sábado, 8 de fevereiro de 2014

ALÉM DO OLHAR


ALÉM DO OLHAR


Se meus olhos fossem de poetisa,
Eu olharia a vida com uma lente colorida:

Veria no rosto dos tristes, uma felicidade rosa.
No coração dos que sofrem, uma pureza branca.
Nas mãos dos oprimidos, uma alegria dourada.
No sorriso de uma criança, uma esperança verde.
E nos seus olhos, o brilho prateado do amor.

Mas, meus olhos não são de poeta:
Vejo o mundo em preto em branco,
E minha transparência impede de ver-me...
Reflito o que acho que sou,
Além do seu olhar.


Ezilda Melo

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Nilo


Nilo

Rodolfo Pamplona Filho
É o neto de César Leão
É o filho de Nilo Barreto
É o sobrinho querido de Clarival
É, sem dúvida, em toda história,
o aluno mais amado
da vida de Dona Janilda...
Ele foi coroinha da igreja,
o melhor que teve Padre Nicanô...
Mas o que este Churueiro
gosta realmente mesmo
é de ver os animais no pasto
ou correndo em um terreno vasto,
torcendo para que a chuva caia logo
e traga o verde para todos...
seja gente, boi ou cavalo...
Que tal ir ao velho sobrado?
Ou ver nascer um lindo bezerro?
Vamos passear na praça
ou tocar em um roda de samba!
Vamos para ouvir
as histórias de Davino...
e somente ser feliz...

Salvador, 14 de janeiro de 2013.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Os filhos querem colo... sempre!


Os filhos querem colo... sempre! 
 
Na sexta feira, 12 de maio de 2011, uma amiga do meu filho pulou do 8º andar do prédio onde morava na Rua Emiliano Perneta. Era uma adolescente. Tinha acabado de almoçar, estava com o uniforme do Colégio Bom Jesus, e a mochila nas costas, o que indicava que iria para o colégio à tarde, pois nas quartas e sextas eles têm aula o dia todo. Foi um choque para todos os colegas!
Aí vem a pergunta: Por quê? Ela tinha apenas 15 anos. Que problemas uma menina de 15 anos pode ter? Fiz esta pergunta ao meu filho, e a resposta me deixou chocada...
Ele me disse:
- Mãe, eu acho que era falta de colo.
Questionei:
- Como assim?
E ele me disse:
- Hoje em dia, os pais trabalham praticamente o dia todo, sempre com a mesma desculpa de que querem dar aos filhos tudo aquilo que nunca tiveram e, na maioria das vezes, eles estão conseguindo. Eles estão dando um estudo no melhor colégio, cursos de idiomas, dinheiro para gastar no shopping, um computador de última geração pro filho ficar enfiado em casa durante o pouco tempo livre que sobra, roupas, tênis, celular, tudo muito caro, etc... E sempre cobrando da gente boas notas, pois estão investindo muito... Na maioria das vezes, os pais não têm mais tempo para os filhos, não conversam mais, não fazem um carinho...
Ele fez uma pausa. Eu estava boquiaberta com o que ele acabara de falar-me e meus pensamentos foram a mil. Mal comecei uma frase
- Meu filho, você tem razão. É isso mesmo...
E ele me interrompeu dizendo:
Mãe, quando a gente chega em casa, o que mais a gente quer é o colo da mãe. Quando vai mal nas provas ou quando acontece alguma coisa ruim, a gente quer colo. Por que você acha que hoje tantos jovens são quase revoltados? Na maioria das vezes, eles estão querendo chamar a atenção, ser notados... Só que no lugar errado e de forma errada: na rua e com violência.
- Dei um grande abraço em meu filho, beijei-o com muito carinho. E lhe disse:
Meu filho, espero que a morte da Joana não tenha sido em vão, pois quem sabe desta forma muitos pais vão repensar suas atitudes para com seus filhos!
Ele olhou-me carinhosamente e concluiu, antes de sair para a escola:
Não somos máquinas, mãe. Não somos todos iguais. Não é porque o filho da vizinha tira só dez que todos nós vamos tirar 10. Talvez, nem todos nós queiramos falar inglês!
Seus olhos cheios de lágrimas revelavam a dor que sentia pela morte da colega e, ao mesmo tempo, o quanto meu filho valorizava a nossa família. Já fora de casa, ele voltou correndo e me deu um forte abraço e me disse:
- Mãe, obrigado por eu poder contar sempre com você nos maus momentos...E, obrigado, também, pelas broncas, pois sei que as mereço.
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Depois que ele virou a esquina, fechei suavemente a porta, pensativa e convencida de que o tempo e o amor são os melhores investimentos que podemos fazer pelos nossos filhos. O resto é consequência. Nada é mais importante que estes meios essenciais para a felicidade de nossos filhos. E, sem dúvida, só assim poderemos também ser felizes com a consciência tranquila de ter cumprido bem a nossa missão de pais.
(Texto anônimo, circulando na Internet)
 
