Claro que é muito feio.
Ele é belo, perfeito.
Ora, ora. De que falas?
Embriagada para afirmar uma inverdade desta?
Apolo olhou frente a frente e não viu seu rosto.
Espelhou-se na luminosidade do sol, transfigurou-se.
De que falas? Não percebe seu erro?
Lindo é Dioniso. O mais belo dos belos. Arrebatador, forte e extasiante.
É necessário examinar de perto!
Ele é bom, muito bom. Um anjo de candura e bondade.
Estás louca? Não enxerga?
Ele é odiável, uma pessoa cruel.
Não estamos falando da mesma pessoa.
É que tu me apareces como uma pista de dança para os acasos divinos.
Música. Fogo. Tragédia. Desolação. Tristeza.  Infortúnio. A redenção.
Contemplação.
É com os pés do acaso que as Verdades preferem dançar.
A dança afirma o devir e o ser do devir.
Não há muito por aqui. Nem ali. Nem acolá.
Não existe limite para o sentir.
Destino malvado.
“E, neste momento, o deus tentador sorriu seu meio-sorriso alciônico,
Exatamente como se tivesse dito uma encantadora amabilidade”.
Ditirâmbica transformação ecoou em uma nova visão apolínica da tragédia.
Um mar eterno, uma trama mutante, um quadro destroçado.
Perguntar: qual meu destino?
Não queira saber.
Eu quero.
Insisto. Eu quero.
Não devia ter nascido. Já que nasceu, cuide em morrer. Contemplarei do horizonte.
O mito nos resguarda da música.
Que cruel! Dionisíaco, apolínico e belo.

Ezilda Melo
SSA-BA, 29 de janeiro de 2013.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pobre menina

Pobre menina, de olhos quase marejados
Seus amigos, somente caneta e papel
Rabisca lenta e sofridamente
Diário não possui, 
coisa de menina sonhadora, 
só tem retalhos...
Retalhos de papel, borrados de lágrimas e palavras
Um dia roubaram sua infãncia e adolescencia
rasgaram seus retalhos mais preciosos
Retalharam sua alma e essência

Crisália S. Silva

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Mensagem para meu Desejo

Mensagem para meu Desejo

Rodolfo Pamplona Filho
Mando uma mensagem
para quem não posso ver por inteiro..
Corra, corra mesmo, sem parar,
até chegar dentro do banheiro...
Veja a imagem
que está no teu espelho...
Encontre nessa viagem
todo o meu desejo...
Ame, por mim,
cada mecha de cabelo,
passe os teus dedos
em cada fio em desalinho
sinta o teu perfume,
beba o teu vinho,
beije o teu reflexo
e sinta o meu amplexo,
já que não posso te ter...
até que eu possa te ter...

Praia do Forte, 20 de fevereiro de 2012.

domingo, 26 de janeiro de 2014

VERSINHOS PARA ELE

VERSINHOS PARA ELE

Ele não se presta a dicionários
Parece ser um, mas é sempre tanto e vários

Pára a avenida quando atravessa
Arranca suspiros quando canta e versa

Incendeia reuniões, quebra todas as bancas
Põe fogo em mim, quando minha roupa arranca

Ele é meu menino, eu sou sua sina
Ele é meu verso livro, e eu sou sua rima...

02/02/2012, 21:26, Beatriz A.M.