domingo, 31 de agosto de 2014

Uma poesia coletiva

Uma poesia coletiva

Rodolfo Pamplona Filho
Quanto mais poesia,
melhor é a vida!
Mais leve fica...
Mais leve, mais doce,
mais "vivível"
Mais feliz e mais sensível

Viver é ter alma em prosa
Equilibrar-se em cada verso
Fazendo de cada canto do universo
Um pequeno mar de rosas

A vida é arte
A poesia faz parte
É a perfeita sintonia
da mais bela sinfonia...

Se há tristeza
Se há amargura
Inverta o jogo!
Não seja refém do pouco!
É uma conquista a alegria
É um tempero para a vida,
a poesia!


Salvador, 21 de dezembro de 2013, em brainstorm virtual no What'sApp, de Rodolfo Pamplona Filho, Joeline Araujo, Adriana Oliveira, Carolina Curi, Larissa Peixoto, Gustavo Gerbasi e Pedro Figueiredo.

sábado, 30 de agosto de 2014

Trindades

Trindades

Rodolfo Pamplona Filho
Na Babilônia,
Nimrod, Semíramis e Tamuz
No Egito,
Osíris, íris e Hórus
Na Gnose Pagã Israelita,
Kether, Chokmah e Binah
Para Platão,
O pai desconhecido, nous/logos e a alma mundial
No Cristianismo,
o Pai, o Filho e o Espirito Santo
Na DC,
Superman, WonderWoman e Batman
Na minha vida,
Eu, você e nosso amor


Salvador, 01 de dezembro de 2013, lendo "Novos Titãs".

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

ONZE EXPRESSÕES USADAS PELAS MULHERES E SEUS REAIS SIGNIFICADOS



ONZE EXPRESSÕES USADAS PELAS MULHERES E SEUS REAIS SIGNIFICADOS:


 1 - "Certo": Esta é a palavra que as mulheres usam para encerrar uma discussão quando elas estão certas e você precisa se calar.


 2 - "5 minutos": Se ela está se arrumando significa meia hora. "5 minutos" 
só são cinco minutos se esse for o prazo que ela te deu para ver o futebol antes de ajudar nas tarefas domésticas.


 3 - "Nada": Esta é a calmaria antes da tempestade. Significa que ALGO está acontecendo e que você deve ficar atento. Discussões que começam em "Nada" normalmente terminam em "Certo".


 4 - "Você que sabe": É um desafio, não uma permissão. Ela está te desafiando, e nessa hora você tem que saber o que ela quer... e não diga que também não sabe!


 5 - Suspiro ALTO: Não é realmente uma palavra, é uma declaração não-verbal 
que freqüentemente confunde os homens. Um suspiro alto significa que ela pensa que você 
é um idiota e que ela está imaginando porque ela está perdendo tempo parada ali discutindo com você sobre "Nada".


 6 - "Tudo bem": Uma das mais perigosas expressões ditas por uma mulher. 
"Tudo bem" significa que ela quer pensar muito bem antes de decidir como e quando você vai pagar por sua mancada.


 7 - "Obrigada": Uma mulher está agradecendo, não questione, nem desmaie. 
Apenas diga "por nada". (Uma colocação pessoal: é verdade, a menos que ela diga "MUITO obrigada" - isso é PURO SARCASMO e ela não está agradecendo por coisa nenhuma. Nesse caso, NÃO diga "por nada". Isso  apenas provocará o "Esquece").


 8 - "Esquece": É uma mulher dizendo "FODA-SE !!!"


 9 - "Deixa pra lá, EU resolvo": Outra expressão perigosa, significando que uma mulher disse várias vezes para um homem fazer algo, mas agora está 
fazendo ela mesma. Isso resultará no homem perguntando "o que aconteceu?". Para a resposta da mulher, consulte o item 3.


 10 - "Precisamos conversar!": Fodeu!!!, você está a 30 segundos de levar um pé na bunda.


 11 - "Sabe, eu estive pensando...": Esta expressão até parece inofensiva, mas usualmente precede os Quatro Cavaleiros do Apocalipse... 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Sinto Falta


Sinto Falta

Rodolfo Pamplona Filho
Sinto falta de seu cheiro,
de seus olhos e de seu sorriso
Sinto falta de sua boca,
de seu corpo e de seu riso
Sinto falta de você


Salvador, 03de dezembro de 2013.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A Lavanderia de Anastério



   A Lavanderia de Anastério

 Macintosh HD:Users:CLAUDIA_REINA:Desktop:Unknown-2.jpeg     A montanha  da humanidade com o Sol de Zaratustra –Edvard Munch