"Tudo o que acontece, sucede por alguma razão".

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

“5 Minutos”


“5 Minutos”
Discurso de Paraninfia dos Formandos Maurício de Nassau 2012.2


O que se faz em 5 minutos?
Para quem espera, parecem muitos...
Para quem fala, parece nada,
pois toda oportunidade é joia rara
para poder passar uma mensagem
a quem se propõe a uma viagem
de conhecimento da vida profissional.

E, por isso, não me levem a mal
se eu, cumprindo o esquema,
resolver fazer um poema
sobre o que se fazer
quando se tem que escolher
cada palavra ou sentimento
para cumprir rigorosamente o tempo.

Usarei, no máximo, 5 minutos, de verdade,
para, agradecido, falar nesta solenidade
e, para não ser chato ou cansativo,
serei extremamente objetivo.

Fui honrosamente homenageado
com o convite que me foi dado
de ser Paraninfo, com louvor,
de uma turma de que não fui professor.

Em 5 minutos, tudo é possível,
desde que, com disciplina incrível,
consiga-se condensar
tudo que se quer manifestar.

Em 5 minutos, cozinha-se um ovo,
descobre-se algo novo,
prepara-se o macarrão
ou perde-se a condução.

Em 5 minutos, pode-se fazer diferença,
independentemente de qualquer crença,
pois tudo pode acontecer
quando se dedica para valer...

Em 5 minutos, poder virar um jogo,
pode-se salvar alguém do fogo,
pode ser o momento da despedida
ou ser tudo que resta da vida.

Em 5 minutos, apaixona-se à primeira vista,
desenvolve-se a arte da conquista,
clama-se a Deus com todo o coração
ou, em um debate, perde-se a razão.

Por 5 minutos, atrasa-se para uma entrevista,
apaga-se, na perícia, uma pista,
dá para passar um bife no alho
ou tomar revelia na Justiça do Trabalho.

5 minutos é mais do que suficiente
para quem decide ser diferente,
para dar um beijo em seu filho no começo do dia
ou ver um sorriso que ilumina uma alma vazia.

Em 5 minutos, arrumo-me para um compromisso
- claro que, para as mulheres – não se aplica isto! –
escrevo um soneto, ouço uma canção,
vejo algo no youtube ou faço uma oração.

Em 5 minutos, tira-se uma rápida soneca,
devolve-se um livro na biblioteca,
desiste-se de uma prova,
cava-se a própria cova.

Em 5 minutos, mesmo sendo um instante,
cochila-se em uma aula maçante,
confere-se um gabarito,
vai-se do sussurro ao grito...

Em menos de 5 minutos, fiz este discurso
e vocês coroaram o seu curso.
Em menos de 5 minutos, pronunciei-me para celebrar sua vitória
e vocês passaram a fazer parte da minha história.



