sábado, 12 de setembro de 2015

Gedächtnis Kirche

Rodolfo Pamplona Filho


A beleza de outrora,

destruída pela violência,

nunca se recuperará...

Mas, dos destroços,

surgem estilhaços...



E nova beleza

nasce das ruínas,

para nunca esquecer

a estupidez da guerra...

Ela nunca é igual

àquela que desapareceu,

mas é tão bela quanto

a que, para sempre, se perdeu,

pois sempre será...

(...) Beleza...



Berlin, 07 de julho de 2015

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Flutuações

Flora Figueiredo





O sonho aprendeu a pairar bem alto,
lá onde o sobressalto nem sequer nasceu.
Namorou a trôpega ilusão,
até que trêfego e desajeitado,
desprendeu-se de seu reino idealizado,
veio pousar tamborilante em minha mão.
Assim, aquecido e aconchegado,
parece que se esqueceu de ir embora.
Na hora em que ressona distraído,
eu lhe pingo malemolências ao ouvido,
à sua inquietação eu me sujeito.
Eis que o sonho dorme agora aqui comigo,
seu corpo repousa no meu peito.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A sabedoria na azeitona

Rodolfo Pamplona Filho



Toda experiência

faz parte

de algum aprendizado...

Experimentar

o fruto da oliveira

no seu amadurecer

ensina a valorizar

a transformação

proporcionada pela conserva...

O tempo para o desfrute

não coincide com o desgaste,

mas, sim, com o desvelo

para revelar

o melhor momento

para degustar...



No Trem para Sevilla, 23 de junho de 2015, 12:30 (7:30
 no Brasil...)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Poema Anônimo

Majela Colares


O poema que não fiz
(mas sempre canto)
está mais em mim
que muitos...
(pouco que escrevi)
é o mais inconstante
indefinido
dos poemas que vivi

o poema que não fiz
traduz meu mundo
está implícito...
único
em meu verso
já não sei quem sou
quem ele é
- fundiram-se todos os limites

O poema que não fiz
sorri comigo e sofre
e dorme e finge...
pensa a anônima forma
só para não ser,
enfim, subjuntivo

o poema que não fiz
surge do nada
e conspira a relatividade do tudo
(é a razão variável do verbo)
não há palavras
não há gestos
metáforas
tinta
que o descreva

o poema que não fiz
(mas sempre canto)
fecunda a própria poesia
que me seduz a vida inteira

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quando o Brado é ouvido!

Rodolfo Pamplona Filho


Não é fácil lutar...
contra as trombetas
daqueles que torcem contra!

Não é fácil lutar...
com o adversário,
o estádio e até o árbitro!

Não é fácil lutar...
com pênalti mal marcado
e gol legal anulado!

Mas a luta não é opção!
É determinação do coração,
que enseja a reação!

Mas a gana não é virtude!
É premissa de quem honra
o manto sagrado que ostenta!




Então, aprendam os detratores,
que, até soar o apito final,
o combate ainda é frontal,

o intento se persegue,
o objetivo não se esquece,
a esperança prevalece:

Aprendam que não se canta vitória
antes da derradeira hora,
como ensina a nossa história!

E, por isso tudo...

Sim, é fácil...
cantar até perder a voz
Brilhar com a força de mil sóis!

Sim, é fácil...
sorrir por, da degola, escapar
chorar para nunca mais voltar

Sim, é fácil...
emocionar com o triunfo de garra
aplaudir quem vence na marra!

Só uma coisa
realmente não é fácil...
é deixar de acreditar...
é deixar de vibrar...
é deixar de te amar...
pois isso nunca acontecerá...

Dublin, madrugada de 18 de setembro de 2014, ao saber do triunfo do Baêa,
dedicado a todos para quem lutam até o final, em especial Máxi e
Branquinho...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Banquete

Myriam Fraga


O vinho
que eu bebo
É o preço
De um homem.


O prato que eu como, 
Sem fome,
É o salário
Da fome
De um homem.




Mas,


O sonho que eu travo
Com fúria nos dentes


É somente a metade
Do sonho
De um homem.

domingo, 6 de setembro de 2015

O Destino do Sobreiro

Rodolfo Pamplona Filho



A consciência da finitude

permite a tranquilidade

de investir em um futuro

que certamente não se verá...

Afinal, a cortiça é recolhida

por quem não cultivou,

o fruto é desfrutado

por quem não o plantou

e ninguém limita

o alcance do amor...



A caminho de Évora, 01  de julho de 2015...