          Anastério  era  um menino ossudo, alto e pontudo. Solitário. Orelhas de abano.  Nasceu   na cidade Vila Nova do Coito no distrito de Santarém. Na escola Martírio de Todos os Santos, quando  perguntavam o porquê  de seu nome respondia envergonhado: mistura de Ana Sousa,  minha mãe e Eletério  Sousa, meu pai. 
        Os líderes de futebol juvenil Pedro Dourival, João Espinhosa  e  Antônio   Barata  caçoavam das   orelhas e das pernas finas do menino, o que era imitado pela garotada endiabrada. As meninas riam e repetiam: Anastério. Anastério. Anastério. E o som de seu nome   invadia  o mundo.  Seu mundo. Não jogava futebol.  Nem beisebol. Colecionava bonés de times  para  esconder  as orelhas  e não escutar o eco de  seu nome.  Usava calças e camisas largas para disfarçar as pernas e o corpo magro. As orelhas, as pernas finas e o nome eram suas desgraças.
        Sempre dormia de lado. As pernas compridas puxadas para o peito.  Não adiantava. Não havia reza ou proteção divina.  No breu da noite , o som  teimava em voltar: Anastério. Anastério. Anastério.  Aprendeu a não tomar lugar.  A não ser um desperdício de espaço.   Vivia mergulhado em si mesmo.  Adotou um cão de rua  para abrandar a solidão. Como seria bom se alguém se  importasse vez ou outra.  Envergonhado, andava cabisbaixo como a esconder ossos,  pernas, orelhas, nome. Se não  se chamasse Anastério talvez fosse  feliz. Triste o destino de um nome.
      Terminado o período escolar, foi trabalhar na Lavanderia Limpa Vila Nova do Coito.  Gostava do trabalho que o fazia esquecer das tormentas da alma, das orelhas, das pernas e do nome. Ficava escondido no fundo da loja  esfregando, lavando e passando com tal sofreguidão, que parecia estar a limpar todas as imundices do mundo.  Tornou-se o melhor   tirador de  manchas da cidade. Usava uma fórmula por ele inventada.   A fórmula se tornou tão popular que com o sucesso de vendas, ele pode comprar a lavanderia e continuar lavando, passando, esfregando com muito zelo e dedicação para manter a cabeça ocupada e esquecer suas feridas. 
    Com tanto esmero  na limpeza, ele  criou  uma estranha mania: descobrir  os segredos dos moradores    pelos modelos e sujeiras de suas roupas, toalhas e lençóis. Depois de analisar as manchas, modelos , sujeiras e objetos esquecidos fazia algumas pequenas investigações . Deleitava-se  com as suas descobertas.  Algumas ele fazia questão de registrar na memória  para não esquecer os espelhos da aparências.
    A professora  primária Joana Serra Pimenta Fogaça trazia   toalhas brancas sempre manchadas de batom e rímel. Toalhas úmidas e perfumadas. Anastério pegava uma das toalhas e esfregava no corpo. Imaginava Joana nua depois do banho a passar a toalha  entre as pernas  e os seios.   Joana era amante de Hélio  Ferrão da Cruz Lobo,  gerente do Banco de Portugal. Ele  sustentava os luxos de Joana, com empréstimos, investimentos e doações bancárias . Lobo  era o homem mais importante da cidade depois do prefeito Doutor Salgado Raposo de Almeida Praga. O povo dizia que eram os donos do dinheiro . Lobo era convidado para todas as festas de casamento, inaugurações de escolas, hospitais e tribunais . Nas comemorações   sentava ao lado do prefeito . O juiz   da comarca não gostava  de festas ou comemorações públicas. Ausente das homenagens, nunca estava  ao lado do gerente Lobo e do prefeito Raposo.
           João Espinhosa usava camisas pretas e iguais como o restante do vestuário.  Elas continham  manchas enormes nas axilas e restos de certo pó esbranquiçado. Era obsessivo por repetição. Repetia compulsivamente frases, números e comportamentos.  Não tinha passado seis meses  em Lisboa  como   contara a família.  Tinha estado em um sanatório .
    Antônio Barata  tinha os colarinhos e punhos sempre ensebados . As camisas    combinavam com as calças de tergal vincadas. Homem de poucos risos,  deixava nos bolsos das calças cartões  das termas Cassandra . Sua esposa, Dolores, usava roupas sem viço como seu corpo. Mulher amarga, vivia em quarto separado do marido. 
        Joaquim Augusto Dos Reis Severo, comerciante afortunado, marido de Florinda, usava pijamas de  bolinhas brancas que combinavam com as cuecas que sempre ficavam enroladas nas calças. Tinha um caso com Pedro Dourival que se transformava em drag queen nas boates da capital.  Pedroca sempre levava seus vestidos de lame  para lavar.
        A batina de padre Amadeus Carneiro dos Anjos trazia manchas amareladas.  Caridoso e altruísta,  ele sempre amparava os rapazes pobres da paróquia.  Anastério pedia perdão a Deus por ter descoberto os segredos do pároco.
       Mariana Caetano do Perpétuo Socorro, casada com um rico  vinicultor, ajudava  entidades filantrópicas com grandes somas de dinheiro.  Mulher elegante, usava terninhos bem talhados com gravatas borboletas coloridas. Dizia ser a última moda entre   mulheres europeias.  Namorava escondido a filha da vizinha que não faz muito tempo  tinha feito a primeira comunhão na Igreja Calvário das Santas  Virgens.
      O delegado  Doutor Armando  Passos de  Aranha, conhecido pelo seu rigor com os presos e criminosos, esquecia entre os lençóis um par de algemas  vermelhas e um chicote de couro roxo. Diziam as más-línguas que ele  era sadomasoquista.
       Doutor    Amado Ribas   Peralta Penteado , médico de senhoras e senhoritas,  charmoso e bonito,  colecionava  roupas íntimas de pacientes.  Uma vez   confundira as sacolas de uniformes sujos que deveria mandar à lavanderia. Enviou  uma coleção   de calcinhas. Eram dezenas. De vários modelos e cores. Algumas inusitadas.  Anastério teve a certeza de reconhecer uma  calçola de  Dolores.
    Clara Clarice Maria dos Prazeres, psicanalista freudiana ortodoxa, muito solicitada pelos neuróticos, psicóticos  e histéricas de Vila Nova do Coito,  deixava entre   suas fantasias de  coelhinhas, tolhas felpudas e lençóis de seda que mandava lavar,  bizarros objetos que eram usados para  desvendar os sonhos de seus pacientes.   
   Anestério ria com gozo ao descobrir segredos, obsessões, farsas, traições,  corrupções, maldades, mentiras e perversões de muitos dos moradores da  cidade. Ele  só não descobria o segredo do juiz da comarca.  Doutor Álvaro Franco Arruda Viveiros Monjardim  era  um homem discreto e   lavava suas roupas em casa. 
    Tantas descobertas tiveram um   efeito libertador em Anastério. Ele deixou de andar cabisbaixo. Erguia os ombros e a cabeça com altivez. O olhar, a voz, a expressão facial  possuíam  uma segurança  nunca vista.  A   simplicidade   pueril de seus pais  em misturar nomes de batismo  não significava nada perto de tudo que tinha descoberto. O que eram as suas pernas finas e  as suas orelhas diante de tudo que tinha visto na lavanderia? Passou a sorrir. Muito.   O sorriso de seus dentes brancos iluminava a sua face.  Livrou-se dos bonés e das roupas largas.  Jogou fora dos ouvidos os ecos que sempre o perseguiram. Os escárnios dos garotos. Os risos das meninas. Onde estava tanta humilhação sofrida? Longe. Bem longe. O  som de seu nome não mais o envergonhava.  Nenhum som do passado rompia a tranquilidade de suas noites. A sua garganta passou a arder com vontade de gritar ao mundo o seu nome.
     E, agora, quando perguntavam o porquê de seu nome, dizia  com orgulho e firmeza:  Anastério - mistura de Ana  Sousa, minha mãe e Eletério  Sousa, meu pai.

