quarta-feira, 24 de julho de 2019

A Arte Grita



Adriano Deiró

A arte grita em tempos sombrios
E o que fazer, senão ser garganta...
que gritando se agiganta,
e causa até arrepios,
contra seres tão vazios,
contra o mal que se levanta?

Me junto ao povo que grita,
à menina que anda aflita
por ser apenas quem é.
Já que a mais ninguém interessa,
se ela é Maria ou se é José.

A cada esquina um extinto
e templos cheios demais.
Fossem cristãos, só um quinto,
sem máscaras teatrais,
não haveria um faminto.
Viveríamos em paz

São missionários de índio,
só vivem em busca de mais.
Marginalizam o cachimbo
e o constrangem desde o início
a negar os seus ancestrais.

Vendem caro o perdão
E só lhe têm compaixão
Ou só lhe entregam o pão
da divina comunhão
se houver a confissão:
O seu deus é mais!!

Mas a arte é audaz
Resgata até capataz
e nem sempre passeata é capaz
Sigo garganta e levanto o cartaz...
Preconceito, jamais!

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