sábado, 6 de agosto de 2011

Tempo Rei



Tempo Rei
Gilberto Gil

"Não me iludo
Tudo permanecerá
Do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando
Todos os sentidos...
Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva
E pelo eterno vento...
Água mole
Pedra dura
Tanto bate
Que não restará
Nem pensamento...
Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!...
Pensamento!
Mesmo o fundamento
Singular do ser humano
De um momento, para o outro
Poderá não mais fundar
Nem gregos, nem baianos...
Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas
De repente ficam sujas...

Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo
Pode estar por um segundo..."

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Crise de Abstinência

Crise de Abstinência

Rodolfo Pamplona Filho

Há quanto tempo?
Como não sentir falta?
O que era constante
virou raro, episódico,
praticamente inexistente...

O corpo exige...
A cabeça clama...
mas a razão manda
e poda e castra
e reprime e oprime...

Estar viciado
em algo, em um hábito
ou em alguém
é um mal, como qualquer vicio,
ainda que desperte
momentâneo prazer,
fruto da reação química,
da lembrança despertada
ou do sonho já vivido...

E o que fazer
quando o desejo
sobrepuja a consciência?
Entregar-se,
ainda que para, depois, lamentar?
Fugir,
para não se arrepender?
Enfrentar e resistir,
para nunca mais, do mesmo, sofrer?

Nenhuma resposta é exata.
Nenhuma receita é perfeita.
Somente quem sofre
sabe a dor que é viver
e reviver sua própria história.  


Salvador, 06 de abril de 2011.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pela interdisciplinaridade....


Pela interdisciplinaridade....
(O Direito e a Psicologia)

Certo dia ele chegou e disse:
“está tudo bagunçado”
e, no lugar, foi colocando
aquilo que tinha achado.

Cada “i “ com o seu ponto
e cada letra em seu lugar,
de modo que o alfabeto
ele soube posicionar.

E assim foi escrevendo
tudo sem contextualizar
e aquilo que era da alma
no corpo já não podia estar...

E aquilo que era poder,
com “bobagem” não podia misturar
e aquilo que era ciência,
com sentimento já não podia estar...

E assim se deu a separação
de muito daquilo que já estava lá
e o poder subiu no foguete
sem a lua poder alcançar...

Porque lua de verdade
não é só o que se podia pegar,
é algo que vem de dentro
e não só de fora como parece estar...

E o que estava dentro
se alienou tateando na escuridão,
sem entender o que era contexto,
sem entender o que era dominação.

E as letras separadas separaram-se dos saberes...
Os autores inclusive também foram esquartejados,
colocando o cérebro à frente
e o coração de lado.

E assim seguiu o entendimento
daquilo que chamamos sociedade,
fragmentado e incompleto,
incapaz de alcançar qualquer verdade.

Marluze Pereira
22.07.2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

George Carlin

 George Carlin foi um humorista, autor e ator norte-americano. Carlin era um crítico da sociedade, o que lhe tornou famoso e ao mesmo tempo fez com que fosse preso algumas vezes       
 
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Qual o sentido da sua vida?
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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Promessas do Coração

Promessas do Coração

Rodolfo Pamplona Filho

Vamos encher a cara
e aproveitar a chance rara
de respirar novos ares
e conhecer um milhão de lugares?
Não se prenda... Deixe-se levar...
Você é o que sempre quis!
A vida é curta para desperdiçar:
sinta a brisa e seja feliz!
Alguns pequenos deslizes
devem ser comemorados!
Buscar novos matizes
não faz parte do passado!
Não leve a vida com pressa!
Vamos fazer um promessa?
Vamos casar
por mais de 40 anos,
mesmo sem nos tocar,
mesmo que não nos vejamos...
Ah, amor.... Ah, meu viver
se você pudesse ouvir
tudo o que deixei de te dizer
e o que nunca deixei de sentir...
que a minha grande sorte
é ter você dentro de mim,
pleno e eterno, até a morte,
até o que chamam de fim.
E, mesmo com o passar do tempo,
vocé verá como nosso amor continuará jovem e atento
na forma, aparência e calor
Penso que, no final,
as coisas acabam
sem peso, bem ou mal,
pois não travam,
nem há diferenças
no acerto ou erro
de suas próprias crenças,
das quais não se deve ter medo.
O erro não existe
na realidade,
pois o que, hoje, persiste
é só uma verdade
autêntica e imutável:
ao seu lado, eu vou morrer,
físico ou imaginável,
em um belo entardecer.

Salvador, 31 de julho de 2011.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Vendo o Navio partir...

Vendo o Navio partir...
Rodolfo Pamplona Filho
Ontem, olhei para o mar
e vi um navio zarpar,
seguindo rápido pela costa
até adentrar em nova aposta
de um outro horizonte que se avizinha,
cessando o frio que sinto na espinha...

Ontem, tentei sorrir,
ao ver aquele navio partir
em um rumo que desconheço,
buscando novo alvo para o apreço,
superando os passos dados no porto
e sabendo que o passado está morto.

Ontem, acabei por chorar,
quando percebi que não estava mais lá,
o meio que me permitia sonhar
com um futuro de novo gozar,
em que se sabe apenas o que se viveu
e se anseia pelo que se prometeu! 


Salvador, 06 de abril de 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Angústia

Angústia
                                                            Jacyra Ferraz Laranjeira

"Às vezes, a raiva simplesmente me sufocava..."
A angústia é uma bola emperrada na glote,
que vai apertando a minha respiração...
para a minha respiração...
Falta ar no cérebro, vem a sensação de desmaio...
Seguro qualquer coisa.
Os pensamentos são confusos e, se abro a boca,
não falo coisa com coisa, ou a bola cai...
É uma tortura!
Fantasio um arrebento
no desespero de querer oxigênio.
Caio afogando...
Não restam mais bolhinhas
e preciso falar rápido!
É mais um gemido que uma fala,
um pedido de socorro,
em que os pulmões pedem socorro.
Um ruído sai da boca.
Mãos e pernas debatendo
impulsionam o corpo para cima, no poço.
Sufoco em tudo, mas a cabeça desponta
e emerge da água.
Consigo um pouco de ar
quando o vento me bate na cara
para eu ter coragem de sair de lá,
mesmo sem ar.
Então, um pequeno alívio surge,
num pequeno momento, bem pequeno,
mas surge após o medo,a culpa, a dor, a raiva...
A bola cai e a respiração volta aos poucos,
mas fico tensa, esperando o carrasco...
Não! Vou me afogar no poço novamente
E é assim sempre, sempre e sempre...