Cláudia Reina


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Xibolete


Xibolete

Rodolfo Pamplona Filho
Deixa eu ser seu xibolete:
esta peculiaridade da pronúncia
que identifica um indivíduo
que faz parte de uma população...
É como o ditongo "ão",
que só é pronunciado corretamente
por quem é falante nativo
de nosso bom português...
Deixa eu ser o diferencial
no toque, na palavra e no calor,
que só se transmite e compartilha
o mais puro e verdadeiro amor...

Salvador, 23de outubro de 2012.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Por que você me procura?




Por que você me procura? 
O que você quer 
Sente saudades 
Sente solidão 
Sei lá O quê você sente 
sente alguma coisa, diga-me! 
Seja sincera, olhe nos meus olhos 
Diga do fundo do coração o que sentes por mim? 
Agora se não sente nada 
Não venha atrás 
Não perca seu tempo 
Nem tão pouco o meu 
Contudo se no fundo você me ama 
Venha comigo 
Me de um abraço 
Um olhar sincero 
É só isso que eu peço 
Sinceridade e cumplicidade

André Luis Augusto Martins 27/09/2013


domingo, 24 de agosto de 2014

ARTIGO 433 DA CLT

ARTIGO 433 DA CLT

O contrato de aprendizagem extinguir-se-á aos menores seres humanos
É o que o legislador nos diz
No seu termo ou quando o aprendiz
Completar vinte e quatro anos

A idade máxima prevista no art.428, §5º, desta Consolidação
Não se aplica excelência
A aprendizes portadores de deficiência
Conforme a norma em questão

Ou ainda anteriormente, segundo o poder legislativo
No desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz
Falta disciplinar grave; ou a pedido do aprendiz
Na ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo

Não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480
Desta Consolidação às hipóteses de extinção
Do contrato mencionados no artigo em questão
Assim a CLT nos orienta.

JORGE DA ROSA


sábado, 23 de agosto de 2014

A Mala e a Mula

A Mala e a Mula

Rodolfo Pamplona Filho
A mala pode virar mula,
quando apenas simula
o que deveria levar
e não mais carregar

a droga que já veio malhada
ou, no mínimo, molhada
pelo sangue e suor
de quem já fez pior:

ingressar sem autorização
no espaço de uma nação
que quer se proteger

de quem só pensa em si
trazendo o que não se quer ali,
fazendo tudo para esconder.


