domingo, 4 de maio de 2025

Caminhante

 


 








Janete Fonseca




 Como peregrino de fé, sem adeptos, 


 Prossigo, 


 Sangrando os pés nas pedras do caminho 


 Sem fim, 


 Sem direção, 


 Buscador da trilha verde 


 Do regresso, 


 Um dia 




 


 Continuo na jornada 


 Solitária 


 Rotineira 


 Pelas veredas do acaso, 


 Sorrindo quase em prantos, 


 Filtrando velhas mágoas, 


 No remanso das águas 


 Do dourado amanhã 






 Alegro-me por nada 


 E nada me alegra. 


 Silencio com todos 


 E comparto tudo 


 Com todos. 




 Assim 


 Descanso o amargor 


 Do passado, 


 Na relva macia do esquecimento 


 Até confundir-me,


 Um dia,


 Na poeira atômica 


 Do rio principal. 

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