quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Eu sinto a sua dor






Negra Luz



Tô ferida,

Sangrando,

Questionando do meu corpo a culpa,

Me sentindo só,

Com medo das sombras,

Sentindo o calafrio das suas lembranças,

Revivendo os seus horrores.



Toda a minha dignidade 

Mutilada em pequenos golpes incompreendidos:

“Tira esse sorriso do olhar”

“Qual a sua senha”

Ou a um só: mortal, viceral, anal, brutal, oral, desconsensual.



Tudo sem na pele ter sentido.

Se quem sofreu foi uma mulher,

Eu, mulher, sofro com tudo isso

E é, também, minha a sua dor.



Dor por saber que temos direitos.

Dor por ser nosso o corpo 

E merecermos respeito.

Dor porque o Estado é de Direitos.

Dor porque a ele contratei,

Talião não era o jeito.



E ele se mostra falido.

Omite-se no seu papel.

Um elefante esvaindo o sentido:

Proteger-nos dessa indelével dor. 







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