Aeroporto de Guayaquil, 05 de outubro de 2013.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Decisão do Juiz de Direito ELCIO TRUJILLO

7 ª Vara da Família do Foro de São Paulo

VISTOS.
Diante de razões constantes a fls. 3/4, juntados documentos de fls. 5/10, P.C.O., qualificado, submetido a cirurgia de transgenitalização em hospital público, na condição de transexual, pediu alteração, junto ao assento de nascimento, do seu nome, passando a chamar-se P.C.O., bem como do sexo, de masculino para feminino.
Em manifestação de fls. 21/41, o representante do Ministério Público requereu a extinção do feito diante de manifesta carência. A condição resultou afastada, determinada, em r. despacho de fls. 43, vinda de novos documentos, ausente recurso pelo MP.
Em r. despacho saneador de fls. 53/54, determinada a realização de perícia médica junto ao IMESC, bem como requisitadas cópias do prontuário médico do requerente junto ao Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Laudo juntado a fls. 131/133. Requerente com depoimento prestado a fls. 147/149. Alegações finais, pelo requerente a fls. 151/155 e, pelo MP, a fls. 156.
Relatado,
DECIDO:
Julgo o feito no estado em que se encontra.
Dispensável, no caso, maior produção probatória.
Prontuário médico, em cópia, juntado aos autos.
Nesse, todo o histórico do atendimento médico e do procedimento cirúrgico.
Resultado, pelos dados ali descritos, satisfatório.
Transformação ocorrida.
Apresentava o requerente o órgão masculino.
Com a intervenção cirúrgica, em trabalho técnico de realce, a mudança para o órgão sexual feminino.
Daí o pedido de alteração.
Comportamento e visual de mulher.
Atitudes e relacionamento com características do sexo feminino.
O laudo elaborado pelo IMESC — fls. 131/133 — apresenta regular radiografia do caso.
Genitália semelhante a vagina — fls. 132 —, sendo a resolução cirúrgica de boa qualidade.
Vive o requerente maritalmente com homem e relaciona-se sexualmente como mulher — fls. 132,
do laudo referido.
A fls. 147/148, em longo e detalhado depoimento, o requerente traduziu sua vida de problemas e
desencontros bem como a realidade vivida.
Sustentou mesmo conteúdo posto em laudo não impugnado.
Apresenta-se, desde criança, como mulher.
Veste-se, desde tenra idade, como mulher.
Relaciona-se como mulher.
Tem companheiro homem. Mantém relacionamento sexual satisfatório a contar da cirurgia.
É, em realidade do comportamento, uma mulher.
Certamente com limitações em termos de procriação.
O mais equipara-se ao sexo feminino.
Importa salientar que o requerente nasceu em parto de trigêmeos.
Um irmão, uma irmã.
E o requerente.
A aceitação da sua condição, desde criança, pela família.
Um quadro, repetindo, de dificuldades quanto a identificação.
A vida de uma mulher.
A documentação de um homem.
Os constrangimentos decorrentes.
A Constituição veda qualquer distinção ou mesmo tratamento preconceituoso.
Todos sob sua tutela e em busca do seu amparo.
Direitos e garantias individuais presentes.
Muito poderia ser posto em termos filosóficos.
Sobre a vida, sobre a história, sobre os povos.
Sobre o convívio, a aceitação e a participação.
Tenho, entretanto, dispensáveis tais questionamentos.
O processo trata de uma vida.
Sem espaço para os tratados em elaboração de teses.
Apenas a análise da realidade em face da legislação vigente.
O quadro guarda acaloradas disputas.
Também discórdias.
O que é homem? O que é mulher?
A presença da transexualidade.
Vigente ao longo da vida e dos tempos.
Os dramas sem retrato.
Os retratos sem figuras.
As imagens escondidas.
Mas presentes a dor, o preconceito, o sofrimento.
O mundo muda. A vida se altera.
A esperança se faz presente.
A construção do Estado, pela Nação, em busca da melhoria da vida.
Do respeito integral às individualidades.
Da consideração pelas diferenças.
Do aperfeiçoamento das realidades.
Da solução para os conflitos.
O Judiciário como Poder do Estado revelando-se muito mais como da Nação.
A trazer solução para a existência e a relação entre as pessoas.
A busca da solução diante da lei.
Regras que se apresentam para melhorar a condição dos cidadãos.
E, nesse limite, todos iguais.
Sem qualquer distinção.
Nesse comando, apurada a realidade vivida por Paulo, como negar, em parcela de Poder, o atendi
mento.
Judiciário na análise.
O Estado-juiz presente.
O Executivo, de longo tempo, assume a postura transformista.
Autoriza a mudança.
Nos autos, a prova.
Renomada e destacada Universidade — a de São Paulo — por seus pesquisadores e operadores,
em hospital público — o das Clínicas, vinculado à Universidade — portanto, em nome do Estado, a
realizar cirurgias corretivas, de adaptação e de transformação.
O histórico revelado pelo prontuário médico encartado.
A verba pública utilizada para minorar o sofrimento do cidadão.
O encontro, da Medicina, com a realidade vivida pelo ser humano.
A justa compreensão da técnica com a realidade.
Um Estado, portanto, que executa de acordo com os anseios do cidadão.
Condição de se anotar.
E de se questionar: como o mesmo Estado que pesquisa, investe e realiza no campo da transforma-
ção vem, ao depois, pelo seu seguimento de solução de conflitos, negar reconhecimento a situação de fato reconhecida?
Como o agente de defesa social — o Ministério Público — posto pelo Estado para zelar pela cidadania vem negar-se a reconhecer o que o próprio Estado realizou em prol do cidadão, ausente prejuízo para terceiros?
Apenas o interesse do Estado e o do cidadão.
Repetindo, sofrido, indefinido, no momento, documentalmente.
O Estado transforma Paulo em mulher.
Ao depois, se nega a dar-lhe o reconhecimento social quanto ao nome e ao sexo que, renovada a
condição, autorizou.
Conflito evidente.
Mas, pela análise, aparente.
Etapas que avançam.
A primeira condição, o reconhecimento físico via cirurgia transformadora.
A segunda, a mudança documental.
A menor.
O direito surge relativo.
Revela a vontade, o consenso de uma época.
E o Estado-juiz cuida de declarar essa vontade.
Em plena realidade.
Paulo apresenta-se como mulher.
Revela-se como mulher.
O Estado declara a condição em cirurgia específica.
Com recursos e investimentos públicos.
Momento da confirmação.
De forma simples e sem altas divagações.
Como deve ser a vida.
A mudança a quem aproveita?
Ao próprio requerente.
Que a contar do acolhimento da pretensão deixará de sofrer constrangimento e discriminação.
Condições que a Constituição impõe em afastamento.
O poder legal da transformação.
Do Judiciário.
O físico pertence ao Executivo.
E aos seus grupos de atuação em pesquisa e cirurgia.
Que Paulo corrija seu nome e seu sexo.
Que seja Paula, segundo sua vontade.
E mulher conforme sua realidade.
Posto isso e considerando o mais que dos autos consta,
julgo procedente
a inicial e, em conseqüência, acolhido o pedido constante de fls. 2/4, diante realidade física e médica decorrente de cirurgia
realizada em hospital público e às expensas do Estado,
defiro as retificações pretendidas por P.C.O.,
qualificado, no tocante ao nome, passando a chamar-se P.C.O. e, no tocante ao sexo, passando a contar com o sexo feminino em lugar do sexo masculino, ratificadas as demais condições postas em registro e em assento junto ao Serviço de Registro Civil.
Com o trânsito em julgado, de se expedir mandado de averbação.
Custas ex vi legis
.
P.R. e Intimem-se.
São Paulo, 11 de abril de 2004.
ELCIO TRUJILLO -Juiz de Direito

