terça-feira, 18 de março de 2025

A Louca

 




Augusto dos Anjos





 A Dias Paredes




Quando ela passa: - a veste desgrenhada,


O cabelo revolto em desalinho,


No seu olhar feroz eu adivinho


O mistério da dor que a traz penada.








Moça, tão moça e já desventurada;


Da desdita ferida pelo espinho,


Vai morta em vida assim pelo caminho,


No sudário de mágoa sepultada.




Eu sei a sua história. - Em seu passado


Houve um drama d’amor misterioso


- O segredo d’um peito torturado -




E hoje, para guardar a mágoa oculta,


Canta, soluça - coração saudoso,


Chora, gargalha, a desgraçada estulta.









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