quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Experimentar Coisas Novas

Rodolfo Pamplona Filho





Provar é arriscar o nojo
de ter pimenta demais,
para descobrir um novo
e maravilhoso sabor de sais
Experimentar é se jogar
sem ter ideia do que encontrar,
mas na certeza de que vale a pena
não viver com a alma pequena.
Assim, mergulho com tubarões
pode até mesmo se converter em
observação e alimentação de gaivotas
e tudo estará bem, vivendo emoções,
pois, mesmo com enjoo de viagem,
tentou-se e não se arrepende na volta.


Gansbaai, 14 de setembro de 2015

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dá-me a tua mão

Clarice Lispector


Dá-me a tua mão: 
Vou agora te contar 
como entrei no inexpressivo 
que sempre foi a minha busca cega e secreta. 


De como entrei 
naquilo que existe entre o número um e o número dois, 
de como vi a linha de mistério e fogo, 
e que é linha sub-reptícia. 


Entre duas notas de música existe uma nota, 
entre dois fatos existe um fato, 
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam 
existe um intervalo de espaço, 
existe um sentir que é entre o sentir 
- nos interstícios da matéria primordial 
está a linha de mistério e fogo 
que é a respiração do mundo, 
e a respiração contínua do mundo 
é aquilo que ouvimos 
e chamamos de silêncio.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Agonia da Incerteza

Rodolfo Pamplona Filho



Tranquilidade tem 
quem não pensa 
e se contenta 
em viver o "aqui e agora",
como se o mundo não se importasse
com cada passo,
com cada rumo
ou cada decisão a tomar...
E se importa?
Calma tem
quem não reflete
e se promete
fazer apenas o que for possível,
como se as oportunidades se renovassem 
a cada decisão,
a cada nova ação 
ou a cada retrocesso...
E não se renovam?
Paz tem
quem não se agonia
com a incerteza fria
de que não se pode controlar o futuro,
como se lutar diferença não fizesse
a cada opressão,
a cada maldade 
ou a cada injustiça...
E faz?



Capetown, 11 de setembro de 2015.

domingo, 27 de setembro de 2015

As Vitrines

Chico Buarque de Holanda


Eu te vejo sair por aí 
Te avisei que a cidade era um vão 
- Dá tua mão 
- Olha pra mim 
- Não faz assim 
- Não vai lá não
Os letreiros a te colorir 
Embaraçam a minha visão 
Eu te vi suspirar de aflição 
E sair da sessão, frouxa de rir



Já te vejo brincando, gostando de ser 
Tua sombra a se multiplicar 
Nos teus olhos também posso ver 
As vitrines te vendo passar

Na galeria 
Cada clarão 
É como um dia depois de outro dia 
Abrindo salão 
Passas em exposição 
Passas sem ver teu vigia 
Catando a poesia 
Que entornas no chão

sábado, 26 de setembro de 2015

Dependência Tecnológica

Rodolfo Pamplona Filho






Não saber o que fazer

quando a conexão cai...

Ter momentos de prazer

com a senha do Wi-Fi

Dividir as pessoas entre quem usa

e quem não acessa certo app...

Eleger como Mestre ou Musa

quem tudo explica step by step...

Sentir-se completamente isolado

se não tiver um celular ao lado,

como se o mundo fosse malquisto.

Usar o WhatsApp compulsivamente

e perder-se em sua própria mente

como se a vida dependesse disto.



No avião Salvador-Recife, 09 de agosto de 2015.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Cajuína

Caetano Veloso





Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina tampouco turva-se a lágrima
nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A Angústia como Companheira

Rodolfo Pamplona Filho






Ter a angústia como companheira 
 é viver mais das faltas 
 do que das presenças 

Ter a angústia como companheira 
 é acreditar mais na previsão do tempo
 do que no céu lá fora

Ter a angústia como companheira 
 é perder a alegria e a vibração, 
 por causa do que não pode ser mudado 

Ter a angústia como companheira 
 é não experimentar por medo
 do que pode sentir...

Ter a angústia como companheira 
 é querer viver em outro mundo
 em vez de reconstruí-lo pouco a pouco.

Ter a angústia como companheira 
 é não aproveitar o tempo que resta 
 enquanto se espera pelo inevitável fim.