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Devido Processo Legal e Responsabilidade (Atos 16,37)


Devido Processo Legal e Responsabilidade (Atos 16,37)

Rodolfo Pamplona Filho
Não é preciso nascer romano
para ser devidamente respeitado,
pois, mesmo constando do plano,
é possível ser violentado

por aqueles que não observam
o devido processo legal
e difamam os que conservam
a sua integridade moral.

A conversão reforça, reafirma
ou mesmo constrói a dignidade
em uma vida ética de verdade,

pois a fé não permite licença ou rima
para burlar a lei e a crença
do contraditório para a sentença.


Salvador, 06 de outubro de 2013.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Depoimento de um Malandro (1950)



  “Seu doutor, o patuá é o seguinte: Depois de um gêlo da coitadinha resolvi esquinar e caçar uma outra cabrocha que preparasse a marmita e amarrotasse o meu linho no sabão. Quando bordejava pelas vias, abasteci a caveira e troquei por centavos um embrulhador. Quando então vi as novas do embrulhador, plantado com um poste bem na quebrada da rua, veio uma pára-quedas se abrindo, eu dei a dica, ela bolou, eu fiz a pista, colei; solei, ela aí bronqueou, eu chutei, bronqueou mas foi na despista, porque, muito vivaldina, tinha se adernado e visto que o cargueiro estava lhe comboiando.

Morando na jogada, o Zezinho aqui ficou ao largo e viu quando o cargueiro jogou a amarração dando a maior sugesta na recortada. Manobrei e procurei ingrupir o pagante, mas, sem esperar, recebi um cataplum no pé do ouvido. Aí dei-lhe um bico com o pisante na altura da dobradiça, uma muqueada nos mordedores e taquei-lhe os dois pés na caixa de mudança pondo-o por terra. Ele se coçou, sacou a máquina e queimou duas espoletas. Papai, muito esperto, virou pulga e fêz a duquerque, pois o vermelho não combina com a côr do meu linho. Durante o boogi, uns e outros me disseram que o sueco era tira e que iria me fechar o paletó. Não tenho vocação para presunto e corri.

Peguei uma borracha grande e saltei no fim do carretel, bem no vazio da Lapa, precisamente às 15 para a côr-da-rosa. Como desde a matina não tinha engolido a gordura, o roque do meu pandeiro estava sugerindo sarro. Entrei no china-pau e pedi um boi a mossoró com confeti de casamento e uma barriguda bem morta. Engoli a gororoba e como o meu era nenhum, pedi ao caixa prá botá na pindura que depois eu iria esquentar aquela fria.

Ia pirar quando o sueco apareceu. Dizendo que eu era produto do Mangue, foi direto ao médico-legal para me escolachar. Eu sou preto mas não sou Gato Félix, me queimei e puxei a solingea. Fiz uma avenida na epiderme do môço. Êle virou logo América. Aproveitei a confusa para me pirar mas um dedo-duro me apontou aos xifópagos e por isto estou aqui.


