quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Tântalos

Inácio Raposo






Não pode ter de certo os olhos sempre enxutos

Quem sofre qual, no Erebo, o Tântalo maldito:

Sedento — vê debalde um córrego infinito;

Faminto — vê debalde os floridos produtos!...







Ante um castigo tal, que apiedava os brutos,

Leve talvez pareça um bárbaro delito!...

Foge sempre a torrente ao mísero precito

E, se tenta comer, escapam-se-lhe os frutos!





Há Tântalos também na vida transitória:

Querem estes a lympha e os pomos do talento,

E morrem no hospital para viver na história.





Desditosos que são... no malogrado intento!...

Longe de haverem ganho os loiros da vitória,

Encontram no sepulcro o eterno esquecimento!

Nenhum comentário:

Postar um comentário