domingo, 20 de novembro de 2022

Cinzas

 




Heitor Lima


    A última brasa ardeu na cinza adusta:

    Tudo passou, tudo se fez em poeira...

    E na minha alma, que o abandono assusta,

    Morre a luz da esperança derradeira.



    O amor mais casto, a aspiração mais justa

    Têm a desilusão para fronteira...

    Um momento de sonho às vezes custa

    O sacrifício da existência inteira!



    Chama efêmera, o amor! Baldado surto,

    A glória! Ah! coração mesquinho e raso...

    Ah! pensamento presumido e curto...



    E o amor, que arrasta, e a glória, que fascina,

    — Tudo se perderá no mesmo ocaso

    E se confundirá na mesma ruína.

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