(Fonte: Correio da Manhã -. Rio de Janeiro - década de 1950)

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Segredo da Felicidade

O Segredo da Felicidade

Rodolfo Pamplona Filho
O segredo da felicidade é
não esperar nada com vida...
não esperar nada pela vida...
não esperar nada na vida...
não esperar nada da vida...


Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2013, antes do show do Black Sabbath, refletindo sobre expectativas e frustrações....

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ARTIGOS 431 E 432 DA CLT

ARTIGOS 431 E 432 DA CLT

A contratação do aprendiz poderá
Pela empresa ser efetivada
Onde se realizará
A aprendizagem ou pelas entidades mencionadas

No inciso II do artigo 430, é isso
Caso em que não gera vínculo de emprego
Com a empresa tomadora dos serviços
Conforme a legislação meu nego

A duração do trabalho do aprendiz
Não excederá de 6 horas diárias, sendo vedadas
A CLT nos diz
A prorrogação e a compensação de jornada

O limite poderá ser de 8hs diárias, em especial
Para os aprendizes, meus amados e minhas amadas
Que já tiverem completado o ensino fundamental
Se nelas forem computadas à aprendizagem teórica as horas destinadas.

JORGE DA ROSA


domingo, 17 de agosto de 2014

Rivalidade Futebolística

Rivalidade Futebolística

Rodolfo Pamplona Filho
O importante é competir!
Competir?
Só pelo espirito esportivo,
é que se pode esperar isto,
pois, contra o clássico rival,
só interessa um final:
a vitória, a qualquer custo,
ainda que seja no susto,
com um gol de mão, em impedimento,
aos quarenta e oito do segundo tempo...


No vôo de Natal para São Paulo, 17 de outubro de 2013.

sábado, 16 de agosto de 2014

Números...


"Quero a verdade. Deem-me números! Ilusão...
Os números expressam uma dimensão da realidade.
Por trás dos números estão relações sociais, seres humanos, que os números tendem a esconder."

(Emir Sader)

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Quatro anos de blog

Estimados

Hoje, não postarei texto poético novo!
Na verdade, esta mensagem é apenas para agradecer todos aqueles que têm acessado o blog, que, hoje, completa três anos consecutivos no ar, sempre com pelo menos um texto novo por dia!
E confesso que nunca imaginei que fazê-lo seria tão prazeroso assim.
Foram muito mais do que postar pouco mais de 365 textos (inicialmente eu postava mais de um por dia)!
Fiz amizades com pessoas que nunca vi ainda pessoalmente, mas que têm compartilhado suas almas e letras comigo. O blog deixou de ser um espaço para publicação exclusiva de textos meus, para se converter em um portal de poesia de todos aqueles que se interessam por este lado bonito da vida...
Quanta gente maravilhosa tivemos a oportunidade de conhecer aqui? Quantas criaturas preciosas nos enviaram textos e publicamos aqui com todo prazer, mesmo sem conhecê-las pessoalmente!
Por isso, em vez de postar um texto novo, gostaria de convidar você, que já segue o blog ou que está lendo-o pela primeira vez, a futucá-lo um pouco!
Verifique quantos acessos já ocorreram!
Veja quantos seguidores temos! Se você ainda não está lá, nao se acanhe em apertar a opção de "seguir o blog"!
Leia ou releia os textos mais acessados do blog (a relação está do lado direito desta página)!
Descubra os temas mais recorrentes nos marcadores dos temas!
Ajude-nos a melhorar o blog, tanto do ponto de vista da formatação, quanto da escolha dos textos a ser programados para publicação!
Comente aqueles textos que tenham chamado mais a sua atenção!
Além disso, tenho recebido contribuições de diversas pessoas que, quando não mandam poemas seus ou de terceiros, mandam imagens lindas que decoram o nosso espaço. Agradeço, em especial, à amada ex-aluna Amanda de Almeida Santos, que é a responsável pela maior parte das imagens expostas aqui no blog.
Ela, juntamente com outras pessoas lindas, têm me mandado diversas ilustrações que têm renovado o meu ânimo de manter o blog no ar...
Se você, leitor, encontrar alguma imagem legal que possa adornar algum texto já postado, não hesite em nos encaminhar também!
Ter tanta gente maravilhosa perto de mim é bom demais...
E isto me deixou muito feliz...
Feliz aniversário a todos nós!
Abraços a todos,

Rodolfo Pamplona Filho

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Amando em Braille

Amando em Braille

Rodolfo Pamplona Filho
Eu quero te amar em Braille...
Tocando na tua pele
como a ler uma mensagem
do segredo mais profundo
de nossa existência...
Conhecendo cada canto
com meus dedos e minha língua...
Provando o gosto forte
que emana de cada poro...
Respirando o perfume
que exala de teus cabelos...
Vibrando com a excitação
do eriçar de teus pelos...
Sentindo a firmeza de teus músculos
que impressionam no toque...
Aprendendo o idioma
que permite o prazer
do diálogo sem palavras,
mas com perfeita compreensão...
Lendo o teu corpo
apenas para saber
que não há no dicionário
palavra mais bela
do que o receptáculo
da alma que se deseja...
Eu quero te amar em Braille...


