quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Ao negro sem nome da foto





Só de ver as suas cicatrizes,
As tuas dores eu senti
A senzala e seus odores,
Os ferros esbojando a carne
E ela sangrando em mim

Não há cota que a ti pague
Pela a mácula fincada em tua liberdade
Eu a sinto hoje em mim
Os horrores contumazes perpetrados em sua  pele...
Em qualquer parte...
Assinalam a desumanidade
Que em sua imagem assentou

O que sinto vem de constelações
Que impregnam a minha mentalidade.
Chamamento para a responsabilidade
Por tudo passado por ti
Torturados caminhos porque trilhou

Esta é a força da ancestralidade
Os registros de tamanha crueldade
Não se apagam, ganham realidade
Na foto do negro sem identidade
Que um dia alguém registrou.

Negra Luz

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