domingo, 3 de abril de 2016

SEM A CLARIDADE DELA


Não sei se é o fim: não consegui sequer perceber o início ou o meio.
Foram exclusivamente dias.
A noite já não tem mais o mesmo brilho.
A lua não olha mais para mim.
Não existem estrelas; todas ofuscadas com um não sabe quê ofuscante.
A tarde já se fora como um domingo ou quarta-feira de cinzas...
O dia sequer amanhecera: proibiram o sol de sorrir para mim.
Os pássaros já não fazem coro em minha janela.
As flores não se abrem às onze horas.
O girassol não segue o sol.
Resta-me, apenas, um tempo indecifrável.
Um tempo que resgata o que eu pensei esquecer.
Um tempo que passa; mas não amanhece, entardece ou anoitece.
Apenas o tempo das lembranças.
Apagaram a luz, a tua luz que me ilumina.
Tento reacendê-la, mas não adianta: está apagada.

Itanaina Lemos Rechmann
Poema selecionado no Concurso Dia Nacional da Poesia

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