No avião para Brasília, em conexão para Vitória, 21 de agosto de 2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A Idade

Heleno Godoy 





A idade chega, amigo, quando menos 
a esperamos, como bicho sorrateiro 
ou ave que pousa milagrosamente 
sobre o muro que à nossa volta cons- 
truímos — uma roupa mais brilhante 
hoje, um corte de cabelo mais curto, 
um ajuste no cinto, uma tintura 
na barba escura ou no bigode forte 
— essas pequenas coisas que aparecem 
ou que aprendemos ao longo dos anos 
de esperarmos por ela, essa idade  
sutil ou insidiosa e que vem 
rápida ou lentamente, e se a deixamos: 
— a idade chega quando jovens somos.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Ficar na Mão

Rodolfo Pamplona Filho






Esperar intensamente 
 o que não se realiza
 Desejar imensamente 
 o que não se concretiza

Frustrar a expectativa 
 de quem se entrega
 Recusar a tentativa  
 a quem não se nega

Não aproveitar a oportunidade
 surgida repentinamente 
 de quem realmente sente

o clímax da saudade,
 mas que só terá a decepção 
 de ficar abandonado só na mão.

Brasília, aguardando conexão para Vitória, 21 de agosto de 2015.









segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Soco

Helena Ortiz




essa lágrima que dói
esse sufoco
essa boca seca


sempre esse eco
no espaço chumbo
esse galho
que escurece
e cai

domingo, 20 de setembro de 2015

A Fé que vai nos sustentar

Rodolfo Pamplona Filho


História não é destino:
 O que, algum dia, eu fui 
 não pode me condicionar 
 ao que quero ser 
 e nem deve me privilegiar!
 Não sou obrigado a repetir erros 
 ou manter os meus acertos!

Saber o que se crê:
 É preciso saber o conteúdo 
 e o objeto da sua confiança !
 Fundamentar em evento específico
 Certificando a sua convicção
 por algo pelo qual vale a pena viver e morrer...
 (Se Jesus não ressuscitou, é vã a sua fé...)




A fé que vai mudar 
 sem impor a mudança:
 Não se pode ter vergonha
 quando se percebe que está no erro!
 Impor sua verdade (a quem quer que seja)
 somente desvaloriza a sua própria crença!
 Crer deve ser um convite à aceitação!

A fé que aprende a descansar 
 na certeza do cuidado divino,
 a despeito de tudo que sinto!
 Por mais que sofra,
- e não se nega o sofrimento -
têm-se sempre a certeza 
 de que Deus cuida de mim...

A fé que sabe que a familiaridade 
 com a indefectível verdade
 não gera salvação!
 Não basta conhecer a liturgia,
 mas, sim, ser transformado!
 O que liberta é a prática e o testemunho 
 de que não somente se sabe, mas se vive...

Salvador, 23 de agosto de 2015, domingo...

sábado, 19 de setembro de 2015

DOR

Humberto de Campos




Há de ser uma estrada de amarguras 
a tua vida. E andá-la-ás sozinho, 
vendo sempre fugir o que procuras 
disse-me um dia um pálido advinho. 
  
No entanto, sempre hás de cantar venturas 
que jamais encontraste... O teu caminho, 
dirás que é cheio de alegrias puras, 
de horas boas, de beijos, de carinho... 
  
E assim tem sido... Escondo os meus lamentos: 
É meu destino suportar sorrindo 
as desventuras e os padecimentos. 
  
E no mundo hei de andar, neste desgosto, 
a mentir  ao meu íntimo, cobrindo 
os sinais destas lágrimas no rosto! 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A Fé que Falha

Rodolfo Pamplona Filho


Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé que se apega 
à sua História pessoal,
como se o que se foi 
condicionasse o que quero ser...

Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé no que não se fundamenta,
nem pretende sequer saber,
em vez de ser algo 
pelo qual vale viver e morrer...




Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé que impõe sua verdade 
a quem quer que seja,
ao preço de sua desvalorização,
em vez de ser convite à aceitação.

Há Fé que Falha...
Há Fé que costuma falhar...
É a Fé que se contenta
com a liturgia e a doutrina,
não cuidando da prática e do testemunho
de quem não somente sabe, mas vive...