Curitiba, madrugada de 18 de outubro de 2013.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

“Tempo Mágico”


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
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Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos a limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena.

Rubem Alves

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Minha terra é minha história

Minha terra é minha história

Rodolfo Pamplona Filho
Meu mundo é maior que meu espaço
pois minha história eu mesmo faço.
Minha ligação é com o solo,
onde encontro repouso e colo.

Meu refúgio é minha vida:
É a herança que tenho contida
Meu espirito mora onde nasci...
É onde cresci e sempre vivi...

Meu conhecimento centenário
não se extingue no calendário,
mas sobrevive na transmissão
de geração em geração,

aprendendo a origem ancestral
da sabedoria tradicional
de pajés e xamãs,
renovada todas as manhãs

mesmo com um povo que não dá bola
à minha comunidade quilombola,
que sofre ao ver no horizonte
o que fizeram com Belo Monte

ou mesmo em São Bartolomeu,
onde nada mais é sequer meu,
pois onde fazia minha iniciação
hoje é área de perversão

de trafico e de violência,
sem respeito a qualquer crença,
deixando-me com a escória
quando minha terra é minha história.


Salvador, 24 de outubro de 2013, em brainstorm com Carol Liu sobre seu novo projeto cinematográfico..

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ARTIGO 430 DA CLT

ARTIGO 430 DA CLT

O artigo em questão estabelece os seguintes regulamentos
Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem
Cursos ou vagas suficientes não oferecerem
Para atender à demanda dos estabelecimentos

Esta poderá ser
Suprimida por outras entidades qualificadas
Em formação, como em art.anterior já citada
Como técnico-profissional metódica, a saber:

Escolas Técnicas de Educação obviamente
Entidades sem fins lucrativos
Que tenham por objetivo
A assistência ao adolescente

Para também teres sempre em mente
À educação profissional
Registradas no Conselho Municipal
Dos Direitos da Criança e do Adolescente.

JORGE DA ROSA


domingo, 10 de agosto de 2014

Confissões



Confissões

                        
William Douglas, 25.11.13, 10h.

Não se engane com meu jeito educado e
gentil.
Nem sempre fui assim.  Eu já
matei um homem.
Cristo morreu pelos meus pecados.
Aliás, pelos nossos. E eu não desperdicei
aquele sacrifício:
ao menos por mim, aquele sangue não foi em
vão.
Nunca entendi a maior parte das coisas sobre
Ele, mas sei que
sua vinda mudou minha história.
O cristianismo, por culpa minha, ainda não
fez de mim um bom cristão,
mas já me tornou muito menos ruim do que eu
seria sem ele.
Este homem disse que minha vida é mais do
que meus bens,
que qualquer flor se veste melhor do que com
Gucci ou Gabbana,
Versace ou Dior. Qualquer lírio do campo
está na moda, sempre.
E sussurou que não adianta ganhar o mundo
inteiro e perder a alma.
Este homem, que eu mesmo matei com meus
pecados, e diz que
amar me torna invencível; servir, grande;

ser fraco me torna forte; dizer “não”,
íntegro.
Esse homem que aceita adoração e lava os
pés dos outros me enlouquece:
ele diz que quando julgo, me julgo antes, que
ao perdoar também antes me perdoo,
me fala para oferecer a outra face a quem me
fere, e a andar a milha extra.
E me diz que está sempre à porta, batendo,
para me convidar para jantar.
Nunca vou entender esse Deus que se mata, ou,
como disse Calvino,
que “se tornou  filho dos
homens para os homens se tornarem filhos de
Deus”.
Eu nunca vou entender esse homem que diz para
eu me negar a mim mesmo e tomar uma cruz, justo ele, que em
um mundo de hipocrisias primeiro me tomou a minha.


Receio que nunca irei entender quase nada,
mas sei duas coisas:
sei que ele me amava antes de eu me tornar
visível para os outros, e que matei esse homem.



sábado, 9 de agosto de 2014

Quod Sum Eris


Quod Sum Eris

Rodolfo Pamplona Filho
"Eu sou o que você será!"
Não é uma convocação,
nem muito menos uma maldição...
Não é um grito de guerra,
nem uma ordem para uma fera...
Não é manifestação de vaidade
ou um clamor de piedade...
Apenas é o réquiem escrito
na pedra de uma lápide,
como um registro infinito
do que virá mais tarde:
é a derradeira risada
de um cadáver putrefato...
é a última frase lançada
por quem foi abandonado...


Salvador, 26 de outubro de 2013, lendo Wolverine, Romulus e Remus...