Escrito e Declamado em 02 de fevereiro de 2013,
no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador/BA.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Mau Humor


Mau HumorL. Vieira - Publicitário

Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo o cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato.
Joaquim Ferreira dos Santos, em 'O Globo' de domingo, fala do seu profundo preconceito com quem usa 'agregar valor'.
São preconceitos eu sei. Mas cada vez mais, a vida está confirmando essas conclusões.
Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas.
Por incrível que pareça, não consegui desmentir.
Pode ser coincidência, mas até agora todo cara de quem eu me lembro usando o paletó colocado sobre os ombros é muito babaca.
Outro índice infalível é, que atrás de alguém fumando um cachimbo, existe 1 de 2 tipos de pessoas: ou inglês ou babaca! Com inquenta e muitos anos de vida, nunca encontrei outra espécie....
Já que estamos nessa onda, responda-me uma coisa: você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra 'carne', fica falando o tempo todo em vida saudável? É a pessoa ideal para companhia na madrugada?
Eu detesto certos vícios de linguagem, do tipo 'chegar junto', 'superar limites', então e os famosos 'gerundismos' que lembram papo cabeça de concorrente a ‘big brother’.
Mais uma vez, repito: acho puro preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias gratuitas. Tem gente de quem a gente não gosta logo de saída, sem saber direito por quê.

Se algum dia eu matar alguém, existe a grande possibilidade de ser um
guardador de carros
.  tenho menos raiva de um assaltante do que do cara que fica na frente do meu carro fazendo gestos desesperados, tentando me ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua e tivesse todo o direito de me cobrar pela vaga.
Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de fazer?
Não suporto especialista em motivação de pessoal que obrigue as pessoas a ‘pagar o mico’ de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados, tentando receber 'energia positiva'.
Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa companhia. Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos percorrendo o País, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria.
E, para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando 'um beijo no coração'?

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Diagnóstico: Rotina


Diagnóstico: Rotina

Rodolfo Pamplona Filho
A rotina é inevitável
para qualquer pessoa,
mas adorá-la e desejá-la
rígida, imutável, chata...
soa patológico...

O que mata uma paixão
não é o fim do amor,
mas a falta de vibração
e de ânimo de quem
se busca amar...

A falta de vontade
de dançar, de beijar,
de fazer, de tudo,
um pouco, vivendo
pequenas loucuras...

A falta de encantamento
com a música, a cor e a poesia...
Vira falta de tesão
e de calor na alma,
na cama e no drama...

Salvador, 09 de janeiro de 2013.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

À Iemanjá.


From: Ezilda Melo
Sent: Saturday, February 02, 2013 7:54 AM
Subject: Uma poesia para Iemanjá.

À Iemanjá.

No vermelho rio, as flores ofertadas, dançam em rodopio.
A vida, vai e vem, nestas ondas em cio... iemanjá me chamou e eu vim, e oferto, meus sentimentos, e os jasmins perfumados que colhi.

Oh, rainha das águas, quanto de seu azul são lágrimas salgadas? Suas mulheres ornadas são tão desejadas!
 E sua força arrebatadora, sem exigir sacrifícios, tão festejada!

Oh, Rainha dos mares, das pescadoras de dores e  amores, o sertão quer virá mar para te ofertar...as flores de cactus, as flores dos bugaris, as flores que as agricultoras sertanejas colheram para te entregar.
Oh, Rainha dos Mar, no dois do dois, todo tempo é de amor.
E o que não é para ser, a maré levará.

Na correnteza da vida, nada fica, tudo muda,
Como as ondas que vão e vem, num ir e vir, do infinito, tudo que já foi não voltará. O tempo passa e leva o que não é para ficar.
 Nas profundezas do mar azul, nas entranhas mais profundas dessa imensidão de águas, o mistério da criação é uma dor salgada e profunda, onde a criadora, mãe adorável, nos acalenta
E pergunta:
O que queres, onde vai chegar?

leva, leva ondas do mar, leve para a grande senhora, leva para o lugar onde o azul  se perde no horizonte, toda essa sujeita humana de sentimentos.
 Afogue-os no mar revolto, nos liberte da tormenta.
E quando mais tarde tudo tiver terminado, possamos está purificados  pela água  benta, pela água  salgada das lágrimas de todos que já passaram nesta vida.

Odoiá.  Rainha do mar. Odoiá.