Salvador, 23 de agosto de 2015

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Poemas aos Homens do nosso tempo

Hilda Hilst




Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.


***********

Ao teu encontro, Homem do meu tempo,
E à espera de que tu prevaleças 
À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,
Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças
E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,
Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa. 
As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei
Minha própria rudeza e o difícil de antes,
Aparências, o amor dilacerado dos homens
Meu próprio amor que é o teu
O mistério dos rios, da terra, da semente.
Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu

Compaixão e ternura e paz na Terra
Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Cabo da Roca

Rodolfo Pamplona Filho





E, para despedir de Portugal,
Nada melhor do que sair da toca,
Conhecendo da Europa, o final,
Na ponta ocidental do Cabo da Roca.

2 de julho de 2015

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Metapoema

Elmar Carvalho




As meadas e as palavras 
são labirintos e teias. 
Nelas os poetas se elevam; 
nelas as moscas se enleiam 
e se debatem em vão. 
Os poetas são. 
As moscas, não.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sintra

Rodolfo Pamplona Filho




Nas ladeiras de Sintra, me encantei...
Buscando a beleza imemorial da Penha...
Travesseiros e Periquitas degustei...
Na certeza de que, para o prazer, não há senha...

Junho de 2015

domingo, 13 de setembro de 2015

As Horas

Da Costa e Silva





As Horas cismam no ar parado: 
            — Passado.
As Horas bailam no ar fremente: 
            — Presente.

As Horas sonham no ar obscuro: 
            — Futuro.


sábado, 12 de setembro de 2015

Gedächtnis Kirche

Rodolfo Pamplona Filho


A beleza de outrora,

destruída pela violência,

nunca se recuperará...

Mas, dos destroços,

surgem estilhaços...



E nova beleza

nasce das ruínas,

para nunca esquecer

a estupidez da guerra...

Ela nunca é igual

àquela que desapareceu,

mas é tão bela quanto

a que, para sempre, se perdeu,

pois sempre será...

(...) Beleza...



Berlin, 07 de julho de 2015

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Flutuações

Flora Figueiredo





O sonho aprendeu a pairar bem alto,
lá onde o sobressalto nem sequer nasceu.
Namorou a trôpega ilusão,
até que trêfego e desajeitado,
desprendeu-se de seu reino idealizado,
veio pousar tamborilante em minha mão.
Assim, aquecido e aconchegado,
parece que se esqueceu de ir embora.
Na hora em que ressona distraído,
eu lhe pingo malemolências ao ouvido,
à sua inquietação eu me sujeito.
Eis que o sonho dorme agora aqui comigo,
seu corpo repousa no meu peito.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A sabedoria na azeitona

Rodolfo Pamplona Filho



Toda experiência

faz parte

de algum aprendizado...

Experimentar

o fruto da oliveira

no seu amadurecer

ensina a valorizar

a transformação

proporcionada pela conserva...

O tempo para o desfrute

não coincide com o desgaste,

mas, sim, com o desvelo

para revelar

o melhor momento

para degustar...



No Trem para Sevilla, 23 de junho de 2015, 12:30 (7:30
 no Brasil...)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Poema Anônimo

Majela Colares


O poema que não fiz
(mas sempre canto)
está mais em mim
que muitos...
(pouco que escrevi)
é o mais inconstante
indefinido
dos poemas que vivi

o poema que não fiz
traduz meu mundo
está implícito...
único
em meu verso
já não sei quem sou
quem ele é
- fundiram-se todos os limites

O poema que não fiz
sorri comigo e sofre
e dorme e finge...
pensa a anônima forma
só para não ser,
enfim, subjuntivo

o poema que não fiz
surge do nada
e conspira a relatividade do tudo
(é a razão variável do verbo)
não há palavras
não há gestos
metáforas
tinta
que o descreva

o poema que não fiz
(mas sempre canto)
fecunda a própria poesia
que me seduz a vida inteira

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quando o Brado é ouvido!

Rodolfo Pamplona Filho


Não é fácil lutar...
contra as trombetas
daqueles que torcem contra!

Não é fácil lutar...
com o adversário,
o estádio e até o árbitro!

Não é fácil lutar...
com pênalti mal marcado
e gol legal anulado!

Mas a luta não é opção!
É determinação do coração,
que enseja a reação!