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Prece Árabe



“Deus, não consintas que eu seja o carrasco que sangra as ovelhas, nem uma ovelha nas mãos dos algozes.
Ajuda-me a dizer sempre a verdade na presença dos fortes e jamais dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos.
Meu Deus!
Se me deres a fortuna, não me tires a felicidade;
Se me deres a força, não me tires a sensatez;
Se me for dado prosperar, não permita que eu perca a modéstia, conservando apenas o orgulho da dignidade.
Ajuda-me a apreciar o outro lado das coisas, para não enxergar a traição dos adversários, nem acusá-los com maior severidade do que a mim mesmo.
Não me deixe ser atingido pela ilusão da glória quando bem sucedido e nem desesperado quando sentir o insucesso.
Lembra-me de que a experiência de um fracasso poderá proporcionar um progresso maior.
Ó Deus!
Faze-me sentir que o perdão é o maior índice da força e que a vingança é a prova de fraqueza.
Se me tirares a fortuna, deixe-me a esperança.
Se me faltar a beleza da saúde, conforta-me com a graça da fé.
E quando me ferir a ingratidão e a incompreensão dos meus semelhantes, cria em minha alma a força da desculpa e do perdão.
E finalmente Senhor, se eu te esquecer, te rogo, mesmo assim, NUNCA TE ESQUEÇAS DE MIM!”

Tradução: Seime Draibe

(Mari Carvalho Cunha)    

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Mi Viaje a Equador


Mi Viaje a Equador

Rodolfo Pamplona Filho
Conoci la ciudad de Guayaquil,
haciendo Paseo en lo Malecón,
busquei plata ao Banco  Pichincha
para comer Humita y Patacón
mas também Bollo de Pescado,
verde cón queso y Hayaca.
Comprei sombrero Panamá,
chompa, poncho y chale de alpaca.
Hablé Quíchua, non Quechua.
Conoci Cholos y Montubios,
sin mencionar mi viaje a Quito,
ma sinto falta do "Periquito",
pois non hay iguana que se compare
à presença do pequeno astro
en mi entera vida sin graza
o en mi corazón vagabundo...


Quito, 03 de octobre de 2013.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Cinco Câmeras Quebradas



"A cura é um desafio a se enfrentar
e é somente obrigação da vítima.
Com a cura resiste-se à opressão.
Mas quando eu sou ferido repetidas vezes,
esqueço-me de que as feridas é que controlam a minha vida.
Feridas esquecidas não podem ser curadas.
Então eu filmo para me curar...
Isso me ajuda a confrontar a vida e sobreviver"

("Cinco Câmeras Quebradas", filme palestino vencedor do Sundance Festival)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Liberar o Xaréu

Liberar o Xaréu

Rodolfo Pamplona Filho
É preciso
liberar o Xaréu,
para que a vida siga,
o mundo gire
e o sorriso brilhe...

É preciso
liberar o Xaréu,
para que a alegria reine,
a paz predomine
e o estômago se sacie...

É preciso
liberar o Xaréu,
para que todos aproveitem,
a democracia se estabeça
e os ânimos se acalmem.

É preciso
liberar o Xaréu!


Rio de Janeiro, madrugada de 21 de setembro de 2013, batendo altos papos com Nei Carvalho Bahia no Rock in Rio.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

ARTIGO 429 DA CLT

ARTIGO 429 DA CLT

Os estabelecimentos de qualquer natureza
São obrigados a empregar
E também a matricular
Com a mais absoluta certeza

Nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem
Número de aprendizes equivalente a 5% no mínimo
Sendo 15% no máximo
Cujas funções formação profissional demandem

O limite fixado neste artigo não se aplica
Quando o empregador for entidade sem fins lucrativos
Que tenha por objetivo
A educação profissional, é assim que a CLT explica

O legislador nos diz
Que as frações de unidade, no cálculo da percentagem
De que trata o caput, na sua passagem
Darão lugar à admissão de um aprendiz.

JORGE DA ROSA


domingo, 3 de agosto de 2014

Filho pelo Coração (soneto)

Filho pelo Coração (soneto)

Rodolfo Pamplona Filho
Nem sempre a paternidade
decorre da própria natalidade.
Nem sempre o amor farto
é fruto da dor do parto

Por vezes, o afeto nasce
de um sentimento de classe
ou do simples convívio
com quem nos traz alivio

de saber que há quem deseje
conhecer sua vida e seu saber,
sorvendo tudo com enorme sede

de aprender tudo à disposição,
assumindo, para quem quiser ver,
que se é um filho pelo coração.

No vôo para São Paulo,
em 07 de junho de 2013,

para Lucas.

sábado, 2 de agosto de 2014

SOBRE IMPORTÂNCIAS

 

SOBRE IMPORTÂNCIAS

Uma rã se achava importante

Porque o rio passava nas suas margens.

O rio não teria grande importância para a rã

Porque era o rio que estava ao pé dela.

Pois Pois.

Para um artista aquele ramo de luz sobre uma lata

desterrada no canto de uma rua, talvez para um

fotógrafo, aquele pingo de sol na lata seja mais

importante do que o esplendor do sol nos oceanos.

Pois Pois.

Em Roma, o que mais me chamou atenção foi um

prédio que ficava em frente das pombas.

O prédio era de estilo bizantino do século IX.

Colosso!

Mas eu achei as pombas mais importantes do que o

prédio.

Agora, hoje, eu vi um sabiá pousando na Cordilheira

dos Andes.

Achei o sabiá mais importante do que a Cordilheira

dos Andes.

O pessoal falou: seu olhar é distorcido.

Eu, por certo, não saberei medir a importância das

coisas: alguém sabe?

Eu só queria construir nadeiras para botar nas

minhas palavras.

(Manoel de Barros Barros, Poesia Completa Leya , p.407).