sexta-feira, 7 de abril de 2017

Contando Histórias: E Nem Verão Era


Ney Pimenta

Ao ver o filho no chão
Tanta juventude perdida
As pernas não aguentaram o próprio peso e se dobraram
Joelhos no asfalto, braços abertos, olhos escancarados, fitava o nada.
A boca se abriu como antes nenhuma outra
Nenhuma outra jamais
E dela saiu um grito que não se descreve
Porque quem criou as palavras não imaginou um sofrimento assim
E foi tão alto que nenhum pássaro cantou
Nenhum homem falou
Nenhum cão latiu
Apenas uma cigarra
Num canto tão triste...
E nem verão era.

Fonte: http://neypimenta.blogspot.com.br/

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