Mas a gana não é virtude!
É premissa de quem honra
o manto sagrado que ostenta!




Então, aprendam os detratores,
que, até soar o apito final,
o combate ainda é frontal,

o intento se persegue,
o objetivo não se esquece,
a esperança prevalece:

Aprendam que não se canta vitória
antes da derradeira hora,
como ensina a nossa história!

E, por isso tudo...

Sim, é fácil...
cantar até perder a voz
Brilhar com a força de mil sóis!

Sim, é fácil...
sorrir por, da degola, escapar
chorar para nunca mais voltar

Sim, é fácil...
emocionar com o triunfo de garra
aplaudir quem vence na marra!

Só uma coisa
realmente não é fácil...
é deixar de acreditar...
é deixar de vibrar...
é deixar de te amar...
pois isso nunca acontecerá...

Dublin, madrugada de 18 de setembro de 2014, ao saber do triunfo do Baêa,
dedicado a todos para quem lutam até o final, em especial Máxi e
Branquinho...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Banquete

Myriam Fraga


O vinho
que eu bebo
É o preço
De um homem.


O prato que eu como, 
Sem fome,
É o salário
Da fome
De um homem.




Mas,


O sonho que eu travo
Com fúria nos dentes


É somente a metade
Do sonho
De um homem.

domingo, 6 de setembro de 2015

O Destino do Sobreiro

Rodolfo Pamplona Filho



A consciência da finitude

permite a tranquilidade

de investir em um futuro

que certamente não se verá...

Afinal, a cortiça é recolhida

por quem não cultivou,

o fruto é desfrutado

por quem não o plantou

e ninguém limita

o alcance do amor...



A caminho de Évora, 01  de julho de 2015...

sábado, 5 de setembro de 2015

Cartão postal

Murilo Mendes




Domingo no jardim público pensativo.
Consciências corando ao sol nos bancos,
bebês arquivados em carrinhos alemães
esperam pacientemente o dia em que poderão ler o Guarani.
Passam braços e seios com um jeitão
que se Lenine visse não fazia o Soviete.
Marinheiros americanos bêbedos
fazem pipi na estátua de Barroso,
portugueses de bigode e corrente de relógio
abocanham mulatas.


O sol afunda-se no ocaso
como a cabeça daquela menina sardenta
na almofada de ramagens bordadas por Dona Cocota Pereira.



sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Ninguém tem culpa...

Rodolfo Pamplona Filho



Como fruto natural

da herança católica ibérica,

teme-se aceitar que o mal

existe também na América,

fugindo-se da conseqüência

de qualquer conduta humana,

negando toda negligência

ou mesmo prática insana...

Assim, tudo é desculpável






e a tolerância encontra apogeu...

Ninguém se vê responsável

pelos atos que cometeu...

É-se vítima do sistema,

do capitalismo, da maldição...

É-se vítima do governo,

da pobreza, da educação...

Desta forma, pedir desculpas

não merece louvação,

pois será apenas assumir a culpa,

como em uma espontânea confissão

mas que, ao contrário do pecado,

não merece qualquer perdão,

e, sim, somente o escárnio

ou uma mais alta indenização...



Wittenberg, 06 de julho de 2015

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Poema de sete faces

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.




O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Yggdrasil

Rodolfo Pamplona Filho




Árvore da Vida
Árvore do Mundo
que liga os nove Reinos:
Asgard, lar daqueles
que consideram deuses,
onde Odin cavalga Sleipnir,
seu garanhão de oito patas,
e tudo vê e tudo comanda...
Vanaheim
Alfheim
e, ligada ao céu
pela Bifrost,
ponte do arco-íris,
está
Midgard, nossa terra,
logo acima de
Jötunheim, terra do gelo
e de seus gigantes...




Descendo para as raízes,
onde nunca descansa
o dragão Nidhogg,
encontraremos
o mundo subterrâneo
e os reinos de
Muspelheim,
Nidavellir,
Svartalfheim, terra dos elfos negros,
e, por fim,
Niffleheim,
terra de Hvergelmir
e de Hel,
cujos portões são guardados
por Garm,
que não tem três cabeças,
pois uma já é o bastante...

Salvador, 05 de março de 2014, lendo Thor...

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Retrato

Cecília Meireles


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?